Prólogo
Ao sair da escola, Hanna corre até sua mãe, que a aguardava encostada no carro, e a abraça com alegria.
— Mamãe! — disse Hanna, abraçando-a feliz.
— Oi, meu amor — respondeu Amélia, pegando a filha no colo. — Hoje a gente vai almoçar fora. Você vai conhecer uma pessoa muito importante.
Amélia tentava disfarçar o nervosismo na voz.
— Tá certo, mamãe! — respondeu Hanna animada.
Amélia sorriu. Depois de fugir do pai de Hanna, acreditando que ele a havia traído com sua ex-noiva, ela desapareceu sem contar que estava grávida da filha que ambos tanto desejavam.
Três anos se passaram, e Amélia já não conseguia mais esconder a existência de Hanna. A menina perguntava cada vez mais sobre o pai. Foi então que ela decidiu parar de fugir. Estava na hora de contar tudo para Lion Moretti.
Assim que entrou na empresa de Lion, Amélia foi anunciada pelo segurança particular, que a viu entrando no elevador. No mesmo instante em que ela pisou na empresa, Lion foi avisado — e seu coração disparou. Ele não sabia como reagir. Desde a noite em que sua ex-noiva armou uma cena para incriminar-lhe, Amélia havia sumido. Ele nunca teve chance de se explicar.
Lion não esperou. Saiu da sala rapidamente, até vê-la vindo em sua direção. Cada passo dele apertava o coração de Amélia, tomado pela saudade. Quando enfim ficaram frente a frente, as lágrimas vieram sem controle. Lion a abraçou forte.
— Meu amor... por onde você andou? — disse Lion com a voz embargada. — Você não me deixou explicar. Não aconteceu nada naquela noite. A Cinthia colocou algo na minha bebida... Eu não te traí.
Ele segurou seu rosto com carinho.
As palavras de Lion fizeram Amélia chorar ainda mais. Ela não sabia o que fazer. Afastou-se um pouco e tentou controlar as emoções.
— Eu vim aqui pra te contar uma coisa... mas preciso entender o que aconteceu antes — disse, passando a mão pelo rosto dele.
— Vamos conversar com calma. Entra comigo na minha sala. — Ele segurou a mão de Amélia e chamou a secretária: — Débora, cancele minha agenda de hoje.
Dentro da sala, Amélia olhou ao redor. Tudo permanecia igual desde a última vez que estivera ali.
— Está do mesmo jeito que eu deixei — comentou, referindo-se à decoração que ela mesma havia feito.
— Sim... está. Mas me diz, onde você esteve esse tempo todo, Amélia? — perguntou Lion, agora mais sério.
— Estava na cidade onde meus avós moravam, antes de falecerem — respondeu ela, desconfortável.
— Eu não te traí, como você pensa — disse Lion, fitando-a nos olhos.
Amélia o encarou enquanto ele continuava:
— Foi a Cinthia que armou tudo. Ela apareceu aqui pra falar sobre o rompimento do contrato. Pagou a copeira pra colocar "boa-noite Cinderela" no meu café. Foi por isso que você me viu desacordado no sofá.
Lion sentou-se ao lado de Amélia e pegou suas mãos.
— A gente estava distante, eu sei. Depois que você perdeu nosso primeiro bebê, você se afastou. E ela se aproveitou disso.
As lágrimas escorreram pelo rosto de Amélia. Saber que havia escondido Hanna por três anos a machucava ainda mais. Ela respirou fundo.
— Eu tenho uma pessoa pra você conhecer.
Lion franziu a testa, confuso.
— Como assim? Que pessoa? — perguntou, já nervoso.
— Eu estava grávida no dia em que vi você com a Cinthia — confessou.
Lion bagunçou os cabelos, sentindo-se no limite.
— Eu não aguentei. Fugi. Estava magoada, ferida... e com medo de enfrentar tudo sozinha — disse Amélia, chorando.
— Continua, Amélia — pediu Lion, sem conseguir encará-la.
— Peguei o primeiro voo para a França, onde meus avós moravam... e fiquei lá até dar à luz a Hanna.
— E por que agora? — perguntou ele, magoado.
— A Hanna quer o pai. Ela fala de você todos os dias. Diz que sonha com você todas as noites...
Lion chorou. Saber que tinha uma filha, que tanto desejara, e que ela sonhava com ele sem saber quem era, foi doloroso demais. Eles marcaram de se encontrar novamente no dia seguinte.
Do lado de fora da empresa, Cinthia observava os dois saindo juntos, sorrindo.
— Ah, Amélia... você vai pagar por ter roubado o que era meu — sussurrou com raiva.
Determinada, Cinthia seguiu seu plano de vingança.
No dia do encontro com Lion, Amélia buscou Hanna na escola. No caminho, percebeu que estava sendo seguida. Tentou despistar, mas, ao fazer uma curva, perdeu o controle. O carro capotou três vezes.
Dentro do carro, ferida, Amélia viu Hanna desacordada. Tentou soltar o cinto, mas ouviu passos se aproximando.
— Olá, Amélia — disse Cinthia, sorrindo.
— Por favor... me ajuda — suplicou Amélia, fraca.
Cinthia foi até o outro lado do carro e retirou Hanna.
— Por favor, não faça mal à minha filha... — implorou Amélia.
— Não se preocupe, querida. Eu vou cuidar dela por você — respondeu Cinthia, colocando Hanna no próprio carro.
Amélia viu o carro de Cinthia partir com sua filha. Com dificuldade, alcançou o celular, digitou o nome de Lion e ligou.
Lion estava esperando Amélia no restaurante quando o telefone tocou.
— Alô? Amélia? Onde você está? — perguntou, aflito.
Amélia, quase sem forças, murmurou:
— Me... ajuda... Lion...
— Alô? Amélia? Fala comigo! — gritou ele, mas a ligação caiu. Ele tentou de novo, mas só caiu na caixa postal.
Lion rastreou a última localização e saiu correndo do restaurante. Ligou para seu melhor amigo, Caio, pedindo ajuda com uma ambulância.
Ao chegar no local, Lion viu o carro capotado no barranco. Desceu rapidamente e encontrou Amélia desacordada... sem vida. Gritou de dor. Quando olhou para o banco de trás e viu a cadeirinha infantil, desabou.
Caio chegou logo depois, com a ambulância. Viu a cena e correu até Lion, abraçando o amigo.
— Quem fez isso vai pagar caro, Caio! — disse Lion, com os olhos cheios de raiva.
— E eu vou estar ao seu lado, amigo — respondeu Caio.
Vamos conhecer um pouco dos personagens
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Amélia Miller, mãe da nossa querida Hanna.
Amélia é filha do renomado arquiteto Henrique Miller, que faleceu em um acidente de carro junto com sua esposa Ema Miller, deixando Amélia com apenas 18 anos.
Apesar da dor, Amélia conseguiu concluir a faculdade de Arquitetura e, posteriormente, se casou com o grande amor da sua vida, Lion Moretti.
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Lion Moretti, pai de Hanna.
Casado com Amélia, seu grande amor desde os tempos do colégio.
Filho único do casal Harry e Katy Moretti, é dono de uma renomada empresa de segurança particular.
Com o tempo, após grandes perdas, Lion vai se permitir amar novamente.
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Hanna Moretti, filha única do empresário Lion Moretti com Amélia Moretti.
Uma menina tímida, carinhosa, tranquila e doce.
Mas, por dentro, tenta esconder a profunda dor de se sentir abandonada.
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Mia Rossii e Caio Rossi.
Caio é o melhor amigo de Lion desde a faculdade. Ele não chegou a conhecer Amélia, pois estava estudando fora a mando do pai.
Ao retornar à Itália, já estava casado com a doce e gentil Mia.
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Cinthia Kalimam, filha única do empresário Alberto Kalimam e de Larissa Kalimam.
Cinthia desenvolveu uma obsessão doentia por Lion Moretti.
Foi capaz de destruir sua rival Amélia e sequestrar a pequena Hanna, deixando-a repleta de mentiras cruéis sobre seus verdadeiros pais antes de partir, causando marcas profundas na menina.
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Harry e Katy Moretti, pais do empresário Lion.
Orgulhosos do filho que criaram, eles sonham em reencontrar sua tão amada neta.
Apesar de todas as dores do passado, também estão felizes por ver seu filho se abrindo novamente ao amor.
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E essa é Débora Venture, filha do casal Kairós e Keyla Venture.
Expulsa de casa por estar grávida, ela é resgatada por seu chefe — que mais tarde se tornará seu grande amor.
Débora será uma peça fundamental na reaproximação entre pai e filha, ajudando Lion a reconquistar o amor e a confiança da pequena Hanna.
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Essa é a minha primeira obra. Ela é um pouco diferente do que vocês estão acostumados a ler por aqui. É uma história sobre o amor de um pai — um pai desesperado à procura da sua tão sonhada filha, fruto do seu grande amor.
Por isso, peço que sejam gentis nas opiniões. Curtam, comentem bastante e, no final, espero que possam deixar uma avaliação sincera.
Desde já, peço desculpas por qualquer erro ou por algo que possa faltar. Como já mencionei, essa é minha primeira obra.
Me sigam e aproveitem bastante esse livro.
Sou Ana Carla Ferreira, e essa é a minha história — que seja a primeira de muitas que ainda virão!
Agradeço de coração a cada um que ler. Que Deus abençoe grandemente todos vocês!
Ah, e os capítulos serão postados sempre aos sábados, pois durante a semana minha rotina é muito corrida. A cada sábado, pretendo trazer pelo menos dois capítulos novos.
Beijos da Ana! 💕
E só para constar: sou uma ótima leitora também! Então, se você tiver um livro, me conta que eu vou adorar ir lá conferir.
O dia amanheceu nublado. Choveu a noite inteira, e mais uma vez, Liz passou horas acordada, observando a água cair do céu através da janela. Lentamente, ela se levantou do pequeno sofá em seu quarto e foi em direção ao banheiro.
Após se arrumar para ir ao colégio, Liz parou diante do espelho. Sempre que se olhava, levava a mão ao pescoço, sobre a marca de nascença. Perguntava-se, em silêncio, quem da sua família também a tinha — seu pai? Sua mãe?
Cinthia, sua tia, nunca falava sobre isso. Sempre que Liz perguntava, a resposta era a mesma: que ela era fruto de uma aposta idiota, feita por seu pai com os amigos, para tirar a virgindade de uma nerd da faculdade. E quando sua mãe contou que estava grávida, ele simplesmente pediu que abortasse.
Com a mão ainda sobre o pescoço, Liz murmurou:
— Então... eu nunca fui desejada — disse, com tristeza nos olhos.
Naquela manhã, Cinthia acordou com fortes dores pelo corpo, tossindo sangue, e correu para o banheiro. Após o acidente que provocou anos atrás, levou Hanna a um hospital particular da família. Durante a internação, o médico da confiança de Cinthia descobriu um calombo na parte de trás da cabeça da menina. A tomografia revelou uma hemorragia cerebral.
Uma cirurgia de emergência foi realizada. Hanna, com apenas três anos, entrou em coma. Aproveitando-se da situação, Cinthia modificou os documentos da menina enquanto ela ainda estava inconsciente. As chances de sobrevivência eram mínimas. Mas, contra todas as expectativas, Hanna despertou um ano depois — desorientada, sem entender onde estava ou o que havia acontecido. Ao ver Cinthia, chamou-a de “mamãe”.
Cinthia não gostou, mas também não a corrigiu. Até os dez anos de idade, Hanna continuou chamando Cinthia de mãe. Então, naquele aniversário, a verdade foi dita: Cinthia não era sua mãe, apenas a melhor amiga da verdadeira. Agora, com 15 anos, Hanna a chamava apenas de Cinthia.
Cinthia sorriu perversamente diante do espelho. Criar a filha da sua maior inimiga fora parte de sua vingança. Agora, com o diagnóstico de um câncer terminal, sabia que não tinha muito tempo. Estava pronta para concluir o que havia começado.
Pouco tempo antes, havia ido atrás de Lion.
— Olá, Lion — disse ela, esperando por ele em frente à empresa.
— O que você está fazendo aqui? — respondeu ele, com desprezo nos olhos.
Ela engoliu seco.
— Soube da sua perda... — fingiu empatia.
— E você achou que isso me faria voltar pra você? — disse Lion, rindo com sarcasmo. — Sério mesmo?
Ele se aproximou, o suficiente para que os outros ouvissem:
— Você me dá nojo. É desprezível. Tenho pena de você — sussurrou em seu ouvido. — Eu sei que foi você quem matou a Amélia. Ainda não tenho provas, mas vou encontrar.
Ele saiu, deixando Cinthia tomada pelo ódio.
— Quem vai pagar por tudo é sua filha, Lion. Sua tão amada filha vai te odiar — murmurou com raiva.
Naquela manhã, depois de se arrumar, Cinthia saiu do quarto e encontrou Liz na cozinha preparando o café.
— Sabe... eu ainda não entendo por que seu pai não te quis — disse, fingindo tristeza.
Liz, ao ouvir aquilo, derramou café quente sobre a mão.
— Desculpa... — murmurou, sem encará-la.
— Sua mãe sofreu muito por ele te rejeitar. Na verdade, ela pensou em te abortar.
— O quê? — Liz arregalou os olhos, sentindo o coração apertado.
— Sim. Ela estava decidida. Mas fui eu quem não deixou — disse, observando a reação da menina.
Liz abaixou a cabeça. Tristeza era pouco para descrever o que sentia.
— Eu já vou, Cinthia — disse, saindo.
Enquanto caminhava até a escola, a revelação não saía de sua mente. Aquilo a machucava mais do que podia suportar.
Na escola, Liz mal interagia com os colegas. Era conhecida como “a órfã”. Quando foi matriculada, Cinthia chegou a pagar alunos para zombarem dela. Desde então, Liz nunca teve amigos. Na semana anterior, após ser chamada de indesejada, perdeu o controle e empurrou a garota que a insultava. Como resposta, apanhou de outras meninas.
Cinthia, por sua vez, riu ao ver Liz sair de casa apressada. Seu plano estava se cumprindo. Subiu ao quarto da menina, pegou uma mecha de cabelo e levou ao laboratório, onde já guardava fios do cabelo de Lion.
Quando o teste de DNA ficou pronto, ela sorriu. Tinha tudo o que precisava. Dirigia de volta para casa, planejando como usar aquela prova, quando não viu o sinal vermelho. Um caminhão colidiu em cheio com o carro, do lado do motorista.
Os pais de Cinthia estavam em viagem quando receberam a notícia da morte da filha. Para eles, ela era perfeita — ignoravam os horrores que ela cometia. Pegaram o primeiro voo de volta e foram direto ao hospital.
Durante a terceira aula de Liz, o diretor a chamou com urgência. Ao sair da sala, um colega a fez tropeçar, e toda a turma riu. O professor mandou que se retirasse. Com o coração apertado, ela correu até a direção.
Ao abrir a porta, viu dois membros do conselho tutelar.
— O que está acontecendo? — perguntou, com medo.
— Viemos te levar para um orfanato. A mulher que cuidava de você sofreu um acidente e faleceu no local — informou uma das conselheiras.
— O quê? Ela estava bem hoje cedo! Eu... os pais dela... eles podem ficar comigo...
— Os pais da senhora Cinthia recusaram a guarda. Você precisa vir conosco agora — completou a diretora, tentando manter a compostura.
Liz caminhou com os representantes do conselho, com o coração despedaçado. Sentia-se sozinha. Seu pai a rejeitara. Sua mãe estava morta. E agora, até a única figura que tinha desaparecera.
— Será que eu sou mesmo uma desgraça para as pessoas? — sussurrou, enquanto as lágrimas escorriam.
Do outro lado da cidade, Lion não parava de procurar por sua filha. No celular de Amélia havia fotos, anotações, pistas. Ele contratou Enzo Ferrari, um amigo influente, para ajudá-lo. Com o tempo, as pistas foram surgindo, mas logo desapareciam. Mesmo assim, nem ele, nem Enzo desistiram.
Na noite anterior, Enzo descobriu tudo: quem causou o acidente de Amélia, e quem desapareceu com Hanna. Quando contou, Lion quebrou tudo em sua sala.
— Eu vou matar aquela desgraçada — gritou, furioso.
Enzo e Caio, outro aliado, esperaram que ele se acalmasse.
— Descobri outra coisa — disse Enzo, sério.
— Fala logo — exigiu Lion.
— Cinthia morreu há uma semana. Na casa onde ela morava, não havia sinais de que vivia com uma criança ou adolescente.
— Continue procurando minha filha. Não importa quanto tempo leve — ordenou Lion, saindo.
Caio olhou para Enzo, pensativo:
— Se Cinthia estivesse com minha afilhada, ela teria escondido em outro lugar. Deve haver outro endereço.
— Vou colocar meus homens nas cidades pequenas e do interior — respondeu Enzo.
Ele saiu, deixando Caio sozinho, pensativo.
— Espero que você esteja bem, minha afilhada — murmurou Caio, saindo logo depois.
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