A Biblioteca das Almas
Prólogo – Sussurros entre as páginas
Dizem que existem portas que só se abrem para quem carrega uma ausência no peito.
Yure nunca soube ao certo quando deixou de viver no mundo real. Talvez tenha sido no instante em que a voz de sua irmã se calou — levada pelo vento numa noite de tempestade que rasgou o céu como se chorasse junto com ele.
Desde então, os dias passavam cinzentos, e a única coisa que lhe restava era o som das páginas que folheava sozinho no antigo quarto da irmã. Cada livro que ela amava, ele lia como se procurasse pistas escondidas entre as linhas, alguma pista de que ela ainda estava por perto.
Até que encontrou aquele livro.
Um volume que não existia antes.
A capa era negra como carvão queimado, sem título, sem autor. Ao abri-lo, as palavras brilharam em azul — e uma frase se formou diante de seus olhos trêmulos:
~ “Toda alma perdida quer ser lida.”
Naquela noite, a realidade se dobrou como papel. A parede do quarto se dissolveu, revelando estantes que subiam ao céu como torres, e uma escada em espiral feita de ossos e velas acesas levava ao infinito.
Ele entrou.
E ali, entre milhares de livros sussurrantes, encontrou ele.
O bibliotecário.
Com olhos tão escuros quanto o fundo do mar e um sorriso calmo demais para ser seguro. Toshio o observava como quem já o conhecia há muito tempo.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Bem-vindo, Yure.
*Disse, com a voz tão baixa quanto um segredo.*
— Eu estava esperando por você.
Yure hesitou no limiar da entrada. O chão sob seus pés parecia sólido, mas pulsava com um calor estranho, como se tivesse vida própria. O ar tinha cheiro de papel antigo, cera derretida... e algo mais. Algo doce e morto.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Deu um passo adiante, saindo da sombra de uma estante imensa.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Não tenha medo,a biblioteca apenas observa. Ela não morde.
*Seu sorriso se curvou num tom quase brincalhão,mas havia algo nos olhos dele....
Algo que fazia Yure duvidar das palavras.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Onde estou?
*A voz de Yure saiu mais fraca do que ele esperava.*
Toshio andou devagar até ele,e a cada passo,as velas ao redor se acendiam em chamas azuis,como se reagissem à sua presença.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Você está entre histórias. Entre almas.
*Ele ergueu a mão e apontou para os milhares de livros ao redor.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Cada um desses volumes guarda o fragmento de uma vida...uma memória...
um último desejo.
*Diz ele em um tom calmo e com um pequeno sorriso nos lábios*
Yure se virou,olhando ao redor,tentando compreender.
As estantes iam até onde os olhos não podiam alcançar,e cada livro parecia sussurrar coisas diferentes. Alguns choravam. Outros riam.
Um em particular,sussurrava seu nome.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— E...por que eu? por que eu estou aqui?
*Perguntou ele olhando para Toshio*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Por que você carregava dor,a biblioteca se alimenta de dor não resolvida.
*Toshio o olhou com mais suavidade agora.*
— Mas não tema. Ela também pode te ajudar...a encontrar quem você perdeu.
Os olhos de Yure se arregalaram.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Minha irmã? Ela está aqui?
Toshio hesitou por um breve instante,como se pesasse as palavras com cuidado.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Talvez. Mas encontrar uma alma é como encontrar uma agulha em uma tempestade de neve.
Ainda assim...
Ele caminhou até uma estante próxima,estendeu a mão e puxou um livro,a capa era violeta envolva em pequenas rachaduras prateadas que pareciam veias.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Observava com curiosidade.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— alguns livros se abrem sozinhos para quem carrega o nome deles no coração.
Yure se aproximou. Assim que tocou o livro,ele se abriu por conta própria. As páginas estavam em branco. Mas devagar palavras começaram a surgir,como tinta mágica sendo soprada pela própria memória.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Isso é....
*A voz de Yure falhou.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Sua dor escrita em papel.
*Murmurou Toshio*
— Mas também é a chave. Se quiser encontrá-la precisa ler. Cada memória. Cada dor. Cada fragmento,mesmo que doa.
Yure apertou os punhos.Sentia o coração disparado. Mas por trás do medo havia...esperança.
Algo que ele não sentia a muito tempo.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Eu vou fazer isso...
*Disse firme*
— Eu vou ler tudo,até o fim.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio inclinou a cabeça,o sorriso suave voltando aos lábios.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Então seja bem-vindo,leitor de Almas.
Naquele momento as luzes da biblioteca dançaram em azul mais intenso,como se uma nova história estivesse começando a ser escrita.
Fim? Não...Apenas o início de uma grande jornada.
ᯓᡣ𐭩𝐍𝐨𝐦𝐞: Yure Nakamura.
ᯓᡣ𐭩𝐈𝐝𝐚𝐝𝐞:17.
ᯓᡣ𐭩𝐀𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐚𝐫𝐢𝐨:19/08.
ᯓᡣ𐭩𝐒𝐢𝐠𝐧𝐨: Leão.
ᯓᡣ𐭩"Leitor de Almas."
ᯓᡣ𐭩𝐍𝐨𝐦𝐞:Toshio
ᯓᡣ𐭩𝐈𝐝𝐚𝐝𝐞: ???
ᯓᡣ𐭩𝐀𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐚𝐫𝐢𝐨: ???
ᯓᡣ𐭩𝐒𝐢𝐠𝐧𝐨:???
ᯓᡣ𐭩 "Guardião da biblioteca das Almas.
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
Bom, foi isso,espero que tenham gostado🌷
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
E a primeira vez que escrevo algo assim,então pode não ter ficado tão bom😅
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
Então...até breve,caro leitor/a🌻
~ Onde ainda ecoam risadas.
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
oieh tudo bom? Espero que sim! OwO
O som do despertador parecia mais distante do que o normal.
Yure abriu os olhos,encarando o teto do próprio quarto,como se ainda esperasse ver estantes infinitas e velas com chamas azuis.
Mais tudo ali era normal. Cinza,silencioso,e de certa forma estranho,como se aquele mundo real agora parecesse o mais irreal de todos.
Se vestiu no automático. Mochila,caderno,celular tudo parecia mais pesado do que deveria.Enquento caminhava para a escola,notava o quanto o mundo girava sem parar,mesmo com ele parado por dentro.
No caminho passou por uma vitrine,uma loja de doces antiga,a mesma onde sua irmã costumava arrasta-lo só para comprar doces.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Que nostálgico...
*Sorriu fraco lembrando do riso dela quando os dois corriam para ver quem chegava primeiro em casa.*
Yure lembrou-se dela dizendo:
— "Você corre pior que uma lesma,Yure!"
Ela dizia isso toda vez,mesmo quando ele ganhava.
Os colegas falavam sobre provas,sobre namoros, sobre coisas que pareciam tão distantes dele agora.
Yure respondia com acenos,sorrisos vazios ou fingindo procurar algo na mochila.
No fundo ele só pensava naquela frase que leu diaa atrás naquela noite:
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— "Ela sorriu antes de desaparecer. E ele nunca mais ouviu sua risada."
*Sussurra ele para si mesmo,imerso em seus próprios pensamentos,em seu próprio mundo de fantasia.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Será que aquele livro continha mesmo a alma dela? Ou era apenas mais uma ilusão que meu coração quis acreditar?
*Murmurou ele para si mesmo.*
Sentou-se sozinho no pátio,o banco em que estava sentado era o mesmo em que ela costumava amarrar flores nos cadarços dele, só para enfeitar seu "Ar sem graça."
Agora seus cadarços estavam soltos,e as flores haviam sumido.
O dia passou como um borrão. As vozes dos professores eram como vento batendo numa janela fechada. Yure não anotou nada. Seus dedos ficavam traçando palavras no canto da folha,o nome dela o nome dele. E o símbolo estranho que tinha visto na capa do livro.
Quando chegou em casa, jantou sem sentir o gosto. O relógio marcou 23h04 quando ele fechou o caderno de dever incompleto e se levantou.
O quarto escurecido parecia mais profundo que o normal. E ali, na parede onde antes havia apenas tinta, agora havia uma sombra como uma porta escondida sob a escuridão.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Yure esticou a mão. O toque fez a parede estremecer como água.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*E então ele atravessou.*
De novo, o mundo se dobrou em silêncio. As estantes surgiram como árvores num bosque de palavras, e as velas se acenderam uma a uma, em fileiras que pareciam guiar seus passos.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Você voltou.
*Disse a voz baixa de Toshio, surgindo entre os livros como uma lembrança.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Yure assentiu, o olhar firme.*
— Eu preciso saber... se é ela. Se aquela risada ainda está aqui.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio o observou com olhos que pareciam ver mais do que deviam.*
— Então venha. A próxima página está pronta para ser lida.
Yure seguiu por entre os corredores silenciosos da biblioteca, guiado pela luz azul das velas.
Toshio caminhava à frente, passos leves, mãos cruzadas nas costas, como se estivesse prestes a conduzir um ritual antigo.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— A memória de uma alma não vem inteira.
*Murmurou ele.*
— Ela se parte em fragmentos. Como espelhos estilhaçados. Alguns cortam. Outros... apenas refletem o que se perdeu.
Eles chegaram a uma clareira entre estantes. O chão era de pedra negra polida, e no centro, flutuavam pequenas telas de luz tênues, translúcidas, como se fossem feitas de vidro e fumaça.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Yure parou. O coração batia forte.*
A primeira tela acendeu. Ele viu... sua irmã correndo. Ela era mais nova. Usava o cabelo preso em dois coques bagunçados e sorria como se o mundo inteiro fosse um jogo.
Ela segurava uma fita amarela nas mãos. Ria alto, chamando por alguém. Yure levou a mão à boca.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Eu me lembro disso... foi no festival da escola. Ela roubou a fita da barraca de premiação só pra me irritar...
A imagem tremeu, piscou... e sumiu. A segunda tela surgiu logo em seguida. Agora estavam em casa. Ela dormia no sofá, com um livro aberto no colo e chocolate no canto da boca.
A imagem tremeu, piscou... e sumiu. A segunda tela surgiu logo em seguida. Agora estavam em casa. Ela dormia no sofá, com um livro aberto no colo e chocolate no canto da boca.
Yure apareceu na imagem, mais novo também, tentando cobri-la com uma manta... mas ela acordava de repente e o puxava para um abraço desajeitado.
—> “Bobo. Eu tava só fingindo pra te enganar.”
A terceira tela era escura agora dua irmã já mais velha. A irmã chorava, sentada perto de uma janela, com o celular nas mãos. A tela mostrava a luz piscando em seus olhos.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— O que...e isso?
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Apenas continue observando.
*Diz ele tranquilamente enquanto olha para o menor.*
Ela tentava ligar para alguém. A ligação caía. Tentava de novo. De novo. E então sussurrava:
—> “Por favor, Yure... atende...”
Essa tela demorou a sumir. Yure deu um passo à frente, a respiração falhando.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Por que eu não me lembro disso?
*Sussurrou ele, a voz quebrada.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio ficou em silêncio.*
A quarta tela se acendeu mas estava incompleta. A imagem tremia. A irmã estava de pé, olhando algo. Depois começou a correr.
Gritava por ele.
—> “Yure! Não... fica aí! FICA AÍ!”
E então, a luz azul da memória explodiu num brilho branco.
As telas sumiram. O silêncio na biblioteca pareceu pesar toneladas. Yure caiu de joelhos, o peito apertado. Ele nunca tinha visto aquela última lembrança. Era como algo que havia sido apagado à força da sua mente.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio se aproximou devagar, ajoelhando-se ao lado dele.*
— A biblioteca guarda o que o coração esquece por medo. Algumas memórias só voltam quando você está pronto para senti-las.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Yure olhou para ele, os olhos marejados.*
— Por que ela chorava? Por que ela me ligava? O que aconteceu naquela noite?
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio não respondeu de imediato. Apenas estendeu a mão.*
— Quer descobrir? Há mais fragmentos esperando para brilhar.
Yure respirou fundo. Apertou os dedos contra o chão frio. E então aceitou a mão de Toshio. Porque mesmo que doesse... ele precisava encontrar a risada dela.
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
Tchauzinho,até o próximo capítulo!
ᯓ A noite em que tudo se partiu
•|𝐒𝐫.𝐍𝐚𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫 𝐎𝐍|•
O chão da biblioteca parecia mais frio naquela noite.
Ou talvez fosse Yure que tremesse por dentro.
Depois de ver as telas de luz, o silêncio entre ele e Toshio se estendeu, pesado como um cobertor molhado.
Mas não era desconfortável. Era… íntimo. Como se os dois soubessem que palavras demais poderiam quebrar algo precioso.
Toshio ainda segurava sua mão. Era uma mão firme, quente e ao mesmo tempo calma, como se dissesse:
“Você ainda está aqui. Eu também.”
Yure não puxou a sua de volta.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Estou pronto pra ver mais. Olhou para toshio e por fim,disse.
— Eu preciso saber o que houve com ela.
Toshio o observou por um longo tempo, os olhos azul-escuros dançando sob a luz das velas.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Certas lembranças não apenas mostram... elas arrastam.
Yure assentiu. Estava disposto. Toshionentão fez um gesto sutil com os dedos, e o ar ao redor tremeu.
Cinco novas telas de luz flutuaram à frente, formando um círculo. A primeira piscou.
Era o quarto da irmã. Tudo em desordem. Ela andava de um lado para o outro, o rosto vermelho de raiva.
Falava ao telefone, voz alterada.
—“Vocês não ouvem? Essa casa... essa coisa... tem alguém me observando! Eu não tô louca!"
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Yure engoliu em seco*
Aquela noite… ele se lembrava de ouvir gritos, mas sua mãe dissera que era só uma briga qualquer.
A segunda tela acendeu. Ela estava sozinha no sótão, tremendo. As mãos sujas de algo escuro,tinta? Terra? Sangue?
No chão, um livro caído. A capa... Era preta com traços vermelhos.
—“Se eu desaparecer… se um dia eu sumir… encontra esse livro. Ele vai te levar até mim…”
Ela encarou a câmera do celular.
— “Yure, me escuta. Promete que vai me ouvir um dia.”
A imagem se apagou antes que o vídeo terminasse. Yure caiu sentado no chão.
A respiração pesada. Os olhos queimando.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Eu nunca vi esse vídeo. Isso... isso nunca chegou até mim.
*Disse Yure com a voz trêmula.*
Toshio se aproximou, ajoelhando-se ao lado dele mais uma vez. Tocou seu ombro com delicadeza, como se pedisse permissão antes de se aproximar de verdade.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Talvez ela não tenha conseguido enviar. Ou... talvez alguém não quis que você visse.
Yure ergueu o olhar. O rosto tão próximo do de Toshio. Por um segundo, o tempo pareceu se curvar. Os olhos de Toshio eram frios e intensos.
Como se ele visse Yure inteiro não só como estava agora, mas como ele era por dentro.
E por um momento, o silêncio entre eles foi mais confortável que mil palavras.
Até Toshio quebrá-lo.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Jovem mestre,está se sentindo mal? Se estiver podemos continuar olhando as lembranças outra hora.
*Disse Toshio,brevemente.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Você... sempre assiste essas memórias com as pessoas que vêm até aqui?
Yure perguntou. Toshio hesitou. Depois, respondeu baixinho:
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Nem sempre... Não aparecem pessoas aqui a alguns anos,eu nunca vi as lembranças junto à eles,mas com você eu quis ver,talvez fosse a última pessoa a vir aqui.
Yure desviou o olhar, envergonhado. Mas algo no peito aqueceu pequeno, tênue, como uma vela protegida do vento.
As próximas telas acenderam. A terceira era escura. Um corredor.
A irmã fugia. Passos rápidos. Respiração ofegante.
— “Não... não... não devia ter aberto... por que eu abri...?”
Uma sombra a seguia. Não era uma pessoa. Era algo... distorcido. Yure sentiu os pelos do braço se arrepiarem.
Toshio se moveu. De súbito, com um gesto rápido, ele fez a tela apagar antes do fim.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Essa ainda não.
*Disse, a voz mais baixa, quase em alerta.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Por quê? O que era aquilo?
* Yure perguntou.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Uma lembrança perigosa. Algumas memórias são tão marcadas pelo medo... que trazem mais do que só imagens.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Mais o quê?
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
*Toshio apenas olhou para ele com seriedade.*
— Presenças
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Presenças?...como assim?
*Perguntou tremendo levemente.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Ainda não é hora...em breve você vai saber.
Por agora é melhor você voltar para a realidade.
*Disse Toshio segurando os ombros de Yure e o olhando nos olhos.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Por favor, entenda.
Agora é melhor ir,você deve ir descansar,antes de amanhecer,volte uma próxima vez daqui a um tempo.
Yure baixou a cabeça,hesitante.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Tude bem...eu irei.
*Disse Yure com a voz baixa.*
Toshio solta os ombros do menor,e logo vai até uma estante.
Ele insere uma chave dourada em uma fechadura e logo um portal se abre,mostrando o quarto de Yure.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Vá e tenha uma boa noite de descanso.
Até breve,jovem mestre.
*Disse reverenciando Yure. *
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Certo...obrigado.
*Falou o menor sem muito ânimo.*
Yure se aproximou do portal,iria atrasar mas olhou para trás.
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Até breve...Toshio.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Até,jovem mestre.
*Diz ele curvando levemente os lábios em um pequeno sorriso,quase imperceptível.*
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— E não tenha medo,não deixe sua mente colocar peças em você.
Yure atravessa o portal e ele se fecha.
𝐓𝐨𝐬𝐡𝐢𝐨
— Que nostálgico. Bem...tenho que revisar as estantes.
*Disse olhando o relógio de bolso.*
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
*Se joga na cama.*
— O que será que era aquilo?...
𝐘𝐮𝐫𝐞 𝐍𝐚𝐤𝐚𝐦𝐮𝐫𝐚
— Bem...ele disse que eu saberia em breve,então não irei me preocupar com isso...por agora.
𝐒𝐫𝐭. 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 (𝐄𝐮)
Bom,foi isso,desculpa o atraso aí, a escritora aqui e meio preguiçosa TwT
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