Layza
Acordei mais um dia com cada vez menos vontade de viver. Moro somente com meu pai, minha mãe me abandonou quando eu ainda era bebê e jamais sequer me ligou pra saber de mim.
Meu pai me faz de empregada, além de não me deixar sair de casa pra nada. Raras as vezes que posso sair e tem que ser sempre acompanhada por ele.
As vezes ele me apresenta a alguns amigos, que me olham como se eu fosse um pedaço de carne, o que pra mim é extremamente estranho e me deixa desconfortável.
Não sei ao certo oque meu pai faz pra viver, ou em que são baseados os "negócios da empresa", já que nesses meus 15 anos ele nunca me falou nada sobre seu trabalho. Tudo que eu sei é que deve ser algo no ramo de comida, já que uma vez na casa de um amigo dele sem querer eu ouvi uma conversa, onde meu pai perguntava oque ele achou da mercadoria e ele dizia ser muito gostosa.
Oque será que ele vende? Deve ser bom, pois o rapaz parecia estar muito satisfeito com a tal "mercadoria".
Eu já implorei muitas vezes ao meu pai pra me deixar sair de casa, me deixar estudar e conhecer o mundo, mas ele me proibiu, falou que só vou poder sair depois que me casar. Mas como vou casar se vivo presa aqui? Assim não conseguirei conhecer ninguém.
Layza: Quer ajuda pra fazer o almoço dona Maria?
Maria é uma senhora que trabalha aqui em casa a anos, e sempre cuidou de mim, pra mim ela é como uma mãe.
Maria: Não precisa minha querida.
- Mas se quiser fazer um daqueles seus deliciosos bolos eu aceito.
Layza: É pra já Maria. Mas não vou te atrapalhar na cozinha?
Maria: Claro que não querida, pode ficar tranquila que aqui tem espaço suficiente pra nós duas trabalharmos.
Eu gosto muito de cozinhar, isso me distrai um pouco desse caos que é viver trancada em casa.
Uma vez eu tentei fugir, mas fui pega antes de dobrar a esquina e levei um surra imensa, foi a única vez que meu pai me bateu, mas foi o suficiente pra nunca mais. Até porque como ninguém me veria, ele aproveitou, assim não precisaria justificar meus machucados.
Comecei meu bolo enquanto Maria terminava o almoço.
Coloquei o bolo no forno e não deu nem 5 minutos a campainha tocou.
Geralmente não sou eu a abrir a porta mas Maria estava ocupada e a governanta almoçando, então Maria me pediu pra abrir pra ela.
Fui até a porta e assim que abri vi que era um rapaz muito bonito por sinal que nos trouxe algumas encomendas.
Ele me pediu pra assinar um papel pra confirmar quem estava recebendo e em seguida me entregou a caixa e foi buscar outras no carro.
Deixei a caixa no chão e resolvi ajudar ele, pois pelo visto era bastante coisa que meu pai havia comprado.
Estava na calçada ao lado do carro do rapaz quando meu pai chegou e só seu olhar por me ver ali na beira da rua já eram suficiente para que eu entendesse o recado e também para me causar um frio na espinha.
Peguei a caixa que o rapaz me entregou e voltei rapidinho pra dentro de casa.
Deixei a caixa junto a outra e corri para cozinha, pois sabia que estava ferrada.
Esperei alguns minutos, onde ele provavelmente terminará de receber suas encomendas e logo ele chegou na cozinha.
Régis: Oque pensa que estava fazendo na rua Layza?
Layza: Eu fui apenas receber a encomenda do senhor.
Falei ja com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Régis: E quem foi o incompetente que mandou você até lá? Que eu saiba tenho empregados pra fazer esse trabalho.
Maria: Fui eu senhor. Estava ocupada aqui então pedi que a menina fosse abrir a porta quando a campainha tocou.
Régis: Muito bem. Pois então está demitida Maria.
Layza: Que?
- Não faz isso pai, a Maria é minha única amiga.
Régis: Ela que pensasse nisso antes.
- Pode pegar suas coisas e ir embora.
- E agradeça Layza, por eu não te dar é uma surra por pegar você na rua e ainda mais vestida assim.
Eu estava com uma regata e um calção curto, mas nada chamativo de mais, apenas um roupa normal.
Meu pai jamais se importou com a minha roupa, afinal, eu não saia de casa mesmo.
Layza: Por favor pai, não demite a Maria, a culpa foi minha eu...
Régis: CHEGA LAYZA. A Maria está demitida e pronto.
- Agora vou tomar um banho e quando eu voltar não quero mais te ver aqui Maria.
- Passe na empresa amanhã para assinar os papéis da sua demissão e receber oque lhe é de direito.
Eu só fazia chorar. Maria era minha única amiga, a única que me ajudava a suportar os dias nesse lugar, e agora, como vai ser sozinha com ele.
Eu ia debater, mas Maria fez sinal para que eu não fizesse isso.
Maria: Ele vai acabar te batendo querida.
- É melhor que eu vá embora.
Layza: Mas Maria...
- Como vai ser nesse lugar sem você?
Maria: Independente de onde eu estiver minha menina, vou estar sempre torcendo pro seu bem.
Ela me abraçou e se despediu, e enquanto o brutamontes não voltava ela se despedia dos outros empregados da casa.
Foi uma tristeza só ver ela se despedindo de todos e pegando suas coisas. Todos éramos acostumados com ela ali conosco.
Tirei meu bolo do forno enquanto Maria estava ajeitando suas coisas e o ajeitei e decorei bem rapidinho e levei pra ela.
Layza: Esse bolo é pra você Maria, espero que aproveite com a sua família.
Falei chorando.
Maria: Obrigada menina, vou sentir muito sua falta.
Chorei mais um pouco e logo acabamos por nos despedir de vez e Maria saiu pela porta levando suas roupas e o bolo que fiz.
Fui pro meu quarto e fiquei ali deitada em minha cama desolada.
Régis: Vamos almoçar Layza.
Falou da porta do quarto pra mim.
Layza: Não quero.
Régis: Então fique sem comer, vai ser bom pra aprender que as regras precisam se respeitadas.
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Chase
Me mudei para os Estados Unidos afim de ter uma vida melhor, mas tem sido difícil viver sem a minha irmã. A Cecília é tudo pra mim e to sentindo muita saudades da minha menina. Mas onde meus pais moram parece não existir futuro pra mim e eu preciso progredir.
Eu estou estudando engenharia civil e faltam ainda 3 anos pra me formar, oque parece uma eternidade, mas espero que passe rápido, porque nesse meio tempo, pra poder economizar não pretendo ir para o Brasil ver minha família, oque será a parte mais difícil de viver aqui.
Consegui bolsa na universidade com tudo pago, até meus materiais de estudo, e consegui também um emprego de garçom, oque significa que vou conseguir juntar um dinheiro pra voltar ao Brasil e ajudar minha família a progredir e principalmente, quero ter dinheiro pra minha irmã poder estudar na faculdade que ela bem entender e seguir o futuro que ela desejar.
Eu sou norte americano, mas fui criado no Brasil e pra mim lá é meu lar, mas acho legal poder aproveitar que sou cidadão americano pra poder vir pra cá e juntar um bom dinheiro.
Eu estava namorando uma garota, nós nos conhecemos a muitos anos, e estudamos juntos. Ela sempre foi afim de mim, já eu, acho ela maneira e tal, mas paixão, amor, são coisas que nunca senti.
Nós namoramos por 2 anos e nesse tempo nunca rolou nada entre a gente além de alguns beijos, oque deixava ela furiosa e frustrada comigo. Mas eu simplesmente não consigo e ela parece não entender isso. Então minha viagem foi o momento ideal pra um término. Afinal, um relacionamento que já não estava bem não suportaria 3 anos de distância.
Consegui um apartamento perto da faculdade e o aluguel é bem barato por ser de uma senhora que aluga os apartamento unicamente para universitários estrangeiros e eu apesar de não ser estrangeiro ela me aceitou da mesma maneira por não ter sido criado aqui.
O apartamento apesar de ser perto da universade não é tão perto do bar onde eu trabalho, mas nada que uma hora de metrô não resolva.
Estudo pela manhã, depois durmo a tarde e vou trabalhar a noite das 19 horas até as 3 horas da madrugada.
É um horário um pouco maluco, mas já estou me acostumando a minha rotina. O importante é não perder o foco nos meus objetivos de dar um futuro bom a minha irmã e ajudar minha família.
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3 anos depois...
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Layza
Não acredito que estou passando por isso, acabei de fazer 18 anos não faz nem uma semana, e meu pai está disposto a tudo por dinheiro. Antes eu não entendia, mas depois que Maria foi embora eu passei a ficar mais sozinha e a reparar mais nas coisas e descobri os negócios ilegais do meu pai. Mas pelo que entendi a empresa está limpa, é no ramo de carros e equipamentos automotivos e não tem nada a ver com o comércio sujo dele, ou talvez sirva de laranja, ainda não sei ao certo.
Descobri a um tempo que meu pai vende garotas, traz elas de outros países e as vende como mercadorias. Quando descobri vomitei de tanto nojo que fiquei dele. Como um ser humano pode ser tão cruel e desumano?
Pensei em denunciar, mas como se não saio de casa pra nada, e também descobri que os "amigos" do meu pai que nós tanto visitávamos eram na verdade clientes dispostos a me comprar quando eu fizesse 18 anos. E descobri ainda que entre eles tem advogados, policiais, políticos e delegados, além de pessoas que mexem com a máfia e o tráfico de armas e drogas, ou seja, ele não mexe com pessoas pequenas. Então minha voz jamais seria ouvida. Até porque, agora virei uma delas, mais uma jovem vendida pra satisfazer o ego e encher o bolso do meu querido papai. Uma linda virgem em troca de dinheiro e parceria em sua empresa.
Régis: Layza, não vou falar de novo, você vai se casar com ele você querendo ou não.
- Você precisa entender que esse casamento me trará muitos ganhos pra empresa. É o seu futuro que está em jogo, sua herança minha filha. Se não fizer isso estaremos falidos. O apoio da família Bianquini é tudo pra nossa empresa.
Layza: Papai, ele tem 48 anos, e está interessado apenas na minha virgindade.
Régis: Você se manteve pura por esse tempo com esse propósito minha filha, casar-se e perder a virgindade com seu marido.
Layza: Mas eu queria um marido que me amasse, não um homem que quer apenas meu corpo.
Régis: JA CHEGA LAYZA.
- Esteja pronta amanhã as 7 horas para irmos ao encontro do seu noivo.
- Até lá repense um pouco na forma que está tratando seu pai.
- E não pense em aprontar nada lá amanhã ou conversaremos seriamente ao chegar em casa.
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Régis ⬇️
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Layza
Fechei meus olhos enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto que já estava úmido com as lágrimas que escaparam antes.
Meu pai não falou mais nada e pude ouvir seus passos se afastando do meu quarto.
Levantei e fechei a porta e acabei por me recostar nela e ali sentada no chão, me pus a chorar ainda mais intensamente.
Como ele pode me vender dessa forma, achar que sou apenas um objeto, uma mercadoria, da qual ele vende a um desconhecido qualquer. Mas também oque eu esperava de um homem que faz isso com inúmeras garotas por ai. Que tem um negócio ilícito imenso com base nesse tipo de comércio. Era óbvio que eu seria só mais uma vítima, e ele só me manteve presa esses anos todos com esse propósito.
Mas se é uma virgem que ele quer, é isso que ele jamais terá. Não vou me permitir perder a virgindade com um homem asqueroso com quase o triplo da minha idade.
O vi apenas uma vez, mas foi suficiente pra ter certeza que jamais perderei minha virgindade com ele, ainda mais porque se é capaz de comprar moças assim, oque mais é capaz de fazer? Será que meu pai se preocupa tão pouco comigo a ponto de me deixar com uma pessoa dessas?
A quem eu quero enganar, se ele se preocupasse minimamente comigo jamais me venderia dessa forma. E agora que pensei, meu problema não é nem a virgindade mas sim oque ele fará comigo depois disso. Depois que eu não servir mais a ele como uma virgem, oque vai ser de mim?
Levantei decidida, tomei um banho e me arrumei rapidamente e depois de me certificar que meu pai estava ocupado em seu escritório, pulei a janela do meu quarto e sai andando pela cidade, disposta a perder minha virgindade com o primeiro que aparecesse em meu caminho.
Eu sei que se fugi poderia sumir e não voltar mais pra casa, mas todo dinheiro que eu tenho é uns trocados que Maria me deu, não chegaria a lugar algum com isso, e com a influência do meu pai, ele não demoraria nem mesmo um dia pra me achar.
Andei por muito tempo até que vi um bar, parecia animado, cheio de luzes, então acabei entrando no local, e claro, chamei atenção. Afinal, sou uma menina bonita, tenho olhos verdes, cabelos cacheados, uma pele bonita.
O local estava bem cheio, então resolvi ficar no bar pra ver se aparece alguém que me interesse para que possa ter uma noite de sexo sem compromisso.
Meu pai sempre me prendeu pra jamais correr o risco de que eu perde-se minha preciosa virgindade, que cá entre nós, pra mim nem é grande coisa. As pessoas agem como se fosse tudo e nem é tudo isso. Mas a partir de hoje, quem toma as decisões da minha vida, sou eu mesma, ele não vai fazer eu me entregar aquele homem, não virgem pelo menos.
Eu posso não ter conhecido meu "noivo" direito, mas sei que se é um homem que compra mulher como se fosse mercadoria já é um homem que não presta.
Me sentei em uma banqueta e não demorou nada o garçom já veio me atender.
Garçon: Pois não moça, oque deseja?
Layza: Tenho apenas 25 dólares, oque dá pra comprar com isso?
Ele me olhou confuso.
Garçon: Oh, entendi.
Ele saiu sem dizer mais nada e logo retornou com um drink muito bonito e todo espalhafatoso.
Peguei meus 25 dólares para pagar mas ele segurou minha mão, fechando o dinheiro dentro dela e olhou nos meus olhos e deu um sorriso.
Garçon: É por conta da casa.
- Divirta-se moça.
É possível se apaixonar só por um olhar e um sorriso? Nossa, ele é lindo e tão doce. E quando segurou minha mão senti meu corpo todo arrepiar com seu toque.
Layza: Como é seu nome?
Garçon: Chase.
Layza: Obrigada Chase, você é muito bonito e gentil.
Ele me olhou por um tempo, confusão era nítida nos olhos daquele rapaz alto, de cabelos castanhos e olhos de um castanho excepcionalmente lindo.
Chase: Obrigado.
- Aproveite sua bebida.
- Qualquer coisa é só me chamar.
Não sei dizer oque senti, só sei que com certeza, achei o homem que tirará meu "bem mais precioso" de acordo com meu pai. É ele, é o Chase que eu quero.
Mesmo com todos esses homens loucos pra ficar comigo, já que homem não pode ver uma mulher sozinha num bar a noite que interpreta como um convite pra eles. Mas ainda assim, achei quem será o homem a me ter por uma noite e estragar com todos os planos do meu querido papai.
Fiquei sentada no bar enquanto olhava Chase atender vários e vários clientes que passavam por ali, e enquanto eu recusava vários homens que tentavam insistentemente pagar-me uma bebida. Chase chegou a me trazer algumas e eu as recusava instantaneamente ao saber quem havia mandado. Não queria nada de ninguém além dele. Oque tirava daquele rapaz vários olhares intrigados.
Depois de muito tempo ele me trouxe outra bebida e novamente não me deixou pagar por ela, alegando ser por conta da casa. Mas também ca entre nós, não sei se meus 25 dólares seriam capazes de pagar por essas bebidas, afinal, não faço nem ideia quanto custa uma bebida nesse lugar. Mas posso dizer que não deve ser barato.
A noite se estendeu bastante e eu já não aguentava mais esperar o bar fechar e também estava morrendo de medo do meu pai descobrir onde estou e chegar ali do nada.
Fiquei aliviada quando Chase veio me anunciar que o bar estava fechando.
Layza: Oh, já é tarde né, será que poderia me acompanhar até em casa, estou um pouco zonza?
- Acredito que não consigo ir sozinha.
Ele me olhou intrigado e com confusão presente em seu olhar novamente, porém agora era ainda mais visível que antes.
Chase: Oque você está querendo moça?
Layza: Nada, eu apenas bebi bastante e não sei se sou capaz de ir sozinha até minha casa.
- Você não pode me acompanhar?
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