BEATRICE MORETTI
Beatrice é a mulher feita de amor herdado e força construída. Filha da renomada advogada Ana Júlia e do carismático Lorenzo, ela cresceu cercada por afeto, irmãos leais e uma infância onde tudo parecia possível. Mas Beatrice sempre soube que ser amada não a tornava menos desafiada.
Ela carrega no olhar o brilho da mãe e a teimosia do pai. Inteligente, observadora e determinada, Beatrice escolheu o Direito Criminal não por rebeldia, mas por propósito. Queria sentir a vida pulsando nos extremos, onde a justiça dança com a verdade nua.
É firme, mas sensível. Elegante, mas intensa. Uma mulher que aprendeu a se defender antes de ser atacada, e que acredita que a justiça começa dentro de casa no jeito como você fala, escuta e escolhe quem proteger.
Na família, é a princesa. A mais velha, a única filha mulher, protegida pelos irmãos como se o mundo inteiro quisesse roubá-la. Mas por dentro, é imperatriz: sabe do próprio valor e não aceita ser peça no jogo de ninguém.
Beatrice é o tipo de mulher que assusta quem não sabe lidar com mulheres inteiras. E fascina quem tem coragem de olhar além da superfície.
PIETRO SALVATORE
Pietro é o tipo de homem que carrega poder nos ombros e silêncio nos olhos. Milionário antes dos trinta, herdeiro de uma fortuna construída em contratos e decisões implacáveis, aprendeu cedo que confiança custa caro e que, às vezes, o amor é uma armadilha bem embalada.
Racional, misterioso e estrategista, ele prefere observar antes de agir. Tem um charme discreto, daqueles que não precisam de esforço. Seu poder não está no que ele exibe, mas no que ele sabe esconder.
Não é cínico só não se permite ser ingênuo. Tem feridas que não cicatrizaram totalmente, segredos guardados em compartimentos de luxo e controle. Mas quando viu Beatrice pela primeira vez, algo mudou. Ela era diferente. Não se dobrava. Não se impressionava. Não precisava dele e isso o desarmou.
Ao mandar investigá-la, não foi por malícia. Foi medo. Medo de sentir de verdade. Mas ele vai aprender, com ela, que o amor não se protege se vive.
Pietro é o homem que achava que podia prever tudo. Até conhecer a mulher que o tiraria do próprio eixo.
SOFIA LEMOS RIBEIRO
Sofia é o tipo de amiga que parece ter nascido com um passaporte na mão e o coração dividido entre dois continentes. Filha de Laura (melhor amiga de Ana Júlia) e de Davi, ela cresceu entre Paris e Brasil, entre croissants e pão de queijo. Mas apesar da distância, nunca deixou de ser presente.
Ela é leve, espontânea, intensa. Tem um humor afiado, um estilo boêmio-chique e um talento natural pra fazer qualquer ambiente parecer mais leve. É daquelas que chega e já muda a energia. Beatrice diz que Sofia é como um “vento fresco num tribunal abafado”.
Mesmo morando longe, elas se falam todos os dias. E quando ela está no Brasil? A cidade vira palco: elas fazem piqueniques, dançam, cozinham, trocam confidências como se nunca tivessem ficado nem um dia separadas.
Sofia é o tipo de pessoa que conhece Beatrice pelo silêncio. E quando precisa, sabe ser o grito.
HELENA MENDES
Helena é racional, prática, um pouco cética, mas de coração gigante. Amiga de Beatrice desde os sete anos, é a que mais parece irmã de sangue. Costuma ser a voz da razão do grupo e também a primeira a aparecer com brigadeiro e playlist de desabafo quando alguma coisa dá errado.
Filha de dois médicos, Helena cresceu com disciplina, livros e metas bem traçadas. Mas foi com Beatrice que ela aprendeu a ser vulnerável e foi com Sofia que ela se permitiu ser leve.
Ela estuda Psicologia e tem uma curiosidade quase científica sobre as pessoas. Mas com as amigas, é só amor mesmo. Não analisa, acolhe. E se alguém ousa falar mal de Beatrice? Helena vira faca.
Ela é o chão do grupo. E mesmo quando tudo parece fora do lugar, é com ela que todas se sentem seguras.
YASMIN FERREIRA
Yasmin é arte em forma de gente. Criativa, espalhafatosa, dramática (no melhor sentido), ela é a que mais fala, mais ri e mais chora do grupo. A primeira a comprar glitter pro carnaval, a última a ir embora da festa.
Filha de uma chef de cozinha e um fotógrafo de casamento, Yasmin cresceu cercada de cores, sons e histórias. Sempre teve uma queda por tudo que é romântico, exagerado e intenso. Sonha em ser roteirista de cinema ou dona de uma livraria-café com gatos.
Ela e Beatrice se conheceram na escola, quando brigaram por causa de um livro da biblioteca. Desde então, nunca mais se desgrudaram. Com Sofia, a conexão foi instantânea: viraram cúmplices em segundos.
Yasmin é o coração descompassado do grupo. É emoção pura e por isso mesmo, é essencial.
O quarto de Beatrice cheirava a lavanda, tinta guache e infância.
Ela tinha seis anos e usava uma coroa de papel feita por Lorenzo, colada com fita e orgulho. Estava sentada no chão, cercada por bonecas desalinhadas, canetinhas sem tampa e um urso de pelúcia que vestia um avental de pizzaiolo.
— Alteza, aceita mais um pedaço da pizza mágica? — perguntou David, com cinco anos, o guardanapo enfiado no colarinho como se fosse uma gravata.
Beatrice cruzou os bracinhos, empinou o queixo.
— Só se tiver chocolate com morango. E com a borda muito recheada, senão não vale.
— Tem borda! — ele respondeu, rindo. — Eu coloquei até chantilly na borda. Mas não conta pra ninguém.
Eles riram alto. Riam fácil naquela época. O mundo era um jardim com cheiro de orégano e som de violino ao fundo, onde Ana às vezes tocava só pra ver os filhos dançando desengonçados, derrubando almofadas e tropeçando em brinquedos.
Lorenzo entrou no quarto, com a camisa suja de farinha, e parou na porta como se tivesse dado de cara com um tesouro escondido.
— O que minha princesa está aprontando?
— Tô mandando no mundo. — Beatrice disse, com a fita da coroa torta sobre a testa e a pose de quem tinha nascido para isso.
Ele se ajoelhou diante dela, com um exagero teatral que arrancou risadinhas de David.
— Então permita que seu fiel humilde servo beije sua mão.
Beatrice estendeu a mãozinha e sussurrou com toda solenidade:
— Só se depois você me der sorvete.
— De pistache? — ele sorriu.
— De morango. Pistache é verde esquisito.
David fingiu cair de costas de tanto rir. Lorenzo beijou a mão da filha como se estivesse diante de uma rainha. E por um segundo, naquele instante bobo e sagrado, tudo parecia eterno.
Mesmo os irmãos mais novos — Thomas, Lucas e o pequeno Jacob — ainda pequenos demais pra entender, pareciam ter nascido com a missão silenciosa de cuidar da Beatrice. Como se o coração da casa tivesse o nome dela escrito no teto.
A infância dela era feita disso
De pizza no café da manhã (quando Ana não via), de desenhos rabiscados na parede da sala, de dias em que Lorenzo a levava para a pizzaria só pra ela “fiscalizar a massa”.
De noites em que Ana deitava ao seu lado e lia histórias de mulheres que mudaram o mundo algumas reais, outras inventadas na hora.
— Princesas também sabem lutar — dizia Ana. — E as melhores vencem com palavras.
Beatrice acreditava em tudo. E repetia as frases em frente ao espelho, com a escova de cabelo como microfone:
— Eu vou defender o mundo inteiro! Mesmo que seja só com as palavras.
Quando Yasmin Entrou Na Vida Dela
Beatrice tinha sete anos e um fichário com capa roxa, cheio de adesivos de coroa e canetas coloridas organizadas por tom. Estava na fila da biblioteca da escola quando uma menina baixinha, de cabelo preso em duas tranças apertadas, passou direto.
— Ei, eu tava aqui — Beatrice disse, não gritou, mas também não se moveu.
A menina virou com o queixo empinado.
— Eu só vou pegar “Matilda”. É meu livro preferido.
— É meu também — Beatrice rebateu. — E hoje é meu dia da sorte. Eu sonhei com esse livro.
As duas se encararam por três segundos. Depois, como se tivessem feito um pacto silencioso, começaram a rir.
Na semana seguinte, estavam fazendo um cartaz juntas pro clube de leitura. Pouco depois, Yasmin já passava tardes na casa dos Moretti, comendo pizza de sorvete e se escondendo do Thomas, que insistia em ser o “juiz das brincadeiras”.
Helena virou sua irmã escolhida. Daquelas que ouve, que analisa, que guarda segredo como quem guarda joia.
Helena apareceu como um furacão
Foi no dia da apresentação da escola. Beatrice estava no palco recitando um poema que ela mesma escreveu sobre justiça. Falava de igualdade, de coragem, de empatia. Usava um vestido azul-marinho e segurava o papel com as duas mãos tremendo.
No meio do silêncio, uma voz da plateia interrompeu:
— Lê de novo! Essa parte foi perfeita!
Era uma menina com cabelos loiros e meias coloridas. A sala caiu na risada. Beatrice corou até a ponta da orelha. Mas sorriu.
No intervalo, a mesma menina surgiu com um suco na mão.
— Você fala como gente grande. E eu gostei disso. Quer ser minha amiga?
Beatrice arqueou uma sobrancelha.
— Só se você souber brincar de protesto com cartaz.
Helena deu um pulo:
— Eu tenho um estojo só de glitter pra isso!
Desde então, elas estavam coladas. Yasmin era exagero, cor, riso alto. O tipo de amiga que falava o que ninguém tinha coragem. E Beatrice? Era o equilíbrio perfeito. Entre elas, tudo fazia sentido.
A adolescência chegou como um trovão
Aos treze, Beatrice já discutia argumentos com a mãe no jantar.
Aos quinze, leu seu primeiro processo escondido e devolveu com anotações.
Aos dezessete, escreveu um artigo que Ana usou numa palestra sobre ética e juventude no direito.
Ela era a filha mais velha. Mas era também a bússola da casa.
David confiava nela mais do que em si mesmo. Thomas pedia conselhos antes de contar qualquer segredo. Lucas chorava escondido no colo dela. E Jacob... bem, Jacob acreditava que a irmã era uma super-heroína de verdade.
Sofia, mesmo longe, participava de tudo por video-chamada. Riam, choravam, jogavam jogos online, compartilhavam playlists e confidências que só elas entendiam.
E entre uma fase e outra, elas criaram um grupo: "As Quatro da Justiça".
Era ali, entre áudios longos, emojis e promessas de reencontros, que Beatrice encontrava o tipo de amor que não se explica só se vive.
Na noite dos seus dezoito anos, a varanda estava cheia de luzinhas penduradas, e uma mesa de madeira com flores do campo exalava simplicidade e afeto.
Ana levantou a taça de vinho.
— À minha filha. Que nunca se esqueça que nasceu do amor, mas é feita de coragem.
Lorenzo completou, segurando a mão dela:
— Que construa seu império. E que saiba, onde quer que vá, terá sempre um lar pra voltar.
Beatrice, de vestido vinho e olhos marejados, sorriu. E pensou:
"Agora começa a minha história."
Vestido da Beatrice:
A Faculdade não era uma fase. Era um campo de batalha.
Beatrice Moretti acordava antes do sol, deitava com códigos penais marcados a lápis, e passava o dia entre tribunais simulados, cafés requentados e discussões acaloradas sobre direitos fundamentais.
Ela cursava Direito com ênfase em Criminal. E aquilo não era só uma escolha acadêmica era quase um ato de resistência.
Queria defender o que ninguém queria ver, lutar por quem nunca teve voz, mergulhar em causas que doíam mesmo quando o mundo a chamava de "filha da Ana Júlia Moretti" como se isso explicasse tudo.
Mas ela sabia: o nome te abre portas. Mas é você quem precisa ter coragem de entrar.
— Por que Criminal? — perguntavam sempre.
— Porque é onde a verdade grita mais alto. — ela respondia, sem piscar.
Nos corredores da universidade, era conhecida por ser séria, certeira e brilhante nas exposições orais. Tinha fama de durona mas quem a conhecia sabia que o coração era feito de manteiga aquecida.
E quando ela falava, até os professores mais rígidos prestavam atenção.
Anos depois… o fim de um ciclo
A manhã da formatura amanheceu quente, típica de janeiro. O vestido de Beatrice era azul escuro, os cabelos presos num coque elegante, e os olhos? Cheios de história.
Vestido da Beatrice:
Sofia chegou direto do aeroporto, de mala na mão e olhos marejados.
— Eu não ia perder isso nem por decreto real — disse, abraçando a amiga com força.
Helena foi com um cartaz escrito “Doutora Imperatriz” e Yasmin com uma faixa ridícula dizendo “a melhor advogada do planeta Terra e da galáxia próxima”.
Beatrice riu, chorou e gritou junto.
Naquela noite, elas foram comemorar. Em um barzinho com luz baixa, boa música e muitas histórias entre taças.
— E agora, Bea? Vai direto pro império da tua mãe? — Yasmin perguntou, servindo mais vinho.
Beatrice girou a taça, pensativa.
— Não é o império dela. É o lugar onde eu aprendi que justiça tem preço... e que às vezes, o preço é você mesma.
— Isso foi profundo demais — Sofia disse. — Alguém segura a poeta.
— Ela tá dramática porque vai ser oficialmente adulta segunda-feira. — Helena completou, brindando. — Que venha o novo ciclo!
Beatrice sorriu. E ali, no meio daquelas mulheres que conheciam cada tom da sua alma, sentiu que o mundo podia ser pesado mas também podia ser belo.
Segunda-feira
O salto batia firme no chão de mármore. O blazer escuro moldava a postura ereta. A pasta preta nas mãos tremia um pouco mas só por dentro.
Era o primeiro dia dela como advogada criminalista no escritório Moretti & Associados.
O prédio era o mesmo que frequentava desde criança, quando ia brincar com as canetas da mãe. Mas agora tudo parecia diferente. Agora, o nome na porta não era só o da mãe. Era também o dela.
Beatrice Moretti. OAB em mãos. Nome no crachá. Voz no peito.
Respirou fundo diante da sala onde ia atender seu primeiro cliente. Um caso simples, segundo os colegas. Mas nada era simples quando envolvia a vida de alguém.
Ana Júlia passou por ela no corredor e parou por um instante.
— Preparada Filha?
— Mais que nunca.
A mãe sorriu.
— Lembre-se: escutar é mais difícil que falar. Mas é onde mora a justiça.
Beatrice assentiu. E entrou na sala.
Beatrice fechou a porta da sala e respirou fundo. O som do clique ecoou como um ponto final e um ponto de partida ao mesmo tempo.
Na cadeira à frente da mesa, um homem magro, de roupas simples e mãos trêmulas, a observava com uma mistura de medo e esperança. Devia ter uns cinquenta anos, talvez menos o tempo nem sempre é justo com quem carrega o peso da rua no rosto.
— Bom dia, seu Valmir. Pode ficar à vontade — ela disse, com a voz mais firme do que sentia.
Ele assentiu com um gesto tímido e pigarreou.
— A doutora Ana… ela disse que ia me colocar nas mãos da filha. Achei que era só modo de falar. Não sabia que… era mesmo a filha dela.
Beatrice sorriu com gentileza, puxando a cadeira.
— É mesmo. E não se preocupe. A gente tá aqui pra resolver isso juntos.
Ela abriu a pasta, conferiu os papéis, e começou a escutar.
Valmir estava sendo acusado de tentativa de furto. Um botijão de gás. Tentou pegar o da mercearia da esquina da casa onde vivia ou melhor, onde tentava viver com a esposa doente e o neto pequeno.
— Eu não queria roubar, doutora… Eu queria cozinhar. Ela tava com febre e não tinha nem água quente. A gente ficou dois dias sem nada. E eu juro… ia devolver depois que recebesse o auxílio.
A história era simples. Dura. E crua. Dava vontade de chorar, mas Beatrice manteve o foco.
— O senhor já tem passagem?
— Nunca. Nem multa. Eu só trabalho, doutora. Mas esse mês… — ele abaixou a cabeça. — Eu falhei com eles.
Ela anotava tudo, mas principalmente escutava. Lembrava do que a mãe dissera: “escutar é mais difícil do que falar”.
Quando ele terminou, Beatrice respirou fundo.
— O senhor não falhou. A falha é do sistema. E eu vou fazer o possível pra mostrar isso pro juiz.
Ele levantou os olhos marejados.
— A senhora acredita em mim?
— Eu acredito no que a lei pode fazer quando a gente insiste. E vou insistir até o fim, seu Valmir.
Ela se levantou, apertou a mão dele — firme, humana — e o conduziu até a porta. Quando ele saiu, ela ficou alguns segundos parada, encarando a cadeira vazia.
Ali, naquele silêncio pós-desabafo, Beatrice teve certeza: estava no lugar certo.
Não porque era o escritório da mãe.
Não porque tinha um sobrenome forte.
Mas porque ela havia escutado. E sentido. E se comprometido.
Voltou à mesa, pegou o processo e começou a escrever.
Começou a desenhar a linha de defesa de um homem que só queria cozinhar para a família.
E era assim, sem glamour, sem manchete, sem flores, que se começava um império de justiça. Palavra por palavra. Vida por vida.
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