---
Capítulo 1 – Entre Sonhos e Bastidores
Oi, eu sou a Erina Marson.
Tenho 19 anos e moro em Maceió, Alagoas, uma cidade linda cheia de cores, sol e mar. Mas a minha história começou bem longe daqui. Eu nasci em Busan, na Coreia do Sul — cidade das marés e dos ventos. Vim para o Brasil ainda pequena, então cresci com a alma dividida entre dois mundos: o calor do Nordeste brasileiro e a intensidade vibrante da cultura coreana.
Atualmente, estou no último ano da faculdade de Artes Cênicas e Dança. Estudar artes sempre foi meu refúgio, meu escape, meu jeito de respirar num mundo que às vezes sufoca. Meu maior sonho? Trabalhar na indústria do K-pop. Mas não só nos bastidores — eu quero estar no palco, nas câmeras, nos créditos finais. E, claro, conhecer meus ídolos (não vou mentir: vocês vão descobrir logo quem são... mas uma dica? BTS está no topo da lista, principalmente o Kim Namjoon!).
Minha personalidade? Bem… sou simpática e paciente, gosto de ouvir as pessoas e tenho uma energia que costuma contagiar quem está por perto. Mas não pense que sou mole — não levo desaforo pra casa. Não suporto gente metida, arrogante ou que vive tentando diminuir os outros pra se sentir maior. Gosto de ambientes animados, com vida, com gente rindo alto e falando com emoção. Lugares quietos e mornos me entediam rapidinho.
Fisicamente, sou baixinha — tenho 1,58m — e magrinha, mas com um quadril marcante que chama atenção (às vezes demais!). Meu cabelo é loiro escuro, naturalmente liso, e meus olhos são castanhos, médios, sempre atentos a tudo. Tenho pele clarinha, boca pequena, mas com lábios bem definidos. Muita gente diz que meu olhar fala mais do que minha boca — e olha que eu falo muito!
Minha rotina ultimamente tem sido bem simples: casa, faculdade, casa de novo. Não tenho saído muito, talvez porque meus pais vivem trabalhando. Eles são incríveis, mas quase nunca estão em casa. Então acabo passando muito tempo comigo mesma… ou com meus amigos.
Ah, sim! Preciso falar deles. Eu tenho três melhores amigos que são meu porto seguro: Bianca, João e Victo. A Bianca é minha confidente, minha parceira de surtos e sonhos. O João… bem, o João gosta de mim, e todo mundo sabe disso — até eu. Mas, sinceramente? Namorar não está nos meus planos. Não agora. Não tenho tempo, nem cabeça pra isso. Além do mais… meu coração já tem dono e ele se chama Kim Namjoon, kkkkk.
Victo é o mais velho do grupo, tem 21 anos, mas a gente se conhece desde criança. É o mais calmo, centrado e observador. Ele tem esse jeito de irmão mais velho que tenta proteger todo mundo — especialmente eu.
Nunca namorei. Só alguns beijos por aí, nada demais. E, sinceramente? Tá tudo bem. Eu sempre fui meio nerd, focada nos estudos, e isso me trouxe muita paz. Cresci sem me meter em confusão, sempre dedicada, e hoje sou a melhor da minha turma. Isso me abriu portas, criou oportunidades e me fez perceber que o mundo é muito maior do que qualquer drama adolescente.
Mas, mesmo com todo esse foco, ainda sou uma sonhadora. Meu quarto é praticamente um altar pro K-pop. Pôsteres do BTS, álbuns do TXT, lembranças do BLACKPINK, lightsticks, photocards, fotos, camisetas, tudo! É o meu mundo, meu universo paralelo.
Acordo com o despertador me arrancando de um sonho onde eu dançava com o Jimin no palco do MAMA Awards. Era sempre assim: ou era o palco, ou era o Namjoon sorrindo pra mim como se eu fosse a única pessoa naquele estádio com milhares de fãs. Me espreguicei, olhei pro teto do quarto — decorado com fitas de LED, algumas já piscando de forma teimosa — e suspirei.
Mais um dia de aula.
O caminho até a faculdade é o mesmo de sempre: um ônibus cheio, o sol forte de Maceió refletindo no vidro, e eu com os fones no volume máximo ouvindo “Run BTS” enquanto imaginava coreografias novas na cabeça. Dançar era mais do que uma profissão pra mim. Era como eu respirava. E cada batida me fazia lembrar por que eu insistia tanto nesse sonho, mesmo quando tudo parecia tão distante.
Chegando na faculdade, fui recebida com aquele alvoroço habitual do grupo. Bianca já veio correndo com a mochila pendurada no ombro, toda empolgada.
— Amiga, tu viu? TU VIU?
— Calma, mulher! Ver o quê?
Ela puxou o celular e mostrou a tela, já com o brilho no máximo: o BTS havia anunciado a nova turnê mundial. Mas o que fez meu coração parar por dois segundos não foi isso. Foi a legenda da postagem:
“BRAZIL, we are coming! São Paulo, see you soon 💜”
Fiquei muda.
— Eles… eles vão vir mesmo? — sussurrei, mais pra mim mesma do que pra ela.
— SIM! — gritou João, que chegou no exato momento, colocando o braço nos meus ombros. — E tu vai desmaiar ou vai comprar o ingresso, mulher?
A gente começou a rir. Era aquele tipo de momento que parecia irreal, mas também fazia parte de uma esperança que a gente guardava desde sempre.
— Eu vou comprar, lógico. Mesmo que tenha que vender um rim. Ou dois. — brinquei.
Foi aí que o Victo chegou. Camisa cinza, mochila caída num ombro só, com aquele jeito dele de quem observa primeiro e fala depois.
— Que euforia toda é essa? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— O BTS vai fazer show no Brasil! Em São Paulo! — respondi, ainda com o celular na mão, quase tremendo.
Ele deu um meio sorriso, aquele que ele sempre fazia quando queria esconder o que sentia.
— Eita. Então agora que a Erina vai parar de dormir, né? Já vai começar a planejar caravana, look, coreografia...
— Claro! Tu acha que vou perder a chance de ver eles ao vivo? Eu vou nem que seja de pé, na chuva, segurando a lightstick com fita crepe! — respondi rindo.
Ele me encarou por um segundo a mais do que o normal. Tinha um brilho nos olhos dele… um tipo de cuidado silencioso.
— Eu vou contigo — disse, simples assim.
— Sério?
— Claro. Não vou deixar tu ir sozinha pra São Paulo, não. Além disso… alguém vai ter que te segurar se tu desmaiar quando ver o Namjoon.
Ri tão alto que quase tropecei no meio do pátio. João e Bianca também entraram na brincadeira, já fazendo planos e teorias sobre quais músicas eles cantariam, se trariam algum convidado, se seria em estádio aberto ou fechado.
Mas enquanto os três falavam animadamente, o olhar do Victo pousava em mim com algo diferente. Uma coisa quieta, profunda. Ele sempre foi assim — mais ação do que fala, mais presença do que palavras. E eu sabia que, mesmo com todos os surtos de fã, ele sempre estava ali. E essa promessa de "eu vou contigo" soou mais como "eu cuido de você".
No fundo, eu sabia que alguma coisa estava prestes a mudar.
---
---
Capítulo 1 – Entre Sonhos e Bastidores
(continuação)
Parte I – A Preparação de Um Sonho
As semanas que se seguiram foram um turbilhão.
Cada minuto livre entre as aulas e os ensaios da faculdade era preenchido com playlists, teorias de setlists, busca por passagens, hospedagem e — claro — a batalha épica pelos ingressos. Aquele dia foi um marco: a gente sentado no chão da sala da Bianca, os celulares tremendo na mão, os sites travando, os corações disparados.
— ENTROU, ENTROU! — gritou João.
— TÔ NA FILA! EU TÔ NA FILA! — berrava Bianca como se tivesse ganhado na loteria.
O Victo, mais calmo, digitava com precisão. Sempre eficiente, ele tinha anotado CPF, código de segurança, senha e plano B, caso o site caísse.
E eu… tremia como uma folha.
Mas conseguimos.
Ingressos garantidos: setor pista premium, bem na frente do palco.
E ali, naquela confirmação, não era só o show que se tornava realidade. Era um pedaço inteiro do meu sonho se materializando diante dos meus olhos.
Nas semanas seguintes, montei uma playlist exclusiva só com músicas que eles podiam cantar. Fiz croquis de roupas — nada demais, só uma saia preta rodada, blusa com recorte e uma jaqueta jeans customizada com a frase “You can’t stop me lovin’ myself” nas costas. Um grito de amor-próprio e identificação.
À noite, deitada na cama, olhava pro teto iluminado pelas luzinhas do meu quarto e pensava: Será que, se ele me visse na plateia, ele saberia? Será que o Namjoon conseguiria me enxergar no meio de tantas vozes, tantos olhos, tantos braços levantando celulares?
Victo não dizia muito, mas sempre que eu falava dele, ele soltava um sorrisinho irônico, disfarçava e mudava de assunto.
No fundo, eu sabia. Ele estava ali. Sempre esteve. Mas, por enquanto, meu coração ainda pertencia a um palco que nunca pisei.
---
Parte II – Por Trás das Câmeras
Seul – Três Meses Antes da Turnê
No 6º andar do prédio da HYBE, a sala de ensaio vibrava com os graves da música nova. Os passos ressoavam no chão como tambores de guerra: precisos, potentes, impecáveis.
Yoongi ajustava o fone no ouvido enquanto revisava a batida. Hoseok, sempre com a energia lá em cima, corrigia a marcação de tempo de Jungkook com um leve toque no ombro. Namjoon, suando, mas concentrado, ajeitava a camiseta no corpo antes de virar para os outros:
— Essa ponte ainda tá com energia demais. Vamos quebrar no meio, criar um respiro, depois retomamos com força total.
Taehyung assentiu, tirando o boné.
Jimin abaixou, respirando fundo.
Jin, com a toalha no pescoço, apenas murmurou:
— Parece fácil até você tentar fazer tudo isso sorrindo.
Todos riram.
Mas havia algo diferente naquela turnê.
Não era apenas mais uma.
— A gente vai voltar ao Brasil depois de anos... vocês têm noção do que isso significa? — comentou Jungkook, olhando para os outros com um brilho nos olhos.
— O ARMY brasileiro não esquece. Eles são fogo puro — respondeu Jimin, com um sorriso nostálgico. — Lembra do Allianz? A gente mal ouvia a música de tanto que gritavam.
Namjoon permaneceu em silêncio por alguns segundos, depois olhou para o espelho da sala.
— É hora de mostrar a eles que também não esquecemos.
Mas longe dali, no fundo da mente dele, algo o inquietava. Nos últimos meses, ele vinha lendo mensagens antigas de fãs, revendo vídeos, se perguntando onde estariam aquelas pessoas que o ajudaram a atravessar os anos difíceis.
Havia uma brasileira que sempre mandava cartas. Uma que falava da dança, da arte, dos medos. Ele lembrava do nome, mesmo que não admitisse: Erina.
Ela nunca pediu nada. Apenas escrevia com amor, respeito e uma paixão silenciosa.
Namjoon não lia mais cartas como antes. Mas aquela… aquela ele guardou.
E agora, enquanto se preparava para encarar de novo o ARMY brasileiro, algo lhe dizia que aquela turnê não seria apenas um reencontro com o público. Seria também com pedaços de si que ele havia deixado pelo caminho.
---
Parte III – Rumo ao Inesperado
De volta ao Brasil, Erina preparava a mala com todo o cuidado do mundo.
Não ia viajar no dia seguinte, mas só de pensar que em menos de duas semanas estaria frente a frente com os meninos… o coração acelerava.
Victo entrou no quarto dela sem bater, como sempre fazia.
— Já tá separando a jaqueta? — perguntou.
— Claro. Vai que o Namjoon gosta de moda urbana com frases empoderadas nas costas.
Ele sorriu e sentou na cama.
— Vai ser diferente, né?
— Vai.
— Tu tá pronta?
Erina hesitou. Olhou para o próprio reflexo no espelho.
— Acho que sim… mas tenho medo.
— Medo de quê?
— Medo de ver tudo de perto e descobrir que... não é como a gente sonha.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Depois levantou, pegou a jaqueta customizada e colocou na mala com cuidado.
— Não importa como seja. Se esse for teu sonho, tu tem que viver ele. Doa o que doer.
Erina sorriu.
E naquele instante, pela primeira vez, ela sentiu que o mundo dela estava prestes a colidir com o mundo dele.
Do palco à plateia.
Do sonho à realidade.
Capítulo 2 – Quando os Mundos Colidem
Parte I – A Semana dos Sonhos
São Paulo era maior do que ela lembrava. Mais intensa. Mais viva. Mais barulhenta.
Desde o momento em que os pés de Erina tocaram o solo da cidade, uma vibração percorreu seu corpo — uma mistura de ansiedade, sonho e aquela sensação única de estar exatamente onde se deveria estar.
O hostel em que ela, Victo, Bianca e João se hospedaram ficava numa rua de paralelepípedos perto da Avenida Paulista. Simples, mas cheio de histórias coladas nas paredes: bilhetes de fãs, fotos de shows antigos, pulseirinhas de eventos, cartinhas de ARMYs do mundo todo. Era como um santuário secreto para quem entendia aquela linguagem silenciosa de amor por ídolos distantes.
Durante os dias que antecederam o show, Erina acordava cedo, mesmo sem precisar. Cada manhã era uma nova chance de ensaiar como seria vê-los ao vivo.
Victo a observava com atenção. Ela parecia diferente. Mais centrada. Mais radiante. Havia uma mulher ali agora — com postura firme, olhar intenso e um brilho nos olhos que nem a rotina da vida adulta tinha conseguido apagar.
E ela sabia disso.
Separou o look para o show com o cuidado de quem costura o próprio destino: uma blusa branca coladinha com recortes, uma saia preta rodada que voava quando ela girava, jaquetinha jeans justa com tachinhas prateadas nas costas e a frase bordada em rosa metálico: "I’m the one I should love".
Nos pés, botas de cano médio com salto.
Na maquiagem, olhos esfumados, iluminador nas têmporas, boca vermelha.
Cabelos soltos, levemente ondulados.
Ela estava linda.
Impossível não notar.
Na véspera do show, a cidade parecia respirar BTS. Telões passando teasers. Camisetas roxas por toda parte. A fila do estádio já dobrava esquinas.
Naquela noite, antes de dormir, Bianca comentou:
— Erina… tu vai arrasar amanhã.
— Tu acha?
— Eu tenho certeza que, se o Namjoon te olhar, ele vai esquecer que existe coreografia.
Victo apenas olhou. Um silêncio confortável entre os dois. Mas o olhar dele dizia mais do que qualquer palavra.
Erina sorriu.
E fechou os olhos.
Na mente, o palco.
No peito, o impossível.
Parte II – Palco, Luzes e Impacto
O dia do show amanheceu quente e vibrante.
A cidade fervia de emoção.
Eram milhares de fãs, vindos de todos os estados. Faixas, banners, balões, lágrimas. Um mar roxo de esperança e euforia.
Quando as portas do estádio abriram, Erina segurava a mão de Bianca. Victo ia logo atrás com a câmera pronta, mas os olhos sempre atentos nela.
O setor pista premium já estava lotado, mas conseguiram um lugar perto do corredor central. A visão era perfeita.
O coração? Uma explosão.
As luzes se apagaram. O estádio gritou.
“BANGTAN! BANGTAN!”
O telão acendeu.
Explosão de som. Batida pesada. Luzes pulsando.
E então, o grito de guerra:
“Are you ready?! Let’s go!”
Eles surgiram.
Namjoon à frente, imponente, com uma regata preta cavada, colar prateado e o olhar mais sério do mundo. Atrás, Yoongi sorrindo de canto, Hoseok pulando animado, Jungkook de bandana, Jimin de camiseta colada, Taehyung com os cabelos caindo sobre os olhos e Jin jogando beijos pra câmera.
Erina congelou.
Era real.
Eles estavam ali.
Apenas a metros de distância.
A música começou com “Dionysus” e o estádio veio abaixo.
Eles dançavam com uma energia visceral. Suor. Impacto. Carisma.
Jogavam água uns nos outros entre as músicas, riam, se empurravam, brincavam com o público.
Hoseok encheu uma garrafinha e atirou direto na plateia. Jimin correu atrás dele, também molhado. Taehyung tomou um gole e fingiu cuspir em Jungkook, que caiu de propósito no chão, rindo. Jin virou para o público com cara de ultraje e fez um coração gigante com os braços.
O público gritava. Chorava. Pulava.
Entre músicas, falas.
E então, Namjoon.
Ele foi até a beira do palco, respirou fundo e sorriu.
— Brasil… vocês estavam com saudade?
A plateia explodiu.
— Porque a gente... nunca deixou de pensar em vocês. Nem por um segundo.
Havia uma ternura diferente no olhar dele. Uma sinceridade crua.
Ele caminhou pela passarela. Erina, mais à frente, quase em transe, o viu passar por ela.
Ele olhou. Por um breve instante.
Mas... não a reconheceu.
Não como “a Erina”.
Não como a menina das cartas.
Porque ali, diante dele, estava uma mulher.
Linda. Confiante. Deslumbrante.
Mas ele não fez a conexão.
Não ainda.
E talvez isso doesse mais do que ela esperava.
Mas também… havia uma beleza estranha ali.
Ela era agora alguém novo. E essa versão, ele ainda não conhecia.
Parte III – No Silêncio Pós-Tempestade
O show acabou depois de mais de duas horas.
Fogos no céu. Balões caindo. Luzes tremulando.
Erina não conseguia falar. Apenas chorava em silêncio.
Não era tristeza.
Era um transbordamento de tudo.
De anos de espera.
De um amor que ela achava platônico e agora parecia quase... tangível.
Victo caminhava ao lado dela, também em silêncio.
Na volta ao hostel, ninguém falava muito. Bianca ainda cantarolava “Spring Day” baixinho, como se quisesse prolongar a noite.
No quarto, Erina tirou a jaqueta, ainda com glitter na pele. Sentou na cama e ficou olhando para a tela do celular.
Uma notificação.
Um novo seguidor no Instagram.
@rkive.
Ela piscou.
Olhou de novo.
— Victo… — murmurou.
Ele se virou.
E ao ver a tela, arregalou os olhos.
— Tá brincando.
Mas ela não estava.
Na tela, apenas aquilo.
@rkive começou a seguir você.
Era o começo.
Ou o retorno.
De algo que ainda não tinha nome.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!