Olá, prontos para embarcar numa emocionante história de amor que surge em um bairro famoso de uma das cidades mais famosas do Brasil?
PROTAGONISTAS:
🌸 Jessie — A protagonista sonhadora
Jessie tem 23 anos, nasceu na Bahia, mas vive atualmente em Niterói com seu irmão mais velho, Natanael. Estudante de Cinema, ela é apaixonada por contar histórias, observar o mundo com olhos atentos e transformar emoções em cenas. Tem cabelos cacheados, sorriso tímido, coração sensível e uma força discreta que se revela nos pequenos gestos. Trabalha meio período em uma mercearia de bairro e divide os dias entre a rotina, os sonhos e os planos futuros.
Jun Park Junin🐰 — O rapaz que cruzou fronteiras por amor
Jun tem 25 anos e nasceu na Coreia do Sul, mas decidiu morar no Brasil após uma visita ao irmão mais velho, Jimin, que administra um pequeno café no bairro coreano de São Paulo. Encantado pelo clima acolhedor do país, Jun trocou Seul por São Paulo — e, sem saber, estava prestes a viver a história mais intensa de sua vida.
Cajudvants:
🧡 Natanael — O irmão protetor
Natanael é o irmão mais velho de Jessie. Tem cerca de 27 anos, é responsável, companheiro e tem um senso de humor sarcástico, mas cheio de carinho. Desde que os pais faleceram, ele assumiu a missão de cuidar da irmã como se fosse pai e mãe ao mesmo tempo. Vive implicando com ela, mas é seu maior apoiador, aquele que percebe quando algo está errado mesmo quando ela diz que “tá tudo bem”.
Desconfiado no início, mas justo e leal, Natanael leva um tempo para aceitar Jun, mas ao ver o respeito e o amor verdadeiro que o rapaz sente por sua irmã, passa a confiar — sem deixar de avisar que “está sempre de olho”.
💐 Alice — A sensível
Alice é uma das melhores amigas de Jessie na faculdade. Sensível, empática e apaixonada por arte e poesia, é aquela amiga que escuta sem julgar e aconselha com calma. Tem um jeito tranquilo de ver o mundo, mas não hesita em defender quem ama. Sempre incentiva Jessie a acreditar nos seus sentimentos e confiar no amor, mesmo quando ele parece complicado.
Alice é do tipo que manda mensagens de bom dia com gifs fofos e frases inspiradoras. É o colo seguro nos dias difíceis e a voz da intuição nos momentos de dúvida.
🌻 Larissa — A impulsiva
Larissa completa o trio com sua energia vibrante e seu jeito direto. Desbocada, engraçada e corajosa, é aquela que não tem papas na língua e vive dizendo “vai e se joga!”. Ela adora provocar Jessie sobre o relacionamento com Jun, mas no fundo, torce muito por eles. É ela quem sempre traz o toque de humor nas conversas, mas sabe ser séria quando precisa.
Larissa é uma amiga fiel, que protege quem ama com unhas e dentes. Uma verdadeira irmã de alma.
☕ Park Jimin — O irmão mais velho de Jun
Jimin é o irmão mais velho de Jun, dono do café onde Jessie e Jun se reencontram. Inteligente, prestativo e bastante acolhedor, Jimin é o tipo de irmão que apoia as decisões de Jun, mesmo quando parecem ousadas demais. Ele se adaptou bem à vida no Brasil, e foi por influência dele que Jun também decidiu se mudar.
Jimin enxerga em Jessie algo especial desde o início. Com seu jeito calmo e perspicaz, acaba se tornando um aliado silencioso do casal — sempre oferecendo conselhos com humor e sabedoria.
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Bom, Jessie é uma garota de 23 anos que nasceu na Bahia, vivendo sua infância na cidade de Porto Seguro, mas aos 12 anos ela e sua família se mudaram para o Rio de Janeiro em busca de uma nova oportunidade de vida.
Jessie no momento mora com seu irmão mais velho, Natanael, de 28 anos. Além de trabalhar durante as manhãs, Jessie também faz faculdade à noite, na cidade de Niterói, onde mora.
Por sua sorte, as suas férias de trabalho caem na mesma época das férias da faculdade e, com isso, ela decidiu fazer uma viagem para São Paulo no intuito de conhecer o bairro coreano, já que ela ama a cultura coreana, como por exemplo, K-pop, k-dramas e comidas.
Com as passagens em mãos, ela prepara todos os documentos necessários e, por fim, ela arruma as malas e bolsas.
Ansiosa pelo o que vinha na manhã do dia seguinte, ela quase não conseguiu dormir, mas logo o sono chegou e ela pôde descansar o corpo.
No dia seguinte, ela passou quase o dia todo se preparando e se arrumando para o momento mais esperado do dia e, quando os ponteiros do relógio bateram às 15:20, ela chamou um Uber para lhe deixar na rodoviária.
Look da viagem...
Quando o Uber chegou, ela pagou o motorista e desceu a caminho da entrada da rodoviária, caminhando até o local onde se encontra o ônibus de acordo com o seu destino.
Meia hora depois anunciaram a saída do ônibus. Jessie entrou na fila, guardou sua mala já com a etiqueta e entrou no ônibus. Após verificar o número do seu assento, ela se sentou.
Por fim, após todos entrarem, o motorista deu início à viagem. No começo estava indo bem, Jessie se alimentou, bebeu água, aproveitou a vista, mas, conforme o tempo ia passando, mais ansiosa e estranha ficava. Jessie começou a ficar enjoada durante a viagem e, a todo tempo, em pensamentos, pedia a Deus para que ela não colocasse tudo pra fora ali dentro do ônibus.
A viagem não foi fácil, mas Jessie conseguiu chegar no local em segurança. Na rodoviária de São Paulo, ela pegou um Uber que a deixou na pensão onde ficará hospedada.
Cansada e com sono, ela apenas se jogou na cama e dormiu, acordando no dia seguinte às dez horas da manhã para aproveitar o máximo das cidades de SP, principalmente o bairro coreano, Bom Retiro.
Às dez horas da manhã do dia seguinte, ela levantou, arrumou a cama e saiu em direção ao banheiro para escovar os dentes e tomar banho.
Depois do banho, ela subiu de volta para o quarto, vestiu o look escolhido, penteou os cabelos e fez uma maquiagem simples, porém atraente.
Esse é o look do dia...
Já arrumada, ela desceu as escadas indo em direção à cozinha para tomar o café da manhã junto com os outros hóspedes da pousada.
Jessie:
— Bom dia!! — Disse com animação.
— "Bom dia" — Todos responderam com a mesma intensidade.
Jessie:
— Dona Célia, que mesa linda, e esse cheirinho, humm.😋
D. Célia:
— Não é só o cheiro que é bom, senta e sirva-se, você vai experimentar o café da manhã mais gostoso daqui.
Jessie:
— Sério, então eu vou me juntar a vocês agora mesmo.😀 — Disse ela, com empolgação.
Jessie se juntou à mesa que estava recheada de coisas gostosas, como pão francês, queijo, presunto, pão de queijo, frutas, café, sucos e etc. A mesa estava recheada de coisas gostosas.
Quando terminou de tomar café, agradeceu pela refeição, elogiou a Dona Célia e subiu de volta para o quarto. No quarto, retocou o batom, pegou o celular, a bolsa e saiu. Na frente da pensão, entrou no Uber que havia pedido no celular e seguiram em direção à feira do Bom Retiro.
Ao chegar no bairro coreano, Jessie ficou impressionada com tantas atrações e variedades de comida e bebida. Cada vez mais, ela se conectava ao mundo dos coreanos, talvez até se imaginando como se estivesse vivendo grandes momentos na Coreia do Sul. Tão animada e encantada pela feira coreana e pelas barracas de alimentos, ela nem viu um pequeno buraco à sua frente que a fez tropeçar e cair.
Mas, antes que chegasse ao chão, sentiu uma mão a segurando por trás, impedindo que caísse. Quando olhou para cima, viu um rosto misterioso — um rapaz que usava uma máscara preta, com cabelos escuros e brilhantes quase cobrindo os olhos castanhos como mel.
Sem graça, ela se pôs de pé enquanto agradecia o moço.
Jessie:
— Ah, muito obrigada! Você me salvou de passar por um mico. (Ela sorri.)
Ele tira a máscara, revelando seu rosto, e com um sorriso meigo a responde — com um leve sotaque coreano em sua fala.
Rapaz:
— Não foi nada! (Ele sorri.)
—Primeira vez pelo bairro?
Jessie:
— Sim, está tão óbvio assim? — pergunta enquanto mexe nos cabelos com a mão direita.
Rapaz:
— Não... é que eu venho muito neste lugar. Nunca vi você aqui antes. Tenho certeza que lembraria… de moça tão bonita como você.
(Jessie sorri.)
Jessie:
— Por acaso, isso já funcionou com alguma mulher? kkk
Ele sorri, um pouco tímido, mas mantendo o charme.
Rapaz:
— Bom… não custa tentar, né? Mas... eu falo sério. Você é muito bonita… e simpática também. Quer que eu seja seu… guia turístico por hoje?
Jessie:
— Assim, do nada...? Mas sabe que eu realmente estou precisando de alguém. Por isso, aceito que você seja meu guia turístico por hoje… Mas só por hoje, hein!
Rapaz:
— Só por hoje! — ele levanta os braços como se se rendesse.
Eles riem juntos, e então ele estende a mão de forma educada e gentil.
Rapaz:
— Ah… onde estão meus modos. Eu sou Jun Park Junin. Sou da Coreia… cheguei no Brasil faz poucos meses. Meu irmão já mora aqui há quatro anos… ele me ensinou português, E... ainda estou aprendendo.
Jessie:
— Jessie. Muito prazer, Jun. E você está indo muito bem no português, viu?
Jun:
— Obrigado. Eu pratico... assistindo novelas brasileiras. E agora... falando com você. — ele sorri com um olhar gentil.
Com os nomes trocados e os sorrisos já mais à vontade, Jessie e Jun começaram a caminhar lado a lado pelas ruas movimentadas do bairro coreano. A feira estava cheia de cores, aromas e sons que pareciam formar um cenário tirado de um dorama. Bandeirinhas coloridas balançavam ao vento, músicas coreanas tocavam em algumas barracas, e o cheiro de comida fresca dominava o ar.
Jun:
— Está preparada para experimentar sabores diferentes hoje?
Jessie:
— Estou mais do que preparada! Estou morrendo de curiosidade pra provar tudo… mas só espero não passar vergonha tentando comer com hashi. — ela riu, meio sem jeito.
Jun:
— Se isso acontecer, eu juro que finjo que não vi. Ou melhor, te ensino. Sou ótimo com hashis! — ele sorriu convencido.
Jessie:
— É mesmo? Vamos ver isso então, senhor “ótimo com hashis”. — ela brincou, empurrando levemente o ombro dele.
Jun apontou para uma das barracas mais movimentadas.
Jun:
— Que tal começarmos com tteokbokki? É apimentado, mas delicioso. E é tipo… um clássico das feiras coreanas.
Jessie:
— Tteokbokki... nunca provei, mas sempre vejo nos doramas. Me leva até lá!
Eles se aproximaram da barraca e foram recebidos por uma senhora simpática que falava um português com sotaque coreano fofo.
Vendedora:
— Dois tteokbokki? Picante ou médio?
Jun:
— Um picante e um médio, por favor. (Ele olha pra Jessie) Assim você experimenta, mas sem sofrer logo de cara.
Jessie:
— Ainda bem, porque minha boca já queima só de ver o molho vermelho. — ela ri.
Enquanto esperavam o pedido, Jun apontou para um grupo de meninas adolescentes que dançavam uma coreografia de K-pop na praça.
Jun:
— Isso é comum por aqui nos fins de semana. Eles fazem tipo um “random play dance”. Você curte K-pop?
Jessie:
— Curto! Muito, na verdade. Eu sou completamente apaixonada pela cultura coreana. Acho que é por isso que esse bairro me deixa tão encantada.
Jun:
— Uau… então você deve ser boa em dançar também. Tem alguma coreografia preferida?
Jessie:
— Hmmm… “Boy With Luv” do BTS! Mas confesso que só arrisco no quarto, com a porta trancada e sem ninguém olhando. — ela faz uma careta divertida.
Jun:
— Que desperdício! Um talento desses escondido do mundo? Olha, se quiser, depois eu posso te ajudar a treinar — sem risadas, eu prometo.
Jessie:
— E você dança também?
Jun:
— Só depois de muita insistência... e talvez algumas ameaças. — ele pisca um olho, fazendo-a rir.
Logo o pedido chegou, servido em potes coloridos com palitinhos de madeira. Jun pegou os hashis com habilidade e começou a comer como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Jessie:
— Olha ele! Mestre dos hashis. Vamos ver se eu consigo também.
Ela tentou pegar um pedaço do tteokbokki, mas ele escorregou e caiu de volta no molho, espirrando um pouco na sua mão.
Jessie:
— Ai não! Tá vendo? Já comecei o mico. — ela riu, limpando com um guardanapo.
Jun:
— Calma, calma. Deixa eu te mostrar. — ele se aproximou, pegando os hashis dela com cuidado.
—Segura assim… não força muito. Agora tenta pegar esse aqui. Vai com calma.
Jessie, concentrada, tentou novamente — dessa vez com sucesso.
Jessie:
— Consegui! Tô me sentindo uma coreana agora.
Jun:
— Eu diria que você tá indo melhor do que muito coreano por aí. — ele disse, encarando-a com um sorriso no rosto.
Ela ficou um pouco sem graça com o olhar dele, mas devolveu o sorriso.
Jessie:
— E você, Jun… sempre vive por aqui? Ou só vem nos fins de semana?
Jun:
— Eu moro perto. Trabalho de segunda a sexta, mas nos sábados venho pra cá. Às vezes para relaxar, outras pra matar a saudade de casa. E hoje, pelo visto, pra salvar uma moça distraída de cair no meio da feira. — ele brincou.
Jessie:
— Ainda bem que você apareceu então. E obrigada, de novo. Não só por me segurar, mas por estar fazendo esse momento se tornar tão… especial.
Jun a olhou por alguns segundos em silêncio, como se estivesse decorando aquele instante.
Jun:
— É especial pra mim também, Jessie.
Ela abaixou o olhar por um segundo, sentindo as bochechas esquentarem.
Jessie:
— Depois dessa, acho que mereço uma sobremesa coreana. Me recomenda alguma?
Jun:
— Bingsu. Você vai amar. Vamos?
Jessie:
— Você falou de sobremesa… como é mesmo o nome? Bingsu?
Jun:
— Sim! Bingsu. É uma sobremesa de gelo raspado. Tem leite condensado, frutas, às vezes doce de feijão vermelho. Você vai gostar. Muito popular no verão.
Jessie:
— Se tiver leite condensado, já ganhou pontos comigo. Vamos lá!
Jun a guiou até uma barraca charmosa com um letreiro colorido escrito em hangul e em português: “Delícias da Coreia - Sobremesas Tradicionais”. A vendedora, uma jovem coreana sorridente, os recebeu com simpatia.
Vendedora:
— Boa noite! Um casal tão bonito merece o melhor bingsu da casa! Vai ser de morango?
Jessie e Jun se entre olharam rapidamente e riram sem graça.
Jessie:
— N-não somos um casal. Quer dizer… acabamos de nos conhecer.
Jun:
— Sim… mas se o bingsu for bom… talvez a gente vire. — ele disse, meio brincando, meio sério, com o sotaque soando adorável.
Jessie arregalou os olhos e deu uma risadinha tímida, sentindo o coração dar um pulinho.
Jessie:
— Ele não perde tempo mesmo, hein?
Jun:
— Só aproveitando a chance. Aqui no Brasil dizem… “quem não arrisca, não petisca”, né?
Jessie:
— Jun😃, Tô impressionada com o ditado! Tá aprendendo bem.
Jun:
— Obrigado. Mas… o que é “mico”? Você falou antes, quando tropeçou.
Jessie:
— Ah! “Passar um mico” é tipo… pagar um vexame, passar vergonha. Tipo cair na frente de todo mundo.
Jun:
— Mico… como o macaquinho?
Jessie:
— Isso mesmo! A expressão vem disso. Mas não se preocupe, se você passar um mico, eu te seguro também. Igual você fez comigo. — ela sorriu carinhosa.
Jun:
— Então… acho que quero passar um mico de vez em quando.
Os dois riram, e logo estavam sentados em um banco perto da praça, dividindo uma taça generosa de bingsu de morango com leite condensado e pedacinhos de frutas. Jessie pegava o gelo com a colher devagar, sentindo o frescor derreter na boca.
Jessie:
— Nossa… isso é perfeito! Como ninguém me apresentou isso antes?
Jun:
— Agora tem eu pra mostrar. Hoje é o primeiro, mas posso te mostrar muitos outros sabores… se quiser.
Jessie:
— Você tá meio ousado, hein, Jun?
Jun:
— Eu? Só... sincero. Você é bonita, simpática, divertida. E eu gostei muito do seu jeito.
Jessie desviou o olhar por um segundo, sentindo o coração bater mais rápido. Ela levou outra colher de bingsu à boca para disfarçar o sorriso.
Jessie:
— Você também é fofo… do jeito coreano fofo, sabe?
Jun:
— Kiyowo? Isso?
Jessie:
— Exato! Você é bem “kiyowo”. Mas se isso subir pra cabeça, eu retiro tudo! — ela disse com um tom brincalhão.
Jun:
— Já subiu. Agora você vai ter que aguentar.
Eles riram juntos, dividindo mais algumas colheradas e trocando olhares. A feira parecia desacelerar em volta deles, como se por alguns minutos, tudo ficasse mais leve. As luzes, os sons e até o vento pareciam acompanhar aquele começo de algo novo.
Depois de terminarem a sobremesa, Jun se levantou e estendeu a mão para Jessie.
Jun:
— Quer continuar o passeio? Ainda tem muita coisa pra te mostrar… mas dessa vez, eu seguro sua mão, caso tropece de novo.
Jessie:
— Certeza que não é só uma desculpa pra segurar minha mão?
Jun:
— Talvez seja. Mas... você vai aceitar?
Jessie hesitou por um segundo, então segurou a mão dele com um sorriso doce.
Jessie:
— Só por hoje, lembra?
Jun:
— Só por hoje… ele repetiu, mesmo sabendo que talvez desejasse que aquele “hoje” durasse um pouco mais.
Ainda de mãos dadas, Jessie e Jun seguiram pelas ruas iluminadas do bairro coreano. A noite já começava a cair, e as luzes das barracas ganhavam um brilho mais acolhedor. O clima ameno, a mistura de idiomas no ar, os risos ao redor — tudo parecia fazer parte de um cenário especial, como se aquele momento tivesse sido cuidadosamente preparado só para os dois.
Eles passaram por uma barraca de acessórios típicos, onde Jessie se encantou por presilhas coreanas douradas com pequenas flores.
Jessie:
— Olha essas… são lindas! Parece coisa de dorama de época.
Jun:
— Ficam bem em você. Quer experimentar?
Jessie:
— Hm… acho que vou só admirar mesmo. Senão acabo levando a feira inteira.
Jun:
— Se você quiser… posso te dar uma.
Jessie:
— Não precisa! Já me deu um dia incrível, Jun. É mais do que suficiente.
Ele sorriu, como quem entende que às vezes o gesto mais bonito é guardar a lembrança, não o objeto.
Continuaram andando, passando por barracas de doces, camisetas com personagens de K-dramas, e uma lojinha de música onde tocava uma balada suave do BTS em coreano.
Jun:
— Essa música… me lembra minha adolescência. Escutava com meu irmão, lá na Coreia.
Jessie:
— Parece trilha sonora perfeita pra esse dia, né?
Jun:
— É. Tudo hoje parece… certo.
A conversa seguiu leve, cheia de pequenas descobertas: comidas que Jessie nunca tinha ouvido falar, gírias brasileiras que Jun não entendia, e sorrisos espontâneos entre uma explicação e outra. Era como se o tempo tivesse desacelerado só pra eles.
Quando o movimento da feira começou a diminuir, e o céu escureceu de vez, eles pararam perto da entrada da rua principal, onde o letreiro em hangul iluminado dava boas-vindas aos visitantes.
Jun:
— Acho que já tá ficando tarde… você precisa voltar?
Jessie:
— É, já devo estar atrasada. Fiquei tão envolvida que perdi a noção da hora.
Jun:
— Então... posso pedir uma coisa antes?
Jessie o olhou com curiosidade.
Jun:
— Me passa seu Instagram? Só pra… se quiser outro dia como esse. Ou se precisar de novo de um guia turístico… que salva moças distraídas de buracos e oferece bingsu.
Jessie sorriu, tirando o celular da bolsa e abrindo o aplicativo.
Jessie:
— Claro. Assim posso te chamar se precisar… de um guia ou de mais bingsu.
Eles trocaram os perfis. Na tela, o nome dele aparecia como @jun.park.june, com uma bio escrita em coreano e uma frase em português: “Vivendo devagar num mundo apressado.”
Jessie:
— Adorei a frase da bio.
Jun:
— É assim que me sinto aqui… mais leve.
Ele a olhou com doçura, e por um instante, o silêncio foi confortável.
Jun:
— Jessie… obrigado por hoje. Eu… gostaria de ter mais dias como esse.
Jessie:
— Eu também, Jun.
Jun:
— Então… se precisar de qualquer coisa… ou só quiser companhia, me chama, tá?
Jessie:
— Tá bom. Até logo, Jun.
Jun:
— Até logo, Jessie.
Ela se afastou devagar, olhando para trás uma vez, encontrando o sorriso dele ainda ali, parado sob o letreiro iluminado. Jun acenou discretamente, e ela retribuiu antes de virar a esquina.
A caminho da pensão onde estava hospedada, Jessie sentia os passos mais leves do que nunca. Enquanto as luzes da cidade passavam ao seu redor, ela encostou a cabeça na janela do ônibus, abraçando a bolsa contra o peito e sorrindo sozinha.
Pensou no jeito tímido e gentil de Jun, no sotaque encantador, no “kiyowo” sem esforço, nas pequenas coisas que tornaram aquele dia tão especial. E antes de dormir, deitada no quarto simples da pensão, abriu o Instagram para ver novamente o perfil dele… e sorriu com o coração aquecido.
Sim… ela queria outro dia como aquele.
CONTINUA...
Na manhã seguinte, Jessie acordou com um sorriso no rosto e o coração ainda leve. A luz do sol entrava pela fresta da cortina fina da pensão, aquecendo o quarto simples, mas aconchegante. Ela se espreguiçou devagar, sentindo aquela calma boa de quem teve um dia memorável.
Sentou-se na cama, abraçando o travesseiro por um instante, ainda pensando em Jun, no sotaque dele, na maneira fofa como pronunciava as palavras, no jeito gentil com que segurou sua mão. Era quase estranho como se sentia próxima dele tão rápido. Mas estranho... de um jeito bom.
Se levantou, lavou o rosto e prendeu o cabelo em um coque desajeitado. Abriu a pequena mala que trazia consigo e começou a escolher uma roupa leve e confortável. Hoje queria explorar outro canto de São Paulo, talvez a Liberdade, talvez a Avenida Paulista. Tinha feito uma listinha de lugares, mas ainda não tinha decidido por onde começar.
Estava terminando de passar um batom clarinho quando o celular vibrou na mesinha de cabeceira. Ela correu para ver e o coração bateu mais rápido ao ver o nome dele aceso na tela:
Jun Park Juny.📲💬
Mensagem – Jun 🐰:
Bom dia, Jessie. Dormiu bem?
Eu estava pensando… você ainda tem tempo hoje?
Se quiser, posso te levar pra conhecer outros lugares de São Paulo, sabe apenas como o seu guia turístico mais uma vez, pode ser?
Jessie levou a mão à boca, sorrindo como se estivesse em cena de dorama. Sentou-se na beirada da cama, os pés balançando levemente, e respondeu:
Jessie🐦:
Bom dia, Jun!☀️
E sim! Ainda tenho tempo. Estava tentando decidir pra onde ir.
Segundos depois, ele respondeu:
Jun 🐰:
Ótimo! Então deixa comigo. Posso passar aí em uma hora?
Jessie🐦:
Podemos nos encontrar no mesmo local de ontem?
Jun🐰:
Claro, nos encontramos lá então. Vou levar algo para comer, do que você gosta?
Jessie🐦:
— Tente adivinhar...😉 —Bom, vou me arrumar, já já nos encontramos, bjs.😘
Jun🐰:
— Certo, nos vemos então! 😘
Ela deixou o celular de lado por um momento, com aquele friozinho gostoso no estômago. Levantou-se animada e começou a se arrumar de verdade agora. Escolheu um vestido leve de verão com uma jaquetinha jeans, tênis confortável e um perfume doce. Enquanto passava o pente nos cabelos, pensava consigo mesma:
💭— Dois dias com ele… e parece que já estou vivendo dentro de um dorama.💭
Já pronta, ela deu uma última olhada no espelho antes de sair, verificou seus pertences na bolsa e desceu animada pelas escadas da pensão. Dona Cecília lhe chamou para tomar café, mas a mesma rejeitou lhe avisando que hoje vai tomar café fora da pensão e toda sorridente saiu da pensão, entrou no carro que havia pedido e se dirigiu até o local, onde estava quando conheceu o Jun.
Quando chegou, Jessie pagou o motorista, desceu do carro e caminhou até o local do encontro com o coração acelerado, olhando discretamente para os lados. Jun ainda não havia chegado, mas ela já o procurava com os olhos.
Ela checou o celular, desbloqueou a tela, travou de novo. Um leve sorriso escapou quando pensou na noite anterior, nas mensagens trocadas e no jeito descontraído de Jun. Foi então que o viu, atravessando a rua com um copo de café em cada mão. Ele vestia uma camiseta preta básica, jaqueta jeans surrada e o cabelo escuro estava bagunçado pelo vento. O sorriso nos olhos dele era como um raio de sol inesperado, daqueles que aquecem sem precisar dizer nada.
Jun:
— Bom dia de novo. Café número um… com açúcar. (Ele estende o copo para ela.)
— E guia turístico número dois… à sua disposição. — Brinca, fazendo uma reverência exagerada.
Jessie (rindo):
— Obrigada, senhor guia. Já está aprovado só por lembrar do açúcar. Confesso que já ia te julgar se viesse com café amargo.
Jun (fingindo indignação):
— Ei! Eu posso até me atrasar dois minutos, mas esquecer do açúcar? Jamais! Isso seria crime na minha profissão de guia não oficial.
Jessie (brincando):
— Então você é do tipo que ganha os outros pelo estômago? Que perigo…
Jun:
— Bom, se é pra ganhar, eu trouxe reforços. —Ele sorri e tira uma caixinha da mochila.
— Dois mochis fresquinhos. Escolhi os de morango porque... sei lá, senti que combinava com você.
Jessie arregalou os olhos, surpresa e encantada.
Jessie:
— Mentira! Eu estava *literalmente* pensando que queria experimentar esses bolinhos essa semana! Como você adivinhou?
Jun (colocando a mão no peito, fingindo mistério):
— Ah… um mágico nunca revela seus segredos.
Jessie (rindo alto):
— E ainda com esse sotaque coreano todo charmoso, tá querendo me conquistar mesmo, hein?
Jun (fingindo modéstia):
— Eu? Jamais! Só estou cumprindo meu dever de embaixador da culinária coreana. Mochi hoje, kimchi amanhã…
Jessie:
— Aí você me perde no kimchi.
Jun (fazendo drama):
— Não! Meu coração… partido. Mochi salva, kimchi perde. Tá difícil esse jogo.
Os dois caíram na risada ali mesmo, no meio da calçada, sem se importar com as pessoas que passavam.
Jessie (mordendo um mochi):
— Hmm… tá, confesso. Mochi já valeu o passeio. Agora vamos ver se o guia é bom mesmo.
Jun (erguendo uma sobrancelha):
— Ah, é um desafio? Então prepare o coração, Jessie. O tour de hoje vai ser inesquecível. — Disse, ele se aproximando do rosto de Jessie.
Jessie apenas sorri tímida ao sentir borboletas no estômago.
Eles caminharam até o metrô mais próximo. Jun explicou com paciência o funcionamento das linhas e até ajudou Jessie a recarregar o bilhete. No trajeto, ele ficou ao lado dela o tempo todo, apontando curiosidades dos bairros pelos quais passavam, com aquele sotaque coreano charmoso que fazia Jessie sorrir sozinha às vezes.
A primeira parada foi a Avenida Paulista. O sol batia entre os prédios altos, e as calçadas estavam cheias de pessoas. Artistas de rua tocavam violão, casais tiravam fotos, ciclistas passavam animados.
Jun:
— Esse é um dos meus lugares favoritos. Muita gente, muita arte, muita vida. Me faz lembrar de Seul, sabe?
Jessie:
— É… aqui tem um movimento parecido, né? Mas também tem uma vibe mais… caótica.
Jun:
— Sim, mas um caos bonito. Especialmente com você aqui.
Jessie fingiu não escutar, mas sorriu, mordendo o canudo do copo de café.
Caminharam até o MASP, tiraram fotos na frente do vão livre, e depois sentaram por um tempo num banco sombreado.
Jessie:
— Eu não imaginava que teria alguém pra dividir esses momentos em SP. Achei que ia fazer tudo sozinha…
Jun:
— Às vezes, as melhores partes da viagem são as que não planejamos.
Depois seguiram para o Parque Ibirapuera. Caminharam pela área do lago, onde crianças brincavam e famílias faziam piquenique. Jun comprou duas paletas mexicanas para eles, e sentaram-se debaixo de uma árvore.
Jessie:
— Esse lugar é lindo. Nem parece que estamos no meio da cidade.
Jun:
— Eu gosto de silêncio de vez em quando. E… gosto ainda mais quando posso dividir com alguém que sorri com os olhos.
Jessie olhou pra ele enquanto sorria meigamente. Ficaram alguns segundos em silêncio, observando os patos no lago e as folhas dançando com o vento.
Jessie:
— Sabe, Jun… você é diferente. No bom sentido.
Jun:
— Eu espero que sim. Porque você também é. Desde o momento que caiu quase nos meus braços — ele ri levemente, parecia que algo tinha começado.
Ela riu junto, sem desviar o olhar.
Jessie:
— E eu tô gostando disso.
Quando o sol começou a descer no céu, pintando tudo de dourado, eles já estavam de volta à estação de metrô.
Jun:
— Jessie… eu sei que combinamos “só por hoje” ontem. Mas posso te pedir mais uma coisa?
Jessie:
— Pode tentar. Vai que eu aceito de novo.
Jun:
— Me chama se quiser sair de novo, se precisar de ajuda, ou se só quiser conversar. Eu quero mais dias como esse. Não só “por hoje”. Pode ser?
Jessie segurou o celular, e sem pensar muito, digitou:
Jessie:
— Então se prepara… porque eu acho que vou chamar mesmo.
Jun:
— Vou estar esperando.
Eles trocaram um último sorriso. Jessie desceu na estação perto da pensão e caminhou devagar pelas ruas calmas do bairro. Cada passo parecia mais leve que o anterior.
Assim que chegou ao quarto, tirou os sapatos e se jogou na cama, abraçando uma almofada com um sorriso bobo no rosto. Abriu o Instagram e viu uma nova notificação:
@jun.park.juny marcou você nos stories:
“Guiei uma pessoa especial por SP hoje… dia memorável.” 💫
O coração dela acelerou de novo. E dessa vez, ela não queria que isso parasse tão cedo.
CONTINUA...
Depois daquele dia, Jessie e Jun continuaram se falando pelas redes sociais. Trocaram mensagens, memes, playlists. Às vezes conversavam por horas, outras vezes se bastavam em um “bom dia” seguido de um emoji. Mas sempre havia algo doce na forma como se procuravam.
Nas duas semanas seguintes, se encontraram mais algumas vezes — almoços casuais, passeios curtos, uma tarde em uma livraria no centro. Mas agora era sábado à noite, e esse encontro teria um gosto diferente.
Jessie estava prestes a voltar para sua cidade no domingo. O tempo em São Paulo havia passado rápido demais, e o que era pra ser só uma visita à capital se transformou em algo mais… algo que ela não esperava encontrar.
Eles se encontraram na mesma praça onde haviam dividido o primeiro bingsu, mas agora, a feira havia fechado. O local estava mais silencioso, com luzes baixas e o som distante da cidade preenchendo os espaços.
Jessie vestia um casaco leve por cima de seu vestido florido, e Jun a esperava encostado num poste, com as mãos nos bolsos e o olhar baixo. Quando a viu, o sorriso surgiu automaticamente, mas os olhos… ah, os olhos diziam outra coisa.
Jun:
— Você veio.
Jessie:
— Eu não deixaria de vir. Ainda mais hoje.
Eles caminharam devagar até um banco de madeira sob uma árvore iluminada pela luz amarelada de um poste. O ar estava fresco, com um ventinho tímido que balançava os cabelos dela.
Sentaram-se lado a lado. Por um momento, ficaram em silêncio.
Jessie:
— Jun… amanhã eu vou embora.
Ele olhou para frente, sem encará-la, como se já soubesse, mas estivesse tentando atrasar o momento em que teria que aceitar.
Jun:
— Eu imaginei. — ele suspirou. Eu sabia que esse dia ia chegar… só não achei que ia ser tão cedo.
Jessie:
— Eu também não.
Mais um silêncio. Mas era um daqueles silêncios cheios de significado, onde as palavras pesam demais para serem ditas de imediato.
Jun:
— Eu queria dizer que tô feliz por ter te conhecido. Que valeu cada segundo. Mesmo que tenha sido pouco tempo… você deixou uma marca em mim.
Jessie:
— Jun… você me salvou de um tropeço. E eu nem tô falando só do buraco da rua. Eu tava meio perdida… e esses dias com você foram um respiro.
Ele sorriu com os olhos marejados, mas sem lágrimas. O sorriso de quem quer ser forte, mesmo quando algo dentro dele queria pedir pra ela ficar.
Jun:
— Vai ser difícil não te ver por aqui. Mas tudo bem. A gente pode continuar conversando… me chama quando quiser, a qualquer hora.
E quem sabe… um dia você volta. Ou eu vou até você.
Jessie respirou fundo, tentando guardar tudo que sentia naquele instante. As luzes em volta pareciam mais suaves, o mundo girando devagar só pra que aquele momento não passasse tão rápido.
Jessie:
— Eu vou sentir falta do seu sotaque. Das suas piadas ruins. E da sua calma.
Jun:
— Eu vou sentir falta do seu sorriso. E do jeito que você me olhava como se eu fosse mais do que sou.
Eles se entreolharam, mais intensamente agora. Os olhos diziam o que os lábios não precisavam dizer. Não houve beijo, nem promessas exageradas. Mas houve uma conexão. Forte. Real.
Jun se levantou e estendeu a mão para ela.
Jun:
— Vem. Quero te mostrar uma última coisa.
Caminharam até o alto de uma pequena escadaria de pedra no final da praça, onde era possível ver parte da cidade, iluminada e viva.
Jun:
— Aqui é onde eu venho quando preciso pensar. E hoje… quis trazer você.
Jessie encostou a cabeça no ombro dele.
Jessie:
— Obrigada. Por tudo.
Jun:
— Obrigado a você. Por ter aparecido.
Ficaram ali por longos minutos, apenas sentindo o vento, a noite e o silêncio cheio de emoção.
Quando desceram, pararam diante da entrada da estação. Hora da despedida. Mas nem um dos dois queria dar o primeiro passo.
Jessie:
— Acho que é aqui que a gente diz “até logo”.
Jun:
— “Até logo”… e nunca “adeus”. Certo?
Jessie:
— Certo.
Jun:
— Vai em paz, Jessie. E leva com você tudo o que vivemos. Eu vou guardar aqui… — ele colocou a mão no peito …bem aqui.
Ela assentiu, engolindo o nó na garganta, e se aproximou para um último abraço. Firme. Quente. Longo.
Jessie (sussurrando):
— Tchau, Jun.
Jun (sussurrando de volta):
— Tchau… moça que me fez sorrir.
Ela se virou e entrou na estação, mas antes de descer as escadas, olhou uma última vez para trás. Jun ainda estava lá. Parado. Com o mesmo sorriso triste, mas verdadeiro.
Um dia depois...
De volta ao Rio de Janeiro.
Jessie chegou no fim da tarde de domingo em Niterói, cansada da viagem, mas com o coração apertado de saudade. Assim que passou pelo portão do prédio onde morava com o irmão, sentiu um sopro familiar de vida voltando ao lugar certo, mas também sentiu um vazio no peito que não sabia explicar.
Natanael, seu irmão mais velho, veio recebê-la na porta do apartamento com um sorriso caloroso e um copo de suco de manga na mão.
Natanael :
— Olha quem voltou! Trouxe lembrança ou só saudade?
Jessie (rindo):
— Só saudade mesmo. Mas posso contar cada detalhe da viagem… se me prometer não rir de mim.
Natanael:
— Rir de você? Nunca! — Ele ergue a sobrancelha. — Só se for por tropeçar em buracos e se apaixonar em feiras coreanas, aí talvez.
Jessie jogou a mochila no sofá e riu, se jogando ao lado dele.
Jessie:
— Eu não falei nada ainda! Como você sabe?
Natanael:
— Irmão mais velho sente. E você tá com aquele sorrisinho bobo… Não me engana.
Ela escondeu o rosto no travesseiro, rindo e envergonhada.
Na segunda-feira, a rotina recomeçou. Jessie acordou cedo, vestiu sua calça jeans preferida, uma camiseta preta básica e prendeu o cabelo num rabo de cavalo bagunçado. Pegou o ônibus com fone de ouvido e chegou na faculdade de Cinema, onde reencontrou as amigas Larissa e Alice no pátio arborizado.
Larissa:
— Menina, você voltou com um brilho no olhar! Conta, foi SP ou alguém de SP?
Jessie:
— Talvez os dois… — ela disse sorrindo com a xícara de café na mão.
Alice:
— E ele é bonito? Tem sotaque? É coreano? É educado? Ele existe mesmo ou você está escrevendo roteiro?
As três riram juntas.
Jessie:
— Calma! Sim, ele existe. E sim… tem um sotaque que faz meu coração querer escrever trilha sonora. Mas é só amizade… eu acho.
Larissa:
— “Eu acho”… Essa frase sempre vem antes de alguém se apaixonar de verdade.
Entre uma aula e outra, Jessie pensava nele. Relembrava o som da voz dele, os momentos compartilhados nas ruas de São Paulo. Mas nunca dizia com todas as letras que estava com saudade.
À noite, em casa, depois de jantar com Jonathan e ajudá-lo a lavar a louça, Jessie foi para o quarto. As paredes ainda estavam cobertas por pôsteres de filmes coreanos e fotos polaroid com frases escritas à mão. Se jogou na cama, pegou o celular e ali estava a mensagem de Jun, enviada minutos antes:
Jun 🐰:
“Como foi seu primeiro dia de volta? Ainda lembra de mim ou já esqueceu meu sotaque?”
Jessie:
“Nunca vou esquecer. Nem se eu ouvir 10 brasileiros me dizendo a mesma frase. Foi um dia cheio, mas pensei em você mais vezes do que deveria.”
Ela hesitou antes de mandar. Mas mandou.
A resposta veio rápido:
Jun 🐰:
“Ainda bem… porque eu também pensei em você o tempo todo.”
Sorrindo sozinha no quarto, ela colocou o celular no peito, fechou os olhos por alguns segundos e suspirou. Depois, começaram uma videochamada. Jun estava em seu quarto em São Paulo, com as luzes apagadas e a janela aberta, deixando entrar o barulho da cidade.
Jun:
— Você parece cansada.
Jessie:
— Um pouco. Mas ouvir sua voz ajuda.
Jun:
— Então… posso ser seu calmante oficial agora?
Jessie:
— Pode. Mas só se continuar me mandando áudios falando “petisca”.
Ele riu alto, com aquele jeitinho meigo que a fazia rir de volta.
Conversaram sobre tudo e nada. Sobre os planos dela para um novo projeto de curta-metragem, sobre os clientes engraçados que ele atendia na cafeteria onde começou a trabalhar. Contaram seus dias como quem compartilha segredos.
Durante a semana, Jessie voltou ao trabalho de meio período na mercearia do bairro. Os corredores estreitos, o som do ventilador antigo e os clientes de sempre fizeram tudo parecer como antes… exceto que ela agora digitava mensagens escondidas entre uma reposição e outra:
Jessie:
“Acabei de derrubar um pacote de arroz tentando ver sua mensagem, olha o que você tá causando.”
Jun:
“Talvez eu queira causar mais bagunça ainda. Mas… só no seu coração.”
Ela riu baixinho enquanto o senhor da fila perguntava onde estavam os biscoitos.
Às noites, Jessie escrevia no caderno de roteiro enquanto ouvia as músicas que Jun indicava. Criava histórias, rabiscava ideias, mas se pegava sempre voltando ao rosto dele em pensamentos.
E assim os dias iam passando:
Distantes no mapa, próximos no sentimento.
Sem dizer “eu gosto de você” com todas as letras… mas dizendo com cada gesto, cada palavra enviada no fim do dia, cada “você tá aí?” seguido de um “tô, sempre tô”.
CONTINUA...
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