|鏡に映る彼女の運命]ִֶָ ،،̲ ᨨ 𓏔 "Her Reflection, Her Fate” ◗ ˊᯅˋ
/ / Her Reflection, Her Fate / / Prólogo – “Antes do Quebrar”
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/⭐/ Her Reflection, Her Fate /⭐/
Prólogo – “Antes do Quebrar”
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O som dos meus próprios passos parecia mais alto que meus pensamentos. O vento cortava meu rosto como lâminas invisíveis, e o gosto salgado das lágrimas já se misturava com a respiração curta, ofegante, desesperada. Meus pulmões ardiam, minhas pernas tremiam... mas eu não podia, de jeito nenhum, parar.
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{Corri.
Corri como se minha vida dependesse disso. Porque, no fundo… ela dependia.}
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Meus pés afundavam na lama, escorregavam, tropeçavam, mas eu não podia... eu não podia parar.
O som dos trovões ecoava como gritos do próprio céu. Relâmpagos cortavam o horizonte, iluminando, por frações de segundos, o caminho torto e escuro à minha frente. Árvores se dobravam, galhos se quebravam... e o vento... o vento parecia querer me arrancar dali, me lançar pra longe.
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Corri como se o mundo inteiro estivesse desabando sobre mim. Porque, na verdade... estava.
O peito ardia, a respiração falhava, os pulmões gritavam por ar. A dor nas pernas parecia insuportável, mas nada, NADA, doía mais do que aquilo que apertava meu peito.
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De acordar e perceber que isso tudo não passava de um pesadelo.
Mas não era.
Não... não era.
(🌿💭“Por que...?” — minha mente insistia. “Por que isso tá acontecendo... justo comigo...?” 💭🌿)
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A cada relâmpago, sombras dançavam nas árvores. Silhuetas estranhas. Formas distorcidas. Meu coração batia tão forte que parecia prestes a explodir.
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(🌿💭 Isso não era pra ser assim... NÃO ERA PRA SER ASSIM! 💭🌿)
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Gritei, ou talvez só pensei. Nem sei mais. A voz se perdeu na chuva, no trovão, no vento que arrancava folhas, que quebrava galhos, que me empurrava como se o próprio universo quisesse me derrubar.
As lágrimas já nem faziam mais diferença. Eram só mais uma gota no meio da tempestade.
꒦ˎˊ˗ ︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶ ꒦꒷꒦₊
(🌿💭 Se eu soubesse...— meu corpo tremia. — Se eu soubesse que tudo ia acabar assim... teria feito diferente? Teria fugido antes? Teria dito as palavras que nunca disse...? 💭🌿)
Mas agora... agora era tarde demais.
//Her Reflection, Her Fate// Capítulo 1 – A Última Manhã Que Parecia Comum
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//Her Reflection, Her Fate//
Capítulo 1 – “A Última Manhã Que Parecia Comum”
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O corpo da garota se sobressaltou de repente. Ela se sentou na cama, ofegante, com a mão apertando o peito, enquanto tentava controlar a respiração descompassada. Seu coração parecia prestes a explodir.
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Mais uma vez.
O mesmo pesadelo.
De novo.
🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿
Ela passou as mãos pelo rosto, apertando os olhos como se pudesse apagar as imagens que insistiam em rondar sua mente. Mas não… ela não queria pensar naquilo. Nem agora. Nem nunca.
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O quarto estava quieto, iluminado pela luz suave do amanhecer que entrava pela janela. As paredes simples de madeira, levemente desgastadas pelo tempo, carregavam aquele cheiro característico de vida no campo — uma mistura de natureza, terra e memórias antigas.
🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿
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Respirou fundo e, ao abrir os olhos, sua visão se encontrou, mais uma vez, com aquele espelho no canto do quarto. Alto, antigo, com uma moldura lascada e uma rachadura que cruzava o canto superior, descendo como uma cicatriz.
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Levantou-se devagar, caminhou até ele e ficou alguns segundos encarando seu próprio reflexo.
Cabelos bagunçados, algumas mechas caindo no rosto, olheiras profundas e uma expressão de puro cansaço. Não o cansaço físico… mas aquele que parece morar na alma, que nenhum sono é capaz de curar.
Ela soltou um suspiro pesado, deixando o corpo relaxar.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mais um dia...
*Murmuro, quase como se dissesse pra si mesma, sem tirar os olhos do espelho*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mais um maldito dia.
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O som de passos pesados no chão de madeira cortou seus pensamentos. O rangido das tábuas, já velhas, veio acompanhado de uma voz firme, rouca e alta, que ecoou pela casa com a força de quem estava acostumado a ser ouvido:
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— NARYN!!
*Bradou o avô*
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— VAMO, MENINA! ACHA QUE A VIDA É SÓ DORMIR, É?!
Naryn fechou os olhos, respirou fundo e revirou-os com força, segurando a vontade de responder algo atravessado.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Velho rabugento...
*Resmungo baixinho, só pra mim mesma, enquanto puxava uma blusa larga e um short meio surrado que estavam jogados na cadeira*
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Saiu do quarto ajeitando o cabelo com as mãos, andando meio preguiçosa pelo corredor. As paredes da casa, feitas de madeira antiga, traziam aquela energia de simplicidade, de rotina, de vida dura… mas também de aconchego.
Quando virou para o cômodo principal, lá estava ele.
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O avô, sentado na cadeira de madeira já torta pelo tempo, chapéu amassado na cabeça, uma xícara de café numa mão e aquela expressão clássica de quem já estava preparado pra despejar todo o sermão possível.
Ele a olhou de cima a baixo, arqueando uma sobrancelha com aquele olhar afiado que só ele sabia fazer.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Olha só... a bela adormecida resolveu acordar.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Vai querer que eu bata palma pra você também, hein?
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Nem é tão tarde assim, vô...
*Cruzo os braços e suspiro rebatendo sua resposta*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— E nem começa, tá? Acordei agora, deixa meu cérebro ligar primeiro.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Cérebro? Desde quando você tem um?
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Naryn segurou uma risada, mesmo que quisesse muito parecer indignada. Aquilo era rotina entre os dois. Discussões engraçadas, que mais pareciam provocação mútua do que qualquer outra coisa.
Ela respirou fundo, cruzando os braços.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Tá... fala logo. Qual a missão de hoje?
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
*Ajeito o chapéu, levantando com aquele jeito meio pesado, e respondo como quem estava decretando uma sentença*
— Hoje é dia de capinar terra.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Sério, vô?! De novo? A gente capinou semana passada, lembra?
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Hahaha, e a terra parou de crescer, foi? Hein? Se parou, me avisa, que aí a gente fica rico vendendo esse milagre.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Levo a mão à testa, dramatizando, como se o peso do mundo tivesse acabado de cair sobre seus ombros*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Ai... minhas costas nem se recuperaram da última vez...
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Bora, bora. Antes que o sol esquente. E olha... para de reclamar, menina.
*Pegando minha enxada*
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Você quer comer, não quer? Então tem que trabalhar.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Buff, Tá, tá... mas ó, tô registrando: isso é trabalho escravo.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Trabalho escravo é sua cara de sono.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Vamo, preguiça não enche barriga, não.
*Respondo, seco, saindo pela porta dos fundos*
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Naryn ficou alguns segundos parada, olhando a porta aberta, enquanto a brisa fresca da manhã batia em seu rosto. Ela respirou fundo, amarrou o cabelo num coque bagunçado, ajeitou a roupa e seguiu.
꒦ˎˊ˗ ︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶ ꒦꒷꒦₊
🌾🌾🌾🌾🌾🌾
O caminho até a plantação era sempre o mesmo. Um trilho de terra batida que cortava o campo, cercado por árvores altas de um lado e uma pequena cerca de madeira do outro. O vento fazia as folhas dançarem, e o cheiro da terra úmida subia, preenchendo cada pedaço do ar.
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Naryn caminhava alguns passos atrás do avô, arrastando os pés de propósito, quase como se aquilo fosse atrasar o inevitável. Suas mãos seguravam a enxada, e, de tempos em tempos, ela bufava alto, o que só fazia o velho lançar olhares de canto, segurando uma risada.
🌾🌾🌾🌾🌾
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Anda, menina. Se continuar nesse passo aí, a terra cresce mais rápido do que você chega pra capinar.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Se a terra crescesse tão rápido assim... a gente devia plantar mais pé de preguiça, né? Ia ficar rico.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Ah... se falatório rendesse dinheiro, você já tava milionária.
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Quando chegaram na área da plantação, a cena era a de sempre. Fileiras longas de terra, alguns pés de milho crescendo, plantas daninhas espalhadas, e aquele tapete marrom que parecia não ter fim. O som dos grilos misturava-se com o canto dos pássaros, e vez ou outra uma brisa refrescante passava, aliviando o calor que começava a se formar.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Tá vendo aí? Tudo crescendo. Menos você, que cresce só pra dormir e comer.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Isso aí tá crescendo é pra me dar trabalho, isso sim...
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Bora, bora. Começa por esse lado aqui. Eu vou ali na beirada.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Não enrola, Naryn.
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Ela respirou fundo, segurou firme a enxada e, com aquele suspiro dramático que só ela sabia fazer, fincou a lâmina na terra.
O som do ferro cortando o chão ecoou, seco, forte. E, assim, começou.
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A cada batida, subia aquele cheiro forte de barro. A terra soltava pedaços grandes, pesada, grudenta. As mãos já começavam a doer depois dos primeiros minutos, e o calor fazia os fios de cabelo grudarem na testa.
🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— ... Isso aqui devia ser proibido, sério... trabalho desumano.
*Resmungo, limpando o suor com as costas da mão*
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Hahaha.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Desumano é esse teu drama todo. Fosse pra novela, ganhava prêmio.
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Eles ficaram assim por um tempo. O som das enxadas batendo, dos passarinhos cantando, e do vento soprando era a trilha daquele cenário. Só que... Tinha algo.
O campo tava igual. O mesmo cheiro, as mesmas árvores, o mesmo som. Mas... tinha algo no ar. Uma sensação difícil de explicar. Um peso no peito, uma inquietação.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Tá esperando o mato se arrancar sozinho, é?
*Quebrando o silêncio*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Tô só... descansando a coluna, tá?
*Levo um susto*
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Descansar do quê, criatura? Mal começou. A vida no campo não espera, Naryn.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Nem mato, nem fome. Se quer colher, tem que plantar. Se quer comer, tem que trabalhar.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— E se eu quiser... sei lá... ir embora daqui?
*Falo sem pensar*
O avô parou por alguns segundos. O olhar dele ficou diferente. Mais sério. Mais pesado.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Ir embora...?
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— E ir pra onde, menina? O mundo lá fora não é fácil, não. Aqui pode não ser vida de princesa... mas é vida de verdade.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— É... eu sei.
*Respondo, voltando a bater a enxada na terra*
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O som das enxadas batendo na terra preenchia todo o campo. A cada movimento, subia aquele cheiro forte de barro, misturado com o calor do sol que, mesmo sem ser escaldante, fazia o suor escorrer pela nuca e pelas têmporas.
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Naryn já tinha perdido a conta de quantas vezes levantou a enxada, fincou na terra, puxou erva, virou pedaço de chão... Era um ciclo infinito. A cada canto limpo, parecia que mais mato surgia, como se a terra se divertisse assistindo ela se cansar.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Isso aqui não acaba nunca, não?
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— E desde quando terra tem fim, menina? A única coisa que tem fim aqui é tua paciência... e olha lá.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— A minha paciência, minha coluna... e meu humor.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Devia ganhar um prêmio por isso aqui. Melhor capinadora do ano.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Prêmio? Vai ganhar um prato de sopa quando chegar em casa. E olha lá se não for só o caldo.
O tempo parecia escorrer. O sol ia descendo devagarzinho, pintando o céu de tons dourados e alaranjados. O canto dos passarinhos foi diminuindo, dando espaço pros sons típicos de fim de tarde: o barulho do vento mais frio, o cricrilar dos grilos começando e aquele cheiro... aquele cheiro inconfundível de campo no entardecer.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Cê percebe, vô?
*Pergunto de repente, olhando pro horizonte*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Que mesmo todo dia sendo igual... tem um pedaço do dia que é diferente? Tipo... agora. Quando o sol tá indo embora. Fica tudo mais... sei lá... bonito.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— É, menina... isso aí é coisa que quem vive no reino nunca vai entender.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Aqui a gente vê o tempo passar. Sente ele no cheiro, no vento, no barulho. Não precisa de relógio, não.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Queria que todo mundo enxergasse isso.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mas, ao mesmo tempo... acho que se todo mundo enxergasse, não ia ter espaço pra gente aqui, né?
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— É... tem coisa que é pra quem sabe olhar.
*Riu*
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Quando o céu já começava a ficar mais escuro, tingido de lilás e azul, os dois finalmente pararam. As mãos doíam, os braços pesavam, as pernas pareciam de chumbo.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Chega por hoje. — decretou o velho, fincando a enxada no chão.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Se continuar, quem vai ser capinado sou eu, que vou cair duro aqui.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Nossa... glória a Deus!
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— A senhora terra tá feliz. E minha coluna tá pedindo socorro.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Bora pra casa. Banho e comida... que é isso que mantém a gente vivo.
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Naryn agarrou a enxada, colocou no ombro e começou a andar ao lado dele. O caminho de volta parecia mais tranquilo, mais fresco, com aquele vento geladinho de fim de tarde batendo no rosto, levantando as folhas secas do chão.
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O som dos grilos agora dominava tudo. As primeiras estrelas começavam a piscar no céu escurecendo, e as luzes da casinha simples deles já brilhavam lá na frente, como um convite pra um abraço quentinho.
Assim que chegaram, o avô colocou as ferramentas encostadas no canto, tirou o chapéu, bateu a poeira das roupas e falou, firme, como se fosse uma ordem da mais alta patente:
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Vai, menina. Direto pro banho. Tá parecendo uma árvore ambulante, cheia de terra até na testa.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— E o senhor acha que tá melhor? Tá parecendo um espantalho aposentado.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Espantalho, mas cheiroso. Porque vou tomar banho AGORA.
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— Vai logo, que eu vou fazer sopa. E olha... capricha nesse banho. Se tiver lama no pescoço, não come, hein.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Riu, levanto as mãos em rendição*
— Tá, tá... já entendi, comandante do sabão.
*Respondo, indo pro banheiro*
☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️
O banho foi quase uma benção. A água escorrendo levou junto o barro, o suor, o peso do trabalho. E quando Naryn terminou, vestindo uma roupa limpinha e confortável, sentiu até o corpo mais leve.
☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️🫧☁️
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Quando voltou pra cozinha, o cheiro da sopa já preenchia cada canto da casa. Era aquele cheiro que parecia abraçar a alma... alho, cheiro-verde, batata, cenoura, aquele temperinho que só avô sabe fazer.
O velho mexia a panela, assoviando baixinho.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Senta aí, menina. Já tá quase pronto.
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Naryn se sentou, apoiando o queixo na mão, olhando pro fogo, pro cheiro, praquela cena tão simples... mas tão cheia de amor, de aconchego, de lar.
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Hum?
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Você gosta da sua vida assim? Tipo... aqui, no campo... nesse ritmo... nessa simplicidade?
Ele colocou a tigela na frente dela, se sentou, respirou fundo e respondeu, olhando direto nos olhos da neta:
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Gosto sim, menina. Porque aqui...
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
*Demoro um pouco para responder*
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— ... Cada colher que a gente leva à boca tem um pedaço da nossa luta. Da nossa história. Aqui é difícil... mas é real. E é nosso.
Naryn ficou em silêncio por alguns segundos. Depois sorriu, segurando a colher, olhando pro prato fumegante.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— É... acho que entendo.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Chega de conversa e vê se come logo, se não vai esfriar!!!
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Sorri, voltando a comer*
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Depois da sopa, do papo gostoso, das risadas e até de umas implicâncias bobas que ela e o avô trocavam, Naryn finalmente levantou da mesa, levando a tigela vazia até a pia.
O corpo pesava. Cada músculo doía. E, por mais que aquele banho tivesse tirado o barro, parecia que a fadiga ainda grudava nela igual cola.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Boa noite, vô.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Vai descansar, menina. Amanhã tem mais.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— E ó... sonha com coisa boa. Nada de bicho papão, hein.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Bicho papão... quem me dera se fosse só isso.
🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐
Naryn entrou no quarto quase se arrastando, empurrando a porta só com o pé. Nem precisou acender a luz... já conhecia aquele espaço de olhos fechados. Sem pensar duas vezes, se jogou na cama com tudo.
🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐🍊🫐
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Aaaahhhh...
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Minha caminhaaa... te amo.
*Murmuro, abraçando o travesseiro*
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Se largou de barriga pra baixo primeiro, depois virou pro lado, puxou o lençol de qualquer jeito, se embolando toda nele, igual um rolinho preguiçoso. No meio daquela luta com o lençol, ajeita daqui, ajeita dali... veio aquele incômodo clássico.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Ai...
*Faço uma careta, levando automaticamente a mão pras costas, bem no meio da região da costela*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Que saco...
*Resmungo, passando os dedos por cima, fazendo aquela coçadinha rápida, meio apertando, meio arranhando, só pra aliviar*
Era uma sensação estranha... meio ardência, meio coceirinha chata, meio como se tivesse algo irritando a pele.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Deve ter sido mato... ou formiga... sei lá..
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Coço de novo, meio irritada, mas ao mesmo tempo morrendo de preguiça*
— Ai que coisa chata..... amanhã eu vejo isso.
🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿🌼🌿
Bufou, largando a mão, se ajeitando de barriga pra cima. Puxou o lençol até o queixo, fechou os olhos e soltou aquele suspiro de alívio. O corpo inteiro relaxou, as pálpebras ficaram pesadas... e, aos poucos, o sono foi chegando, tomando conta, levando ela embora, mergulhada naquele silêncio confortável do quarto.
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//Her Reflection, Her Fate// Capítulo 2 – Eles Sabem... E Eu Não
//Her Reflection, Her Fate//
Capítulo 2 – Eles Sabem... E Eu Não
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O barulho da enxada raspando a terra seca se misturava ao canto dos pássaros e ao vento suave que balançava as folhas. 🍃☀️ Naryn andava ao lado do avô, chutando pedrinhas pelo caminho, meio distraída, meio entediada.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Capinar de novo... sério? Parece que essa grama cresce só pra me irritar todo dia.
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Hahaha
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— A grama cresce porque é viva... diferente de quem só reclama e não faz nada...
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Reviro os olhos, mas antes que pudesse retrucar, paro de repente*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Espera... você tá ouvindo isso?
[ Vozes. Muitas vozes. Gente falando alto, meio apressada, meio nervosa. ]
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Humm... parece confusão..
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Eles dobraram a esquina e... lá estavam. Uma pequena multidão se formava em frente ao quadro de avisos da vila. Pessoas se empurrando levemente, tentando ler o papel afixado, outras cochichando, algumas com cara de preocupação, outras de pura curiosidade.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mas o que tá acontecendo?
( No meio da confusão, a voz firme e alta do chefe da vila ecoou: )
Chefe da Vila
— Atenção! Atenção! Todos os adultos devem comparecer à reunião hoje à tarde, no salão central. Assunto urgente! A presença é OBRIGATÓRIA!
*Digo, com um tom pesado, sério, que fazia até o ar parecer mais denso*
？？？
—Isso não me cheira bem... da última vez foi... bom, você sabe...
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Aperto o cabo da enxada, o coração batendo mais rápido, e olho pro avô*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Vovô... que reunião é essa? O que tá acontecendo?
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O avô não respondeu de imediato. Ficou olhando pro quadro, a expressão carregada, como se pensasse no que dizer. 🍂
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𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
*Respiro fundo e respondo, firme*
— Você não vai, Naryn. Isso é pra adultos.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— ... Mas por quê? Eu já não sou mais criança!
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Você não tem idade pra isso. Quando for a hora... você vai saber.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mas... é sobre o quê? Fala logo...
𖦁ׅ ࣪ ׂ Velho ōm៵ 🥥 ࣪ ִֶָ ⋆
— Se eu fosse você... não ia querer saber.
*Aperto o passo*
🌱🌿🌱🌿🌱🌿🌱🌿🌱🌿🌱
Naryn ficou parada por uns segundos, olhando a multidão que começava a se dispersar, cada um com uma cara mais estranha que o outro. Algo tava errado.
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-ˋ🌼ˏ✄┈┈┈┈
O caminho até o terreno parecia mais longo que o normal. O som das pegadas no chão de terra batida era quase tudo que se ouvia. 🍂🍃
Naryn chutava uma pedrinha, olhando pro avô de rabo de olho. Ele tava sério… mais do que o normal. A boca travada, o olhar fixo pra frente, sem dar nem uma olhadinha pra ela.
꒦ˎˊ˗ ︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶ ꒦꒷꒦₊
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Vovô...
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Sério... o que foi aquela reunião? Parecia... importante.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Aperto o passo, chegando do lado dele*
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Tá, você não quer falar... mas você tá estranho. Tá calado... e quando você fica calado assim, é porque tem coisa.
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*Respiro fundo, como se estivesse segurando uma bola de ar no peito*
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— Naryn... foca no que você tem que fazer. Só isso.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Mas eu já sou grandinha! Se é algo que envolve a vila... então envolve todo mundo, né?
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Por que eu não posso saber?
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O avô parou também. Virou devagar pra ela, os olhos meio apertados, a boca meio torta de quem tava perdendo a paciência.
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— Porque NÃO É DA SUA CONTA, Naryn.
*Digo, num tom mais firme, pesado*
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— Quando você tiver idade, quando for sua hora... você vai entender. Até lá, fique fora disso.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Arregalo os olhos*
— Mas... mas... eu só quero entender! É tão difícil assim me contar?
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Você acha justo me deixar de fora de tudo?!
*Rebato, com aquele nó na garganta começando a formar*
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— JUSTO?!
*Viro por completo, a cara fechada de um jeito que ela raramente via. E minha voz aumenta de tom*
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— Sabe o que é justo? Você fazer o que te cabe fazer. Capinar.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
__ Mas eu—
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— CHEGA, NARYN!
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A voz soou como um trovão, fazendo até alguns pássaros nas árvores saírem voando. 🐦💨
O silêncio que se seguiu foi pesado. Ela abaixou a cabeça, apertou o cabo da enxada com tanta força que os dedos até ficaram brancos.
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— Pega essa enxada... e trabalha...
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Naryn respirou fundo, engolindo em seco, sentindo os olhos arderem — de raiva, de frustração, de... não saber. Sem dizer mais nada, começou a capinar, caladinha, batendo a enxada na terra com mais força do que o necessário.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
(💭 Sério... como se eu fosse uma criança incapaz de entender qualquer coisa... 💭)
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
(💭 Eles tão escondendo alguma coisa. Eu sei. Dá pra sentir no jeito que todo mundo tava olhando. No jeito que o vô ficou depois daquele aviso. 💭)
[ Ela apertou mais forte ainda o cabo da enxada, olhando de canto pro avô, que seguia capinando em silêncio, o rosto mais fechado que nunca. ]
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
(💭 Ele nunca fica assim... nunca. Nem nas piores épocas de seca. Nem quando aquela tempestade derrubou metade das plantações da vila... 💭)
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O coração dela batia forte, não só de cansaço, mas de ansiedade, de angústia, de... medo, talvez? 💔
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
(💭 Se fosse algo bobo, eles não estariam fazendo reunião com 'presença obrigatória'... e também não me proibiriam de saber. Não faz sentido... 💭)
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Olhou novamente pro avô. O jeito dele evitar o olhar dela, o maxilar travado, os ombros tensos... tudo nele gritava que tinha coisa escondida ali.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
(💭 Tá... tudo bem. Você quer que eu fique quieta agora? Beleza. Mas eu vou descobrir. De um jeito ou de outro. 💭)
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O caminho de volta pra casa foi tão silencioso quanto a manhã inteira. O avô, sério, mal olhava pra ela. Naryn também não puxou assunto — não valia a pena. Só queria que aquela parte do dia acabasse logo... pra que ela pudesse fazer o que já tava decidido na cabeça dela. 🍃🖤
Assim que chegaram em casa, o avô largou a enxada encostada na parede, passou a mão no rosto, respirou fundo e disse, com aquele tom curto, direto:
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— A reunião vai começar logo. Fica em casa. E, por favor, Naryn... não me dá mais trabalho hoje.
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Tá... eu vou pro meu quarto.
*Balança a cabeça, confirmando*
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Assim que o avô saiu, fechando a porta, ela subiu correndo pro quarto... mas não pra ficar lá. Nem por um segundo essa era a ideia.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Acha mesmo que eu vou ficar aqui? Me escondendo? Ah, tá bom...
*Murmuro, já empurrando a janela com cuidado*
// Olhou pros lados. Ninguém na rua. O pessoal da vila já tava todo seguindo pro salão central, onde a tal reunião ia acontecer. //
‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
*Respiro fundo*
— Tá, Naryn... só pula. Você já fez isso antes. Não é tão alto assim...
E... puf, caiu no chão de areia batida, quase sem fazer barulho. 🍂🩵
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Se ajeitou rapidinho, limpou a roupa e puxou o capuz da blusa pra disfarçar um pouco. Caminhou de fininho, encostada nas cercas, passando pelos fundos das casas, evitando as ruas principais.
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Se ele descobre... tô ferrada. Mas se eu não for... vou ficar louca pensando.
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Conforme se aproximava do salão, começou a ouvir os murmúrios, as vozes abafadas... a vila inteira tava lá. Gente falando baixo, olhando pros lados, como se ninguém soubesse muito bem o que esperar. Naryn se escondeu atrás de uma árvore, bem perto da janela lateral do salão, que tava meio aberta. 👀🌫️
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‧₊☘️˚ ⋅Naryn ₊˚ෆ
— Tá... tô aqui. Agora... vamos ver que segredo é esse que vocês estão escondendo...
*Penso, segurando até a respiração*
( Dava pra ouvir passos, cadeiras sendo arrastadas, tosses, cochichos... até que a voz do chefe da vila ecoou, alta, firme, séria: )
Chefe da Vila
— Silêncio, por favor! Todos prestem atenção. O motivo dessa reunião... é grave.
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O salão estava tomado por um silêncio que doía. Pesado. Suffocante. O tipo de silêncio que não vem da paz… mas do medo. 🍂🌫️
O chefe da vila estava parado bem no centro, com os braços cruzados atrás das costas, os olhos sérios, carregados, duros. Suas feições estavam tensas, como se as palavras que ele tivesse prestes a dizer fossem tão pesadas que chegavam a doer na própria garganta.
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( Ele respirou fundo, segurando o ar por alguns segundos... e então soltou, sem rodeios, sem jeito, direto: )
Chefe da Vila
— Os impostos... aumentaram.
💭🍊💭🍊💭🍊💭🍊💭🍊💭
Foi como se o tempo tivesse parado por alguns segundos. Ninguém reagiu de imediato. O salão inteiro congelou, como se todos estivessem processando, tentando entender se realmente tinham ouvido aquilo. 🍂🪨
💭🍊💭🍊💭🍊💭🍊💭🍊💭
E então... como um estopim...
？？？
— NÃO. NÃO. NÃO! Isso não pode ser verdade!!
*Grito, já se levantando, batendo a mão na mesa*
？？？
— Aumentaram... DE NOVO?! DEPOIS DE TUDO?!
╔════════════════
O caos começou. Pessoas levantando, braços sendo erguidos, vozes atravessando o salão, algumas em choque, outras furiosas, outras começando a chorar. Um som de desespero coletivo. 🗣️🔥
══════════════════╝
？？？
— A GENTE NÃO TEM DINHEIRO PRA ISSO!!!
？？？
— Mal conseguimos pagar da última vez!!
*Disparo com a voz trêmula*
？？？
— VÃO SUGAR A GENTE ATÉ O OSSO!!
╔════════════════
O chefe ergueu as duas mãos, tentando acalmar, mas sua voz, por mais firme que fosse, quase sumia em meio àquela explosão de raiva e pavor.
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Chefe da Vila
— Silêncio! Silêncio, por favor! Me deixem falar!
*Peço, mas os murmúrios, os gritos, os protestos não cessavam*
？？？
— Acharam pouco o que já tomam da gente, é isso?! QUEREM NOS DEIXAR NA MISÉRIA COMPLETA?!
？？？
— E SE A GENTE NÃO PAGAR?! O QUE ELES VÃO FAZER, HÃ?!
Chefe da Vila
*Respiro fundo, segurando o próprio nervosismo, e então falo, mais alto, com a voz dura, pesada, cortante como lâmina*
Chefe da Vila
— Se... não pagarmos... eles disseram... queimarão a vila.
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O silêncio que se seguiu foi diferente. Não era mais aquele silêncio do começo, de tensão... Era um silêncio de choque absoluto. De quem perde o chão. 🌫️🩸
꒦ˎˊ˗ ︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶ ꒦꒷꒦₊
？？？
— Não... não... isso é mentira... não pode ser...
*Sussurro uma senhora, levando a mão à boca, os olhos marejando*
？？？
— Eles não fariam isso... eles... só estão ameaçando... certo? É só pra nos assustar... não é?
Mas nem todos pensavam assim...
？？？
— Você ACREDITA MESMO nisso?!
？？？
— Quantas vezes eles já ameaçaram? E alguma vez cumpriram? NÃO! É sempre assim! Sempre promessas de destruição, de morte, de fogo... e no fim... NADA! SÓ QUEREM NOS DOBRAR!
？？？
— E se dessa vez for diferente?!
？？？
— E se dessa vez eles não estiverem blefando?! Você quer arriscar a vida dos nossos filhos, das nossas famílias?!
？？？
— Eu... eu não tenho mais nada pra dar...
？？？
*Sussurro, segurando a cabeça, tremendo, as lágrimas escorrendo*
— O que eu tinha... já foi... Eu não sei mais o que fazer...
💔💭💔💭💔💭💔💭💔💭💔
O chefe bateu a mão com força na mesa à sua frente, fazendo um estrondo que ecoou pelo salão inteiro.
💔💭💔💭💔💭💔💭💔💭💔
Chefe da Vila
— CHEGA!!
*Minha voz reverbero, finalmente fazendo todos se calarem, nem que fosse só pela força do impacto*
Ele respirou fundo, apertou os olhos e continuou:
Chefe da Vila
— Eu... entendo. Entendo cada palavra que vocês estão dizendo. Entendo o medo. Entendo a revolta. E acreditem...
Chefe da Vila
— ...Acreditem... eu também sinto isso. Mas, no momento... temos duas escolhas.
Chefe da Vila
— Ou... confiamos que sejam só ameaças, como sempre foram...
Chefe da Vila
— ...Ou entregamos o que pudermos. Trabalhamos mais. Produzimos mais. Lutamos, como sempre fizemos, pra manter essa vila de pé.
*Ando pelo salão, olhando nos olhos de cada um*
？？？
— E se não for suficiente?
Chefe da Vila
— Então... então encontraremos outra solução. Mas agora... não podemos... não podemos simplesmente... parar. Cruzar os braços. Esperar pelo pior.
Chefe da Vila
*Respiro fundo, cerrando os punhos*
Chefe da Vila
— Se a gente abaixar a cabeça agora... se a gente desiste agora... aí sim eles vencem. E aí... aí não sobra nada pra ninguém.
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O salão ficou em silêncio. Mas era um silêncio doído. Um silêncio cheio de pensamentos desesperados, de olhares vazios, de respirações pesadas, de lágrimas escondidas. 🌫️🍂🖤
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Chefe da Vila
— Amanhã começamos cedo. Todos. Cada um faz sua parte. Sem exceção. Mais trabalho. Mais esforço. Mais produção. E sim... vamos ter que sacrificar mais. Porque... é isso ou...
Chefe da Vila
— Reunião encerrada. Que cada um volte pra casa... e pense... no que realmente vale a pena proteger.”
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As cadeiras começaram a ranger, gente se levantando devagar, alguns murmurando, outros simplesmente com a cabeça baixa, parecendo carregar o peso do mundo nas costas. O ar tava pesado. Quase sufocante.
꒦ˎˊ˗ ︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶ ꒦꒷꒦₊
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