Entre Balas E Desejo
Capítulo 1 — O Silêncio da Cidade de Sangue
> “Em cidades pequenas, o sangue seca mais rápido… e os gritos se apagam antes do amanhecer.”
A cidade de Redwood Hollow, com seus pouco mais de 8 mil habitantes, parecia inofensiva aos olhos de quem passava. Casas de madeira, vizinhos que se cumprimentam pela janela, uma igreja no centro e um café onde todos sabiam seu nome.
Mas por trás da cortina de gentileza, havia um sistema. E nesse sistema, os inocentes não tinham vez.
Três anos se passaram desde que os gêmeos Whitm desapareceram sem deixar rastros.
Gabriel e Grace, apenas 4 anos na época. Dois sorrisos que Helena ainda via toda noite antes de fechar os olhos, mesmo sabendo que talvez… nunca mais os veria.
O relógio marcava 03:47 da madrugada quando ela acordou mais uma vez com o coração acelerado.
Pesadelos.
Memórias.
Ou talvez… um aviso.
Helena Whitm sentou-se à beira da cama. Pegou o maço de papéis espalhados sobre o tapete. Dossiês antigos. Fotos manchadas. Imagens de dois novos casos de desaparecimento infantil em cidades vizinhas — mesma idade, mesmas circunstâncias. As datas batiam com o mesmo padrão do passado.
Ela juntou tudo em uma pasta.
Vestiu o sobretudo.
E saiu.
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Mansão de Jonathan, 05:13 da manhã
O portão eletrônico rangeu quando ela parou o carro na frente. A mansão de Jonathan Whitm parecia cada vez mais sufocante.
Luxo demais.
Silêncio demais.
Sangue demais.
O segurança a deixou entrar sem questionar.
Helena atravessou o corredor, os saltos ecoando. Quando entrou no escritório, Jonathan estava sentado na poltrona, um copo de uísque em uma mão, e um charuto apagado na outra.
Jonathan Whitmore
— Sabia que você viria. Três da manhã e você ainda me persegue, Helena?
Helena Whitmore
- Eu te perseguiria até o inferno se isso significasse ter meus filhos de volta.
Jonathan Whitmore
— Nossos filhos.
(Ele corrigiu com um sorriso frio.)
Helena Whitmore
— Duas crianças foram sequestradas esta semana. Mesmo padrão. Mesmo rastro limpo. Você acha que é coincidência?
Jonathan Whitmore
— Eu acho que você está desesperada. E o desespero faz você perder o juízo. Você já foi atrás da polícia, da imprensa... Agora quer a FBI
Helena Whitmore
— Quero justiça. Ou ao menos... respostas. Eu vou até o inferno se precisar. E você vem comigo — ela bate a pasta de documentos sobre a mesa com força —. Não estou pedindo. Estou avisando.
Jonathan Whitmore
(suspira e bebe o resto do uísque)
— Você vai mesmo me arrastar até o escritório da FBI como se eu fosse um cidadão comum?
Helena Whitmore
— Não. Você é um criminoso. Mas é um criminoso com dinheiro. E agora... você vai usar esse dinheiro pra ajudar a achar os filhos que você abandonou.
Jonathan Whitmore
— Não os abandonei. Só aceitei que, às vezes, o mundo leva coisas que não conseguimos proteger.
Helena Whitmore
— Eu nunca aceitei. E nunca vou aceitar.
Ele a observou em silêncio. Pela primeira vez em anos, Helena parecia mais forte que ele. Mais fria. Mais preparada.
Jonathan Whitmore
— Está bem. Amanhã, às oito. Vamos à sede da FBI. Mas saiba... se você abrir certas portas, pode não conseguir fechá-las depois.
Helena Whitmore
— Já vivi três anos no escuro. Não me importo mais com portas abertas. Só quero ver quem é o monstro que ficou do outro lado.
Estacionamento da FBI, manhã seguinte
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Agente Lana Monroe observava Helena e Jonathan pelo vidro do saguão da sede. Ela já tinha lido o dossiê dos Whitm. Já tinha ouvido rumores sobre o império que Jonathan mantinha por trás de clubes e cassinos na costa leste. Ela não confiava nele. Mas algo nos olhos de Helena dizia que aquilo era mais que desespero — era guerra.
Lana
— Vocês têm dez minutos. O caso está arquivado. E não tenho autorização pra reabrir sem provas novas.
Helena Whitmore
— As provas estão surgindo. Dois casos novos. E eu sei que estão ligados ao desaparecimento dos meus filhos.
Jonathan Whitmore
— E se não estiverem, agente? Vai colocar recursos da agência em um palpite de mãe?
Lana
— Se esse palpite significar que há uma rede agindo de novo... então sim. Mas se eu descobrir que isso é uma jogada pessoal, Whitm, não hesitarei em destruir seu nome e seu dinheiro.
Jonathan Whitmore
(sorri de canto)
— Boa sorte com isso.
Lana
— A sorte não é algo com que eu trabalho. Eu trabalho com a verdade.
A tensão ficou no ar quando os três se encaram.
Mas lá fora...
Um carro escuro acompanhava tudo.
Homens com olhos sem alma tiravam fotos, filmavam.
Eles sabiam.
Os Whitm estavam cavando.
E quem cava demais em Redwood Hollow… é enterrado vivo.
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