A manhã acabara de abrir os olhos quando os primeiros raios de sol atravessaram as frestas da janela de bambu na pequena casa no extremo sul da aldeia. Lá dentro, uma jovem ratinha despertava de seu sono, com os cabelos levemente bagunçados e o canto de um galo ecoando ao longe.
Seu nome era Clarisa. Uma ratinha do campo, simples, com um grande entusiasmo e um coração caloroso. Era conhecida por ser gentil, prestativa e sempre a mais disposta a ajudar sua mãe logo cedo. Naquele dia, como sempre, a rotina se repetia.
"Clarisa, ajuda a mamãe a estender os amendoins e leva o pão até a casa da Dona Tika, tá bom?" disse a voz suave da mãe vinda da cozinha.
"Tá bom, mãe! Clarisa está a caminho!" respondeu animada.
Ela logo arrumou os cabelos, vestiu sua saia simples com estampa de flores do campo e começou a varrer o quintal enquanto cantarolava. Seu irmão mais velho, Sano Manjiro mais conhecido como Mano Mikey pelos moradores da vila apareceu bocejando.
"Maninha Clarisa, você acordou tão cedo! Ainda tava escuro"
"Mano, tenho que chegar mais cedo hoje! Tem muitos pedidos de café na Starbucks!"
Mikey riu baixinho e bagunçou o cabelo da irmã. "Então se cuida, tá? A cidade não é tão segura quanto a vila. Os ratos da cidade às vezes não têm coração."
Clarisa apenas riu. Para ela, a cidade era cheia de mistérios e encanto. E naquele dia, por algum motivo, sentia que algo diferente estava prestes a acontecer.
Na região central de Tóquio, mais precisamente no distrito nobre de Shibuya, três figuras aristocráticas se destacavam entre os demais. Eles eram príncipes do reino animal, jovens líderes com grande influência e habilidades extraordinárias.
Matsuno Chifuyu, o Príncipe Gato, estava sentado tranquilamente na varanda do palácio. Seus olhos verdes observavam o céu azul pálido da manhã, mas seu coração estava envolto em tédio. Embora fosse o herdeiro da liderança dos gatos em Tóquio, desejava algo mais simples.
"A manhã parece calma mas tenho certeza de que o caos ainda não acabou," murmurou.
Do outro lado da porta, dois de seus grandes amigos se aproximaram:
Hanemiya Kazutora, o Príncipe Tigre, forte e protetor, com espírito aventureiro.
Baji Keisuke, o Príncipe Lobo, selvagem e imprevisível, mas leal e intuitivo.
"Você não cansa de carregar os problemas da cidade nas costas, Chifuyu?" provocou Baji, jogando-se no sofá.
Kazutora completou: "Às vezes eu queria ser como os camponeses. Viver em paz, sem política, sem guerras entre clãs."
Chifuyu esboçou um leve sorriso. "É por isso mesmo vamos até lá. A Aldeia dos Ratos perto da fronteira com Tóquio. Quero ver com meus próprios olhos como é o mundo deles."
Enquanto isso, Clarisa já estava na Starbucks na pacata vila de Nekonara, uma região tranquila que ligava a cidade ao território dos ratos. O lugar não era grande, mas bem movimentado de manhã. Usando seu avental verde e um pequeno boné, Clarisa preparava pedidos com agilidade e simpatia.
"Um caramel latte, dois vanilla cold brew e um cappuccino quente para a Senhora Chefe da Aldeia," murmurava enquanto arrumava a bandeja no balcão.
Durante uma pausa, sentou-se no canto da sala de descanso e olhou pela janela Foi então que viu três figuras entrando na cafeteria.
Um jovem de cabelo loiro pálido e olhos verdes intensos entrou acompanhado de dois outros rapazes igualmente marcantes. Mesmo usando roupas casuais, exalavam uma presença diferente de todos ali.
Clarisa não sabia, mas aqueles três estavam prestes a mudar sua vida para sempre: Matsuno Chifuyu, Hanemiya Kazutora e Baji Keisuke.
E ali começava a história deles.
"Bom dia! Sejam bem-vindos à Starbucks! Posso ajudar?" Clarisa sorriu educadamente atrás do caixa.
Chifuyu se aproximou com elegância e olhou o menu sem muito interesse. "Um café preto. Sem açúcar."
Kazutora pediu em seguida. "Latte de baunilha, quente."
Baji, com seu jeito descontraído, cutucou Kazutora. "Eu quero um caramel macchiato, com dose extra e muito chantilly."
Clarisa anotou tudo rapidamente, embora sua mente não conseguisse parar de pensar no loiro de olhos verdes. Sua voz calma, sua postura ele definitivamente não parecia um simples visitante.
"Podem se sentar. Eu levo os pedidos até a mesa," disse Clarisa, entregando o número da comanda.
Eles escolheram uma mesa no canto, longe dos outros clientes. Chifuyu observava o ambiente com atenção.
"Tem certeza de que é seguro parar aqui?" cochichou Kazutora.
Chifuyu assentiu. "Ninguém nos reconhece aqui. Somos apenas três viajantes indo para a Aldeia dos Ratos."
Clarisa caminhou até a mesa com a bandeja. Ao colocar o primeiro copo o café preto sua mão tremeu. Quando olhou diretamente nos olhos verdes de Chifuyu, congelou.
E então
"A-Ah!"
O copo de café caiu de suas mãos, derramando-se sobre o paletó escuro de Chifuyu.
Clarisa empalideceu. "A-Ai meu Deus! Desculpa! Desculpa mesmo! Foi sem querer!"
Apressadamente, pegou um lenço do bolso do avental e começou a limpar o peito de Chifuyu.
Chifuyu não reagiu. Seus olhos arregalados não estavam focados no café mas sim na proximidade inesperada.
"E-Eu me desculpa! Estou muito perto, né?" Clarisa se afastou rapidamente, com o rosto vermelho.
Kazutora deu uma risada. "Que recepção calorosa, hein. Literalmente."
Baji completou: "Ela é a única barista que conseguiu jogar café em Chifuyu e sair viva."
Chifuyu sorriu suavemente. "Está tudo bem. Na verdade quem deveria pedir desculpas sou eu, por deixar você tão nervosa."
Clarisa o encarou, o coração acelerado. Havia algo nos olhos verdes dele que fazia com que não conseguisse desviar o olhar.
"Vou preparar outro café. Por conta da casa!" disse ela, virando-se rapidamente para o balcão.
Chifuyu a acompanhou com o olhar.
"Interessante," murmurou.
Kazutora cruzou os braços. "Tá olhando pra ela como se fosse um tesouro."
"Não é mais como algo que nunca vi antes."
Pela primeira vez naquela manhã, Chifuyu sentia que talvez o dia fosse valer a pena. Talvez, estender a estadia na vila não fosse uma má ideia. Quem sabe ele encontraria ali algo mais precioso do que paz.
Alguns minutos depois, antes de sair da cafeteria, Chifuyu se aproximou novamente do balcão.
"Clarisa," chamou ele. A garota se virou depressa.
Chifuyu tirou um pequeno cartão dourado do bolso interno do paletó e o entregou.
"Convite dourado," disse em tom sereno. "Para um pequeno jantar amanhã à noite, na hospedaria onde estamos. Quero que venha. Como forma de agradecimento."
Clarisa olhou para o cartão com olhos arregalados. Em meio ao nervosismo, apenas conseguiu assentir com a cabeça.
No fundo, ela sabia: aquilo não era apenas um convite qualquer.
Era o começo de algo muito maior.
Clarisa segurava o pequeno cartão dourado entre os dedos enquanto voltava para casa naquela noite. A luz da lua refletia em seu brilho, como se o destino estivesse sorrindo para ela. O coração acelerado, pensamentos embaralhados entre nervosismo, empolgação e curiosidade.
Ao chegar, encontrou Mano Mikey deitado na rede com uma fatia de melancia.
Ué, por que essa cara de quem ganhou uma surpresa gigante? provocou ele.
Clarisa se sentou ao lado dele, segurando o cartão como se fosse um tesouro.
Mano fui convidada para um jantar. Por um dos clientes de hoje à tarde.
Mano ergueu a sobrancelha.
Cliente? Qual deles?
Ela mordeu o lábio.
Aquele loiro de olhos verdes o que eu acabei molhando com café sem querer.
Os olhos de Mano se arregalaram.
Aquele elegante? Aquele que parecia um príncipe?
Clarisa assentiu devagar.
Ele é mesmo príncipe, Mano. Matsuno Chifuyu. E ele me deu isso.
Mano pegou o cartão e assobiou baixo.
Clarisa isso é sério. Tem certeza que quer ir?
Ela olhou para as estrelas no céu.
Não sei por que, mas sinto que devo ir.
Na manhã seguinte, Clarisa acordou mais cedo, mas com mãos trêmulas. Abriu sua antiga caixa de bonecas e escolheu um vestido de algodão branco com pequenas flores. Simples, mas era o melhor que tinha.
Preciso parecer apropriada.
Ela prendeu os cabelos num coque baixo, deixou duas mechas soltas e colocou um colar com pingente de flor que era da mãe. Finalizou com um perfume floral suave.
Antes de sair, Mano a chamou.
Leva isso disse, entregando um lenço cor de rosa suave. É da nossa mãe. Dizem que traz bênçãos.
Clarisa sorriu e guardou o lenço com carinho, levando um pedacinho de casa consigo.
Quando chegou à hospedaria real, o céu se tingia de laranja e a brisa trazia o aroma de flores elegantes. O coração dela palpitava com cada passo.
Na entrada, dois guardas de manto longo a observaram em silêncio.
Você é quem? perguntou um, desconfiado.
Clarisa engoliu a seco, mostrou o cartão e murmurou:
Meu nome é Clarisa. Fui convidada.
Eles abriram passagem, conduzindo-a por um jardim iluminado por lanternas e coberto de pétalas, até o salão.
O salão estava impregnado de atmosfera romântica: mesas com velas, cortinas de seda esvoaçantes e música suave preenchendo o ar. Criados em trajes reais serviam os convidados com elegância.
No centro, Chifuyu o Príncipe Gato vestia um terno branco com detalhes dourados, e o cabelo loiro impecável. Ao ver Clarisa, seus olhos verdes mostraram surpresa, seguidos de um sorriso discreto.
Você veio.
Ela sorriu timidamente, curvou-se levemente e respondeu em voz baixa:
Fico tão feliz por ter sido lembrada. Muito obrigada.
Ele estendeu a mão:
Então me permita mostrar como funciona a verdadeira hospitalidade da realeza.
Sua mão era fria, mas incrivelmente suave. Ao encontrarem-se no centro da sala, Clarisa sentiu um pequeno tremor entre seus dedos.
O jantar começou com entrada perfumada e refinada. Embora alguns olhares curiosos se voltassem para ela, Chifuyu parecia alheio. Ele chegou a puxar a cadeira para convidá-la a sentar e puxou conversa sobre sua vida simples na vila, o trabalho na Starbucks e seu amor por cafés.
Clarisa relaxou aos poucos. O sorriso gentil de Chifuyu a fazia sentir-se acolhida num lugar desconhecido.
No entanto, no balcão superior, alguém observava: um homem de cabelos negros e olhar intenso.
“É ela a ratinha do campo que conquistou a atenção de Chifuyu.”
Kazutora e Baji, sentados próximo ao príncipe, trocaram olhares.
Viu o que eu vi? sussurrou Kazutora.
Ela é diferente. Tem algo único nela respondeu Baji.
Ou alguém quer que ela seja diferente comentou Kazutora em tom baixo, franzindo o cenho.
Após a sobremesa, a música mudou para uma valsa clássica. Vários convidados se levantaram para dançar. Chifuyu, então, estendeu a mão para Clarisa:
Quer dançar comigo, Clarisa?
Ela hesitou. Jamais dançara com um príncipe, mas ao olhar nos olhos verdes dele e sentir sua mão suave, não resistiu:
Eu aceito.
No centro, ela se sentia tonta, mas ele a guiava com calma. A perfume de flores no ar, a luz das velas, sua segurançhanana mão era como flutuar.
Você aprende rápido elogiou Chifuyu.
Deve ser culpa do professor sussurrou ela, com rosto corado.
Risos suaves ressoaram entre o som da valsa.
No silêncio ao redor deles, Clarisa ouviu o príncipe murmurar próximo ao seu ouvido:
Sua presença esta noite é importante não só para mim, mas para algo maior.
Antes que ela pudesse responder, uma voz ecoou do alto:
Chifuyu!
Todos direcionaram o olhar ao balcão. Um homem de terno preto encarava o príncipe com severidade:
Em que cabeça você teve ao trazer uma "rata do campo" para um evento real?!
Chifuyu ergueu-se protetor, recuando Clarisa:
Ela é minha convidada. Ninguém a toca sem minha permissão.
Silêncio absoluto. A atmosfera agora estava tensa e, acima de tudo, real.
De repente, as lanternas balançaram com uma rajada de vento que entrou pelas janelas. Um som de seda rasgando ecoou. Dos fundos do salão, uma figura surgia: um homem com máscara prateada e capa longa, avançando lentamente, porém perigoso.
Clarisa venha comigo. Você não pertence a este lugar.
Ela paralisou. A voz era familiar. Chifuyu investiu-se:
Quem é você?
O homem permaneceu calado, mas os criados recuaram de imediato. Kazutora e Baji se ergueram em alerta.
Príncipe, é um membro da Clã das Sombras do Leste informou Baji.
Eles estão em movimento de novo complementou Kazutora.
Chifuyu retirou a espada da cintura. O salão mergulhou em tensão, e os nobres recuaram.
Se tocar nela você enfrentará o sangue real de Shibuya.
Antes que a batalha começasse, Clarisa avançou, trêmula:
Esperem! Eu eu reconheço essa voz!
Todos se calaram. Ela ergueu o queixo e encarou o homem mascarado:
Você é aquele que me salvou quando eu quase me afoguei no rio, lembra?
O homem hesitou e, lentamente, retirou a máscara, revelando um rosto jovem, porém com olhos vermelhos.
Clarisa finalmente se lembrou. Mas ainda não sabem quem você realmente é. E eu não permitirei que te usem.
O príncipe a fitou pedindo explicação:
Do que ela está falando? Quem é você de verdade, Clarisa?
Ela silenciou, mas um passado enterrado começou a ressurgir em sua mente.
Naquela noite, não foi só um jantar real. Foi o início de uma jornada que ligaria o destino da ratinha do campo aos reinos dos animais.
Após o incidente com a máscara e a tensão no salão na noite anterior, o clima na estalagem real permaneceu carregado. No entanto, a noite não terminou em violência. A figura misteriosa que havia retirado a máscara e alegado conhecer Clarisa desde a infância era Inupi um observador neutro da região central. Seu objetivo não era sequestrar ou ameaçar, mas alertar que havia membros dentro do palácio que se opunham à presença da “pequena ratinha do campo”.
Na manhã seguinte, a atmosfera no palácio estava tensa. Criados cochichavam nos corredores, conselheiros circulavam com semblantes preocupados e uma sessão emergencial foi convocada na sala do trono.
“Não podemos ignorar: houve uma infiltração do clã Sombrio no salão do palácio”, alertou um conselheiro sênior, a voz trêmula.
“E falaram diretamente com a filha de um camponês, cuja origem é desconhecida”, acrescentou outro.
Chifuyu permaneceu calmo, observando todos com atenção. “Clarisa não representa ameaça. Inupi veio alertar, não ferir.”
Uma nobre retrucou: “Mas, Príncipe, a presença de Clarisa está causando rebuliço. Líderes de outras regiões questionam se é prudente abrir os portões aos plebeus.”
Kazutora bateu levemente na mesa: “Não podemos permanecer estáticos por medo da mudança.”
Um silêncio se instalou, denso como neblina noturna.
O próximo encontro foi realizado nos jardins da estalagem. A névoa da manhã refletia delicados pontos de luz nas flores que desabrochavam. Clarisa caminhava lentamente, dividida entre a curiosidade e o nervosismo.
De repente, Chifuyu surgiu por trás de uma magnólia, trajando roupas formais e descontraídas.
“Já acordou preocupada, ratinha?” perguntou docemente.
“O desculpe, Senhor Chifuyu só precisava de ar.”, respondeu ela, virando-se rapidamente.
Antes que continuasse, passos firmes ecoaram pela alameda. Uma jovem felina surgiu, vestida elegantemente em roxo. Sua presença fez os servos se curvarem em respeito.
“Chifuyu”, disse com voz fria. “Ouvi dizer que dançou com uma ratinha ontem.”
Clarisa enrijeceu e baixou os olhos. Chifuyu ergueu o peito. “Clarisa é minha convidada. Tem direito de participar, sim.”
A jovem aproximou-se, olhando-a nos olhos. “Sou Akasaka Reina, princesa do Clã Gato Ocidental e prometida política de Chifuyu-sama.”
Clarisa engoliu em seco e Chifuyu falou rápido: “Isso foi apenas uma proposta do seu pai. Eu não aceitei.”
Reina sorriu de forma gélida. “Talvez você não compreenda este mundo, ratinha. No palácio, todos os passos são vigiados; nem toda gentileza é sincera.”
Ela respondeu com gentileza: “Não busco usurpar ninguém. Só fui convidada.”
Reina inclinou-se e sussurrou: “Já tomou mais do que imagina.”
O silêncio pairou, tenso como um fio prestes a arrebentar, até que uma voz suave interrompeu o embate.
Mitsuya surgiu por trás de arbustos. “Parem. Este não é palco para intrigas políticas.” O cabelo prateado iluminou-se sob a luz da manhã.
“Bom dia”, cumprimentou com serenidade. “Clarisa, gostaria de me acompanhar até a ala oeste do jardim? As flores lá estão esplêndidas.”
Aliviada, Clarisa acenou e os dois caminharam pela trilha de pedras.
“Obrigada, Mitsuya-san”, ela sussurrou. “Você sempre chega na hora certa.”
Ele encolheu os ombros: “Não é sobre tempo, mas intenção. Não gosto dessa pressão política.”
“Também não”, disse ela. “Tenho medo de criar problemas apenas por estar aqui.”
Mitsuya cruzou os braços e olhou fundo em seus olhos: “Se alguém teme perder seu lugar por causa da sua presença, então não merece esse lugar.”
Algum tempo depois, na sala de audiências, a tensão alcançou o auge.
“Uma plebeia interferindo nos assuntos reais!”, exclamou um nobre indignado.
“Silêncio!”, rugiu Chifuyu. “Eu convido essa jovem e assumo toda responsabilidade.”
A expressão nos rostos de Baji e Kazutora refletiu respeito e alívio.
À noite, Clarisa permaneceu no parapeito da sacada de seu quarto, segurando o lenço rosa de Mano um símbolo de afeto e bênção. Ela lamentava a simplicidade de seu vilarejo, sentindo a tempestade emocional crescer.
De súbito, um rápido toque na porta.
“Clarisa?”, chamou uma voz suave.
Era Chifuyu, segurando duas xícaras de chá fumegantes.
“Desculpe pelo confronto com a princesa Reina. Vim saber se você está bem.”
Ela pegou a xícara e respondeu: “Obrigado, mas não precisa se desculpar. Foi apenas um susto.”
Chifuyu colocou a xícara no guarda-corpo e pousou sua mão suavemente no joelho dela: “Se quiser voltar para casa, entenderei. Mas se decidir ficar, prometo protegê-la de qualquer forma.”
Clarisa ergueu o rosto e encarou os olhos dele: “Quero ficar não por você ser príncipe, mas para descobrir quem sou.”
Abaixo do luar, Chifuyu passou a ponta do dedo pela face dela: “Se é assim, então quero caminhar ao seu lado nessa jornada.”
De repente, um clarão iluminou o horizonte, ao norte do palácio. Alarmes soaram na torre de vigilância. Ambos se ergueram em alerta, o corpo tenso.
“Nos atacam?”, perguntou Clarisa com receio.
“Ops, vamos”, respondeu Chifuyu. “Pode ser perigoso.”
Antes que pudessem se mover, duas silhuetas se ergueram no pátio, chegando em silêncio. Vestidos com uniformes escuros e óculos discretos, eram agentes da guarda real.
“Viemos proteger Clarisa”, disse um deles com firmeza. “Há uma ameaça dirigida a ela.”
Chifuyu franziu o cenho: “Quem autorizou isso?”
“Foi ordem do Secretário de Segurança do Sul, em nome do Clã Pássaro.”
Clarisa segurou o braço dele: “Eu gostaria de falar com eles pessoalmente. Mas, por favor, fique comigo.”
Ele agarrou sua mão e sorriu: “Você não ficará só. Jamais.”
Eles seguiram em uma viatura até um acampamento do Clã Pássaro. A chegada foi discreta; Clarisa e Chifuyu foram conduzidos a uma sala de recepção.
Em vez de jovens príncipes, receberam uma mulher de olhar cortante e postura austera Ruri, conselheira sênior do clã.
“Clarisa”, falou com voz grave, “nosso clã só intervém em assuntos externos quando há risco real. Você chamou atenção por se relacionar com ideologias radicais, que podem desestabilizar as alianças.”
Chifuyu interveio rapidamente: “Ela é apenas uma camponesa. Suas palavras são exageradas.”
Ela assentiu: “Não acuso, apenas observo. E ofereço proteção, se for necessário.”
Clarisa curvou a cabeça: “Agradeço sua atenção, mas desejo causar o mínimo de incômodo ao reino.”
Ruri sorriu levemente: “Sua postura demonstra sabedoria. Mas saiba: muitos agora olham para você nem todos com intenções amigáveis.”
Quando retornaram ao palácio, Clarisa permaneceu em silêncio, olhando o céu estrelado de seu quarto.
Ela sabia: desde a noite do baile, sua vida mudou para sempre.
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