Ravenswood
A chegada.!
Em uma cidade pequena e esquecida no interior, chamada Ravenswood, onde as histórias se escondem nas sombras e uma cultura invisível parece tomar conta do lugar, chega um novo morador…
Harlan, um garoto da cidade grande, vem morar com sua irmã Ester e seu sobrinho Ariel, enquanto faz o 2º ano do ensino médio.
Na entrada da cidade, uma placa torta balança com o vento:
“Bem-vindo a Ravenswood — Onde nem tudo é o que parece...”
Um corvo pousado em cima da placa observa tudo com olhos curiosos.
Em frente a uma casa simples, com madeira velha, mas bem cuidada…
Descendo do ônibus com a mochila nas costas
Harlan
Finalmente cheguei… nesse fim de mundo.
Ariel
Correndo e abraçando): — Tio Harlan!!!
Harlan
Sorrindo): — Ariel! Olha só como você tá grande, moleque!
Ariel
Eu andei comendo muito feijão, tio!
Harlan
(Dando risada): — Assim vai ficar maior que eu rapidinho!
Harlan olha em direção à casa.
Harlan
E sua mãe, tá por aí?
Ariel
Tá sim, tio. Tá lá dentro.
Harlan
(batendo palma): — Ô de casa! Posso entrar?
Ester
Pode não! Se for cobrança, dá meia-volta!
Ester
Ah… então manda entrar. 🙄
Harlan
Oi! minha irmã do meu coração! Quanto tempo!
Ester
Tem comida na geladeira, se quiser.
Harlan
Valeu, mas não precisa. Eu já tô saindo.
Ester
Saindo? Pra onde, criatura? Acabou de chegar.
Harlan
Vou até a escola. Quero conhecer o lugar e já resolver minha matrícula.
Ester
Volta antes das sete, hein.
Ariel
Tio! Deixa eu ir com você?
Ester
Não. Seu tio mal dá conta de cuidar dele mesmo.
Harlan
Ei, também não exagera…
Harlan
Tá, tô indo. Até mais!
Ariel
Tchau, tio! Boa sorte!
Harlan sai pela porta, olhando a cidade meio desconfiado.
Ariel
Mãe… você tá brava com o tio Harlan?
Ester
Não, filho... Só... Seu tio fez umas escolhas que me deixaram bem decepcionada, só isso.
Ester
Vai brincar, vai. Não se preocupa com isso.
Enquanto isso, do outro lado da cidade...
Uma cafeteria pequena, charmosa, com mesas de madeira e cheiro forte de café no ar.
Lá trabalha Ian, um garoto de 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio, que ajuda sua tia Antônia enquanto sonha juntar dinheiro para pagar a faculdade.
Antônia
Mesa 6, Ian! Anda logo!
Ao chegar perto do balcão, quase esbarra em uma garota bem vestida, com cara de poucos amigos.
Ian
Opa... bom dia! Como posso ajudar?
Alice
Se puder... sai da frente. Não gosto de gente... pobre.
Ian fecha a cara, respira fundo, mas responde com firmeza:
Ian
Só pra constar, não sou pobre. Sou trabalhador. E tô aqui pra fazer meu corre, não pra aturar grosseria.
Alice
Você ajuda bastante... saindo da frente.
Antônia
Ian! Mesa 6, agora! E deixa essa menina mimada em paz. Cliente tem sempre razão... mais ou menos.
Ian
Bom dia, senhor. O que vai querer?
Sr.Bruno
Só um café, por favor.
Enquanto prepara, Ian não segura a curiosidade:
Ian
Quem é aquela garota, tia?
Antônia
Ah, aquela ali é Alice. Filha de uma das famílias mais ricas da cidade. E os pais dela... adivinha? São sócios da cafeteria.
Antônia
Melhor não se meter com ela, viu? Além de mimada, é encrenca certa.
Ian
Pode deixar. Só tava perguntando...
Antônia
Tá, tá. Agora leva esse café.
Ian leva o café até o senhor Bruno.
Sr.Bruno
Muito obrigado, garoto.
No fim do expediente, Ian segue pra casa, enquanto...
Na escola de Ravenswood...
Harlan chega na frente de um prédio surpreendentemente moderno, com jardim na entrada, paredes de vidro e o som de gritos e risadas vindo do pátio.
Harlan
Caramba... Nem parece que é nesse fim de mundo. Que escola bonita.
Uma atendente simpática se aproxima.
Atendente
Oi! Bom dia. Veio fazer matrícula?
Harlan
Isso. Onde fica a secretaria?
Atendente
Segue reto, no final do corredor, vira à esquerda.
Harlan
Beleza. Muito obrigado!
Atendente
Seja bem-vindo à nossa escola!
Harlan segue, olhando curioso pelos corredores. Quando se distrai olhando uma sala...
Harlan
Opa! Calma aí, maluco!
Harlan
É... o povo daqui é meio doido mesmo.
Chega em frente a uma porta com uma placa escrita "Direção". Bate levemente.
Harlan
Toc-toc... posso entrar?
Harlan entra e vê um homem de meia-idade, sorridente, sentado atrás de uma mesa cheia de papéis.
Direitor
Olá! Aposto que você é o novo aluno, certo?
Harlan
Acertei em cheio! Vim fazer minha matrícula.
Direitor
Ótimo. É bem simples. Me diga seu nome completo, sua idade e, se tiver, uma ideia da profissão que quer seguir.
Ele empurra uma ficha para Harlan preencher e mostra um panfleto.
Direitor
Nossa escola oferece programas de apoio pra várias carreiras. Se interessar, dá uma olhada.
Harlan
Nossa... é muita coisa. Bom, meu nome completo é Harlan Loke Lione, tenho 16 anos... cheguei na cidade hoje. E... sinceramente, ainda não faço ideia do que quero ser.
O diretor observa por alguns segundos, pensativo.
Direitor
Hm... Então você é... um dos Loke. Interessante...
Harlan
Você... conhece minha família?
Direitor
Não... Não conheço. Só... ouvi falar.
Direitor
Pode começar amanhã, combinado?
Harlan
Por mim, tranquilo.
Se Conhecendo.
A noite já tomava conta da cidade. As luzes dos postes lutavam contra a neblina que descia devagar, engolindo as ruas. Ian saía do trabalho exausto, bocejando enquanto fechava a cafeteira.
Resmungou, apertando os olhos de tanto sono
Ian
Melhor ir logo... já tá tarde.
Antônia
Ian! Não esquece de fechar tudo direitinho! E traz a janta, hein! Te encontro em casa!
Ian puxou a mochila pro ombro e seguiu andando até o restaurante... ou pelo menos, era o que ele queria fazer. Porque no meio do caminho, um grito fez seu coração disparar.
Rayssa
SOCORRO!!! ALGUÉM ME AJUDA!!!
Ele virou o rosto rápido e viu uma garota sendo puxada por dois caras tentando roubar sua bolsa.
Berrou Ian, correndo na direção.
Mas... não deu nem tempo de pensar.
Ian foi empurrado com tanta força que caiu no chão. Levaram o dinheiro dele, a janta que ele ia comprar e, pra piorar, um arranhão no orgulho.
Ian
Aí... minha comida... minha vida...
Gemeu, largado na calçada.
A garota se aproximou, um pouco sem jeito, mas claramente preocupada.
Ian tentou se levantar, mas sentiu a dor nas costas.
Ian
Me desculpa... não consegui te ajudar...
Ian
Disse, meio envergonhado.
Ela riu de leve, ajeitando o cabelo.
Rayssa
Mesmo assim, valeu pela tentativa. Você foi muito corajoso
Rayssa
Me chamo Rayssa... E você? Como posso chamar meu herói?
Ian ficou completamente vermelho.
Ian
I-Ian... me chamo Ian...
Rayssa cruzou os braços, olhando ele de cima a baixo.
Rayssa
Cê tá todo quebrado. Bora, levanta. Eu te levo na minha casa.
Ele arregalou os olhos, ficando mais vermelho que tomate.
Ian
N-nunca fui na casa de uma garota
antes...
Rayssa
Então, vai hoje. Você não vai pra casa assim todo detonado. O que sua família vai pensar?
Suspirou, estendendo a mão.
Ian
Me ajuda, por favor...
Rayssa
Claro. Vem. Minha casa é logo ali.
Na casa da Rayssa...
Rayssa limpava os machucados de Ian, enquanto ele fazia cara de dor.
Rayssa
Ah, para... Nem foi tão grave assim.
Ian
Valeu... tô me sentindo melhor.
Ele olhou em volta, curioso.
Rayssa
Saíram. Só voltam amanhã.
Respondeu ela, mexendo no kit de primeiros socorros.
Ian ficou meio desconfortável.
Ian
Acho melhor eu ir... minha tia tá me esperando...
Rayssa parou, olhou pra ele, ficou séria.
Rayssa
E seus pais? Vão brigar com você?
O sorriso de Ian sumiu. Ele abaixou o olhar.
Ian
Eles... já não estão mais aqui...
Rayssa
Sério? Me desculpa...
Ian
Meu pai... era bandido. Quando eu nasci, minha mãe me deixou com minha tia e foi atrás dele. Eles morreram em um acidente de carro... Desde então, moro com minha tia.
Por alguns segundos ficou aquele silêncio meio triste... Até Rayssa quebrar o clima.
Ian
Bom... pelo menos você tá bem. E agora me deve um almoço!
Ian
Hã... é... posso... posso pegar seu
número?
Rayssa ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços, fingindo pensar.
Ian anotou rapidinho, quase tremendo de nervoso. Depois se despediu e foi embora.
🏠 Em casa...
Quando chegou, Antônia já tava dormindo. E claro... ela tinha acabado pedindo comida, achando que Ian tava demorando demais.
Ian nem pensou duas vezes: jogou a mochila no chão, deitou na cama e apagou.
Enquanto isso... na casa do Harlan...
Harlan abriu a porta, respirando fundo.
Harlan
Nossa... hoje foi corrido...
De repente, uma voz atrás dele:
Reclamou Ester, com os braços cruzados. — 😤
Harlan
Perdi a hora... foi mal... 😅
Respondeu, coçando a cabeça.
Ester
Perdeu foi. Já são nove horas, garoto! Onde você tava?!
Harlan
Quando saí da escola, fui comer num restaurante... só isso.
Ester respirou fundo, segurando o sermão.
Ester
Tá... vai logo dormir pra não acordar o Ariel.
Harlan
Boa noite, maninha.
No dia seguinte...
Harlan acordou cedo, meio preguiçoso.
Harlan
💭Acho que vou tomar café na rua hoje...💭
Pensou, esfregando os olhos.
Harlan
Tem uma cafeteira bem ali...
Cumprimentou com um sorriso.
Antônia
Bom dia! O que vai querer?
Harlan
Hmm... um café com leite, sem açúcar... uma tapioca com queijo... uma fatia de bolo de milho... e... ah! Um sanduíche de frango também. 🤤
Antônia arregalou os olhos.
Antônia
Tem certeza que é só pra você?!
Antônia
Ok, então. Pode sentar. Sai já.
Do balcão, Ian apareceu, arrumando as mesas.
Ian
Tia! Já tô indo pra escola!
Disse ela, segurando ele pelo braço.
Antônia
Vem me ajudar com esse pedido primeiro.
Pouco depois, o pedido ficou pronto.
Antônia
Aqui, leva lá pra aquele rapaz, mas CUIDADO, hein!
Ian
Com licença... seu pedido.
Harlan
Nossa, muito obrigado!
Respondeu Harlan, sorrindo.
Enquanto Ian ia saindo, Harlan olhou bem pra ele.
Harlan
Ei... peraí... você não estuda na mesma escola que eu?
Ian
Ahn... é... acho que sim. Nem tinha reparado.
Do balcão, Antônia gritou:
Antônia
Por que vocês não vão juntos? Assim não vai sozinho, Ian!
Harlan
Claro! Só me espera terminar de comer.
Harlan devorou tudo em minutos e logo os dois saíram caminhando juntos até a escola.
Harlan
Então... qual é seu nome?
Harlan
Harlan. Muito prazer, Ian.
Ian
Prazer é meu. Você faz o segundo ano?
Eles seguiram conversando, rindo, até que a escola apareceu no horizonte.
Harlan olhou admirado.
Harlan
Nossa... esse lugar é incrível! Sempre me impressiono.
Ian cruzou os braços, sorrindo de lado.
Eles se despediram, cada um foi pra sua sala... até que o sinal tocou.
Era hora do intervalo.
O Começo dos Mistérios.
O sinal bateu, anunciando o intervalo. A escola inteira parecia ganhar vida de uma hora pra outra. Risadas, conversas e passos apressados ecoavam pelos corredores, quebrando o silêncio das aulas.
Ian estava sentado sozinho, mordendo um salgado, quando ouviu uma voz conhecida chamando:
Respondeu, acenando.
Harlan puxou uma cadeira e sentou-se de frente pra ele.
Harlan
Ian, me responde uma coisa... por que essa cidade vive coberta por essa névoa estranha?
Perguntou, olhando pela janela, desconfiado.
Ian
Pra falar a verdade... eu não sei. Desde que me mudei pra cá, nunca parei pra pensar nisso.
Harlan
Essa cidade é um verdadeiro mistério.
Ian
E nem te conto... às vezes, pessoas somem por aí... do nada.
Harlan
Aliás... você comentou ontem que ajudou uma garota, né?
Ian
Ian ficou meio sem graça.
Ian
Sim... tentei, pelo menos.
Harlan
Tentou...? Achei que você tinha espancado os bandidos!
Ian
Queria! Mas... não foi bem assim. Acabei apanhando mais que tudo...
Ian
Mas ela foi muito legal, me levou pra casa dela pra cuidar dos machucados.
Harlan
Nossa, que bacana. E bonita?
Perguntou Harlan, sorrindo malicioso.
Ian ficou vermelho.
Ian
H-Harlan... não vem com essas ideias...
De repente, o microfone do refeitório chiou. A voz do diretor soou, séria:
Direitor
Atenção, alunos. Preciso passar um comunicado muito importante.
O barulho sumiu. Todos prestaram atenção.
Direitor
Infelizmente, nossa escola tem enfrentado um problema grave. Nos últimos dias, alguns alunos desapareceram...
O clima ficou tenso, pesado. Todos se olharam, assustados.
Direitor
Pedimos que tomem muito cuidado. A polícia está investigando, mas até agora não sabemos exatamente o que está acontecendo na cidade. Fiquem atentos.
O diretor desligou o microfone e saiu, deixando um silêncio desconfortável no ar.
Harlan
Pessoas estão desaparecendo de verdade!
Ian
Sim... e o pior... isso não é de agora. Acontece há muito tempo.
Respondeu Ian, cruzando os braços, pensativo.
Ian
Ninguém sabe ao certo... só sei que a cidade tem muitos mistérios. Sumiços, histórias esquisitas... E, claro, tem também a famosa Mansão Loke.
Ian
É. Uma mansão antiga, abandonada. Todo mundo aqui conhece. Ninguém se aproxima. Dizem que quem entra... não volta. Não existem registros de ninguém morando lá faz décadas.
Ian fez uma pausa e completou:
Ian
E dizem... que ela pertenceu à família Loke.
Harlan
Nossa... que coincidência.
Perguntou Ian, desconfiado.
Harlan
Nada, nada... só... pensando...
Respondeu Harlan, disfarçando.
O sinal tocou, encerrando o intervalo. Eles se levantaram e foram para as salas.
Mais tarde...
Depois da escola, Ian e Harlan foram caminhando juntos.
Ian
Valeu por me acompanhar.
Harlan
De boa, cara. Até amanhã.
Harlan seguiu seu caminho pra casa, perdido nos próprios pensamentos.
Ester
Nossa, chegou cedo hoje.
Harlan
É... hoje foi só o primeiro dia. Coisa leve.
Harlan
Pera aí... deixa eu tomar um banho antes.
Depois do banho, Harlan sentou-se à mesa, mas algo martelava em sua cabeça. Ele respirou fundo.
Harlan
Ester... posso te perguntar uma coisa?
Harlan
O nosso pai... ele tinha uma mansão aqui na cidade?
Ester
De onde você tirou isso?!
Harlan
Ouvi uns boatos na escola... falaram sobre uma tal 'Mansão Loke'.
Ester ficou em silêncio por uns segundos, depois respirou fundo.
Ester
Deve ser só coincidência.
Harlan
Coincidência, sei... Mas... e se não for? E se tiver alguma coisa nossa lá? Algo do pai...?
Ester
Harlan Loke Lione, nem pense nisso! Você não vai sair por aí caçando mansões. Isso é só lenda.
Ester
Não tem nada lá! O simples fato de ter nosso sobrenome não significa nada.
Harlan
Tá bom... tá bom...
Ester
Na escola, tá terminando uma atividade.
Enquanto isso...
Ian chegou na cafeteira, ajeitando o avental.
Antônia
Chegou uma cliente, vem atender!
Antônia
Anda logo, menino!
Ian limpou as mãos e foi até o balcão, pronto pra atender... até que, ao se aproximar da mesa, percebeu quem era...
Seus olhos arregalaram...
Ian
Não... não pode ser...
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