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Tamendê – Temporada 1.

Capítulo 1: Raiz Perdida.

A chuva caía há dias, transformando a floresta num pântano de lama e folhas encharcadas. Karuara, um garoto de 14 anos, magro, com a pele suja e roupas rasgadas, caminhava sozinho pela mata densa. Seus pés descalços afundavam na terra, como se ela quisesse engoli-lo, apagando sua existência. A fome apertava seu estômago, mas o silêncio ao redor era ainda mais cruel, um vazio que ecoava sua solidão. Enquanto um trovão rasgava o céu, a chuva batia forte em seu rosto. Ele parou, olhou para cima, e murmurou em pensamento: “Por que... por que só eu fui deixado pra trás?”

Memórias fragmentadas o assaltaram — uma casa em chamas, gritos cortando a noite, sombras de pessoas caindo, e uma figura sorridente com olhos vazios, como buracos sem fim. Exausto, Karuara caiu de joelhos, a barriga ronronando alto. Uma lágrima se misturou à chuva. “Meu nome é Karuara. E hoje, ou eu morro... ou alguém me encontra,” pensou, com a voz rouca em sua mente.

Um barulho súbito entre os arbustos o fez virar, assustado. Um garoto mais velho, de dezessete anos, com olhos sérios e garras pontiagudas meio ativadas, emergiu da vegetação. “Você é de qual família?” perguntou, com tom firme, quase acusador. Karuara não respondeu, encarando-o com uma mistura de raiva e medo, o corpo tenso. Antes que pudesse falar, uma voz feminina ecoou ao fundo: “Ei! Vê se não assusta o garoto! Ele tá quase desmaiando!” Era uma mulher mais velha, com autoridade na voz.

Logo, Karuara foi levado a um abrigo improvisado, escondido entre árvores altas. Um grupo de pessoas de várias idades o observava com curiosidade, seus olhos brilhando com algo que ele não entendia — poderes, talvez. No centro, uma mulher doente, sentada numa cadeira de rodas feita de galhos trançados, sorriu com gentileza. “Você tem um vazio nos olhos, menino... mas ainda tem vida. Isso basta pra gente te dar um lugar,” disse ela, a voz frágil, mas acolhedora. Karuara olhou ao redor, vendo jovens com roupas improvisadas, auras estranhas e olhares que misturavam desconfiança e esperança. Um menino, com olhos penetrantes, o encarou diretamente. “Se você ficar... vai ter que proteger a gente também, um dia,” disse ele, sério. Pela primeira vez em anos, Karuara sentiu algo quente no peito. “Foi ali, entre rostos estranhos e poderes que eu não entendia... que alguém me chamou de irmão,” pensou, quase sem acreditar.

Sentado na varanda dos fundos da casa, Karuara ainda carregava o peso da chuva recente e dos dias sem rumo. As nuvens escuras cobriam o céu, e o cheiro de terra molhada pairava no ar, misturado ao som distante dos pingos escorrendo das folhas. Ele olhava o horizonte sem foco, os cotovelos apoiados nos joelhos, os olhos vazios, como se esperasse que o mundo lhe desse alguma resposta. Passos leves soaram atrás dele.

“Você é sempre assim calado ou só tá tentando se fazer de misterioso?” perguntou Prize, uma jovem de postura confiante, cabelos presos num rabo de cavalo e uma cicatriz fina no queixo. Sem esperar resposta, ela continuou: “Hmph... tanto faz. Vem comigo, vou te mostrar o pessoal.” Karuara hesitou, mas se levantou e a seguiu, o coração batendo rápido.

Entraram pela porta dos fundos, o piso de madeira rangendo sob seus pés descalços. Na sala, Prize apontou para um menino de cinco anos brincando sozinho com pedaços de carvão e folhas desenhadas. “Esse é o Sazenac. Não provoca muito ele... principalmente quando os olhos ficam daquele jeito,” murmurou, quase como uma advertência. Os olhos de Sazenac, negros como poços profundos, pareciam se apagar por um segundo, e um vulto sombrio se projetou atrás dele, fazendo Karuara estremecer.

Na cozinha, a luz fraca iluminava outras figuras. “Ali tá a Zefalla. Tem quatorze anos. Fica brincando com luz e borboletas, mas não se engana... ela pode queimar metade da casa se quiser,” disse Prize. Zefalla acenou timidamente, segurando uma borboleta de luz que pulsava entre seus dedos. “Aquela é a Chermy. Nossa prima do meio, Tem um pouco mais de quatorze anos. Sabe aqueles fios que te enroscam do nada? Então...” Chermy nem olhou para Karuara, costurando algo com precisão quase cruel, os dedos ágeis manipulando fios invisíveis. “Malaéd tá ali perto da janela. Sempre com essas facas... dizem que o que ela carrega nas lâminas é energia corrosiva. Nunca vi ela errar um golpe. Ah! E ela é nossa prima, ela era filha única de uma outra tia nossa que... faleceu, ela tem quatorze anos também, mas é mas nova que Chermy por mês.” continuou Prize. Malaéd, com os olhos ocultos por uma máscara, permaneceu em silêncio, as mãos brincando com uma faca pequena. “E aquele é o Billeyn. Tem a idade do Nahgar, nosso irmão mais velho. Mexe com mente e energia. Cuidado com o que pensa perto dele,” finalizou, apontando para um rapaz recostado contra a geladeira, que ergueu os olhos como se pudesse ler Karuara.

Prize o puxou até um corredor estreito. “Agora vem cá. Tem uma porta que você precisa conhecer antes de andar pela casa todo solto.” Ela abriu com cuidado, revelando um ambiente escuro, quase vazio. Ali, de pé, estava Nahgar, com pele pálida e olhar afiado como lâminas. Antes que Karuara pudesse reagir, Nahgar estendeu o braço e cravou a garra do dedo indicador em seu braço, perfurando a pele de leve. “Tsc... sangue comum. Como eu imaginava.” murmurou, com um tom que misturava curiosidade e desdém. Prize puxou Karuara de volta, ignorando o sangue que escorria. “Ele faz isso com todo mundo. Vai acostumando,” disse ela, com um suspiro.

Nos fundos da casa, sob uma árvore grande, Prize apresentou os jovens da idade de Karuara. Lugue, da mesma idade, estava sentado cercado por figuras espelhadas em forma de animais, que se moviam em silêncio, refletindo a luz do céu nublado. Vadashe, primo do meio, recostado contra o muro, tinha o corpo parcialmente invisível, os contornos tremeluzindo como miragens. Yague, com quinze anos, de olhar sonhador, segurava um caderno onde as linhas desenhadas pareciam respirar. Linkhin, o primo caçula de dez anos, com olhos selvagens e unhas sujas de terra, exalava um rastro de fumaça que dançava ao seu redor. Prize colocou a mão no ombro de Karuara. “Pode não ser a família que você queria. Mas é a que a gente tem. E aqui... ninguém sobrevive sozinho.” Pela primeira vez em muito tempo, uma faísca brilhou nos olhos de Karuara, como se algo dentro dele começasse a despertar.

No fim da tarde, a chuva parou, deixando o cheiro de terra molhada no ar. Karuara observava Lugue, agachado, conversando com uma raposa feita de vidro, que refletia a luz fraca do céu. Hesitante, ele se aproximou. “Ela... era de verdade?” perguntou, quase murmurando. Lugue sorriu de leve, ainda olhando para o chão. “Eles são reais. Só... vivem em outro tipo de reflexo.” Um silêncio confortável se formou. “Você não fala muito, né?” disse Lugue, virando-se para ele. Karuara, sem jeito, respondeu: “Tô tentando entender onde tô. Ainda parece que não sou parte disso aqui.” Lugue estendeu a mão, e um pequeno corvo espelhado se formou, pousando em seu ombro. “Esse é o Jull. Ele gosta de quem tem sombra no olhar.” Karuara olhou nos olhos translúcidos do corvo. “Eu tenho sombra?” perguntou. “Tem. Mas não é do tipo ruim. É profunda. Tipo as cavernas antes do nascimento da luz,” respondeu Lugue, com serenidade. Karuara deu um leve sorriso, o primeiro em muito tempo. “Isso foi bonito,” disse. Lugue riu. “Foi? Eu sou meio esquisito com palavras. Mas tudo bem, a família também é. Você vai ver.” Karuara hesitou, mas seus olhos brilharam com confiança. “Eu quero ver. Quero entender tudo isso. Você... me ajuda?” Lugue assentiu. “Ajudo. Mas só se você me contar uma coisa sua também. Pode ser qualquer coisa. Até seu prato favorito.” Karuara pensou por um momento. “Eu gostava de sopa quente nos dias de chuva. Antes de... tudo.” Lugue sorriu. “Então vamos arrumar isso. Vem, a Zefalla sabe fazer uma sopa elétrica que parece que aquece até as memórias.”

Na cozinha, Zefalla costurava algo brilhante, com borboletas de luz dançando ao redor de seus dedos. Lugue pediu a “sopa elétrica” que ela fazia em dias chuvosos. Zefalla brincou: “Você quase virou raio da última vez...” Karuara, curioso, perguntou: “Você sabe fazer sopa elétrica mesmo?” Ela sorriu, encantada. “Sei. E ela é boa pra alma. Só que...” — franziu o cenho, olhando para a despensa — “tô sem folhas de tambry e sementes azuis. Sem isso, a sopa vira só água quente com saudade.” Lugue perguntou onde encontrá-las, e Zefalla explicou que estavam em trilhas mais profundas da mata, mas com a chuva, o lugar podia estar “mais estranho”. Prize, aparecendo na porta, insistiu em ir junto. “Com essas famílias de classe alta rondando, até borboleta vira armadilha,” disse, com expressão séria. Karuara, determinado, decidiu ajudar. “Quero provar essa sopa. E vou ajudar vocês como puder.” Zefalla entregou um saquinho com sementes secas para comparação. “As folhas de tambry são esverdeadas com pontos roxos. Cuidado com as que brilham demais, são venenosas,” avisou.

Na trilha, o mato ainda pingava após a chuva. Prize caminhava à frente, passos silenciosos, mão na empunhadura da espada. Lugue mexia em arbustos reflexivos, e Karuara observava tudo com um misto de medo e admiração. “Você sabia que se colocar folhas de tambry debaixo da língua, sua voz muda por um minuto?” disse Lugue, tentando aliviar a tensão. Karuara riu, mas Prize mandou calarem a boca. “Isso aqui não é passeio,” disse, ríspida. Karuara apontou para folhas com manchas roxas. “É isso aqui, né?” Prize examinou. “Sim. Verifica se não tem brilho. As venenosas tremem sozinhas.” Eles colheram folhas e sementes, enchendo sacolas improvisadas. De repente, Prize parou, tensa. “O vento parou. E não ouço os bichos.” Um silêncio estranho tomou conta. “Alguém tá prendendo a floresta,” murmurou ela.

Uma voz debochada cortou o ar: “Olha só... parece que achamos a nossa caça.” Três garotos da família Galyth surgiram entre as árvores, com roupas escuras e brasões dourados. O líder, de 16 anos, tinha um olhar sádico. “Família Tamendê... fracos. Incompletos,” provocou. Outro, de 15 anos, riu do alto de uma árvore, com olhos brilhando de empolgação caótica. O terceiro, um primo, caminhava com um sorriso torto. Prize sacou a espada, que brilhou com a umidade. Lugue tocou a terra, e espelhos quebrados flutuaram ao seu redor. “Ninguém vai levar nada daqui,” disse Prize, firme. O líder riu. “Vamos ver se vocês conseguem manter a pose... quando a família Galyth começa a caçada.”

O ar ficou sufocante. O líder lançou uma esfera de energia roxa, que explodiu ao tocar a espada de Prize, arremessando-a contra uma árvore, a roupa derretendo em partes e a pele ferida. Lugue gritou, seus espelhos formando uma muralha, mas o garoto da árvore fez dezenas de olhos flutuantes surgirem, emitindo um impacto invisível que o atingiu no peito. Lugue voou pelos arbustos, tossindo sangue. Karuara tentou correr, mas uma força travou seus músculos, e ele caiu de joelhos. O primo Galyth se aproximou, seu corpo brilhando com plasma azulado. “Você é o especialzinho, né? Vamos ver se o plasma Galyth te respeita,” disse, lançando um chicote de energia que desintegrou o chão ao lado de Karuara.

O líder criou uma lâmina de energia dessa vez, e quando a lâmina de energia do líder desceu para tentar cortar Karuara, Nahgar apareceu, puxando Karuara para trás. “Levanta. Bora pra casa,” disse, com voz calma. "Ei! Vocês não vão pra lugar nenhum!" diz líder Galyth, "Me obriga a ficar." respondeu Nahgar se virando, o líder Galyth avançou, lançando esferas explosivas, mas Nahgar emergiu dentre ela ileso, limpando o ombro como se fosse poeira. Suas garras cresceram, reluzindo, e ele sumiu da vista. Num movimento rápido, neutralizou o líder com um golpe preciso com suas garras em seu pescoço. O segundo irmão tentou usar seus olhos flutuantes para vê-lo e atingi-lo com impacto, mas Nahgar aperece em sua frente, "Que olhos legais" diz Nahgar cortando todos inclusive os irmão Galyth rapidamente. O primo, protegido por um campo de plasma, gritou: “Você não devia nem existir assim!” Nahgar o atingiu no centro da defesa, cravando suas garras em seu peito. “Vamos,” disse, iniciando o caminho de volta.

Na casa, Zefalla correu ao vê-los. “Vocês demoraram! O que aconteceu?” Nahgar respondeu, seco: “Nada grave. Conseguimos os ingredientes.” Lugue explicou o ataque, e Zefalla, aliviada, mandou todos tomarem banho. “Tô sentindo cheiro de mato, sangue e tensão daqui,” disse, com faíscas nos dedos. Enquanto Zefalla preparava a sopa, Prize provocou: “Olha essa menina querendo dar uma de autoridade.” Zefalla retrucou com uma faísca, mas Nahgar interveio: “Zefalla, faz a sopa. Prize, cala a boca.” Todos riram, e Karuara começou a se sentir parte daquele caos.

No jantar, a mesa estava cheia de vozes e brincadeiras. Linkhin tentava colocar pimenta na sopa de Sazenac, Vadashe roubava pão com sua invisibilidade, e Chermy enroscava fios nas colheres dos outros. Karuara notou a ausência de Nahgar e perguntou à mãe, que respondeu: “Ele prefere comer sozinho. É algo pessoal.” Intrigado, Karuara foi até o quarto de Nahgar após o jantar. "E aí, novato da família?" diz Nahgar com tom amigável ao percebe-lo, “Por que você fica sozinho?” perguntou Karuara. Nahgar sorriu. “Amanhã o Billeyn vai à cidade comprar sal. Peça pra ir com ele. Se for atento, vai entender o motivo.” Karuara saiu, curioso.

Na manhã seguinte, Karuara correu atrás de Billeyn, tropeçando e caindo sobre ele. “Me leva junto!” pediu. Billeyn suspirou. “Tá. Mas fica perto de mim.” Na cidade, Karuara viu uma estátua imponente na praça central, representando um Homem de postura firme e expressão melancólica. Algo no peito de Karuara apertou. Um garoto ao lado disse: “Esse cara foi uma lenda. O mais poderoso de todos, mesmo sem família.” Karuara perguntou: “Ele morreu?” O garoto assentiu. “É... uma pena. Queria ter sido filho dele.” Karuara imaginou como seria. “Sendo filho dele, você poderia ser o melhor de todos.” murmurou. Billeyn gritou: “Karuara! Fica perto de mim!” Ele correu de volta, o coração disparado.

De volta à casa, Nahgar confrontou Karuara. “Descobriu o motivo?” perguntou ele. Karuara balançou a cabeça. “Me distraí com uma estátua... da cidade.” Nahgar sorriu. “Presta mais atenção da próxima vez. Esse motivo não vai se esconder pra sempre.”

Num subsolo escuro, iluminado por tochas, a família Galyth se reunia. A líder, com olhar cortante, falou: “Três vidas Galyth apagadas. Dois deles... meus filhos. Vamos vasculhar cada buraco desse continente. Quando encontrarmos os culpados, não sobrará pedra sobre pedra.” O símbolo da família, um círculo com três garras, pairava acima, prometendo vingança.

Capítulo 2: Calma Antes da Tempestade.

Manhã no Quintal da Casa Tamendê

O sol da manhã iluminava o quintal da casa Tamendê, trazendo um calor suave após dias de chuva. Karuara, sentado num tronco velho, observava o horizonte com um olhar pensativo, ainda tentando se acostumar à nova vida. Perto dele, Sazenac, de cinco anos, balançava os bracinhos com entusiasmo, enquanto Linkhin, de dez anos, dava pulos imitando um animal selvagem.

“Vai, Karuara! Brinca comigo! A gente pode lutar como guerreiros das sombras!” exclamou Sazenac, os olhos brilhando de empolgação. “É! Eu faço o rugido e você tenta fugir de mim! GRRRR!” completou Linkhin, mostrando os dentes em um sorriso travesso. Karuara deu um sorriso sem graça, tentando manter o bom humor. “Vocês nunca cansam, né?” respondeu, meio desajeitado.

Antes que pudesse se envolver, Malaéd surgiu, firme, com os braços cruzados e o rosto parcialmente coberto por sua máscara característica. “Ei, deixem ele em paz. Ele não é brinquedo de vocês,” disse, com tom seco. Sazenac e Linkhin fizeram bico, mas obedeceram, afastando-se com resmungos. Malaéd ficou por perto, observando Karuara em silêncio, como se o avaliasse. Ele a olhou de volta, intrigado com sua presença quieta.

De repente, Vadashe apareceu do nada, saindo de uma distorção óptica com um sorriso travesso. “Se querem brincar, por que não comigo? Aposto que posso ficar invisível por mais tempo que vocês conseguem me encontrar!” provocou. Sazenac arregalou os olhos. “Sériooo?! Isso parece legal!” Linkhin pulou de animação. “Uaaau, eu quero jogar! Vamos caçar o Vadashe!” Os dois saíram correndo atrás dele, que desapareceu novamente entre risos. Karuara observou a cena com um leve sorriso, mas ainda se sentia deslocado. Malaéd deu de ombros. “Melhor brincar do que ficar aí com cara de que engoliu espinho de peixe,” disse, antes de se afastar.

Yague e o Desenho Vivo

Enquanto as crianças corriam atrás de Vadashe, Karuara notou Yague sentado sob a sombra de uma árvore, com um caderno no colo. O silêncio ao redor dele contrastava com a agitação ao fundo. Curioso, Karuara se aproximou devagar. “Ei, Yague... O que você tá desenhando?” perguntou, com um sorriso tímido. Yague não respondeu, concentrado nos traços rápidos e precisos, como se Karuara nem estivesse ali.

Karuara deu mais um passo, tentando ver o desenho. “Tá legal esse aí... parece um... inseto?” disse, hesitante. De repente, um zunido cortou o ar. Um enxame de mosquitos, grandes e estranhamente organizados, surgiu ao redor de Karuara, forçando-o a recuar enquanto cobria o rosto com os braços. “Ei! Tá maluco?! Que isso?!” gritou, tropeçando e caindo sentado. Os mosquitos não tocaram Yague, que parou de desenhar e ergueu os olhos, falando com uma voz calma e seca. “Você entrou no espaço do meu desenho. Eles não gostam disso.”

Karuara, ainda se afastando, encarou Yague com surpresa. “Tá bom, entendi… fica com os seus bichinhos,” resmungou, sacudindo a poeira das roupas. Os mosquitos desapareceram tão rápido quanto surgiram. Yague voltou a desenhar, como se nada tivesse acontecido, deixando Karuara intrigado e um pouco frustrado.

Quarto da Mãe Tamendê

No interior da casa, o quarto da mãe era silencioso, com janelas entreabertas deixando entrar a brisa suave da tarde. A luz morna iluminava o ambiente, onde a mãe repousava na cama, pálida, mas serena. Nahgar estava sentado ao seu lado, segurando sua mão com cuidado. “Nahgar… Se eu não passar deste ano… será você quem tomará meu lugar,” disse ela, com voz baixa, mas firme.

Nahgar abaixou o olhar, respirando fundo. “Não fala como se já tivesse decidido partir,” respondeu, a voz carregada de emoção contida. A mãe sorriu com ternura. “Meu corpo já decidiu antes de mim. Você sabe disso, Nahgar... e mesmo assim tem sido forte, por todos.” Ele ficou em silêncio, a expressão endurecendo, mas sem perder a gentileza. “Farei o possível. Enquanto eu estiver aqui, ninguém vai se perder,” afirmou. Após uma pausa, completou: “E eu também… não vou me relacionar com ninguém. Não enquanto todos aqui não forem fortes o suficiente para construir suas próprias famílias. Até lá, minha prioridade é protegê-los. Todos eles.”

Um silêncio pesado se instalou. A mãe olhou para o teto, os olhos marejados, mas sem deixar as lágrimas caírem. “Você é um bom filho, Nahgar... Muito melhor do que eu poderia pedir,” sussurrou. Nahgar se levantou devagar, caminhou até a porta e, antes de sair, olhou para ela com uma expressão de decisão firme, mas carregada de dor.

Salão da Família de Elite

Num salão de mármore branco, luxuoso e imponente, os líderes da família Galyth e representantes de uma influente família de elite estavam reunidos ao redor de uma longa mesa. Colunas altas sustentavam o teto, e servos imóveis observavam ao fundo. A tensão era palpável. O líder da elite, com tom frio e calculado, quebrou o silêncio: “Três membros da família Galyth mortos… e ninguém viu nada? Isso é mais que um ataque. É um desafio direto à ordem.”

O irmão mais velho dos Galyth, de 18 anos, falou com raiva contida: “Foram mortos como se fossem nada… Se não fizermos algo agora, qualquer outra família vai achar que pode fazer o mesmo.” Um membro da elite, com um sorriso cínico, sugeriu: “Temos uma boa oportunidade de transformar essa tragédia em... uma seleção. Um torneio.” Murmúrios ecoaram. O líder de uma das famílias da elite assentiu. “Um Torneio Mundial. Duzentas famílias da elite, duzentas da classe alta, duzentas da classe média e duzentas da base da pirâmide social.”

Uma mulher de uma outra família da elite completou: “Obrigatoriedade. Ninguém poderá recusar. Será visto como traição.” Outro representante sorriu sombriamente. “Matar para sobreviver. Vencer para viver.” O pai, líder da família Galyth se levantou, as mãos sobre a mesa. “Esse torneio vai expor a escória. Vamos obrigar as famílias da elite e da classe alta a esmagar as da classe média e baixa. Assim, os culpados serão encontrados... e ninguém ousará levantar a mão contra o topo novamente.” Um membro de outra família da elite, com olhar clínico, acrescentou: “O país todo será o palco. O torneio se espalhará como uma febre. Quebrará alianças. Quebrará esperanças.” Todos assentiram, a decisão selada.

O Anúncio Silencioso

Na manhã seguinte, mensageiros encapuzados, com brasões vermelhos escuros, cruzaram estradas, vilarejos e cidades, entregando cartas com lacres oficiais. Cada família, de todas as classes, recebeu o mesmo aviso. “O anúncio foi feito sem cerimônia. Sem transmissão oficial. Apenas um papel. Um aviso... de morte,” ecoava uma voz invisível.

Numa casa humilde de classe baixa, o pai leu a carta em silêncio, as mãos tremendo. “Sua família foi selecionada. Comparecer ao torneio mundial. Local de início: Região de origem. Recusar é sentença de morte,” dizia o texto em letras vermelhas. A mãe segurava a filha, os olhos cheios de desespero. Em mansões da elite, risadas ecoavam. Para eles, o torneio era uma chance de eliminar rivais sem sujar as mãos.

Na casa Tamendê, ao entardecer, o clima era leve, com crianças correndo no quintal. Um mensageiro encapuzado apareceu no portão, entregando uma carta e desaparecendo sem dizer nada. Karuara pegou o papel. “É só... uma carta?” perguntou, confuso. Todos se aproximaram enquanto ele lia. Zefalla engoliu seco. “Família Tamendê... selecionada...” Chermy, chocada, exclamou: “Isso é uma convocação de guerra!” Prize, com raiva, disse: “Eles nos colocaram no jogo deles...” Nahgar, entrando na cena, falou com firmeza: “Eles escolheram errado. Vão descobrir cedo demais o erro que cometeram.” A mãe, frágil, observava com tristeza e determinação. O peso do destino caiu sobre todos.

A Maior Cidade do País

No dia seguinte, a maior cidade do país estava sob um céu nublado e pesado. Caravanas chegavam pelos quatro portões: a elite pelo norte, com carruagens luxuosas; a classe baixa pelo sul, com roupas simples e armas improvisadas; a classe média pelo leste, com olhares preocupados; e a classe alta pelo oeste, confiantes, mas cautelosos. No centro, um colossal Coliseu Moderno, misturando tecnologia e arquitetura ancestral, abrigava uma arena com um palco de aço negro.

A plateia, dividida em quadrantes por classe social, era vigiada por guardas armados. Karuara, ao lado de Prize, Nahgar, Billeyn, Zefalla e os outros, sentia a tensão no ar. Zefalla segurava a mão de Sazenac, protegendo-o dos olhares hostis. Um grito ecoou: “Silêncio!” Uma figura misteriosa, com um manto branco e uma máscara de vidro com runas vermelhas, surgiu no palco. Sua voz amplificada era sem emoção: “Cidadãos. Famílias. Inimigos. O tempo de esconderijos acabou. A perda de três membros da elite não será esquecida. Aqueles que se escondem entre vocês... serão encontrados. Aqueles que forem fracos... serão eliminados. E aqueles que sobreviverem... terão o direito de reescrever a ordem.”

Telões mostraram o mapa do país, dividido em zonas. “O torneio começa ao pôr do sol de hoje. Vocês poderão se mover por cidades, florestas, desertos, montanhas ou favelas. As zonas estão todas liberadas. O objetivo: sobreviver. Última família em pé... será honrada como nova fundadora.” As famílias reagiram de formas distintas: a elite sorria friamente, a classe baixa se preparava para lutar ou fugir, e os Tamendê se entreolharam em silêncio. Karuara fechou os punhos. Nahgar murmurou: “Vamos sobreviver. Mas não pelas regras deles.”

Fogo azul explodiu no céu, marcando o início. Tambores soaram, alarmes ecoaram, e os portões se abriram. As famílias se espalharam pelo país, como peças num jogo mortal. “De todas as famílias que receberam o papel, nenhuma sabe o que realmente as espera. Mas para os Tamendê... essa guerra será pessoal,” ecoou uma voz final, enquanto o caos começava.

Fim do Capítulo 2

Opa! E aí? Aqui é o autor dessa novel passando para explicar o sistema de poder desse mundo que esqueci de explicar no primeiro capítulo.

Resumo do Conceito Central e Sistema de Poder Familiar

Conceito Central: O poder de um indivíduo deriva exclusivamente de sua família. Famílias mais fortes, unidas e hierarquicamente estruturadas geram membros mais poderosos.

Estrutura Familiar e Níveis de Poder:

- O poder é determinado por:

- Hierarquia: Posição na estrutura familiar.

- Unidade: Laços sanguíneos fortalecem o poder.

- Reconhecimento: Legitimidade dentro da linhagem.

- Níveis Hierárquicos (do mais forte ao mais fraco):

Patriarca/Matriarca: Poder absoluto da linhagem.

Mãe/Matriarca: Quase no topo, pode liderar na ausência do Patriarca.

Filho(a) mais velho(a): Poder cresce com a idade.

Irmãos do meio: Potencial variável, podendo superar os mais velhos em famílias instáveis.

Filho(a) mais novo(a): Poder inicial fraco, mas com grande potencial oculto.

Primos, tios, sobrinhos: Força depende da proximidade com o núcleo familiar.

- Exemplo: Um filho mais novo de uma família lendária pode superar um tio de uma família fraca. (apenas em casos raros)

Sistema de Poder:

- Cada membro da família possui um "domínio/afinidade" (ex.: fogo, tempo, sombra).

- Membros manifestam poderes únicos, mas ligados à afinidade familiar.

- Famílias unidas têm "resonância interna", amplificando poderes quando membros atuam juntos.

Importância da Família:

- Poderes não evoluem isoladamente; dependem da conexão familiar.

- Adoção pode criar novos laços de poder, mas é complexa e arriscada.

- Casamentos, traições, rebeliões e rituais de sangue alteram hierarquias e amplificam ou enfraquecem poderes.

Em resumo, o sistema valoriza a força coletiva da família, com hierarquia, unidade e afinidade definindo o poder individual e coletivo, enquanto dinâmicas familiares moldam a evolução dos poderes.

Capítulo 3 – A Caça Começou.

Pôr do sol na Saída do Coliseu

O sol poente, velado por nuvens pesadas, lançava uma luz pálida sobre a saída do Coliseu Moderno. Famílias de todas as classes se aglomeravam nos portões, movidas por tensão e incerteza. Algumas, das classes média e baixa, trocavam olhares discretos, buscando alianças frágeis. Outras, mais cautelosas, mantinham-se nas bordas, planejando rotas seguras para fora da cidade. O ar carregava um silêncio opressivo, quebrado apenas pelo murmúrio das vozes e pelo som de passos apressados.

Karuara, ao lado de Nahgar, Prize, Zefalla, Billeyn, Malaéd, Vadashe, Yague, Chermy, Sazenac e Linkhin, observava a multidão com um peso no peito. Zefalla segurava a mão de Sazenac, que olhava ao redor com olhos curiosos, mas assustados. Linkhin, inquieto, sussurrava para Chermy: “Por que tá todo mundo tão quieto?” Chermy, com um sorriso forçado, respondeu: “Porque todos sabem que talvez não saiam vivos desse jogo.” Prize, com a mão no cabo da espada, mantinha-se alerta, enquanto Nahgar, à frente, analisava cada movimento ao redor. Os portões se abriram e todos começaram a sair, mas...

De repente, um som cortante rasgou o céu: "SIIIIIIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!" Uma sirene distorcida, como um rugido infernal, fez todos congelarem. Telas gigantes, espalhadas pela cidade, acenderam em vermelho, exibindo uma lista que se atualizava em tempo real:

- [X] Família Mouradê – Exterminada

- [X] Família Safera – Exterminada

- [X] Família Luhngue – Exterminada

- [X] Família Olverick – Exterminada

- [X] Família Dalkrem – Exterminada

- [X] Família Trezim – Exterminada

- [X] Família Juverta – Exterminada

Os nomes continuavam, todos de famílias das classes média e baixa. Um silêncio absoluto tomou conta. Zefalla cobriu a boca, chocada. Sazenac começou a chorar baixo, enquanto Chermy o abraçava com força. Linkhin, confuso, perguntou: “O que tá acontecendo?” Prize sacou a espada lentamente, os olhos estreitados. Nahgar virou-se devagar, o rosto endurecido.

Ao longe, uma visão aterrorizante: milhares de membros das famílias da elite e da classe alta marchavam em uníssono. Alguns montavam bestas mágicas, outros vestiam armaduras reluzentes com armas em chamas. Seus sorrisos eram frios, desprovidos de remorso. Não estavam ali para competir — estavam ali para caçar.

Nahgar (gritando):

“CORRAM! TODO MUNDO! CORRAM PELAS SUAS VIDAS!!”

Corrida pela Sobrevivência

A família Tamendê disparou em direção à mata mais próxima. Nahgar carregava a mãe nos braços, movendo-se com força e determinação. Karuara, ainda em choque, corria ao lado de Lugue e Malaéd, enquanto Vadashe criava distorções ópticas para despistar possíveis rastreadores. Zefalla conjurou uma chuva de borboletas elétricas, que crepitavam e atrasavam distraindo os perseguidores. Yague, com traços frenéticos em seu caderno, fez surgir uma parede de espinhos entre o grupo e os inimigos.

Prize (gritando):

“Ninguém se separa! Ninguém olha pra trás!”

Os sons da chacina ecoavam atrás: explosões, gritos e sirenes atualizando mortes em tempo real. O céu escurecia, como se o próprio mundo lamentasse o início de um massacre. Karuara tropeçou, mas Nahgar o puxou com força, o impedindo de cair, os olhos firmes.

Nahgar:

“Agora você entendeu, Karuara... Isso nunca foi um torneio.”

Fim de tarde na Cidade Central – Topo de uma Torre

Após horas de perseguição implacável, uma calmaria estranha pairava sobre a cidade. As famílias sobreviventes das classes média e baixa haviam se dispersado por matas, ruínas, favelas e esgotos, buscando refúgio. No topo de uma torre, um homem de cabelos grisalhos, envolto numa capa branca com detalhes dourados, observava a cena com um cálice de vinho escuro nas mãos. Ao seu redor, líderes de famílias da elite conversavam com frieza.

Homem Grisalho (sorrindo):

“Parem. Já deu. Se continuarmos agora, o jogo acaba antes do espetáculo começar.”

Mulher da Elite (entediada):

“Eles correm como ratos... Que graça tem se matamos todos de uma vez?”

Jovem da Elite (rindo):

“Deixem-os se esconder... se organizarem... talvez até criarem falsas esperanças.”

Homem Grisalho:

“Exato. Vamos caçá-los aos poucos. Uma família por vez. Eles têm que acreditar que têm chance. É isso que torna tudo mais saboroso.”

Noite na Floresta – Acampamento Improvisado

A família Tamendê montou um acampamento improvisado sob a proteção de árvores densas. Exaustos, todos tentavam manter a calma. Sazenac dormia no colo de Chermy. Zefalla tratava os ferimentos leves de Prize, que acabou sendo atingida por uma das borboletas de Zefalla. Karuara observava as estrelas entre os galhos, enquanto Nahgar permanecia de guarda, atento a qualquer som. Malaéd, afastada, afiava uma faca. Vadashe patrulhava os arredores, camuflado. Yague desenhava em silêncio, sob a luz fraca da fogueira.

Malaéd (baixo):

“Eles pararam... por quê?”

Nahgar (frio):

“Porque querem brincar mais. Não querem que a diversão acabe rápido. Isso nunca foi justiça... é só prazer doentio.”

Um telão flutuante no centro da cidade acendeu, exibindo em letras vermelhas:

“FAMÍLIAS ELIMINADAS: 43”

“Restam: 557”

A multidão assistia em silêncio. Alguns choravam, outros encaravam com ódio. Os ricos apenas sorriam.

Madrugada na Floresta Densa

Ramos quebravam sob passos apressados. Uma família de classe média corria entre as árvores, liderada por um pai robusto, mas ferido. Atrás, três membros de uma família da elite os perseguiam com calma, como caçadores em um safari. O pai caiu de joelhos, exausto, ao ouvir um assobio. Ele se virou, mas era tarde. O líder da família de elite atravessou seu peito com uma arma de energia pulsante.

Pai (voz fraca):

“Pra quê isso…? O que vocês ganham com isso…?”

O líder limpou a arma em silêncio. O filho mais velho dessa família da elite, com cabelos desgrenhados e olhos frios, aproximou-se.

Filho Mais Velho:

“Não interessa.”

Ele pisou no peito do homem, que caiu sem forças. A filha mais velha da família de classe média, assistindo horrorizada, e correu. Um golpe de lâmina energética voou em sua direção, mas ela se fragmentou em partículas cintilantes, reaparecendo metros à frente.

Pai da Elite (surpreso):

“Hmph… ela tem um poder interessante.”

A garota continuou correndo, sabendo que parar seria seu fim.

Madrugada no Acampamento – O Despertar de Karuara

Karuara se levantou do acampamento em silêncio, sob um céu encoberto por nuvens densas. Ele caminhou entre as árvores, imerso em pensamentos, quando um estalo de galho o fez congelar. Das sombras, um garoto da classe alta surgiu, com um sorriso sutil e olhos afiados.

Garoto (frio):

“Sozinho, hein...? Parece que a sorte sorriu pra mim.”

Karuara recuou, mas algo despertou dentro dele — algo antigo e profundo. Seus olhos brilharam com uma luz dourada e esbranquiçada. Um zumbido agudo ecoou ao redor do inimigo, e a floresta pareceu se distorcer. O garoto viu formas estranhas e ouviu vozes abafadas.

Garoto (confuso):

“O que... que negócio é esse…?”

Ele piscou. Karuara desapareceu. Piscou novamente. Karuara estava atrás dele, de costas, a cabeça baixa, os olhos apagando lentamente. Silêncio absoluto. O corpo do garoto tremeu, seus olhos ficaram brancos, e, com um estalo de luz branca, ele desapareceu, deixando apenas partículas luminosas se desfazendo no ar.

Karuara (baixo):

“Heiay…?”

Ele voltou ao acampamento em silêncio, os olhos carregando uma mudança irreversível.

Amanhecer na Clareira

A névoa matinal cobria o chão da clareira. A família Tamendê, exausta, permanecia alerta. Prize foi buscar água num riacho quando um vulto saltou de uma moita, atacando-a. Ela se esquivou e sacou a espada logo em seguida.

Prize (fria):

“Atacar sem saber quem é... ousadia ou burrice?”

A atacante, uma garota suja e ferida, tentou se manter firme. Prize contra-atacou, mas Billeyn criou um escudo psíquico entre elas.

Billeyn (entediado):

“Prize... ela nem parece da elite, dá um tempo.”

Prize recuou, desconfiada. A garota caiu de joelhos, exausta.

Garota:

“Vocês... não são da elite? Nem da classe alta?”

Billeyn (sarcástico):

“Minha fia, a gente tá dormindo no barro, coberto com folha de bananeira. Tu acha mesmo que a gente é classe alta? Se a gente fosse da elite, tu tava sem cabeça já.”

Prize guardou a espada. A garota se apresentou.

Garota:

“Meu nome é Neyla... da família Cassenet. Eles... foram mortos ontem. Eu corri a noite inteira.”

Nahgar, ao fundo, observou Neyla à distância.

Prize (resmungando):

“Tá, então temos mais um fardo pra carregar.”

Billeyn (rindo):

“Relaxa, vai ser divertido. Quanto mais gente, mais chances da elite se confundir antes de acertar a gente.”

Nahgar (baixo, para Billeyn):

“Ela pode ser útil... ou perigosa. Fica de olho.”

Billeyn:

“Tamo junto.”

A cena terminou com a câmera subindo pelas copas das árvores, revelando olhos distantes observando o grupo, sugerindo uma vigilância constante.

Fim do Capítulo 3

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