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Você Não É Meu Tio.

Você não é meu tio

Olha eu aqui de volta e agora com um tema bem polêmico, mas fiquem calmas que no final o bem sempre vence o mal.

Vou apresentar os personagens principais, mas fiquem à vontade para usarem a vossa imaginação.

Henry Maier's, tem 55 anos, viúvo e pai de Adrien e Joshua.

É um homem severo, não aceita ser contrariado. E se isso acontece, simplesmente apaga a pessoa da vida e pronto.

Joshua Maier's

O mais velho, deveria ser o que fala mais alto, o que tem a voz de comando.

Mas não é, é frágil, não gosta de brigas e obedece o pai em tudo o que é pedido.

Mas por uma mulher isso muda e simplesmente ele vira as costas para a família e vai viver o seu amor.

Adrien Maier's

O irmão mais novo, aquele que deveria ser o mimado da casa, mas como tudo tem uma exceção, essa é uma delas.

Adrien carrega a culpa por sua mãe ter morrido quando ele nasceu e o seu pai o culpa por esse infortúnio.

Mesmo assim foi o que ficou e assumiu a empresa da família, rico, poderoso e mandão é assim que os empregados o definem.

A única que tem coragem de dizer umas verdades para ele é Leslie, a governanta da casa.

Leslie Martins

E empregada na casa desde adolescente, começou como ajudante de cozinha e foi subindo de cargo.

O senhor Henry confiou nela para que educasse seus filhos.

Foi a mãe que os meninos não tiveram, sofreu bastante com o afastamento de Joshua, mas seu patrão é duro e não aceita que o enfrentem.

Joyce e Jocelynd Maier's

Aqui aos 12 anos quando vieram morar com Adrien.

Joyce, esquentada e sem papas na língua e Jocelynd toda doce e retraída.

Joyce e Jocelynd Maier's

Quando completaram 18 anos, e tudo mudou.

Joyce, sempre quis trabalhar na empresa, adora números e ama o seu tio, mas sabe ser um amor impossível.

Mesmo ela já tendo percebido ele a olhando algumas vezes.

Jocelynd, uma verdadeira madame. Cursa artes, línguas, adora ser a senhora da mansão.

E não percebe o que acontece entre a sua irmã e o seu tio.

Acha que todas as brigas são porque Joyce é esquentada e não obedece o tio.

Sultana

A tia Sultana ajudou o seu irmão a criar os meninos. Mas também tinha a sua vida e chegou uma hora que teve que seguir o seu destino.

Ela é a única que sabe o motivo da briga de Henry e Joshua, mas foi morar no Brasil e não voltou a Quebec.

A vida é uma caixa de surpresas, um solteiro convicto é obrigado a acabar de criar as sobrinhas.

Será que isso vai modificar a vida dele?

Será que o amor pode vencer as barreiras impostas pela sociedade?

O que será do amor que nasceu entre Joyce e Adrien? Como enfrentar a barreira do sangue?

Até onde você iria para fazer seu relacionamento dar certo, o que você conseguiria passar por cima?

Joyce está disposta a mostrar ao mundo que ama seu tio, mas será que Adrien também vai conseguir enfrentar a sociedade?

Prólogo - Familia Maier's

“Adrien”

Eu vinha chegando da escola e já escutava meu pai e meu irmão brigando.

Desde que me conheço por gente, eles brigam.

 Ou é porque meu pai me acusa pela morte da minha mãe. Ou é porque eles não se entendem devido ao trabalho, eu fico sempre no meio da guerra dos dois.

Meu irmão não é agressivo, sempre acaba abaixando a cabeça e acatando o que meu pai fala.

 Na infância, quando comecei a entender o que se passava e para não ver meu irmão sendo agredido por minha causa, entrava na frente e abraçava meu irmão e meu pai parava, mas hoje ele está gritando também, deve ter acontecido algo muito sério.

Entrei na sala e Joshua está com uma mala, para onde será que ele vai?

Meu pai está falando e está muito nervoso.

— Joshua, pare de ser infantil, nem parece que já é um adulto. Suba e guarde essa mala.

— O senhor vai aceitar minha mulher? Vai me deixar casar em paz?

— Não! Você sabe muito bem que não pode se casar.

— Por que eu não posso me casar? 

— Você contou para ela sobre seu problema?

— Meu problema não vai interferir em meu casamento.

— Como não? Ela vai aceitar essa situação?

“Adrien”

Meu pai já tinha perdido a estribeira e já estava segurando meu irmão pelo colarinho e o sacudindo. 

— Vou te dar uma surra, seu moleque insolente.

— Eu não sou mais uma criança, o senhor não me assusta, dessa vez eu não vou desistir dos meus sonhos, eu vou me casar, isso já é uma decisão tomada.

“Adrien”

Entrei no meio e separei ambos, sou mais novo, mas por praticar esportes, tenho físico e consigo ser mais forte que meu pai.

— Parem com isso, os empregados estão assustados. Vocês parecem dois loucos.

Meu pai virou para mim e disse:

— Adrien não se meta em meus assuntos com seu irmão. Suba para o quarto, agora.

Olhei para meu pai e depois para meu irmão.

— Vocês querem me explicar por que estão brigando?

Joshua veio, colocou a mão em meu ombro e me disse.

— Vou embora e você toma cuidado com o pai, não o deixe te agredir e, quando ficar de maior, vá embora e o deixe sozinho, é o que ele merece, a solidão.

— Ele não consegue, você sabe que ele só agride você. Comigo, são só palavras que não me atingem mais. Para onde você vai?

- Eu sei que te atingem muito mais do que as agressões físicas impostas a mim, mas me prometa que não vai ficar.

— Você fala como se não fossemos nos ver mais.

— E não vamos, o velho vai dar um jeito de que não nos encontremos mais. Mas quero que você se lembre de que foi escolha minha.

Abracei meu irmão, não pode ser a última vez que eu o vejo. 

— Adeus, Adrien e se cuida.

Nosso pai voltou à sala.

— Joshua, se você sair por aquela porta, não precisa voltar mais, eu não vou te considerar mais, meu filho.

— O senhor não se esqueça de que foi escolha sua.

“Adrien”

— Isso não pode ser verdade. Pai, o senhor tem que falar para ele que está exagerando, tem que ter um jeito de se entenderem 

— Desculpe Adrien, mas estou falando muito sério, se seu irmão teimar com essa loucura de casamento, eu vou deserdá-lo.

“Joshua”

— Eu não preciso do seu dinheiro, vou trabalhar e sustentar minha mulher, pode ficar com todo o seu dinheiro.

Joshua pegou a mala e se despediu de mim, e foi a última vez que vi meu irmão.

Virei para meu pai e tentei saber o motivo da briga, mas ele não me disse e ainda me falou que não era assunto meu.

Por que ele não quer que meu irmão se case?

O que tem de tão grave que impede meu irmão de se casar? Ele nunca me pareceu doente.

Entrei na cozinha e a empregada evita me encarar.

— Você escuta tudo, Maria, por que meu pai não quer que meu irmão se case?

— Senhor Adrien, por favor, eu não quero problemas, já sou bem velha e quero sair dessa casa em um caixão e não expulsa, pergunte para sua tia.

— Maria, não fale assim, você vai viver uns 100 anos.

— Fique tranquilo, meu menino, eu estou treinando a Leslie. Ela vai continuar cuidando de você.

— Ela sabe o segredo?

— Não, Adrien e não vai saber.

— Mas que segredo é esse que todos têm medo de falar? Vou mesmo perguntar à minha tia e ela vai ter que me contar.

Fui procurar a tia Sultana, ela é irmã do meu pai, alguns anos mais nova. Espero que tire minhas dúvidas. Preciso saber para tentar arrumar essa confusão, não posso perder meu irmão assim sem lutar.

Cheguei na casa dela e logo veio me abraçar e me beijar, as bochechas, ela e a representação da mãe que tive.

— Meu querido, o que aconteceu? Por que você veio me procurar? Você brigou com seu pai de novo?

— Desta vez, foi Joshua quem brigou com ele e foi muito feio.

— Seu irmão nunca briga com Henry, no máximo tenta te defender, o que aconteceu?

 — Tia, por esse motivo, vim falar com a senhora, acho que é a única que pode me esclarecer.

— Como assim, te esclarecer?

— Meu irmão saiu de casa, eles brigaram porque meu irmão quer se casar e ele disse que ele não pode.

Vi minha tia mudar até o jeito de olhar.

— Entendi, seu pai não deixa de ter razão.

— Como assim, tia, me explica o que está acontecendo. O que pode ser tão grave a ponto de meu pai deserdar meu irmão?

— É um assunto particular, eu não posso te contar. Você é muito novo e deixa que os dois vão acabar se entendendo.

— Eu duvido. Tia, Joshua saiu de casa e disse que não volta mais. Meu pai disse que vai deserdá-lo e que ele não é mais da família.

— Fique fora desse assunto, continue estudando e se torne um homem poderoso, eu vou esperar sua visita no Brasil.

— Tia, eu perdi meu irmão e agora vou perder a senhora também?

— Eu não vou morrer, você vai poder falar comigo sempre que quiser.

— Não, mas vai estar a quilômetros de distância.

— Meu querido, eu preciso ir, estude e seja o CEO que sei que você tem capacidade para ser.

— Esse seria o lugar do meu irmão.

— Seu irmão é um rapaz inteligente, mas seu pai sabia que ele não ia ser um bom CEO, esse lugar sempre foi seu.

— Mesmo tendo matado minha mãe?

— Você não matou sua mãe, ela morreu por complicações no parto.

— Vou tentar me lembrar disso. Quando a senhora muda?

— Amanhã à noite.

— Vai lá em casa e tenta falar com meu pai, ele não pode simplesmente tirar meu irmão de nossas vidas.

— Vou tentar, mas já te adianto que seu pai, depois que toma uma decisão, é difícil fazê-lo mudar de ideia.

— Por favor, tente assim mesmo.

Voltei para casa e agora me sinto em um velório, a casa está um silêncio e os empregados conversam baixo para não incomodar o patrão, eu me sinto sufocado.

Subi em meu quarto, coloquei minha sunga e fui me exercitar na piscina. Fazer exercício me acalma e ajuda a colocar as ideias no lugar.

Passaram três dias e meu pai ainda mantém o silêncio, sentei na mesa como todo dia de manhã para tomar o café com ele.

— Adrien, você vai para um colégio nos EUA.

Fiquei nervoso, ele vai se livrar de mim?

— O que o senhor quer? Já perdeu um filho e agora vai me afastar também?

— Vou te mandar estudar e se especializar para comandar a nossa empresa, agora eu só tenho você.

— Meu irmão não morreu, ele está vivo.

— Para mim, ele está morto e é por isso que vou te tirar daqui, não quero que você fique procurando seu irmão.

— Mas, pai, eu não tenho nada a ver com a briga de vocês.

— Tem tudo a ver, eu não quero você tomando as dores de seu irmão, sua viagem está marcada para sexta-feira, e não adianta se esconder naquele lugar que você chama de esconderijo que eu te tiro de lá, nem que seja no laço.

— Vou fugir e o senhor não vai me achar nunca mais.

— Já tem seguranças te vigiando, nem tente fazer uma besteira dessas que eu te prendo no quarto.

“Adrien”

  Vi que estava sem saída, fui tirado da minha casa e levado para um colégio, onde tive que aprender a me virar e a sobreviver.

Tenho muitas saudades de Quebec, mas só vou poder voltar quando acabar meus estudos.

**Dois anos depois.

“Adrien”

Estou de férias e meu pai deu permissão para que eu viesse para casa.

Que saudades das minhas coisas, principalmente do meu irmão, mas por aqui nada mudou.

A Maria me disse que um dos seguranças ficou sabendo que Joshua perdeu a esposa igual à nossa mãe no parto e que nasceram duas meninas que ele está criando sozinho.

Fiquei emocionado, sou tio de duas meninas.

Na hora do jantar, meu pai estava até feliz. Conversando e parecia mais aberto ao diálogo, eu resolvi falar.

— Pai, o Joshua agora é pai de duas meninas.

Ele endureceu as feições e me disse.

— Como você ficou sabendo disso, você continua falando com aquele traidor?

— Pai, ele não te traiu e agora o senhor é avô. A mulher dele morreu no parto, Joshua deve estar precisando de nossa ajuda.

Meu pai levantou e deu um murro na mesa.

— Escute bem o que vou dizer, Aidren essas meninas não são minhas netas e nunca serão.

— E eu te proíbo de ir ajudar seu irmão, ele está colhendo o que plantou.

— Mas pai, o senhor passou por isso e sabe o quanto é difícil.

— Eu não estou aberto à discussão, e se não quiser voltar ainda hoje para os EUA, esqueça esse assunto.

Saiu da mesa e percebi que, seja lá o que for que ocasionou a briga dos dois, não vai passar.

Acabaram minhas férias, voltei para os EUA para acabar meus estudos e meu pai não me deixou voltar mais para casa. Da faculdade, já fiquei fazendo estágio na firma de um amigo dele e depois já passei a comandar a empresa por intermédio de uma filial que temos nos EUA.

Quando completei 30 anos, meu pai infartou e aí, sim, voltei para casa. Quando entrei, me senti diferente, a casa é a mesma, nada foi modificado, até meu quarto continua do mesmo jeito.

Assumi a casa e as empresas, tentei falar com Joshua, mas não atendeu minhas ligações, nem sei se ficou sabendo que nosso pai morreu.

Sou considerado bonito e tenho muito dinheiro, as mulheres caem aos meus pés, mas eu não quero relacionamento, só satisfação física e mais nada.

Na casa tem uma governanta que era da confiança do meu pai, acabei me acostumando com ela. Quando Maria se aposentou, ela assumiu a casa.

 É a única que fala diretamente comigo, e mesmo assim não muito.

— Leslie hoje vou para a firma e de lá vou a um jantar, não precisa se preocupar comigo.

— Vai sair com uma daquelas super modelos de novo?

Olhei sério para Leslie, mas não disse nada. Como não consigo ficar nervoso com suas invasões à minha privacidade?

— Vou, sim, e já te disse que você não tem nada com isso.

— Senhor Adrien, desculpe, mas o senhor vai de uma cama para outra toda noite com uma mulher diferente, desse jeito vai acabar pegando uma doença, não é porque elas são bonitas que não têm doença.

— Leslie, minha querida, eu sei me cuidar, e pode ficar tranquila que não vai ficar sem patrão.

— Do jeito que a coisa anda, se você não arrumar uma mulher e se casar, não só eu, mas todos teremos que procurar outro emprego.

— Por quê? Se os funcionários estiverem certos, eu sou um vampiro e vou viver eternamente.

— Pare de brincar, seu Adrien, eu tenho medo dessas coisas e eu já te vi andando no sol, não pode ser um vampiro.

— Posso ser um vampiro diferente.

Dei um rosnado e ameacei correr atrás dela, que foi para a cozinha assustada.

Essa conversa toda começou porque tenho um lugar secreto no jardim e ninguém sabe onde fica.

 Os guardas me veem entrando no jardim e não me veem mais, aí começaram a dizer que fui transformado em vampiro e que a noite vou ao Jardim e viro um morcego para sair voando sem que ninguém veja.

No começo, era engraçado ver o medo que tinham de mim, mas agora isso me irrita.

Mas tudo tem um lado bom, ninguém me questiona, eles são fiéis e confiáveis.

Leslie tem razão, vai chegar uma hora que vou ter que me casar e gerar um herdeiro, mas no momento tem uma morena lindíssima me esperando e vou viver minha liberdade.

Joyce e Jocelynd

**Seis anos depois

Estou na casa de meu irmão, faz 14 anos que não nos víamos, depois que ele saiu de casa brigado com nosso pai para casar.

 Há dois dias, recebi a mensagem de meu advogado avisando que meu irmão se suicidou e deixou a guarda das minhas sobrinhas para mim.

Estou aqui com o bilhete que ele deixou nas mãos e sem saber o que fazer, nunca quis ser pai e agora tenho duas meninas para cuidar.

Meu irmão, você sempre começou as coisas e deixou para eu terminar, mas desta vez você foi longe demais.

"Meu irmão, não consigo mais viver assim, estou deixando Joyce e Jocelynd aos seus cuidados, sei que a mãe delas vai me buscar no inferno para onde vou, mas assim terei a chance de ver seus olhos mais uma vez.

 Juro que tentei, mas cada vez que olho para as meninas, principalmente para Joyce, me dói a alma, sinto tanta falta da minha esposa, agora vou ao encontro dela, cuide bem das meninas, adeus, meu irmão."

Meu advogado me chama:

— Sr. Adrien, achamos o bilhete ao lado do corpo de seu irmão e junto está o documento assinado, lhe passando a guarda das meninas.

 O que o senhor quer fazer com as meninas?

"Adrien"

Fiquei pensando por um momento.

Adrien Maier 's, sou um solteirão convicto, líder de uma das mais fortes indústrias automobilísticas do mundo, nunca quis me casar ou ter filhos, agora sou tutor legal de duas garotas.

Cheguei a pensar na possibilidade de colocá-las em um colégio interno, mas no momento vou levá-las para a mansão, e depois do enterro resolvo.

Falei para meu advogado:

— Leve-as para a mansão e peça para a Leslie cuidar delas por enquanto.

 — O senhor não quer conhecê-las?

— Não…, vou fazer minha parte cuidando para terem uma boa educação, mas não vou ser o pai que elas perderam, não sei como fazer isso e também não quero, se meu pai fosse vivo, elas iriam ficar na rua porque ele não as reconheceu como netas dele.

Este meu irmão idiota e egoísta largou um fardo e um problema para eu resolver. 

Como sempre, desde a infância, ele iniciava as coisas e eu era quem tinha que finalizar.

Ser o mais forte em uma casa não é uma coisa boa, sempre nos deixam os assuntos inacabados para resolvermos.

Dr., veja alguns colégios internos e manda a ficha para que eu dê uma olhada.

— O senhor vai colocá-las em um colégio interno?

— Não resolvi ainda, mas vamos estudar a possibilidade.

— Vou pesquisar e mandar os melhores, para o senhor avaliar.

Joyce fica sabendo que seu tio está na casa e resolve ver para quem seu pai deixou o destino dela e da irmã, mas só o escuta irritado, falando que elas são um fardo.

Do outro lado da porta, escuta seu tio falando e fica magoada.

Fala para si mesma:

“Fique tranquilo, tio, assim que der pego minha irmã e sumo da sua vida perfeita, nós não vamos atrapalhar.”

Viajamos o dia todo, até que chegamos na tal mansão que o advogado disse pertencer à família, minha irmã não parava de chorar, não sei mais o que fazer, agora além de sermos órfãs, perdemos nossa casa e tudo o que conhecíamos como lar e família.

O advogado nos deixou com a dona Leslie, uma mulher de uns 50 anos, muito sorridente e amável, nos abraçou e nos levou para dentro. Gostei muito dela, pena que não vou ficar muito aqui, logo minha irmã havia parado de chorar e estávamos comendo biscoito com leite.

— Vamos, meninas, vou levar vocês ao vosso quarto. O senhor Aidren destinou dois quartos para vocês, mas se quiserem, podem ficar em um só até se acostumarem com as mudanças.

Eu, como sempre, tomei as rédeas da situação.

— Não quero deixar minha irmã sozinha neste momento, D.Leslie, ficaremos em um quarto só.

Jocelynd intervém:

— Joyce, prefiro ter o meu quarto, vamos estar uma do lado da outra, não precisa se preocupar tanto comigo, qualquer coisa te grito.

— Jocelynd, se você prefere assim, está bem. D.Leslie me fala a rotina da casa, não queremos atrapalhar nada, sei que ficaremos pouco aqui, mas mesmo assim não queremos incomodar.

— Não se preocupe com isso, Joyce, devagar vocês vão se acostumando, vamos desfazer suas malas para vocês poderem descansar.

Na parte da tarde, vocês têm o enterro do vosso pai, e o senhor Aidren me mandou ir com vocês.

“Joyce”

— Tudo bem, estaremos prontas e, quanto a desfazer as malas, acho que não será necessário, logo iremos embora daqui.

Onde papai será enterrado?

— Na cripta da família, aqui na propriedade mesmo, Joyce.

-Eu achei que, como ele foi deserdado, ia para o cemitério da cidade.

Jocelynd agradecida, dá um abraço na senhora Leslie, nunca tivemos mãe e nada parecido e nosso pai era distante, então aquela atenção e carinho daquela empregada era o que minha irmã precisava, mesmo sendo paga para isso.

Mas tenho que me manter atenta, ela não pode se apegar senão sofrerá de novo com a separação. 

A Leslie saiu do quarto, eu e Jocelynd tomamos banho e ficamos esperando a hora do almoço.

Eu não comi as bolachas e agora estou me arrependendo.

Meu estômago está doendo de fome.

Se fosse lá em casa, já seria hora do almoço, mas aqui eu não sei. 

Não sei se devemos descer na cozinha ou se alguém vem nos buscar. Resolvi chamar Jocelynd e descer. Minha irmã normalmente é tímida, mas está tão animada com as mudanças que saí do quarto correndo e dá de frente com nosso tio.

Fiquei gelada, meu pai não nos agredia, mas também não era a melhor pessoa do mundo. Se meu tio for igual, vai dar uma bronca em Jocelynd.

A primeira coisa que vi quando olhei para ele foram os olhos tão azuis quanto os meus. Mas ele abaixou a cabeça e falou ríspido com minha irmã.

 — Nossa, menina! Precisa correr tanto? Desse jeito, você pode se machucar ou machucar alguém.

Adrien estava segurando minha irmã pelo braço, ela ficou paralisada de medo, ele é tão grande, não se parece em nada com papai, como podem ser irmãos e terem o mesmo pai e a mesma mãe? Eu, por instinto, puxei minha irmã, Aidren soltou-a e caímos no chão, me levantei e o encarei. Ele pode até ser grande, mas não é dois.  Alinhei minha postura e disse:

— Não encosta na minha irmã, ela não fez por mal. Só está sendo a criança que é.

“Adrien”

Olhei a cena e meu coração parece que vai explodir no peito. Aquela menina me lembrou da minha infância, eu defendendo meu irmão das agressões do meu pai. Vou fazer diferente, não posso deixar esta criança ter a mesma infância que tive.

Falei com a voz mais tranquila:

— Me desculpe, não foi minha intenção assustar vocês, não estou acostumado a ter alguém correndo pela casa feito doido.

Aquela pequena criança levantou-se em pé e, com a cabeça erguida, me encarou, me olhou de cima para baixo, querendo me intimidar.

Os olhinhos tão azuis quanto os meus parecem soltar faíscas. Estou quase caindo na risada, mas me contive.

Fiquei sério e a deixo achar que me intimidou.

Falei:

— Vamos descer para almoçar, senão tomaremos uma bronca da Leslie, por chegar tarde e comer a comida fria.

Elas vão descendo na minha frente e posso observá-las melhor. Joyce tem os olhos azuis como duas safiras e Jocelynd olhos verdes como esmeraldas. Joyce é um pouco mais baixa e Jocelynd mais gordinha.

Se olhar rapidamente, não dá para diferenciar ambas, mas eu já não vou confundir. Joyce tem um fogo no olhar que Jocelynd não tem.

Leslie deve ter nos escutado e veio apressada tentando corrigir sua falha em não buscar as meninas, e com medo do que vou pensar, fala.

— Senhor Aidren preparei tudo para as meninas comerem na cozinha e não incomodarem o senhor.

— Leslie, ponha mais dois lugares na mesa, elas comerão aqui comigo.

-Vão comer com o senhor?

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