NovelToon NovelToon

Entre as Ondas e os Olhares

Prefacio

Jhenifer sempre foi uma garota sensível, observadora e leal às suas raízes. Cresceu em uma cidade pequena, onde as ruas eram tranquilas, os rostos eram familiares e as histórias se espalhavam mais rápido do que o vento nas colinas. A rotina era simples: escola, tardes na praça, conversas com amigas de infância e os almoços de domingo em família. Tudo parecia estável... até que o inevitável aconteceu. A separação dos pais transformou sua vida de forma abrupta, como uma onda arrastando tudo o que era conhecido para longe.

Forçada a deixar para trás a calmaria do interior, Jhenifer se muda com a mãe para a capital — uma cidade barulhenta, vertical e cheia de ritmos que não esperam por ninguém. Os prédios altos, o trânsito caótico e os rostos apressados contrastam com tudo o que ela conhecia. Na mala, ela levou apenas o essencial: algumas roupas, memórias dolorosas e uma esperança silenciosa de encontrar algo novo — ou, talvez, reencontrar a si mesma.

A nova etapa começa com o ingresso no Colégio São Miguel, uma escola particular tradicional, conhecida por sua excelência acadêmica e por abrigar filhos da elite local. Um ambiente completamente diferente do que estava acostumada, onde os corredores eram amplos demais, as salas frias demais e os grupos fechados demais. No primeiro dia de aula, o sentimento de deslocamento era palpável. Jhenifer se sentia como uma peça fora do tabuleiro, observada por todos, mas compreendida por ninguém.

Mas então, o inesperado: Luca. Ele surgiu como um trovão em meio à calmaria da adaptação. Bonito, despojado, com um sorriso torto e um olhar que escondia mais do que revelava. Ele parecia ser parte do mundo ao qual Jhenifer não pertencia — mas, de alguma forma, foi o primeiro a estender a mão. Um esbarrão no corredor se transformou em convite. Um convite virou uma aventura. E a aventura mudou tudo.

A ida à misteriosa Praia Azul, uma tradição entre os alunos veteranos, seria apenas mais uma escapada qualquer. Mas para Jhenifer, aquele lugar despertou algo diferente. Havia um ar de segredo, de história não contada. As rochas, o som do mar, o vento sussurrando verdades esquecidas. E foi lá que tudo começou: a descoberta de uma caverna escondida, de um diário antigo e de uma jovem desaparecida anos atrás chamada Ana Sofia.

Movida por uma inquietação que crescia a cada página do diário, Jhenifer mergulha em uma teia de mistérios que envolvem pessoas poderosas, silêncios comprados, pistas ocultas e verdades perigosas demais para serem ditas em voz alta. Luca, com sua ligação inexplicável aos segredos daquela praia, torna-se tanto parceiro quanto enigma. O relacionamento entre eles evolui lentamente, entre confrontos e confidências, em meio ao medo e à paixão crescente.

Entre sombras e revelações, Jhenifer precisa enfrentar não apenas as ameaças externas, mas também seus próprios medos, dores antigas e a necessidade de confiar — em Luca, em si mesma e nas escolhas que faz. A conexão entre os dois se intensifica, revelando-se mais forte do que imaginavam, mas também mais vulnerável. Quando tudo parece conspirar contra eles, é o amor, ainda em construção, que os mantém firmes.

Entre As Ondas e os Olhares é uma história sobre recomeços, pertencimento e descobertas. Um romance envolvente onde os sentimentos mais profundos se misturam com investigações perigosas e conspirações que ultrapassam fronteiras. É sobre os riscos de amar em meio ao caos, sobre enfrentar o passado sem garantias e sobre como, às vezes, as maiores verdades estão escondidas onde menos se espera — nas entrelinhas de um diário, nos ecos de uma praia esquecida ou no olhar de quem insiste em permanecer, mesmo quando tudo parece desmoronar.

capítulo 1: O Primeiro Dia de um Novo Começo.

O som do metrô era o mesmo de sempre: metálico, monótono e apressado. Mas naquela manhã, tudo parecia carregado de expectativa.

O vidro da janela refletia o rosto de Jhenifer, sério e atento, enquanto a cidade se movia ao fundo — prédios altos, buzinas, pessoas correndo com fones no ouvido.

Um mundo novo. Um recomeço.

Ela apertava a alça da mochila com força. Era seu primeiro dia no Colégio São Miguel, o mais tradicional da capital. Um colégio particular, enorme, cheio de alunos de nomes compostos, filhos de gente importante, e turmas que pareciam saídas direto de seriados adolescentes.

Ela não estava nervosa por causa do conteúdo, ou das provas. Era por outra coisa: o recomeço. Depois da separação dos pais, ela e a mãe tinham se mudado do interior para a cidade grande. Deixaram para trás a casa antiga, as amigas de infância e a pracinha de todos os dias. Agora, estavam em um apartamento pequeno no terceiro andar de um prédio velho, no centro.

Desceu do metrô e seguiu o fluxo. A mochila pesava, mas não tanto quanto a saudade. Ou a sensação incômoda de ser “a nova”.

Ao avistar os portões do colégio, parou por um instante.

— Tá tudo bem, Jen. Você consegue — sussurrou para si mesma.

Inspirou fundo e passou pelo enorme portão de ferro com o brasão dourado da escola. O pátio parecia uma mistura de shopping com campus universitário: quadras poliesportivas, uma cafeteria moderna com poltronas e luzes pendentes, paredes com grafites artísticos autorizados — e alunos que pareciam ter saído de capas de revista.

Ela sentia os olhares. Uns curiosos, outros indiferentes. Tentou não demonstrar o incômodo enquanto procurava a sala 3B no prédio principal. Caminhava apressada, segurando uma pasta e o celular com o mapa do colégio aberto, quando esbarrou com força em alguém na esquina do corredor.

— Ei! Cuidado aí... — disse uma voz masculina, enquanto segurava os cadernos dela antes que caíssem no chão.

— Ai, meu Deus, desculpe — disse Jhenifer, sem nem conseguir respirar direito, olhando para cima.

Foi então que ela viu.

Ele tinha olhos castanhos intensos, profundos, com um brilho meio preguiçoso. Cabelo escuro, meio bagunçado, e um sorriso torto que parecia desafiar o mundo. Usava o uniforme da escola com um moletom cinza por cima, e segurava uma câmera fotográfica pendurada no pescoço.

— Tranquilo. Você é nova, né? — ele perguntou, ainda com aquele meio sorriso.

Ela assentiu, ajeitando a pasta nos braços.

— Jhenifer. Acabei de me mudar.

— Eu sou o Luca. E, bem-vinda à selva — disse, rindo, fazendo um gesto com as mãos para o corredor cheio de alunos barulhentos.

Ela tentou sorrir de volta. Algo nele era diferente. Carismático sem esforço, como se vivesse num mundo paralelo, onde tudo era menos sério e mais interessante.

— Valeu — respondeu, já retomando o caminho, mas ele a seguiu alguns passos, ainda com a câmera no pescoço.

— Sala 3B?

— É. Como você…?

— Você está indo na direção errada — disse ele, apontando o caminho oposto. — Vem, eu te mostro. Eu também tô na 3B.

Enquanto caminhavam, ele fazia comentários sobre os professores ("Evite a professora de física antes do café"), sobre os alunos ("Aquele é o Matheus, acha que é o rei do colégio") e até sobre a própria escola ("Tem mais câmeras aqui do que num reality show"). Jhenifer não sabia se ria ou ficava em alerta. Ele falava como se já a conhecesse há anos.

Chegaram à sala. A professora de literatura já estava começando a chamada.

Luca entrou como se fosse dono do lugar e puxou a cadeira atrás dela. Durante a aula, Jhenifer tentava prestar atenção no conteúdo, mas o ambiente era novo demais, barulhento demais, cheio demais.

Foi quando ouviu a voz dele, suave atrás de si:

— Gosta de praia?

Ela virou lentamente, franzindo o cenho.

— Como assim?

— É que vai rolar uma “fugidinha” depois da aula. Coisa da turma: ir à Praia Azul, ver o pôr do sol, jogar conversa fora. É meio que tradição.

— E por que você tá me chamando? — perguntou, desconfiada.

— Porque você parece precisar de ar puro. E de ver que esse lugar pode ser menos sufocante do que parece.

Jhenifer hesitou. Ainda era cedo pra confiar em alguém. Mas havia algo naquele convite que lhe parecia mais uma chance de respirar do que um risco.

— Ok — ela respondeu. — Mas só hoje.

Luca sorriu. — Justo.

Enquanto ela voltava a encarar a lousa, fingindo prestar atenção, seu coração batia mais forte. E uma sensação estranha a envolvia — como se aquela escolha inocente escondesse algo maior.

Porque o que Jhenifer ainda não sabia era que a Praia Azul guardava segredos há anos. E que Luca não era exatamente quem dizia ser.

Nem ela

Capítulo 2: Novos Rostos, Velhas Feridas.

O sol começava a se esconder no horizonte quando Jhenifer chegou à Praia Azul com o grupo. Os últimos raios dourados atingiram o céu de laranja e rosa, refletindo nas ondas calmas que se desfaziam suavemente na areia. A brisa marítima, morna e carregada de sal, envolvia seus sentidos, como se anunciasse o início de algo novo — algo que ela ainda não compreendia por completo. O coração batia acelerado, não só pela beleza do lugar ou pela empolgação da viagem, mas pela presença de Luca ao seu lado.

Ele caminhava com passos tranquilos, a câmera pendurada no pescoço balançando levemente. De vez em quando, ele parava para capturar alguma cena: um casal rindo, o reflexo do céu no mar, ou até mesmo o rosto distraído de Jhenifer. Cada clique parecia guardar um segredo, como se ele soubesse que aquele momento não voltaria. Ela se sentia vista por ele de um jeito que poucos conseguiam — e isso era ao mesmo tempo reconfortante e assustador.

Os amigos se espalharam pela areia ainda quente, formando um círculo ao redor de uma fogueira improvisada. Risadas ecoavam junto ao som das ondas, e a música que saía de uma caixa de som portátil dava um ar leve e descontraído à cena. Jhenifer se sentou próxima a Luca, ainda tímida, observando tudo com curiosidade. Ele trocou um olhar com ela, um sorriso discreto surgindo em seus lábios. Era o tipo de sorriso que dizia, sem palavras: “tudo vai ficar bem”.

A noite chegou aos poucos, como um véu escuro salpicado de estrelas. A conversa entre o grupo evoluiu para assuntos mais íntimos. Luca falou sobre sua família, sobre a ausência do irmão mais velho, que havia sumido anos atrás, e de como aquilo ainda doía, mesmo que ele não dissesse em voz alta. Revelou que costumava ir à Praia Azul quando sentia vontade de fugir de tudo, como se o mar pudesse responder perguntas que ninguém mais conseguia.

Jhenifer, por sua vez, compartilhou um pouco de sua própria dor: a separação dos pais, a mudança repentina para a cidade grande e o medo constante de não se encaixar. Contou da vontade de recomeçar, de encontrar um lugar onde pudesse, enfim, respirar.

Foi então que algo no horizonte capturou seus olhares: uma luz tênue, dançando entre as ondas, como se não pertencesse àquele mundo.

— Você viu aquilo? — Luca perguntou, franzindo o cenho.

— O quê? — Jhenifer se inclinou para frente, intrigada.

— Ali... na água. Não é um barco. Parece alguma coisa diferente.

Mas antes que ela pudesse ver claramente, a luz desapareceu.

Uma tensão silenciosa pairou no ar. O riso dos outros pareceu distante, abafado pelo som do mar.

No caminho de volta, Luca hesitou, depois confessou: a Praia Azul era cercada por histórias de desaparecimentos misteriosos. Pessoas que sumiram sem deixar rastros. Rumores que nunca foram esclarecidos.

Jhenifer sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ainda assim, havia algo naquela noite — no brilho dos olhos de Luca, no mistério do mar — que a fazia querer ficar.

O que ela ainda não sabia era que aquela noite mudaria tudo para sempre. E o que parecia apenas uma viagem entre amigos seria o início de algo muito maior.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!