A festa de Halloween acontecia com músicas da Taylor Swift e Shawn Mendes. Nem um pouco macabra. Gwen revirou os olhos. Queria algo mais de terror. Numa floresta, uma fogueira grandiosa... Mas ia sair do controle.
E sabia que o daemon com que trabalhava também estava entediado em ter que ajudá-la nas tiragens, uma voz no ouvido, uma intuição certeira e uma aura que só os mais sensíveis sentiam.
Talvez uma Lady Gaga rolasse às vezes nas músicas e trhiller do Michael Jackson certamente só por moda. Jovens dançando com fantasias sensuais, exemplo, enfermeira sexy sangrenta e Frankenstein sem tanta maquiagem.. Alguns com cantis de bebidas alcoólicas escondidas misturando ao ponche não alcoólico ofertado pela escola.
Havia decorações de esqueletos, bruxas, teias de aranha no ginásio. Atrações como ela e uma menina que sabia fazer acrobacias com fogo. Os copos eram crânios, os ponches colocados em caldeirões, na cor vermelho sangue com olhos de mentiras monstruosos e comestíveis boiando como a poção nojenta de uma bruxa. Biscoitos de esqueletos, docinhos que pareciam ovos de aranhas e bolos como se fossem cemitérios e covas.
A moça se mantinha na mesa com o baralho de tarô. Quieta e na dela. Halloween era como o natal para Gwen. Ninguém a convidou e foi ali para trabalhar e como monitora também do professor que era seu crush.
Alguns professores se voluntariaram para vigiar as festas da escola, assim como alguns pais de alunos.
O professor de Literatura, Jason Aimos, escolheu estar perto de Gwen e cuidar da parte da organização do espetáculo dela. Era um homem bonito nos seus vinte e nove anos e havia terminado com a namorada.
Jason e Gwen eram próximos, mas ele nunca foi além com ela, por respeitá-la e querer esperar que não fosse algo criminoso. Apesar de também corresponder o sentimento dela ou dela o ter obrigado com uma amarração a corresponder. Detalhes.
Gwen, era uma menina alternativa, de cabelo curto preto com mechas vermelhas, baixinha, gordinha, de unhas pretas e vestidos sempre escuros, uma tatuagem de serpente no braço para cobrir os cortes antigos de automutilação e uma de escorpião no pescoço. Ela era alguém que passava um mistério e aura intimidante diariamente e não só naquela festividade.
Fosse a roupa estilo Morticia Adams, que não usava só no Halloween. Ou o fato de tirar as cartas, também as previsões certeiras e o evidente fascínio pelo oculto seguida pela paixão por Lord Byron que a uniu ao professor, Havia em si, algo de sinistro e intimidante.
E pessoas que já fizeram bullying com ela já se deram muito mal. Como uma garota que a chamava de satanista e sofreu um acidente que quebrou o pulso e o osso ficou exposto. Depois disso ninguém mais disse uma única palavra sobre Gwen. Ninguém!
Então, quando o capitão do time de basquete, Thomas Grayson, se sentou na frente dela na mesa e colocou os cinco dólares que ela cobrava, e que estavam escritos numa plaquinha como o valor da tiragem, ela estranhou muito, mas não disse nada.
— Sua pergunta é sobre amor, trabalho... dinheiro? — pergunta automática da cartomante já entediada.
— Minha ex... a Sam... Ela volta pra mim? As suas cartas podem dizer isso?
Gwen mirou Samantha Summers dançando com o capitão do time de futebol americano, bem feliz, e nem precisava tirar as cartas para ter uma resposta.
Mas, mesmo assim, ela o fez, por respeito ao consulente. Mas já intuía que a resposta não ia agradar.
Cortou o baralho roxo com desenho de estrelas em três montinhos. Cada montinho representava passado, presente e futuro.
— Vá em frente, faça sua pergunta mais detalhadamente. Pensando nela tire três cartas de cada montinho. — Incentivou Gwen.
Ele perguntou ao baralho:
— A Samanta ainda me ama? Ela volta para mim?
Ele tirou as cartas sem virá-las só colocando já frente dos montinhos. Gwen as virou.
No passado, saiu:
Rainha de Paus, Sete de Espadas, Três de Espadas.
Era óbvio. Samantha o havia traído.
No presente, saiu:
Morte, Julgamento e Mundo.
A relação dela com Thomas realmente morreu. Ela teve um novo começo com o novo rapaz, se sentia mais viva mesmo sendo julgada por todos. E com o mundo era fim de ciclo com Thomas e o começo com Aeron.
No futuro, saiu:
Quatro de Paus, Dois de Copas e Roda da Fortuna.
Comemoração. União. Destino. Samantha e Aeron eram mesmo destinados.
Ela não sentia mais nada por Thomas. Talvez nunca tenha sentido.
— E aí, vai encarar a noite toda essas cartas aí? — exigiu o idiota impaciente.
— Ela te traiu. — Soltou Gwen sem pensar. O garoto gelou. Ele e Sam falavam para os amigos em comum só que tinham terminado amigavelmente; ninguém sabia da traição exatamente como uma certeza para não ser mais humilhante ainda. — Não vejo volta. Mesmo com todo mundo a julgando por namorar tão rápido depois do término de vocês, ela está feliz com ele. Eles dois estão destinados a ter um futuro...
Ela mal terminou de falar, e ele virou a mesa dela, desesperado. O desespero chamou a atenção da sombra que seguia Gwen, que estava bastante entediado antes.
Contudo, também causou comoção num monte de gente. Inclusive do professor Jason, que era quem ajudava na fila para o tarô.
— Você não sabe de nada... fica bancando a mística e... — Acusou balbuciando um Thomas, angustiado. Amava mesmo Sam. Ela foi a primeira namorada dele. Tinham planejado tantas coisas juntos.
— Tenha respeito com ela, rapaz. — O professor se colocou no meio deles, mantendo Thomas longe dela.
Mas Gwen acertou tudo. E o Thomas, ele estava com medo e assombrado, e ao mesmo tempo com raiva e com ego ferido.
O professor de Literatura, que assistia a tudo, ia intervir mais profundamente e o tirar da festa, mas Gwen fez um movimento de “pare” com a mão, se lembrando do Três de Espadas que viu no passado de Thomas. Então, empática pela dor de cotovelo dele, deixou a explosão para lá e respirou fundo.
— Eu não minto para satisfazer seu ego e não faço devoluções. Você queria saber, e eu disse. Não me culpe. Não mate o mensageiro ou algo assim. — Falou severa, recolhendo as cartas com a ajuda do professor dela. E também o dinheiro que caiu da cestinha. Ia até a vela dourada que acendeu para o rei Paimon, que caiu, mas se mantinha acesa, contudo, notou algo.— Mas, caso queira interferir no destino deles... posso te dar uma opção.
Disse ela de repente ao escutar um sussurro e ver um tremular na vela que caiu, e ainda acesa, a cera que escorreu fez um sinal de corte apontado justamente para Samantha e Aeron. Gwen aprendeu a interpretar sinais. O destino podia ser cortado em prol de Thomas. Rei Paimon queria isso.
Ela terminou de recolher as cartas, agitada pela possibilidade. Apagou a vela com saliva e os dedos. A cera no chão formado uma reta dourada que apontava para onde Samanta Aeron dancavam.
O professor entregou algumas cartas que recolheu a Gwen. Para o desespero e angústia suprema, na mão dele tinham , dois de Copas, enamorados, julgamento e a Roda da Fortuna. Eles eram destinados, mas era difícil.
Gwen corou quando viu as cartas, engoliu em seco e sorriu em gratidão ao professor, que apenas sorriu de volta, mesmo aflito que alguém pudesse perceber. Ele tinha prometido: depois da formatura, quando ela fosse maior de idade e estivesse na faculdade. Foi o que ele disse.
Thomas a estudou e resmungou, ainda ouriçado:
— Do que está falando? Seja mais específica, Williams.
Gwen pegou a mão dele e o puxou para fora da festa de Halloween, para conversarem sobre a proposta que o rei Paimon queria fazer longe da baderna. Então, só pararam no armário do zelador.
Ela guardou o tarô e o dinheiro na caixa sob o olhar atento dele e colocou na mochila de lado que usava.
Ela parecia tão destoante de todo mundo que Thomas conhecia.
— Podemos fazer um feitiço de corte entre eles, depois um para fazer você ser o destino dela e não ele... Você parece desesperado... O... meu... Guardião... me sussurrou essa opção e... Mostrou sinais que pode me ajudar a fazer.
Só que Thomas estava quente de repente, com ela tão perto, preso com ela ali. Uma quentura na pele e na alma. De repente, com os braços e as palmas das mãos na parede prendia aquela menina estranha contra a parede, e conversavam no cubículo do zelador de luz apagada, cuja única iluminação vinha da penumbra do corredor da escola. A pele dele ardeu por toque. Pelo toque dela.
Ela tinha algo tão magnético... o corpo era mais encorpado, mas não menos atraente, inclusive com os vestidos colados e sensuais góticos com espartilho. E os seios pareciam tão macios naquele decote... Aquele colar choker o fazia fantasiar coisas estranhas de sufocá-la e a ter de quatro. Era difícil orbitar perto dela. Sufocante.
A respiração dele pesou, e quando deu por si já estava a beijando violento, cheio de tesão, murmurando desculpas por ter desfeito a mesa dela contra os lábios gostosos dela... e a puxando pelo cabelo curto com brutalidade que Samantha odiava porque ia além de ter uma boa pegada, porque era mais doentio e primitivo, mas Gwen não protestou.
— Desculpa... Hm... — Murmurou mordendo os lábios dela, maldoso e cruel, como sempre quis ser com Sam. — Só me irritou que você disse que eles eram destinados.
— Desculpo... Sei como isso dói. Eu também já passei por isso. — respondeu ofegante e descabelada pelos puxões dele.
— E o que você fez a respeito? — Questionou curioso.
Ela sorriu travessa e maldosa.
— Os separei. — Respondeu simplória e deu de ombros. — Mas agora ele quer esperar um tempo para ficar comigo. Depois da escola.
— O professor Jason... — Murmurou Thomas incrédulo. — Você foi a culpada dele ter se separado da professora Anderson...
— Isso não vem ao caso. — Respondeu Gwen com o pescoço altivo. — Eu quis algo e peguei para mim.
Thomas ria incrédulo da insanidade, mas fazia sentido. Mesmo com todo o visual, ela ainda parecia inofensiva. Então saber que ela era capaz de algo assim era estranhamente atraente.
— Seus lábios são tão macios, sabia... Mas você é venenosa? Eles dizem que você é uma bruxa... Você é? — murmurou rendido e enfiou a língua na boca dela, a língua dela encontrou a dele sem timidez enquanto o beijo ardente continuava.
— Sou e não das boazinhas. — Confirmou sem medo e a mão dele subiu a coxa dela, tocando a pele na meia arrastão. — Mas o truque dos lábios... eu esfolio os lábios com açúcar e canela. Açúcar ajuda a tirar a pele morta e a canela os pinica um pouco e os deixa mais inchados e atraentes. Mas isso não vem ao caso... você quer o feiti...
A respiração dela também estava pesada... Ele roubou outro beijo dela, a calando e alucinado. Era só um amassar de lábios no início, para se conhecerem. As vezes tentava com a língua e ela começou a tocar a calça dele também, quando sentiu o volume.
— Vai querer o feitiço...? — Repetiu contra a boca dele, mordendo o lábio inferior dele e o segurando pelo queixo com pegada, o parando. — Responde, lindo. Quer o feitiço para ela ser só sua? Eu faço...
— Me acha lindo? — perguntou ele, escondendo o rosto no decote dela. A autoestima dele estava um lixo depois de ser traído. Isso ajudou um pouco e acabou beijando os seios dela. — Quer que eu te coma?
— Boa parte da escola inteira gosta de você e quer ser comida ou comido por você. Não sabia disso ou se faz de tolo? — respondeu o ajudando e sem hesitar.
Ele guiou a mão pela saia dela e depois para dentro da calcinha dela.
— Perguntei se você quer....
Thomas guiou a mão entre as pernas dela, a calcinha úmida, enfiou os dedos, tremeu quando sentiu a umidade entre as pernas dela e a masturbou no clitóris depois enfiando os dedos.
Um gemido.
Tinha algo selvagem nela. Ele viu uma sombra com chifres ao redor dela, achou que estava louco. Mas continuou mesmo assim, movendo os dedos, tendo o balanço dos quadris e lambendo os seios alucinado enquanto o fazia querendo entrar nela também.
Já estava atiçado demais. Não conseguia raciocinar. Um mistério, era algo além do corpo. Uma escuridão atraente, má e viciante. Um ímã. Mas o estopim foi quando Thomas viu Samantha saindo com Aeron Thompson da festa, rindo e o beijando de mãos dadas no corredor para se pegarem também.
E o amargor e as lágrimas involuntárias o fizeram beijar os lábios doces e venenosos de Gwen mais uma vez, buscando consolo e enfiar os dedos com mais força e arrancar sons altos dela.
E a raiva pela traição e por tudo se desfez como mágica, como se ela se alimentasse de sua dor e o desse êxtase em troca.
A encostou contra a parede, os seios e o peitoral forte dele juntos, e respirou contra o pescoço dela. Queria mesmo transar com Gwen... Ela gozou abafando os sons manhosos contra a boca dele. Ele deu uma risadinha. Se deu conta de que ficou de pau duro e queria agora só se enfiar nela e esquecer a traição fodida da menina que amava.
— Ela tá olhando pra cá, se serve de consolo... — riu Gwen, pensando que ele fazia isso para causar ciúme na Samanta. — Eu posso ajudar você. Meu guardião... deu permissão...
— Ele é Satã? — Puxou conversa, enquanto guiava a mão dela a sua ereção e a fazia mover como queria. Ela fez isso sem hesitarm
Ele fechou os olhos, relaxando, quando ela enfiou a mão dentro da calça dele e tocou seu membro livremente e o masturbou, num vaivém, retribuindo o favor.
— Um dos diabos, não o próprio... — não mentiu ela.
A honestidade dela o pegava desprevenido, quando todos mentiam para se dar bem. Ele abriu os olhos, tremeu e veio na mão dela. Ficou com vergonha. Ela limpou sua esperma na parede e beijou o rosto dele.
— Melhor agora, lindo?
Ele assentiu com o rosto nos seios dela.
Ele não teve medo. Parecia hipnotizado como uma serpente ao som de um flautista habilidoso, ainda a abraçando e a cheirando. Ela tinha um cheiro doce, mas não enjoativo, amadeirado e forte. Ficava na pele. Não era adocicado e floral como o de Samantha. Era forte e inesquecível.
A beijou de novo, faminto e irracional, querendo aquela troca em que a dor da traição de Samantha sumia e só sobrava prazer.
A puxou para dentro da salinha de vez, cheia de vassouras e rodos, a jogou contra a parede, queria foder ali. Fechou a porta, trancando. Procurou o interruptor, o apertou.
Uma luz branca e intensa neles. O fez ver a maquiagem pesada com mais detalhes, era selvagem, mas a dona era fofa, um contraste estranho de fofura e agressividade. Mas olhos escuros e sombrios.
Subiu a saia do vestido preto e sensual dela, com as meias de arrastão e as botas de salto alto, expôs a calcinha e desafivelando o cinto da fantasia do terno roxo do coringa, se roçou nela e notou o colar com o pentagrama no pescoço que começou a beijar. Lambeu o colar e o puxou, ferindo a pele dela. Notando que ela gostava de sexo duro como ele.
A viu morder o lábio inferior pela puxada no colar. Masoquista, percebeu alucinado, o que era perfeito para um sádico. Quando tentou uma vez com Samantha, mesmo que um sofrimento leve... ela ficou furiosa.
— Deixa eu te comer de costas e te dar umas palmadas... Prometo que vai ser gostoso para nós dois.
— Hm... Sim... Me pune! — Concordou ela entregue.
Thomas tremeu rendido estapeando as nádegas dela.
Até que algo o empurrou. Não foi ela, ela também curtia ao que parecia, mas era algo forte. Ele bateu a cabeça na parede oposta e feriu, o rapaz ficou zonzo. Um pouco de sangue na parede a qual ele foi lançado. Ele viu um pouco de sangue na parede quando se virou.
“ Fique longe dela.”
A voz era rouca e sinistra. Real e irreal.
— Mas que porra é isso? De quem é essa voz?
— Você escutou ele também? — Perguntou Gwen, incrédula.
A sombra gigantesca na parede não era dela, engolia a dela e tinha chifres, Mas Thomas via. Ele não devia ver. Gwen notou o olhar assombrado dele e como ele se embaralhou nos rodos e vassouras derrubando tudo e foi para a porta que ele mesmo trancou querendo sair.
O garoto estremeceu inteiro de horror e medo... mas não correu. Mas Gwen não conseguia dizer nada ao notar que ele também via. Que ele também foi escolhido pelo daemon que ela quase morreu tentando invocar. Que injusto.
Thomas viu a sombra a engolir como num abraço, mesmo na luz e tremia atordoado.
A lâmpada estourou. Os deixando no escuro.
A coisa que Thomas menos gostava na vida era sentir que não tinha o controle de alguma coisa. Claro que não temia o escuro. Mas porra! Depois de ter visto aquela coisa com Gwen... quem não teria medo?
Mas ela acendeu a lanterna do celular. Rodos, vassouras e as sombras dos objetos e deles dois. Isso o tranquilizou aos poucos.
Thomas notou certo cinismo no olhar semicerrado dela, como se dissesse a alguém: “Sério que tentou assustar a gente com isso”, e ela simplesmente riu um pouco e, de repente, Thomas também relaxou de vez do estado de alerta. Como se não fosse assustador e aquilo não fosse nada. Mas era o tipo de história que, se contasse, ninguém acreditaria.
— Engraçado é que, quando o invoquei a primeira vez, ele me escorraçou como uma mendiga e quase me deixou cega — contou, suave, como se não fosse nada.
Thomas não era cristão devoto; mesmo assim, era sinistro pra um caramba.
Ela revelou, dando de ombros:
— Mas parece ter gostado de você de primeira. Isso me deixa com muita inveja, sabia? Além de ser o capitão do time de basquete, tem que roubar a única coisa que sou boa?
— Isso é ele ter gostado de mim? — exclamou, mais indignado do que são. Gwen gargalhou. — Porra! Minha cabeça ainda dói, e ele queimou a lâmpada...
— Só está te testando, seu bobo. Daemons fazem isso para testar como o humano lida com o caos deles. Se corremos feito as formiguinhas operarias que o mundo espera que sejamos ou se enfrentamos e peitamos de frente e sem medo o desconhecido e nos jogamos do abismo, igual a carta do louco do tarô, o salto de fé. — Explicou Gwen, apaziguadora, e afagou o ombro dele.
Thomas sentiu algo no estômago e na virilha, vergonhoso, por um leve toque dela nele. Ainda estava alucinado com a ideia de transarem. A lembrança de como ela gostava de dor.
— Você tem alguém na sua família que mexe com bruxaria... Se não tiver, vou me sentir muito puta com você mesmo... — Observou Gwen como quem não quer nada.
Como ela podia conversar assim no escuro com ele depois de terem visto uma sombra com chifres?
Por que ela estava tão calma? Melhor ainda: por qual razão fodida ele não estava correndo e lutando para sair de lá? A presença dela era intimidante, mas estranhamente o acalmava. Como devia ser para o time dele quando o capitão entrava em quadra, mesmo quando o placar não estava a favor.
— A sua cabeça ainda está doendo muito, lindo? — sondou ela e se aproximou com a lanterna do celular da cabeça dele, avaliando o ferimento.
Ele sentiu um calor no coração pelo cuidado inesperado e atenção. Era bajulado sim o tempo inteiro por estar no time, mas isso era tão diferente. Era não pelo que ele era para a escola, mas mera preocupação genuína. Ela também impediu o professor de tirá-lo da festa, mesmo tendo derrubado as coisas dela. Ela era gentil.
— Tá saindo um pouco de sangue. — Avaliou, preocupada.— Você quer passar na enfermaria...
— Não. — Respondeu um pouco mais emotivo do que gostaria, com os olhos azuis nos escuros profanos dela. — Não tem medo dele? Quem é ele? Ele é sempre assim com as pessoas que se aproximam de você com segundas intenções? — disparou as perguntas.
— Incrivelmente, quando gosta da pessoa, o rei Paimon é assim. Não tem nada a ver com você ter me tocado ou não. — afirmou Gwen, gentil, passando os dedos suavemente ao redor do ferimento no couro cabeludo dele e fazendo careta, como se a dor dele fosse dela.
— Ele pareceu muito irritado por eu ter te tocado. — Constatou Thomas. — Muito mesmo. Eu senti a aura assassina, Gwen
— Bobagem. Ele gostou de você. Quer até te ajudar com a Samantha. — Retrucou ela. — daemons não sentem como humanos.
Thomas não protestou, ela parecia conhecer mais do assunto, mas notou mesmo que a coisa, a sombra sentia ciúme dela, mas ela não acreditou nele.
Mas Thomas era um homem ciumento, ele sentiu a posse primitiva da coisa. Como ele ficava em ver Aeron tocando Samantha antes de saber que era corno. Sabia exatamente o tipo de sentimento que tinha captado quando foi lançando para longe da Gwen.
Gwen tirou algo da bolsa, e Thomas percebeu ser uma pomada caseira em uma latinha. Tinha cheiro de ervas. Ela mostrou, ele não protestou, então, ela passou a pomada no ferimento. Ardeu um pouquinho, ele se encolheu levemente e ela soprou como se se desculpasse sem palavras, mas estancou o sangue. Ele nem quis saber o que era. Depois, ela guardou de novo o pote de metal na bolsa.
Então ela prosseguiu a investigação e ele percebeu que era uma:
— Algo em você chamou atenção dele. Eu tive que fazê-lo muitas ofertas para ter seu favor. Estou com inveja mesmo... O que você tem de tão especial?
— Meu tio mexia com essas coisas... Eu não sei muito dele — respondeu Thomas ao notar o olhar triste dela. — Ele era da maçonaria ou algo assim. Isso influencia no interesse dele por mim?
Ela abriu um sorriso e assentiu com a cabeça.
— Tá explicado o mistério, então. Ele deve sentir potencial em você. Como um rei deve gostar de alguém que tem um parente realmente iniciado em ordens que regem o mundo. Eu não sou ninguém e sou um pé no saco dele. Ele se ofende comigo e tenho que o bajular muito.— comentou, menos rancorosa. — É mais fácil quando é de linhagem nobre por assim dizer. Ter um tio marçom e iniciado nos mistérios... Ah, eu queria.
Thomas percebeu que ela ficou menos magoada; havia algo empolgado na voz dela agora, mais resignado. Apesar dos olhos escuros, o rosto dela denunciava todas as emoções com uma transparência, e ela pareceu profundamente magoada do interesse do daemon nele antes, ele também tinha visto isso. Era tão estranho alguém tão sincera, quando Samantha sorria tão lindamente e o apunhalava pelas costas.
Por que comparar as duas? Nem fazia sentido.
— Você quer ir, então? Destranca a porta e vamos... — pediu ela, ainda segurando a lanterna. — Vamos, vamos... As pessoas devem dar por nossa falta logo e se nós pegarem aqui vai ter conversa chata sobre usar camisinha. Cê sabe.
Ele destrancou a porta, girou a maçaneta e saíram do cubículo. O corredor tinha alguns casais se beijando e mais ardentes. Miraram um ao outro, ambos vermelhos e ofegantes, se lembrando da pegação anterior.
— Então, eu vou para casa — comentou ela de repente, com a voz suave e apontando a saída, os pés na direção dele porém. — A gente se vê por aí... Você decide se quer o feitiço ou não e aí... me procura.
Ela começou a andar em direção à saída da escola, um tanto pensativa. Ele correu até ela. Surpreendendo até a si, deixou escapar:
— Está tarde. Quer carona até a sua casa, como meu pedido de desculpas por ter estragado seu show e trabalho?
Ela ajeitou a alça da bolsa no ombro e assentiu com a cabeça.
— Eu gostaria muito disso. Obrigada!
O estacionamento tinha vários carros em movimento nos cantos escuros. Bem, o carro dele era um Honda Civic branco, mas de segunda mão. Ele abriu a porta do carro para Gwen, e ela o fitou com um sorriso debochado.
— Nossa! Que cavalheiro. — Deixou escapar com um curvar de lábios maldoso.
— Ah, só para. Se for pra debochar assim, não faço mais essa gentileza pra você. — Ameaçou Thomas, constrangido, e coçou o pescoço.
— Não está mais aqui quem falou. — Retorquiu ela, rindo abertamente e mostrando as mãos em sinal de rendição.
— Haha, muito engraçadinha você, hein...
Não era comum garotas o deixarem constrangido, era mais o contrário. Não era pra meninas gostarem disso? De que os rapazes fossem educados? Mas ela parecia ler as ações dele intuitivamente.
Contudo, curioso, ele quis realmente saber:
— É educado ou não?
— Sim, é. Claro que é. Obrigada. Só zoando contigo. Valeu! — Gwen soltou, agora corada.
A luz do poste do estacionamento enfatizou o rosado que ele gostou de ver nas bochechas dela, por só assim ter notado a ter desarmado um pouco, porque ela era muito brincalhona e debochada e era difícil captar o que ela sentia realmente.
Então, ela entrou no carro ainda sorrindo silenciosamente. Já ele foi para o lado do motorista e entrou também. O carro tinha um cheiro de aromatizante de lavanda. Um painel com som e um ar-condicionado. Apesar de usado, era bem cuidado. Tinha sido do pai de Thomas antes.
— Eu só acho engraçado te provocar. Só isso. — Justificou ela, de repente, quando um silêncio tenso pairou entre eles.
— Posso saber por qual razão, senhorita?
— Você fica bonitinho quando tá estressado. Igual quando joga basquete e tenta acertar a cesta... É fofo o modo que franze a testa e seu olhar fica perdido, como o de um cachorrinho que caiu da mudança ou alguém que encara as questões mais difíceis de álgebra na prova.
Ele ainda não tinha ligado o carro e deixou o rosto virar-se para ela, negando com a cabeça e rindo do jeito que ela falou tudo isso. Como se o observasse. Ela que era meiga, mesmo tentando parecer sombria. Ela não era nada sombria. Era como um chocolate que queria parecer amargo, mas era doce ao paladar.
De novo num lugar apertado com ela. O estacionamento quase vazio e com carros se movendo em atos que eles sabiam o que deveriam ser. O colar quase como uma coleira no pescoço macio e alvo. Pensamentos perversos de corrompê-la e marcar a pele dela como as tatuagens que ela tinha. O que era estranho, a ideia de corromper, já que ela lidava com demônios, e ele viu isso em primeira mão. Mas era um outro tipo de corrupção. Carne, dor, mestre... Dono da carne dela, prazer e dor. Eram jovens pra isso?
— Você faz magia de sedução? — Perguntou ele de repente, tentando entender o que era que acontecia com ele. Porque com ela, o monstro que tentava esconder vinha com tanta frequência à superfície.
— Conheço uns truques. — Afirmou, de novo o pegando desprevenido. — Mas só uso no nosso professor. Usar o tempo todo exigiria muita energia vital. Se acredita nessas coisas. — Explicou prática e colocando o cinto, antes que ele o usasse como desculpa.
Ele moveu a cabeça num “certo” um tanto vago. Mas então a puxou pelo colar, roubou um beijo dela e a puxou pelo cabelo.
— Eu sou mesmo bonitinho quando fico tentando acertar a cesta? Você já me notou tanto assim? — Rosnou contra os lábios dela, maldoso e impetuoso.
Ela se calou, surpresa.
— RESPONDA, GWEN! Se eu tentar te dar umas palmadas e brincar de sadomasoquismo um pouquinho com você... Ele vai me punir de novo? Você quer que eu te puna por dizer coisas que não gostei de ouvir? Quer que eu tire meu cinto, te sufoque com ele enquanto meto bem fundo em você e mordo seus mamilos, os mamando até tirar sangue?
— Ele só estava te testando, meu bem. — Respondeu ela, ofegante, sustentando o olhar dele sem medo e sem sair do carro. Ele respirou aliviado que ela não fugiu mesmo quando revelou seus pensamentos perversos. Ela engoliu em seco. A mão dele ainda no colar dela. — Gosto de esportes, gosto de basquete, e você é o melhor do time, tanto que é o capitão. Não tem como não te notar jogando, Thomas...
— Você quer... ser punida? Você me irritou. — Cheirou o cabelo dela, alucinado.
— Sim... — Falou com convicção e sem se abalar, mas trêmula de êxtase quando os dedos dele se fecharam no pescoço dela, e ele a sufocou. O brilho doentio no olhar dele era como as regiões inexploradas do oceano.
— Não tem medo de mim... — Perguntou provocante no ouvido dela, apertando... — Somos jovens... Mas me deixa ser seu mestre... Serei um bom mestre, se gosta também.
Se ele tivesse tocado a calcinha dela, a perceberia ensopada e como o ponto no meio das pernas dela pulsava.
— Sim, mestre...
— Me elogie mais... Me faça sentir especial...
— Você é bonito e se destaca... Sinceramente, mais bonito que o sem sal do Aeron... Que é terrível jogando. Só escolheram ele como capitão do time de futebol americano porque ele é rico. Quem não tem talento como você compra as pessoas, como ele. Já viu quantas vezes ele cai? É patético.
Ele soltou o pescoço dela, um som no pescoço dela, um rosnado quase como se pedisse consolo.
— Acha mesmo que sou melhor que ele ou só está dizendo pra me agradar? — Murmurou contra o pescoço dela, mordendo perigosamente a pele, pra deixar marca. — Então por que ela me traiu com ele? Por quê...
— Ele é bem mais rico que você. Acho que seja isso. — Respondeu honesta e suspirou, tentando avaliar se o deixaria com raiva. Mas o momento se foi. Ele voltou a pensar e a se conter. — É o único motivo que eu vejo. Você não é um atleta idiota, é um rapaz sensível, ou não teria interpretado tão bem Romeu na peça do professor de teatro. É inteligente, é gentil e não faz bullying com os outros alunos.
Ele gargalhou de tudo que ela disse.
— Eu não sou tão gentil, Gwen. — Explicou, rindo amargo. — As coisas feias que quero fazer com você. Que eu quis fazer com ela... Samantha tem medo do tipo de sexo violento que eu gosto. Ela viu os vídeos que eu assisto no meu notebook e ficou horrorizada. Tudo o que você disse é a fachada que eu uso pra que eles gostem de mim... Ela tem medo de mim... Você está errada sobre ser só sobre o dinheiro. Ela disse que eu a assustei. E que ele é doce com ela quando fazem amor... Não um monstro como eu. Foi por isso que terminamos. Eu sou um monstro. Foi por isso que até seu demônio me impediu de te foder. Semelhante reconhece semelhante.
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