Liv narrando:
PAROU.
PAROU.
PAROU!
Desde que fiz 15 anos, essa tinha sido minha palavra mais usada. Ela marcou o começo do meu sofrimento quando os trigêmeos filhos do Alfa retornaram do treinamento no acampamento.
Eram os meus três piores pesadelos: Max, Ryder e Callum.
Max tinha um olhar verde esmeralda marcante e cabelo preto despenteado que caía de forma natural sobre a testa, lhe dando um charme irresistível de bad-boy. Além das tatuagens nos braços e na área do pescoço.
Ryder também tinha olhos verdes esmeralda sedutores, assim como Max, uma mandíbula marcada, um rosto perfeitamente esculpido e um charme levemente rude.
Embora Callum tivesse olhos verdes como os demais, seu cabelo era castanho — diferente deles. Havia uma palavra que poderia descrevê-lo: playboy universal.
Ele era calmo e reservado, mas isso também não significava que gostava de mim. Ficava de pé, observando seus irmãos fazendo as coisas mais horríveis comigo, às vezes sorrindo com diversão, mesmo não participando de nenhuma das atitudes deles.
Todos eram deslumbrantes, altos, com corpos perfeitamente esculturais. Todos tinham 20 anos e seriam futuros Alfas.
Apesar da aparência atraente, eram as piores coisas que já aconteceram comigo.
Max e Ryder decidiram se encarregar de tornar minha vida um inferno.
Passavam o tempo livre fazendo questão de me fazer sofrer a cada hora e sempre se divertiam com as inúmeras maneiras que encontravam.
Callum, por outro lado, não tinha tempo pra mim. Era reservado e distante, mas isso também não significava que gostava de mim.
Eles não eram os únicos que faziam minha vida um inferno. Na verdade, todos os membros da alcateia me odiavam. Ser uma ômega era como uma sentença de morte desde o dia em que nasci. Não apenas por ser ômega, mas por ser a única ômega da alcateia.
Desde que minha mãe morreu, deixando-me nesse mundo cruel, tenho lutado. Os gritos, castigos e estigmas eram suportáveis, mas tudo piorou ainda mais quando os três diabos entraram na minha vida.
Eu tinha 17 anos, e o dia seguinte seria meu 18º aniversário. Isso significava que toda a dor e sofrimento iriam acabar quando encontrasse minha alma gêmea, que me protegeria de tudo.
Sonhava acordada com minha alma gêmea desde os 13 anos.
Um cavaleiro de armadura brilhante, bonito, de tirar o fôlego, alguém que me faria sentir como uma princesa e tiraria todas as minhas tristezas.
E a parte mais empolgante do dia seguinte era que era período de cio para os machos da alcateia, então sabia que as coisas iam ficar um pouco loucas.
Era um período em que as almas gêmeas ansiavam desesperadamente uma pela outra. A ideia disso e o quão empolgante poderia ser, me deixava ansiosa.
Mas, por ora, eu tinha que suportar.
E lá estava eu, correndo pelos bosques o mais rápido que minhas pernas conseguiam, respirando pesado, sem pensar em parar — porque sabia o que aconteceria se eu parasse.
— É melhor você correr, porque se te pegarmos, você sabe o que vai acontecer, Liv! — ouvi o rosnado distante atrás de mim e meu coração pulou.
Esse era o novo jogo deles. Antes de fazerem algo comigo, sempre me davam um aviso, para tornar o 'divertido' ainda maior para eles.
Eles sempre diziam:
"Você conhece as regras, Liv. Tem 5 minutos para correr e se esconder. Certifique-se de se afastar o máximo que puder, porque, se te pegarmos, as coisas vão ficar bem difíceis."
Minhas pernas começavam a falhar. Eu sabia que eles iam me pegar, como sempre faziam. Precisei pensar rápido.
Olhei para trás e vi Ryder correndo na minha direção, com alguma coisa nas mãos, que parecia uma…
Arregalei meus olhos.
Uma arma!
Meu coração pulsava forte no peito. Tinha certeza de que, já que eram futuros Alfas da alcateia, se matassem uma ômega, ninguém ia questioná-los.
Como correr não dava mais, a única alternativa era me esconder. Corri até uma árvore à minha frente, e a única ideia que surgiu foi me esconder nela.
Foi difícil escalar, mas a descarga de adrenalina me impulsionou. Consegui, enroscando-me em um dos galhos enormes, na esperança de que eles não me encontrassem.
De onde estava, assisti Ryder correr em direção à árvore com a arma, e Max logo atrás dele.
— Onde ela foi? Ela estava bem aqui! — Max gritou, passando por Ryder e pela árvore. Ryder fez o mesmo.
Apoiei as mãos no peito, respirando aliviada, mas percebi que eu não tinha tanta sorte quando eles começaram a correr de volta na minha direção.
— O cheiro de ômega dela está por toda parte aqui. — disse Ryder, e meu coração pulou.
— Ela está aqui, com certeza. — ele começou a farejar o ar. Então, sorriu.
— Liv, você está ficando realmente boa nisso, não está? — falou Max, puxando a arma de Ryder.
— Saia agora, ou vamos procurar nós mesmos, e você não quer que isso aconteça, não é? — o tom de Ryder saiu mortal e exigente.
Minha respiração acelerava, e todo meu corpo tremia, porque eu sabia que não ia demorar muito até que eles me vissem, e tudo ia acabar muito mal para mim.
Max, que parecia vasculhar o local com a arma, de repente, parou. Meu coração caiu quando ele olhou abruptamente para a árvore, exatamente onde eu estava.
A única coisa que cobria minha posição era um galho.
— A vadia está lá em cima — ele rosnou, com um sorriso diabólico no rosto.
Ryder correu para o outro lado, onde não havia galho algum escondendo-me, e chamou:
— Ela está realmente ficando melhor, Max.
— Por favor. — eu disse, olhando para Ryder e Max, esperando para ver quem iria atacar primeiro. Apesar de Max estar com a arma, Ryder poderia facilmente se transformar e me tirar de lá em um piscar de olhos.
Max caminhou até onde Ryder estava e, então, seus olhos verdes nos fitando, ele sorriu.
— Então, irmão, diga-me: qual perna vamos acertar primeiro? — perguntou a Ryder, apontando a arma na minha direção.
Liv narrando:
Assisti ao pânico tomar conta do rosto de Ryder no momento em que Max disse aquilo, fazendo com que ele arrancasse a arma de suas mãos.
— A gente não vai atirar, seu filho da puta — avisou.
Max disparou para tentar recuperar a arma.
— Você não pode ser uma vadia de merda o tempo todo! — rosnou, voltando-se para mim com a arma na mão.
Ele acrescentou:
— E a gente sempre pode curar você do jeito que for.
— Por favor, não atire! — gritei, com o coração batendo forte no peito.
— Por favor! — implorei.
— Você tem cinco segundos para se abaixar — Max rosnou para mim.
— O quê?! — exclamei.
— Cinco... Quatro — ele contou, mesmo assim.
Naquele instante, estendi minha mão.
— Espere, pelo menos eu...
— Três — ecoou Max, sorrindo de forma mais cortante, ele achava graça meu olhar de desespero.
Como se meu corpo estivesse incendiando, comecei a descer a árvore mais rápido que pude e corri na direção deles, caindo de joelhos bem na frente de Max, que segurava a arma.
Ele se aproximou de mim, colocou o dedo sob meu queixo.
— Sabe o que acontece agora, Liv?
Ele se aproximou mais, e eu tinha certeza de que percebi seu levantar de arma. De repente, o sino de alarme da alcateia tocou, sinalizando uma emergência. Foi só nesse momento que Max abaixou a arma.
— Vamos, alguma coisa está errada! — Ryder puxou Max, já correndo em direção à mansão, e Max seguiu, recuando a arma.
Enquanto os via partir, mantive as mãos no peito, tentando me acalmar. Aqueles foram os minutos mais assustadores da minha vida. Pensei que aquela seria minha última vez, porque ver Max com aquela arma, a determinação nos olhos dele, era inevitável.
Levantei-me de onde estava ajoelhada e cambaleei até a mansão. Tive hematomas nas coxas ao descer da árvore — como era uma ômega, não me curava tão rápido quanto Alfas ou Betas, então tinha que lidar com a dor.
Entrei novamente na mansão, com cuidado para não cruzar com nenhum deles. Sabia que, no momento em que me encontrassem, retomariam aquilo que não conseguiram terminar.
O dia já estava chegando ao fim, e eu torcia para não cruzar com eles até estar de volta ao meu pequeno quarto, no conforto da minha cama, sonhando com o dia seguinte.
Enquanto caminhava pelo corredor, percebi que tinha deixado passar uma coisa importante: não olhei na minha frente. Olhei para todos os lados, exceto na direção que importava, certificando-me de que Max ou Ryder não tentassem se aproximar sorrateiramente. Essa era a especialidade deles — sempre cheios de surpresas.
Com os olhos percorrendo o ambiente, não percebi que havia alguém na minha frente até que fosse tarde demais. Bati a cabeça em uma figura enorme, minha cabeça colidindo contra um peito duro. Engoli em seco ao sentir um cheiro familiar chegando ao meu nariz.
Ao olhar para cima, meus olhos cruzaram com uns verdes intensos e atentos. A carranca no rosto dele me fez estremecer. Era o Callum. Ele mal me intimidava, não igual seus irmãos, mas eu tinha medo dele.
— Desculpe — sussurrei, recuando um pouco, esperando que ele deixasse passar, mesmo que o jeito como me encarava demonstrasse o contrário.
Sem esforço, ele agarrou meu braço, envolvendo sua mão ao redor dele e me puxando para mais perto.
— Que porra eu falei sobre casos como esse, Liv! — disse rudemente, olhando para mim com olhos cheios de raiva.
— V...você disse que, sempre que eu viesse, eu devia ir na direção oposta e não deixar que vissem meu rosto.
— É muito simples! — rosnou, chegando ainda mais perto.
Naquele instante, dobrei-me, fechei os olhos e tremi.
— Desculpe.
— Claro, você está sempre fodidamente arrependida! — rosnou.
Desculpas nunca eram suficientes para eles. O que mais eles queriam de mim — meu sangue? — era isso mesmo que todos eles buscavam. Talvez, se tivessem, finalmente parariam.
— Vamos lá, Callum, a garota precisa de uma pausa. Você precisa sair de qualquer jeito — ouvi uma voz familiar, que foi a única coisa capaz de impedir que Callum continuasse a me encarar com tanta intensidade.
Era a Bella, filha do Beta. Ele olhou para ela e então voltou seu olhar para mim. Fez um som de reprovação. Certamente queria fazer mais comigo — fazer eu pagar por ter esbarrado nele — mas sabia que tinha que ir embora.
No momento em que saiu do corredor, Lily se virou para mim, me encarando de cima a baixo com seus olhos marrons.
— Você caiu numa lata de lixo? — gargalhou. — Deixa eu reformular a pergunta: foi você quem foi jogada numa lata de lixo dessa vez?
Olhei para mim mesma. Bem, certamente eu parecia uma bagunça. Minhas roupas estavam sujas, algumas rasgadas, meu tornozelo roxo. Suspirei, olhando para ela, sem dizer nada.
— Pelo amor de Deus, você precisa parar de se meter em confusão o tempo todo, Liv — soltou.
Essa frase me deixou irritada. "Parar de se meter em confusão o tempo todo" — como se eu não acordasse todo dia com problemas na minha porta, na minha frente.
Olhei para ela derrotada.
— Eles são obcecados em fazer minha vida um inferno.
— Mais parecidos com obsessões por você — resmungou enquanto se virava para sair.
Deixei meus ombros caírem, arrastando meu corpo dolorido, sem dar atenção ao que ela tinha dito. Era mais um dia comum de ser o joguinho deles.
Tudo iria acabar amanhã. Eu iria encontrar meu parceiro, um lobo forte e destemido que iria me proteger. Caminhei até os aposentos dos servos, depois até o meu quarto. Tinha terminado todo o meu trabalho naquele dia. Sabia que, se não tivesse terminado, Mrs. Yvonne, a chefe das empregadas, viria bater na minha porta no meio da noite, arrastando-me para fora e castigando-me.
Só de pensar nela me dava arrepio. Na verdade, só de pensar em tudo, ficava enjoada. Eu realmente esperava que o próximo dia fosse o fim de tudo.
Liv narrando:
A primeira coisa que me acordou no dia seguinte foi a sensação de êxtase. Sentei-me na cama, olhando ao redor do quarto em que estava. Era um cômodo pequeno, com quase nada nele. Estava frio também, mas eu não podia reclamar com ninguém, já que ninguém ouvia uma ômega.
Ok, chega de papo de ômega.
Finalmente, estava aqui! Meu 18º aniversário. O dia em que finalmente meu destino mudaria e também o dia em que conheceria meu parceiro. Com essa motivação, pulei da cama. Não sabia exatamente quando iria conhecer minha loba ou meu parceiro, mas o mais importante era que o dia finalmente tinha chegado.
Ao sair do meu quarto, a primeira pessoa que avistei foi a Sra. Yvenne vindo na minha direção, com sua expressão carrancuda de sempre.
Droga!
Justo a tempo de acabar com meu humor.
— Pare de enrolar e vá para a mansão fazer suas coisas. Preciso repetir isso pra você o tempo todo? — ela disse entre dentes.
Se ao menos eu dissesse a ela que era meu aniversário, talvez ela me deixasse em paz. Balancei a cabeça, já indo na direção da mansão, que não ficava tão longe dos alojamentos dos funcionários. Mesmo assim, eu sabia que, mesmo falando isso, ela não se importaria.
Meu plano era fazer minhas tarefas o mais rápido possível, tentando evitar os três demônios, especialmente Max e Ryder.
Cheguei à cozinha e consegui iniciar minha rotina: limpar, cozinhar, lavar a louça, varrer o chão incontáveis vezes, além de esfregar os pisos da mansão.
Trabalhei tanto que você pensaria que eu era a única empregada lá, mas isso não era verdade, pois havia outras. Elas preferiam deixar todo o trabalho para mim, pois sentiam que, por ser ômega, deveria trabalhar muito mais do que qualquer uma delas.
Pelo menos, eu era alimentada e não fui expulsa no momento em que nasci. Isso é o que sempre diziam.
Depois de limpar a cozinha, fui até o lixo, tirei-o para fora e esvaziei. Enquanto fazia isso, ouvi uma voz dentro de mim:
— Olá — a voz ressoou. Depois de olhar ao redor e não ver ninguém, meu coração começou a bater acelerado no peito.
A voz retornou: — Liv, sou eu, Anne, sua loba. — ela ecoou.
Meu coração pulou uma batida de felicidade. Estava nervosa, sem saber como agir. Essa euforia não durou muito, pois, de repente, senti uma onda de energia passar por mim. Foi rápido, aumentando minha adrenalina quase instantaneamente.
— Você sabe como isso acontece, Liv. Preciso estar totalmente preparada para ficar assim.
Eu sabia o que ela queria dizer. Ela estava falando sobre se transformar. Transformar-se pela primeira vez podia ser doloroso, então eu precisava encontrar um lugar confortável, onde pudesse gritar e berrar sem chamar atenção.
Jogando a lixeira no chão, corri para a floresta e, chegando o mais longe que minhas pernas podiam me levar, fechei os olhos, inspirando fundo.
— Estou pronta.
— Ok, Liv, mas esteja preparada. Isso vai doer — ela me avisou.
A primeira coisa que senti foi os ossos da minha perna direita quebrando. Um grito saiu dos meus lábios enquanto eu caía no chão. Para os outros lobos, antes de se transformarem, eram dadas algumas poções para ajudar com a dor, mas, como eu era ômega e não tinha ninguém para pedir isso, tinha que suportar.
O suor escorria pelas minhas pernas enquanto minhas mãos tremiam no chão. Ouvi outro som de estalo vindo da minha outra perna e gritei ainda mais alto, rangendo e xingando. Sangue escorria pelo meu corpo, misturado ao suor.
Minhas mãos também racharam, e, enquanto eu ainda gritava com tudo isso, minhas pernas começaram a desenvolver pelos. Logo, nos dedos das mãos, cresceram garras, rasgando minha pele como uma lâmina. Quanto mais sangue escorria dos ferimentos, mais eu gritava.
— Droga... pare! — gritei, para ninguém em particular. Quanto mais chorava, mais me transformava, e então percebi que, uma vez que tinha começado, tinha que esperar passar antes que a dor acabasse. Como na primeira transformação, a segunda mão também cresceu garras.
Quando já não aguentei mais, caí no chão, tremendo de dor, que atravessava todo o meu corpo.
Até que, finalmente, parou.
Meu lobo se sacudiu, limpando o sangue do pelo marrom. Ela tinha tomado o controle, e eu estava dentro.
— Desculpe, mas é assim que tem que ser.
De repente, esqueci a dor que senti minutos antes, e meus pensamentos se encheram de excitação. Senti aquele estouro de energia dentro de mim. Queria explorar esse corpo novo, mas não sabia como.
— Se quiser correr ou pular, é só fazer como faz na forma humana — Anne me disse.
— Uau, como você sabe o que estou pensando? — perguntei.
— Eu sou você e você é eu. Somos uma só pessoa. É por isso que pode falar comigo pela sua mente. Se quiser correr, é só fazer como faria na sua forma humana. Esse corpo pode ser diferente, mas ainda é seu.
Como ela tinha dito, movi o primeiro membro, e funcionou. Em pouco tempo, estava correndo pelos bosques como uma doida. Eu sabia que minha loba não era tão rápida quanto os demais, pois eu era ômega de nascimento, mas ainda assim parecia rápido o suficiente— mais rápido do que meus pés humanos.
Passei o dia todo aprendendo tudo sobre minha loba: como subir em árvores, pular alto, tudo. Ela tinha que ser a primeira pessoa que pudesse chamar de minha amiga de verdade.
Tudo continuou até a noite chegar, e eu sabia que tinha que me transformar de volta.
— Existe apenas uma coisa que precisamos fazer, Liv — ela sussurrou, enquanto eu olhava para a mansão.
— Encontrar nosso parceiro — ela completou.
Eu não sabia como isso poderia ser possível, mas ia tentar. Comecei a ficar com dúvidas enquanto caminhava de volta para a mansão. E se meu parceiro nem estivesse lá? O pack Darkmoon era grande, e havia chances de meu parceiro estar lá, mas ainda tinha minhas dúvidas.
Passei pelo mesmo corredor onde encontrei Callum na noite anterior. Foi então que um cheiro desconhecido, avassalador, atingiu meu nariz.
Era dois cheiros diferentes, e ambos eram atraentes. Os aromas eram fortes e intoxicantes ao mesmo tempo.
— Esse é nosso parceiro. Precisamos encontrá-lo! — minha loba gritou desesperada.
Parei para pensar. Será que era possível meu parceiro ter dois cheiros? Antes que eu pudesse dar uma resposta, ouvi o som de passos arrastados vindo do outro lado do corredor.
Quanto mais pesados os passos se aproximavam, mais fortes ficavam os cheiros.
Respirei fundo. Tinha que ser meu parceiro, mas o som dos passos parecia mais com o de mais de uma pessoa. Fiquei onde estava, com os pés firmes no chão, nervosa, esperando pela pessoa— esperando que fosse alguém bom.
Os passos ficaram ainda mais perto. Então, avistei duas figuras saindo correndo pelo corredor, e, ao olhá-las de cima a baixo, meu coração caiu.
Elas eram as responsáveis pelo cheiro, o cheiro intoxicante, maldito cheiro! Max e Ryder olhavam para mim com os olhos verdes escurecidos, cheios de luxúria, parecendo que iam me devorar na hora.
— Não, não, não! — continuei murmurando para mim mesma, até que minha loba decidiu sacudir meu mundo dizendo uma palavra.
— Parceiro! — ela sussurrou e, depois, gritou: — Parceiros!
Que inferno!
Virei para correr, antes que pudesse, tudo ficou escuro de repente. A energia tinha sido cortada. Isso nunca tinha acontecido antes. Por que agora estou tentando fugir deles?
Fiquei onde estava, tentando ao máximo enxergar na escuridão e sair dali. Tentei ver no escuro, mas, como eles tinham sangue de Alfa, ver na escuridão não era problema para eles.
Achei que estava me saindo bem, escapando, mas então bati em alguém na escuridão. Fui agarrada pela cintura e presa contra a parede.
— Parceira — rosnou uma voz. Era Max, e ele segurava minha cintura.
— Minha — disse Ryder, e senti a mão dele cravando na minha coxa.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!