My New Drug It's You
~•capítulo 1•~
Interior do Rio de janeiro
Layla Lins, conhecida na cidade por nunca estar sóbria desde a morte do pai, chegava à universidade. O cheiro de maconha emanava de seu corpo como um perfume natural — qualquer pessoa por perto saberia que era ela quem estava passando.
Layla acomodou-se em um dos bancos do campus da faculdade. Com gestos mecânicos, tirou um cigarro da caixinha, encaixou-o entre os lábios e riscou o isqueiro, acendendo-o com a familiar naturalidade de quem já repetiu aquele ritual inúmeras vezes.
Layla acompanhava o ritmo lento da tarde com os olhos de quem assistia a um filme ruim pela segunda vez. Estudantes iam e vinham, tiravam pausas eternas. Ela, por sua vez, refletia — soltando a fumaça incessante de seu cigarro — se não estava perdendo tempo naquela faculdade. Mas, claro, não queria decepcionar ainda mais sua mãe, que já tinha milhares de motivos para suspirar de frustração. Largar a faculdade de Enfermagem? Só se ela quisesse ser deserdada ainda mais rápido. Então, entre um cigarro e outro, ela seguia naquele curso que ela odiava.
Se é que havia um lado bom em tudo aquilo, era o fato de que faltava só mais um ano para terminar o maldito curso que ela amaldiçoava desde o primeiro semestre.
Layla Lins
*Olhando em volta, entediada*
Layla jogou o cigarro no chão e o apagou com o pé. Em seguida, recolheu os resquícios e os jogou na lixeira ao seu lado.
Layla podia ser muita coisa ruim para muitos, mas suja e mal-educada ela não era. Pelo menos nisso, sua mãe tinha acertado.
Layla Lins
*Coloca os fones de ouvido e dá play em sua playlist de músicas*
Ela fecha os olhos e fica apenas sentindo a música, imersa em seu próprio mundo, até que alguém a toca no ombro, fazendo-a sair rapidamente do seu mundinho fechado.
Layla Lins
*retira os fones e olha para a garota que tava atrás de si*
Layla a cumprimenta com um tom de questionamento. Por causa da sua má fama na cidade, poucas pessoas costumavam conversar com ela — na verdade, ninguém naquela faculdade falava com ela, exceto sua ex...Mas isso é história para outro momento.
Rayane Oliveira
Ah, oi... bom dia! Desculpa incomodar, mas você poderia me informar onde fica a sala... confere no papel ...210?
Layla Lins
*se levanta do banco*
Layla Lins
Vamos, eu te levo até lá.
Rayane Oliveira
*Acompanhando Layla*
Rayane Oliveira
Por que você está sozinha? Aqui tem tantos grupos...não vai me dizer que você não se encaixou em nenhum deles?
Layla Lins
*Olha para a garota*
Layla Lins
Você se mudou recentemente para a cidade?
Rayane Oliveira
Sim, faz apenas três dias que estou morando aqui. Mas o que isso tem a ver com a minha pergunta?
Rayane olha para Layla, confusa, sem entender como a resposta se encaixava em sua pergunta. Sua mente parecia um pouco bagunçada. Layla soltou uma pequena risada ao ver a cara de confusão que Rayane fazia.
Layla Lins
O pessoal aqui não gosta muito de mim.
Rayane a olha como se não acreditasse que o motivo fosse apenas esse e Layla mais uma vez ri de sua confusão.
Layla Lins
Fica em paz. Em dois dias, o pessoal vai te contar toda a minha vida.
Rayane Oliveira
Você não se importa com isso?
~•capítulo 2•~
Layla Lins
Sinto que já me importei demais com isso
Layla Lins
Hoje em dia, sinceramente, não ligo.
Rayane Oliveira
Você é uma mulher extremamente melancólica, sabia disso?
Rayane Oliveira
Sim, você exala essa energia de solidão. Na verdade, você exala solitude.
Rayane Oliveira
Parece estar em uma solidão que é confortável para você. Você prefere assim, não é?
Layla Lins
*Enfia às mãos nos bolsos*
Layla Lins
Prefiro assim. Às pessoas tendem a me irritar muito, não me dou muito bem com a sociedade.
Rayane olha para Layla e solta uma breve risada, como quem dissesse: "Eu me identifico com você."
Rayane Oliveira
Entendo...
Layla para enfrente a uma sala
Layla Lins
Chegamos, essa é a sua sala...
Layla finalmente sorri, revelando os dentes amarelados pelo excesso de cafeína que consumia. Apesar disso, seu sorriso continuava sendo maravilhoso.
Rayane Oliveira
*retribui o sorriso*
Layla Lins
Boa sorte garota.
Layla se retira dali e segue diretamente para sua sala.
> Enquanto isso, Rayane entrava em sua sala, ainda tentando se acostumar com o novo ambiente no qual estava se inserindo.
Rayane Oliveira
*se senta na primeira carteira*
> Quando Rayane entrou na sala, havia apenas duas pessoas lá dentro — um homem e uma mulher. Eles pareciam ser um casal e, pela conversa nada discreta, aparentavam ter visto Rayane chegando com Layla.
> A garota se levanta de sua mesa e arrasta uma cadeira para perto de Rayane.
> Rayane a mediu com o olhar, como quem já soubesse que aquela mulher seria uma encrenca ambulante — tanto pela expressão quanto pelo jeito, que exalava uma soberba indescritível.
Rayane Oliveira
Posso ajudar?
Rayane Oliveira
*Questiona tentando entender a proximidade*
Mikaelly Souza
Você é nova na cidade?
> Rayane suspira. Sério que já teria que lidar com alguém falando mal da garota que a ajudou? Ela encara a mulher ao seu lado e apenas confirma com a cabeça.
Mikaelly Souza
Então, aconselho que fique longe da garota que a trouxe até esta sala.
Rayane Oliveira
Por que diz isso? Ela me pareceu super simpática.
> A mulher ao lado de Rayane ri, como se ela tivesse contado a piada mais engraçada do mundo, e logo em seguida fecha a cara. Rayane a observa, primeiro tentando entender sua oscilação de humor e, depois, como quem já estava perdendo a paciência.
Mikaelly Souza
Sério, aquela garota definitivamente não é alguém que você queira por perto. Ela surta do nada, vive fedendo a maconha e, convenhamos, com aqueles dentes amarelos... fala sério, parece uma porca!
Mikaelly Souza
Além disso, ela vive drogada, nunca está sóbria.
> Rayane não consegue evitar a sua expressão de nojo ao olhar para Mikaelly.
Rayane Oliveira
A maldade está na língua de quem julga. Qual é o problema dela ser drogada? Você ao menos já questionou o motivo pelo qual ela precisa fugir da realidade se drogando?
Mikaelly Souza
Aquela mulher não fala com ninguém, ela chega muda e sai calada. Ninguém sabe nada sobre a vida dela, a não ser seus vícios
> Os olhos de Rayane se reviram com uma raiva indescritível a cada palavra que saía da boca de Mikaelly, como quem não acreditava no que estava ouvindo. Rayane se vira para frente e coloca seus fones, passando a ignorar a mulher sem noção ao seu lado.
> Mikaelly, por sua vez, olha para Rayane indignada, como se não estivesse acostumada a ser ignorada daquela forma. Ela bufa, coloca a cadeira no lugar onde estava e volta para o lado do namorado.
Mikaelly Souza
Nossa, que garota arrogante!
Thiago Dutra
Relaxa, bebê. Ela estava andando com a drogada, o cheiro de maconha deve ter mexido com os neurônios dela.
Thiago Dutra
*Passa o braço pelos ombros dela*
Mikaelly Souza
*Abraça Thiago*
Mikaelly Souza
Ela ainda vai quebrar a cara. Deve achar que a Layla é a pessoa mais injustiçada do mundo...Coitada. Deixa ela conhecer a verdadeira Layla.
> Thiago solta uma risada cínica enquanto olha para Mikaelly, como se não acreditasse que logo ela estivesse dizendo aquilo.
~•capítulo 3•~
Thiago Dutra
Pelo visto, seus pensamentos sobre a viciada mudaram drasticamente, hein?
Mikaelly Souza
Graças a você, meu bem, finalmente percebi que eu não me encaixava nesse mundo nojento dela. Só de lembrar, já fico enojada.
Thiago Dutra
É claro que é graças a mim. Sem mim, você não é nada, Mikaelly. Sem mim, você estaria pior do que aquela garota.
Thiago Dutra
Eu sempre lhe avisei que não gostava dela, e você sempre insistiu em mantê-la por perto. Bom que acordou, né, Mikaelly? Bom que acordou.
Mikaelly Souza
Sim, meu bem. Bom que eu acordei. Ela realmente não me fazia bem. Estou bem melhor com você.
> Enquanto isso, Rayane escutava atentamente tudo o que os dois falavam de seu lugar, tentando encaixar as peças. Como assim ela estava bem melhor com ele? Ela e Layla eram ex-namoradas? Espere... Layla era lésbica? Mikaelly era bissexual? Qual era o nome do garoto loiro? Eram tantas perguntas que se passavam pela cabeça de Rayane. E então, ela finalmente entendeu que havia muitas histórias mal contadas naquela Universidade.
Interior do Rio de Janeiro
O horário de aula de Layla ia até às 21h. Na verdade, o de todos ia até esse horário, mas Layla, como sempre, saía mais cedo. Às 19h em ponto, ela já estava indo embora, com a mesma calma de sempre. Como quem não tem pressa alguma de chegar a algum lugar.<
De um lado, um cigarro descansava entre os dedos de uma das mãos, enquanto a outra permanecia escondida no bolso da calça jeans, como se estivesse à procura de algo ou apenas tentando se esconder do mundo, como se sentisse mais confortável daquele modo. Havia algo de desajeitado nela, algo que qualquer pessoa que a olhasse por no mínimo dez segundos repararia — mas não no sentido comum. Era um desajeito que chamava atenção, que prendia o olhar, como se sua falta de jeito fosse parte de um charme involuntário, um charme que ela nem fazia ideia que possuía.<
Layla caminhava pelos corredores quase vazios da universidade com uma pequena mochila nas costas, os passos lentos ecoando de levemente pelo chão de pisos amarelados, que na verdade, eram para estar brancos, se a limpeza fosse mais regular. Ao virar no corredor próximo à saída, Layla avistou Rayane encostada na parede, enchendo sua garrafa. A leve fumaça do cigarro se misturando com o leve sereno da noite, enquanto seus olhos pousavam sobre Rayane um pouco desajeitados.<
Layla não sabia muito bem como se comunicar com as pessoas, já que, sempre que tentava, acabava sendo ignorada. Por isso, considerou fingir que não tinha visto Rayane e apenas seguir seu caminho. No entanto, essa estratégia só funcionaria se tivesse sido colocada em prática alguns segundos antes — agora, Rayane já havia notado sua presença, e seria constrangedor não cumprimentá-la. O problema era que, por conta de sua ansiedade social, Layla não sabia nem ao menos como iniciar uma conversa.<
> Rayane a cumprimenta, um pouco hesitante, como quem se pergunta o que está fazendo — afinal, as duas nem sequer eram amigas; Layla apenas havia a ajudado a encontrar sua sala. Pelo menos, Layla não era a única que não sabia lidar com pessoas.
Layla Lins
Oi, boa noite...
As duas ficam se olhando enquanto o clima se torna cada vez mais desconfortável, já que nenhuma sabia o que dizer para prosseguir a conversa. Rayane cogita fechar sua garrafa, se despedir de Layla e voltar para a sala, enquanto Layla pensa em se despedir de Rayane e seguir seu caminho para ir embora.
Layla solta uma leve risada e coça a nuca, como quem tenta aliviar o clima de velório e encontrar algo para dizer. Ela olha para Rayane e ensaia seu melhor sorriso de apoio.<
Para mais, baixe o APP de MangaToon!