(essa é Valentina)
Valentina não fazia ideia de que seu almoço atrasado mudaria o rumo da sua vida. Tudo começou com uma simples sacola de papel pardo. Uma sacola, um nome mal escrito, e um elevador que parou no andar errado.
Val: “Entrega para... L. Ricci?
— disse ela, com a voz esganiçada, já enfiando a cabeça pela porta aberta de uma sala ampla, silenciosa e intimidante demais para ser a da contabilidade.
Um homem sentado à mesa ergueu os olhos devagar. Cabelo preso, terno escuro, e uma expressão de quem já enterrou mais segredos que arquivos. Val sentiu um calafrio. Não era fome — era puro instinto de sobrevivência.
Lorenzo: Você costuma invadir escritórios ou está tentando ser demitida discretamente?— ele disse, a voz baixa e cortante.
Val: Ah. Hã. Você é o Lorenzo? Lorenzo Ricci? Eu trouxe seu wrap de frango!
Ela disse, erguendo a sacola como se fosse um troféu. — Ou talvez de outra pessoa chamada L. Ricci. Talvez o L seja de... Lucas? Luís? Luciano?
Ele se levantou lentamente.
Lorenzo: Você entrou no meu escritório sem ser anunciada. Está carregando uma sacola sem identificação. E está tentando me convencer que isso tudo é só um erro de delivery?
Valentina riu, nervosa.
Val: Você diz isso como se fosse uma desculpa ruim. Mas é exatamente isso que aconteceu!
Ele caminhou até ela com calma felina. Pegou a sacola. Abriu. Olhou. Depois encarou Valentina com leve desprezo.
Lorenzo: Não como frango.
Ela piscou. Duas vezes.
Val: Bom, agora o wrap é seu. Considere um presente. Cortesia da incompetência.
Lorenzo estreitou os olhos.
Lorenzo: Seu nome?
Val: Valentina Costa.
Lorenzo: Agora escute, Valentina Costa. Se isso for algum tipo de truque, você escolheu o escritório errado para brincar de espiã.
Ela riu de novo, tentando achar a maçaneta com a mão atrás do corpo.
Val: Acredite, se eu estivesse espionando alguém, usaria óculos escuros e pareceria misteriosa. Não esse blazer que cheira a cappuccino e desespero.
Ele finalmente sorriu — ou algo próximo disso. Talvez fosse só a boca dele ameaçando um movimento. Mas foi o bastante para Val entender: esse homem era perigoso, elegante, e tinha zero paciência para gente como ela.
Narrado por Lorenzo
Não gosto de surpresas. Surpresas levavam a tiros, traições e promessas quebradas.
Por isso, quando a porta do meu escritório se abriu sem anúncio e uma mulher completamente deslocada entrou segurando uma sacola de papel, logo já pensei em três formas de matá-la — apenas por precaução.
Mas ela falou primeiro. Me fazendo erguer os olhos da pasta com documentos sigilosos, meus olhos fixaram nela com a mesma intensidade com que avaliava inimigos. Cabelo ondulado desgrenhado, blazer torto, tênis em vez de salto. Uma contradição ambulante. E ainda sorria. Deus, ela sorria como se aquele lugar fosse um café e eu fosse um garçom.
Ela era ou muito burra ou muito corajosa. Ambas as opções me intrigavam e nesse momento a questionei ,mas ela gaguejou alguma coisa sobre comida e "wrap de frango". Eu não entendi a metade, mas peguei a sacola. Pesada demais para um simples lanche. Havia algo ali — algo errado, então a questionei mais uma vez, porém a mesma continuava sorrindo. Irritantemente. Como se tivesse caído ali por acidente... e talvez tivesse. O que a tornava ainda mais perigosa.
Quando ela disse seu nome — Valentina Costa — logo o registrei de imediato. Voz clara. Levemente aguda. Não parecia treinada para mentir. Mas também não parecia saber com quem estava falando.
E então ela soltou:
> “Acredite, se eu estivesse espionando alguém, usaria óculos escuros e pareceria misteriosa. Não esse blazer que cheira a cappuccino e desespero.”
Não consegui evitar. Meus lábios se moveram por um instante, um gesto quase imperceptível que, para mim, equivalia a uma gargalhada. Ousada. Inútil. Espontânea.
Ela era um desastre ambulante. Um erro de sistema. Um problema com pernas.
E com toda certeza eu sabia — com o instinto de quem sobreviveu à máfia por mais de uma década — que problemas assim não somem. Eles grudam.
Eu olhei para o frango. Depois para ela.
Valentina Costa.
O nome soava como um problema esperando para acontecer.
E, por algum motivo, ainda não havia chamado ninguém para removê-la
(Esse seria Lorenzo)
Lorenzo não era paranoico.
Era cuidadoso. Preciso. E, quando necessário, cruel.
Valentina Costa podia ter sido só uma secretária azarada... mas o instinto dele dizia outra coisa.
Lorenzo: Sigam ela. Discretamente.
Ele falou baixo, sem erguer os olhos da sacola que ainda segurava.
Dois homens à paisana — Nico e Fabrizio — estavam do lado de fora da sala, como sempre. Em silêncio, assentiram.
Nico: Quer que a gente... tire alguma coisa dela?
Lorenzo: Só observem. Por enquanto.
Lorenzo esperou ouvir o elevador descer antes de abrir a sacola de vez.
Lá dentro? Um lanche de frango... e um pequeno envelope branco com um lacre de cera vermelho. Um símbolo discreto.
Ele ficou imóvel por cinco segundos.
Era o símbolo da família DeLuca.
Rivais. Traidores. E, agora, aparentemente, entregadores de comida.
Lorenzo: Valentina... o que diabos você está fazendo no meu jogo? — murmurou.
—
Enquanto isso...
Valentina andava rápido pela calçada como se o chão estivesse pegando fogo.
Val: IDIOTA, Val, você quase entregou um sanduíche na máfia. Na MÁFIA, realmente não tem amor a sua própria vida mulher.
Falava sozinha, gesticulando demais. O blazer já estava escorregando, o cabelo grudado no batom.
Ela entrou em um boteco, pediu um café forte e sentou num banco olhando nervosamente para trás...
Val: Tomara que isso tenha ficado no passado e aquele homem com cara de morte esqueça de mim... merda falei meu nome pra ele..
Nico e Fabrizio observavam de uma van discreta do outro lado da rua.
Nico: Ela tá falando sozinha?
Fabrizio: Ela tá ensaiando um sequestro?
Nico: Ela tá ameaçando o café?
Fabrizio riu.
Nico: Acho que o chefe se interessou por uma maluca.
Fabrizio: Eu tenho certeza e isso vai nos trazer problemas.
Nico: Mas vai ser bem divertido…rsrs… tê-la por perto.
Fabrizio: Hum.. você diz isso porque é como ela.. ou seja vou passar raiva.
Nico:...rsrs… a vida nem sempre precisa de ser tão amarga como você, por isso faço o possível para viver algo mais leve.
Fabrizio apenas franziu a testa demonstrando não ter gostado da forma que Nico falou…e continuam a observar as trapalhadas de Valentina.
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De volta a Lorenzo
Lorenzo observava pelas câmeras. Sim, ele tinha acesso às câmeras da rua. E do café. E do elevador.
Confiança era uma moeda que ele guardava a sete chaves.
Valentina parecia inocente.
Mas ninguém era realmente inocente naquele mundo, aos seus olhos todos tem um seu lado sombrio de ser.
Ainda assim, havia algo na forma como ela chutava o próprio sapato e xingava a si mesma que o fazia hesitar.
Ele não sabia ainda se ela era uma ameaça, uma isca… ou apenas um desastre natural que caiu no colo errado.
Mas saberia em breve.
E ele odiava admitir: estava curioso, para saber qual seria o jogo que Valentina estava tentando jogar com ele já que a mesma lhe fez uma entrega com um envelope do clã rival.
Lorenzo não tirava os olhos do computador e observava tudo cada detalhe, cada mexida que Valentina dava.. em sua mente só esperava um pequeno deslize da mesma para fazer dela picadinho e acabar com toda essa história de uma só vez.
( Esse seria Nico)
Posto o Fabrizio no próximo capítulo 😍
Continuação ....
Valentina deu o primeiro gole no café e imediatamente se arrependeu.
Val: CAFÉ OU VENENO?
— sussurrou, engasgando com a força da bebida e batendo a xícara no balcão, pois a bebida estava muito ruim.
A garçonete apenas assentiu com desprezo. Afinal era esse o padrão da clientela ali, então já estava acostumada com as reclamações.
Mas havia algo mais. Algo... errado e Valentina podia sentir...
Três segundos depois, Valentina percebeu:
O cara de boné na calçada.
O outro, encostado no poste.
E aquele terceiro... lendo um jornal de trás pra frente. Ninguém lê jornal de trás pra frente. Nem mesmo o Neymar ou outro famoso que eu tenha conhecimento.
Ela congelou, ficou sem reação... até que..
Val: Merda Tô sendo seguida, o que faço agora, pensa Val..pensa.
disse em voz alta, aterrorizada.
Val: MEU DEUS. É o agiota do Carlos. Aquele infeliz vendeu meu nome pra alguma quadrilha e acha que vai me obrigar a pagar sua dívida fazendo isso... Melhor eu da uma olha aqui.
Começou a suar. Mexeu no celular, abriu o app do banco.
R$ 0,14.
Era isso. Ela ia morrer pobre e devendo.
Tentou disfarçar, mas era péssima nisso. Levantou a bolsa como se fosse um escudo, tropeçou no próprio pé e bateu no balcão.
Val: EI SE EU FOR SEQUESTRADA, LEVEM MEU GATO TAMBÉM, ELE É PARTE DO PACOTE E PODE ME FAZER COMPANHIA NO CALABOUÇO SOMBRIO DE VOCÊS— gritou, já saindo do bar com passos rápidos e completamente erráticos.
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Na van da vigilância
Fabrizio: Ela nos viu?
Nico: Claro que viu, você ficou encarando ela como se fosse um fã do Justin Bieber em 2012.
Fabrizio: Ela tá correndo e que desastre.
Nico: Meu Deus ela tá... falando com uma planta?. Isso está muito divertido.
Nico suspirou e logo em seguida deu uma bela gargalhada.
Fabrizio: O chefe precisa parar de se interessar por mulheres problemáticas.
Nico: Essa vai ser a última, pois vai fisgá-lo.
Fabrizio: Cala a boca você está a falar bobeira e se ele ouvir sabe o que pode acontecer.
Nico riu
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De volta a Lorenzo
Ele assistia tudo com um leve levantar de sobrancelha.
Valentina está correndo como uma galinha sem cabeça completamente sem rumo.
Valentina ameaçando ligar pra polícia.
Valentina dizendo para a moça da floricultura:
Val: Se eles me pegarem, diga à minha avó que ela estava certa sobre os homens bonitos de terno... Eles existem e são mal.
Lorenzo passou a mão pelo rosto.
Lorenzo: Sabe o que é pior?— murmurou…Ela não está fingindo. Essa mulher realmente acredita que está sendo perseguida por um agiota que esse tal Carlos enviou.
Ele girou a cadeira, encarando o envelope da sacola de frango que ainda estava em sua mesa.
Lorenzo:Ela não fazia ideia do que tinha entregue.E, pior: agora ela achava que estava sendo seguida por causa de um débito no Serasa...
Lorenzo volta o olhar para o computador e continua acompanhando, o desespero de Valentina e esperando com calma sua hora de entrar em cena.
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