Aline cruzou as pernas devagar, sentada no sofá de linho cinza claro, enquanto o vinho tinto escorria suave pela taça que girava lentamente entre seus dedos. As luzes da sala estavam baixas, e a trilha sonora era apenas o sussurro de um jazz instrumental que parecia acariciar o ambiente.
Henrique, do outro lado da sala, a observava com olhos famintos. Depois de sete anos de casamento, ainda se sentia hipnotizado por cada detalhe dela: o brilho nos olhos, o jeito que mordia o lábio inferior quando pensava, a forma como sua pele parecia querer contar segredos quando tocada.
— Você está linda hoje — disse ele, com a voz rouca, carregada de desejo.
— Hoje? — Aline respondeu com um sorriso enigmático. — E nos outros dias?
— Hoje você está… diferente.
Ela o olhou por cima da taça e tomou um gole, devagar, deixando que o líquido vermelho tingisse seus lábios. O silêncio entre eles não era incômodo — era tenso, magnético. Algo pairava no ar naquela noite.
— Posso te perguntar uma coisa? — disse ela, de repente.
— Claro.
Aline se inclinou, apoiando os cotovelos nos joelhos, deixando o decote do vestido preto ainda mais evidente. Seus olhos brilhavam com algo novo. Coragem, talvez. Ou desejo. Ou os dois.
— Você já teve alguma fantasia comigo? — perguntou, com a voz baixa, quase conspiratória.
Henrique piscou, surpreso. Riu, desconcertado.
— Claro que sim. Várias.
— Tipo?
— Quer mesmo saber?
Ela assentiu. Ele tomou um gole do vinho antes de responder.
— Já imaginei você com outra roupa… com outra atitude… mais provocante. Às vezes penso em você sendo observada. Por outros. Mostrando seu corpo. Sentindo prazer… sabendo que alguém está vendo. E você gosta. Você se solta.
Aline o encarou por longos segundos. Não havia choque em seu rosto — havia um calor inesperado, um brilho que crescia.
— Você já me imaginou com outro homem?
Henrique hesitou. Aquilo era um novo terreno.
— Talvez… — respondeu, lentamente. — Não por querer te perder, mas porque… é excitante. Pensar em te ver sendo desejada. Te ver entregue, e mesmo assim saber que você é minha.
Ela se recostou no sofá, respirando fundo. Uma pausa longa se fez.
— Eu já imaginei também — confessou. — Não com outro homem. Não ainda. Mas já imaginei… que alguém me via. De longe. Me despindo. Me tocando. Sentindo prazer só com o olhar.
Henrique sentiu o estômago revirar. Aquilo era novo. Aline, sempre tão reservada, agora se revelava como um vulcão prestes a entrar em erupção. E ele queria ver isso acontecer.
— E se a gente experimentasse? — ele disse, com voz firme. — Sem pressa. Só… começando a brincar com essa ideia.
— Tipo um jogo? — ela perguntou, inclinando a cabeça.
— Sim. Um jogo entre nós dois. Onde você é o centro. A musa. E eu sou… o criador do palco. O roteirista do seu desejo.
Ela se levantou devagar, caminhou até ele, sentou-se em seu colo e encarou seus olhos de perto.
— E se eu gostar demais?
Henrique sorriu.
— Esse é exatamente o risco que me excita.
Ela o beijou. Um beijo carregado de promessas, de desejo contido por anos. Não havia mais volta. Eles haviam aberto uma porta — e atrás dela, morava o desconhecido.
Mas o que é o prazer senão a coragem de atravessar o escuro confiando na luz que existe no toque do outro?
A partir daquela noite, Henrique e Aline deixaram de ser apenas um casal. Tornaram-se cúmplices de algo maior: um pacto sensual, um jogo de verdades eróticas e limites testados. E ali, entre sorrisos perigosos e olhos que não mentiam, nascia o início da transformação.
Aline passou o batom diante do espelho com um cuidado quase cerimonial. O vermelho profundo contrastava com a pele suave e os olhos delineados que brilhavam como fogo contido. O vestido preto colado ao corpo revelava mais do que escondia, mas era exatamente isso que ela queria. A provocação estava nos detalhes: o decote que ameaçava demais, a fenda lateral que subia como um sussurro proibido pela coxa, e o perfume — doce e ousado — que deixava rastro no ar.
Henrique a observava da porta do quarto. Não disse nada. Apenas sorriu. Um sorriso carregado de orgulho e antecipação.
— Pronta? — ele perguntou.
— Mais do que nunca — respondeu Aline, sem desviar o olhar do espelho. Ela não era mais só esposa naquela noite. Era algo mais. Algo que nem ela mesma sabia descrever ainda, mas sentia pulsar entre as pernas e na alma.
O bar escolhido por Henrique tinha uma atmosfera envolvente. Não era um lugar comum. A iluminação era baixa, ambar, com sofás de couro escuro e música baixa tocando covers sensuais de jazz e soul. Era o tipo de ambiente que fazia qualquer gesto simples parecer carregado de intenções.
Aline entrou primeiro. Sentiu os olhos seguirem seus passos. Alguns disfarçavam. Outros não. E ela… gostou.
Sentou-se no canto reservado da mesa enquanto Henrique ia buscar os drinks. Cruzou as pernas, ajeitou os cabelos e, pela primeira vez na vida, se sentiu dona de todos os olhares. Ela não estava apenas sendo vista — ela estava sendo admirada. Desejada.
Henrique voltou com os dois copos. Observou em silêncio enquanto um homem na mesa ao lado mantinha os olhos fixos nas pernas de Aline. Ela percebeu e, em vez de cruzar as pernas discretamente, deslizou a mão pela coxa nua, como quem ajeita o vestido — mas deixou que a fenda revelasse ainda mais.
Henrique sentiu um arrepio. Não de ciúme. Mas de excitação crua.
— Ele está olhando — sussurrou ele, com um sorriso malicioso.
— Eu sei — respondeu Aline, olhando nos olhos do marido. — E estou gostando.
Ele tomou um gole do drink, respirando fundo. A noite estava apenas começando, mas ele já sentia a tensão dentro de si crescer como uma corda prestes a arrebentar. Era estranho. Ver a mulher que amava sendo desejada por outro homem. Mas também era um tesão inexplicável. Ver ela se soltando. Se redescobrindo.
Depois de alguns minutos, o homem da mesa ao lado levantou-se, passando perto deles para ir ao banheiro. Ele olhou diretamente para Aline e sorriu discretamente. Ela respondeu com um olhar rápido, provocante. Nada explícito. Mas suficiente para deixar Henrique pulsando.
— Você fez isso de propósito — disse ele, encostando-se mais perto dela.
— Fiz. E sabe o que mais? Eu quero fazer de novo.
Ele engoliu seco.
— Até onde você quer ir?
Aline o encarou com os olhos brilhando.
— Ainda não sei… Mas agora eu quero descobrir.
Henrique sentiu o mundo girar. Era como se estivessem abrindo uma porta proibida juntos — e cada passo dado tornava impossível recuar. Eles não estavam mais apenas brincando com fantasias. Estavam vivendo.
Mais tarde, no carro, o silêncio entre eles era denso de tesão. Henrique dirigia com uma mão no volante e a outra na coxa de Aline, que arfava só de lembrar dos olhares, do clima, da sensação de ser desejada em público.
Chegando em casa, foi ela quem o empurrou contra a parede e tirou a própria calcinha sem cerimônia, deixando-a cair no chão da sala. Ele não disse nada. Apenas se ajoelhou.
Ali, naquela noite, o que era fantasia virou memória. E o que era memória se tornou vício.
Aline não era mais apenas a mulher de Henrique. Ela estava se transformando na própria encarnação do desejo. E Henrique, longe de querer freá-la, estava prestes a colocá-la ainda mais no centro de um palco onde ele era o espectador mais privilegiado — e cada vez mais vulnerável.
Henrique acordou cedo naquela manhã. Ainda podia sentir o perfume de Aline nos lençóis e o gosto dela na boca — o gosto da entrega, da ousadia, do jogo que agora deixava de ser apenas imaginado.
Mas algo havia mudado dentro dele. A excitação ainda estava lá, pulsando forte, mas misturada a uma inquietação estranha. A imagem de Aline recebendo olhares, sorrindo de volta, brincando com o limite… aquilo o deixava aceso e, ao mesmo tempo, um pouco à deriva.
No entanto, não havia espaço para dúvidas. Eles haviam começado juntos. E iriam até o fim — juntos.
Naquela tarde, Aline enviou uma mensagem enigmática:
📱 “Quero mais. Hoje à noite. Quero que você me veja. De verdade.”
Henrique respondeu apenas com um emoji de chama e um coração. O peito acelerava, o corpo vibrava com a promessa de algo novo.
📍O Lugar
Era um lounge discreto no centro da cidade, frequentado por casais modernos, alguns alternativos, outros discretamente pervertidos. Não era um clube sexual declarado — mas todos sabiam que, ali, os limites eram maleáveis, e os olhares diziam mais que palavras.
Aline entrou primeiro, como combinado. Estava deslumbrante.
Usava um vestido vinho de tecido fino, justo ao corpo, com transparência nas laterais e costas nuas. Por baixo, apenas uma lingerie delicada, de renda preta. Seus saltos batiam ritmadamente no chão como um feitiço.
Henrique a observava de longe, sentado no bar, conforme haviam combinado. Ali, ele não era o marido. Era o espectador. A testemunha silenciosa da mulher que ele ajudou a despertar.
Um homem se aproximou da mesa onde Aline estava. Moreno, maduro, olhar firme. Parecia saber o jogo — ou pelo menos aceitar as regras com naturalidade. Começaram a conversar. Henrique observava tudo, cada gesto, cada sorriso, cada cruzar de pernas.
Aline tocou o braço do desconhecido. Riu de algo que ele disse. E então, num movimento milimetricamente calculado, olhou para trás, diretamente para Henrique. O olhar dela era claro: "Você está preparado para isso?"
Henrique assentiu com um leve movimento de cabeça. E ali, naquele instante, a primeira prova começou.
O homem se levantou e estendeu a mão. Aline aceitou. Juntos, foram para a pista de dança. Os corpos se aproximaram. Ele segurou sua cintura. Ela encaixou os quadris lentamente no ritmo da música.
Henrique sentia o corpo quente. O copo de uísque parecia pesado nas mãos. A dança deles não era vulgar, mas também não era inocente. Era uma coreografia de desejo velado, e ele era o público cativo.
Quando a música acabou, Aline o beijou no rosto. Lento. Perto da boca. Intencional.
O homem agradeceu, disse algo ao pé do ouvido dela, e voltou para sua mesa. Aline caminhou até Henrique.
— Como foi? — ele perguntou, a voz rouca.
— Você viu.
— E… o que sentiu?
Ela o encarou. Havia um brilho diferente em seus olhos.
— Poder. E liberdade. Você?
Henrique não respondeu. Puxou-a pela cintura e a beijou ali mesmo, com intensidade. O gosto dela, misturado ao desejo que ela despertava em outros, o enlouquecia.
No carro, a tensão entre os dois era quase insuportável. Aline levantou o vestido, sentou-se de lado e colocou a perna por cima do colo dele.
— Quase deixei ele me beijar — sussurrou. — Queria ver sua reação.
Henrique travou o volante, os olhos fixos na estrada.
— E o que você achou?
— Achei que você ainda está no controle. Mas por pouco.
Ele sentiu o membro latejar. Aquilo não era mais só jogo. Era transformação. E estava acontecendo rápido.
🌓 De volta ao quarto
Naquela noite, Henrique a tocou como se fosse outra. E era. Cada parte do corpo dela reagia com uma nova sensibilidade. Os gemidos tinham uma profundidade diferente. Aline não era mais só sua esposa — era a mulher que todos queriam e ele tinha o privilégio de possuir… até quando ela permitisse.
E assim terminou a primeira prova. Não com sexo — mas com algo mais perigoso: o gosto do limite sendo ultrapassado.
Eles haviam cruzado a primeira linha. E do outro lado, o jogo real apenas começava.
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