Por duas semanas estou trabalhando como 'au pair' para uma família estranha: os Bartholy. Eu digo estranha porque, além de sua mansão, que parece um cenário perfeito para um filme de terror, eles são... particulares. Primeiro, o Nicolae, o irmão mais velho, que cuida de seus irmãos durante a ausência do pai deles. Parece que ele veio diretamente de outro período no tempo. Sua forma galanteadora, seus costumes e seu modo de falar não tem nada haver com gente hoje... Depois, tem o Drogo, o irmão mais novo. Uma bomba relógio...
Ele é o tipo que aparece do nada disparando comentários desagradáveis e depois desaparece imediatamente. Ele é tão irritante, orgulhoso e totalmente imprevisível quanto a irmã mais nova Lorie, a garotinha que eu cuido. Eu suspeito que essa garota está fazendo tudo o que pode para me fazer ir embora... Quem sabe, talvez todas as babás acabaram no manicômio?
E então tem o criador da melodia inebriante que muitas vezes invade os corredores da mansão. O doce e melancólico Peter... Suspiro e fecho meus olhos para apreciar a melodia. O Peter não sai dos meus pensamentos. Desde que me mudei para os Bartholy, só penso nele.
Com seus lindos cabelos pretos com tons azulados, seu rosto com características harmoniosa e belos olhos cor de esmeralda... Não me deixam indiferente. Longe disso. Um verdadeiro OVNI nesta família, ele sempre parece estar acima de tudo. Como se as coisas do nosso mundo não o interessasse. Como se ele tivesse vindo de outro tempo também. De outro planeta...
Por enquanto, nunca ousei falar com ele... Eu provavelmente deveria engolir o meu medo e bater na porta dele. Eu me levanto da minha cama, determinada a falar com meu belo pianista, quando uma pequena fúria entra no meu quarto.
Lorie: As crianças na escola são todas estúpidas!
Ela se esparrama na minha cama, parecendo uma estrela do mar.
Mellanny: Eles foram desagradáveis com você?
A Lorie olha para mim. Ela parece estar se perguntando se ela vai me responder ou não. Um sorriso tenso no meu rosto, eu mentalmente recito um mantra para tentar ficar zen.
Lorie: Tem esse menino que me irrita... Ele fica rindo de mim!
Com um sorriso compreensivo, eu digo à ela:
Mellanny: Você sabia que quando os meninos tiram sarro de você, às vezes é porque eles gostam de você!?
Ela olha para mim por um momento, com os olhos arregalados e corando. Ela rapidamente retoma seu beicinho irritado.
Lorie: Você está falando bobagem! O que você sabe sobre isso? Você nem tem namorado.
"Touché!"
Com uma vida mais que tumultuada, na verdade não tive tempo de considerar isso... Mas eu não estou desesperada!
Mellanny: Você quer brincar?
Poderia ser uma boa maneira de parar de ficar pensando e levá-la de volta ao quarto dela. Ela suspira como se o que eu propus à irritasse profundamente.
Lorie: Não. Venha.
As vezes eu sinto que estou trabalhando para uma ditadora de saia. A Lorie tem apenas seis anos de idade, mas tem a confiança de uma mulher adulta. Ela me faz ir para o seu quarto e vamos diretamente para seu closet dos sonhos...
Lorie: Eu tenho que me arrumar para o baile da Sra. Afiada e do Sr. Sem Cabeça, eu preciso de um belo vestido...
Mellanny: Eu pensei que o Sr. Sem Cabeça tinha cortado a garganta da Sra. Afiada...
Lorie: Oh... eles fizeram as pazes de novo!
É claro que haveriam menos divórcios se todos nós tivéssemos de viver no mundo da Lorie... Então, aqui estou eu acenando com a cabeça em aprovação de sua escolha de vestido enquanto rezo pra ela se cansar dessa brincadeira. Depois de uma hora ela me diz que já cansou e me pede para deixá-la sozinha.
"Aleluia!!!"
Quando estou voltando para o meu quarto, percebo que há outra pessoa no corredor. É o Drogo. Como sempre que eu o encontro, cerro meus punhos e meu maxilar.
Drogo: Fica calma, pequenina. Ordenaram que me comportasse.
Ele me dá um olhar de gozação. Ele se aproxima tão graciosamente que poderiam pensar que ele está flutuando acima do solo.
Drogo: Talvez eu coma você mais tarde quando o Santo Nicolae não estiver no meu pé...
Eu fico estupefata: o que eu poderia pensar? Ele desaparece despreocupadamente pelo corredor. Eles são realmente estranhos nessa família! Um pouco abalada, vou para o meu quarto. Já passei por dificuldades suficiente na minha vida para não me deixar abalar por esses
♦♦♦
O tempo passa e a noite cai. A mansão fica silenciosa e escura. Da minha janela, mal consigo ver a rua abaixo. Por um momento me perco em meus pensamentos quando, de repente, ouço o som, doce e melodioso, ecoando minha melancolia noturna. O Peter ainda está tocando... Senhor, ele é tão cativante quanto a música que toca em seu piano! Agora já chega! Eu tenho fantasiado com ele por dias! Eu tenho que dar um jeito de ir falar com ele.
Me sentindo nervosa, abro a porta do meu quarto para ver de qual quarto vem o som. Eu meio que gostaria de bater na porta do Drogo por engano... A melodia vem de um dos quartos um pouco mais pro fim do corredor. A porta do quarto está entreaberta, e vejo uma luz fraca.
Silenciosamente, me aproximo, como se eu estivesse hipnotizada. Nunca ouvi música tão triste é tão bonita. É como se cada nota se envolvesse em meu coração, gentilmente, quase com ternura. Adoro música clássica, são notas sóbrias e evocativa. Essa música é eterna. Sem fazer nenhum barulho, eu olho para dentro do quarto. Esta pouco iluminado.
Vejo uma grande estante para livros e alguns cartazes espalhados aqui e ali nas paredes. Mas meus olhos ficam imediatamente atraídos pelo piano na parte de trás do quarto e pelo homem que está tocando. Suas costas são grandes, sua cintura é delgada e bem definida. Só consigo ver seus cabelos desgrenhados e pretos, roçando o seu pescoço.
Bom, é agora ou nunca! Sua maneira de me olhar de vez em quando, quando ele acha que eu não estou vendo me faz querer me aproximar dele. Fico por um momento observando-o tocar, cativada pela música, melancólica e delicada. A cabeça dele muda ao ritmo das notas como se o mundo exterior já não existisse. Somente ele e a dor dele, que ele expressa ao tocar os dedos nas teclas do piano. Na verdade, eu deveria sair daqui! Não é o momento para conversarmos para nos conhecer. Então eu lentamente saio.
"Covarde!"
O chão range abaixo dos meus pés.
"Droga!"
Eu quase não tenho tempo para olhar antes que ele apareça de pé na minha frente. Eu engulo.
"Ai caramba!"
Ele é magnífico. Seu cabelo preto desgrenhado enquadra um rosto angelical com características finas. Mesmo na luz fraca, posso ver que seus olhos são um verde brilhante, encantador. Droga! Ele é tão bonito quanto sua música...
Peter: O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar aqui.
Sua voz é suave, quase doce. Eu dificilmente ouvi uma voz tão bonita, tão particular.
"Ele deveria usá-la com mais frequência!"
Sinto meu rosto corar.
Mellanny: Desculpe incomodá-lo, ouvi uma música, então eu vim ver...
Ele me olha intensamente e parece me avaliar. Ok, essa é a maneira dele me conhecer... Por que não, sou uma garota de mente aberta.
Mellanny: Você toca muito bem.
Eu nunca ouvi uma música tão sofisticada, e ao mesmo tempo tão tocante. Ele ignora minha observação.
Peter: Eu costumo tocar o piano tarde da noite, fecharei a porta da próxima vez, por favor não volte.
Ele está obviamente tentando colocar alguma distância entre nós, mas isso não me afeta. Eu realmente quero saber mais sobre ele, descobrir o que se esconde por trás desses belos olhos verdes. Mas ele não parece querer revelar. Sua maneira de me responder com tanta frieza me perturba, mas eu acho como se nada tivesse acontecido.
Mellanny: Você compôs essa música?
Ele parece surpreso com a minha pergunta.
Peter: Sim.
Ele desperta minha curiosidade, mas ele ainda não parece disposto a falar comigo. Eu insisto porque seus dedos percorrendo o piano realmente me fascinam.
Mellanny: Você é um músico profissional?
Ele parece perdido em pensamentos, como se as memórias estivessem passando por sua cabeça. Seus olhos verdes ficam enevoados de tristeza.
Peter: Não mais.
Não mais? Como um jovem pode falar assim? Ele está prestes a fechar a porta.
Mellanny: Eu realmente gosto de te ouvir tocar.
Ele olha para mim me observando, com um olhar estranho. Sem mais uma palavra, ele fecha a porta na minha cara. Eu percebo que eu estava segurando a respiração. Podendo recuperar o fôlego agora. Isso é o que se chama de um bate-papo relâmpago! Me apoio contra a porta e falo em voz baixa.
Mellanny: Eu não me importaria com uma conversa mais calorosa.
Não sei se ele me ouviu. Volto ao meu quarto pensando em sua personalidade estranha. Notei um brilho de melancolia nos seus olhos que me tocou profundamente. É essa música no piano! Quero saber mais sobre ele. Ele não parece muito acessível, mas tenho certeza de que conseguirei tirá-lo de sua concha! Eu não acho que eu deveria apressar as coisas, provavelmente levará algum tempo antes de eu conseguir domá-lo.
Continua...
Eu volto para a cama. Quando ouço a música do piano ressonar fracamente, eu sorrio. A música é muito sombria para eu dormir, especialmente após a interação que acabei de ter com o Peter. Ele é tão bonito, mais ele parece tão desesperado! Como se parte dele não estivesse realmente aqui, no mundo real, comigo. Parece me enfeitiçar como se fosse mais mágico do que humano. Eu não sei porque, mas eu me sinto conectada à ele. Por mais uma hora, eu o escuto, incapaz de adormecer. O Peter toca à noite toda? Ele não dorme...?
"Quem é você, Peter?... Você parece um diamante negro, tão brilhante e tão escuro..."
Como não consigo dormir, digo à mim mesma que a melhor maneira de pegar no sono é ler, esquecendo os pensamentos que estou obcecada. Eu escolho um livro fantástico cuja heroína é uma lutadora feroz contra as forças do mal. Eu adoraria ser tão forte e linda quanto ela. Eu me pergunto se eu também, um dia, estarei no centro de uma aventura assim... Eu olho para o meu celular e percebo que já está tarde.
"Vamos Mellanny, para a cama!"
Suspiro e tento adormecer novamente. Se eu não conseguir, eu vou ficar um caco amanhã. A música do Peter muda um pouco como se ele tivesse ouvido minhas lamúrias e quisesse me ajudar à dormir. A melodia é doce, como uma cantiga infantil, delicada e lenta. Sinto que ele quer me forçar à dormir. Essa música me faz esquecer o desconforto que a mansão me causa. Olho pela janela. A lua está cheia. Então eu vejo os movimentos de deslumbrantes asas brancas no céu. É ela. Desde que cheguei à Mystery Spell, uma coruja tem me vigiado. Abro a janela para que ela perceba minha presença. Ela se aproxima e vem descansar no beiral da minha janela.
Eu à considero uma presença reconfortante neste lugar estranho. Eu tento acariciá-la. E ela não se afasta. Meu relacionamento com este animal é tão especial que eu até lhe dei um nome. A White dá um pio de satisfação é voa novamente. Ela se afasta na floresta que se estende atrás do jardim da mansão. Fecho a janela e volto e me sento com as pernas cruzadas na minha cama. Eu fecho meus olhos e foco novamente na melodia que o Peter está tocando. Pouco à pouco, eu consigo dormir.
...♦♦♦...
Hoje estou de volta à faculdade! Eu adoro andar por esses corredores cheios de alunos borbulhando de energia! Já tenho alguns hábitos. Eu vou à cafeteria para encontrar a minha nova amiga, Sarah. A Sarah é feliz, otimista e divertida. Ela é como a luz do sol em meus dias cinzentos pontuados pelas explosões emocionais da família Bartholy. Às vezes, na mansão, me sinto solitária. Ela sempre sabe como me animar. Antes de encontrá-la, vejo o Logan e a Samantha discutindo na frente do prédio.
Samantha: Você disse que viria comigo!
Loan: Eu nunca disse isso, pare de fazer uma cena!
Eu não sei do que eles estão falando, mas isso não soa muito apaixonante. O Loan é o cara popular da universidade, o colírio do time de futebol. Basicamente um clichê! Nós trocamos poucas palavras, mas eu consegui descobrir o quanto ele gosta de bancar o playboy. A Samantha é uma bela loira com curvas generosas, líder de torcida do time. O segundo clichê da escola. Ela tem um temperamento maldoso. Ela odeia quando as pessoas se aproximam dela quando ela está com o Loan, que ela considera seu namorado.
Samantha: Não vou embora sem você!
Loan: Tudo bem, fique aqui então.
Ninguém pode ser tão estúpido! O Loan percebe que eu estou os observando. Ele parece envergonhado e, nervosamente, passa uma mão pelos cabelos. Sem uma palavra, ele sai, deixando a Samantha sozinha.
Samantha: Volte aqui, não terminei com você!
"Que rainha do drama!"
...♦♦♦...
Eu vejo a Sarah sentada em uma mesa da cafeteria tomando um refrigerante. Eu à chamo.
Mellanny: Sarah, como você está?
Ela se vira para mim com um sorriso radiante.
Sarah: Mellanny, eu estava esperando por você, como você está?
Eu digo à ela o que acabei de ver, e ela cai na risada.
Sarah: Pobre Loan, uma vítima de seu sucesso...
Mellanny: Ele realmente não é o meu tipo, e você?
Sarah: O mesmo para mim! Muitos músculos com nada na cabeça...
Mellanny: Eu vejo que temos o mesmo gosto!
Ela sorri para mim de forma encantadora.
Sarah: Sim, estamos sempre no mesmo comprimento de onda, e eu gosto disso!
A Sarah me dá uma piscadela e não posso deixar de corar um pouco. Eu vejo o Peter no fundo, sozinho como de costume. As meninas estão o observando de longe, mas ninguém se atreve a se aproximar dele. Ele está totalmente focado em um livro. Penso novamente em nosso confronto ontem. Agora sei que ele é capaz de encantar multidões com seus dedos habilidosos, mas eu prefiro manter esse segredo só para mim. Em um ponto, vejo que os caras do time de futebol se aproximam dele e começam à tirar sarro dele. Eles sussurram, olhando para ele e rindo. Odeio esse tipo de comportamento. O Peter não falou com eles, ele estava lendo calmamente no canto! Eu me levanto e me aproximo deles, os punhos nos quadris.
Mellanny: Você acha engraçado? Você tem oito anos ou algo assim?
Eles imediatamente param. O Peter olha para mim por um momento, surpreso com minha intervenção, mas não diz nada. De repente, o relógio da cafeteria me chama atenção. É hora da minha aula de mitologia! É melhor me apressar! Eu me viro desajeitadamente para voltar à minha mesa, de frente para uma Sarah divertida.
Mellanny: Estamos atrasadas!
Esta aula é importante para mim. Eu cheguei à esta universidade especialmente por causa deste assunto... Eu carrego um grande segredo. Algo que não consigo falar com ninguém, ou eu seria presa. Desde que me lembro, testemunhei fenômenos paranormais que vão além de mim... Há outro mundo, paralelo ao nosso, que evolui com suas próprias regras... Preciso aprender mais sobre isso e encontrar respostas para as minhas perguntas. Eu também preciso aprender um pouco sobre mim mesma... Por que eu recebi esse dom.
Por que eu e não outra pessoa? Estou prestes à deixar a cafeteria com a Sarah, mas sinto que alguém me observa. Eu viro. Eu vejo os olhos verdes do Peter em mim. Me pergunto o que ele pensa de eu sair com a Sarah. Eu me pergunto o que ele pensa sobre ela. Afinal, ele está em Mystery Spell por muito mais tempo do que eu. Enquanto nossos se encontram, ele não desvia o olhar e, pela primeira vez, vejo um sorriso fino nos seus lábios perfeitos. Chocada, eu me viro, com meu coração batendo rápido. O que acabou de acontecer?
...♦♦♦...
A Sarah e eu estamos sentadas no anfiteatro e esperamos pelo professor. Eu já tive várias aulas com ele, e devo admitir que ele é bastante sexy. A maioria da classe é composta por garotas que vêm exclusivamente para babar nele. Não são os meus olhos de âmbar estranhos que me atraem, mas sim o que ele tem para nos ensinar.
"Bem, eu admito que eles são uma vantagem!"
Quando ele entra no anfiteatro, ouço sussurros e suspiros arrebatados. Ele tem cabelos pretos, muitas vezes desgrenhados, com alguns fios azuis, e ele expõe uma aura selvagem, quase animalesca, que não passa despercebida. Mesmo que ele seja bastante encantador, ele ainda é nosso professor. Não consigo me imaginar atravessando essa linha! Surpresa, vejo o Peter atentar-se na parte de trás da sala. Não posso evitar, seu lado reservado e misterioso me fascinam! Ele me ignora, seus olhos mergulhados em um livro mais uma vez. Suspiro, um pouco frustrada. Me pergunto por que ele decidiu fazer esse curso específico. Ele é quase o único menino na sala. No entanto, percebo que o professor, Sebastian Jones, olha para ele por um momento. Com seus olhos de predadores.
"Eles se conhecem?"
Ele retoma rapidamente o curso. Esta semana estamos falando de vampiros: Mitos e Lendas sobre eles. Vampiros, seu poder de atração, seu lado misterioso... Devo admitir que tudo isso é fascinante para mim. O professor Jones explica que a data exata da aparição dos mitos dos vampiros, provavelmente na antiguidade, não é conhecida. Vampiros estiveram presentes na imaginação popular na Europa desde o século XII. Naquela época, eles eram mais como mortos-vivos do que sanguessugas. Mas está acima de todas as doenças, como a raiva, por exemplo, dos assassinatos em série popularizando a lenda, tornando-a universal.
Aparentemente, alguns assassinos em série naqueles dias bebiam o sangue de suas vítimas por nenhum motivo particular. Foi o que deu à luz a idéia de vampiros. Eu estremeço de excitação com tudo fora do comum! Ele então explica que, mesmo que o mito varie de um país para outro, os vampiros tem vários pontos comuns... Sua necessidade de sangue para sobreviver, a longevidade e a falta de apetite por comida mortal... Estranhamente, esse pensamento me faz pensar nos irmãos Bartholy... A angústia envolve meu coração. Eu tenho vivido com eles por duas semanas e nunca os vi comendo algum alimento. A Lorie nunca come o que eu preparo para ela. Seus irmãos à desculpam, explicando que ela é muito exigente.
"De primeira, na verdade não me surpreendeu..."
Essa situação estranha pode passar despercebida na escola, mas não se vivemos com eles todos os dias. Sem poder me parar, olho para o Peter. Ele é mais expressivo do que o habitual. Franzindo o cenho, ele não parece feliz. E ao mesmo tempo, um brilho de tristeza cintila em seus olhos verdes.
"O que o deixa tão tenso?"
Enquanto o professor explica que os vampiros são muitas vezes vistos como seres monstruosos, incapaz de conter seus impulsos, o Peter se levanta abruptamente. Ele pega as suas coisas e sai da sala.
"Qual é o problema dele?"
Eu noto que o professor Jones faz uma pausa e vê o Peter sair com um sorriso malicioso, ele retoma a aula. Tem realmente alguma coisa acontecendo entre eles! Eu percebo que não sou a única à observar o que está acontecendo. Uma jovem, à quem não conheço, está olhando a porta que o Peter acabou de bater. Em seus olhos, posso ver que a reação dele à incomodou tanto quanto eu. Ela tem um visual muito peculiar. As mechas pretas longas de misturam com fios de cabelos loiros platinado. Seus grandes olhos azuis também são bordados de ébano. A aparência meio emo, maquiagem forte, tudo o que eu não gosto muito. Ela percebe que eu a estou observando e nossos olhos se encontram. Eu lhe dou um pequeno sorriso porque não quero parecer grosseira. Ela me ignora descaradamente e volta sua atenção para a aula.
"Legal!"
Nunca à vi antes. Ela é nova na escola? Ela acabou de chegar aqui? Eu acho que eu teria notado, considerando sua aparência! Ela também parece muito interessada no que o professor diz sobre vampiros. Ela toma nota à velocidade da luz.
Mellanny: Ei, Sarah, você conhece aquela garota lá de cabelo loiro?
Ela se volta para a jovem e à olha por um momento, sem dizer nada. Ela parece muito surpresa.
Sarah: Nunca à vi antes, e ainda pensei que conhecesse todos aqui. Ela definitivamente chegou à pouco. Porque?
Mellanny: Sem motivo. Nunca à vi nessa aula, então eu me perguntei se você a conhecia, só isso.
A Sarah não parece acreditar em mim. Ela olha para a garota atrás de nós, e depois acaba deixando para lá e redireciona sua atenção para o professor. Eu também me concentro na aula, ansiosa para aprender mais sobre vampiros. Ele explica que, de acordo com as crenças mais comuns, os vampiros não tem medo de cruzes ou alho. Por outro lado, o sol que não os queimam, pode diminuir seus poderes. Eles também precisam ser convidados para entrar na casa de alguém. Eles geralmente são mais fortes, mais qualificados e mais rápidos que os humanos. E eles têm uma habilidade surpreendente para seduzir e cativar suas presas, para melhor possuí-las.
Francamente, quem não sonhou em ser imortal, de ser mais forte e mais rápido? Na verdade, é uma espécie de super-heróis com dentes afiados! A aula termina e me deixa cheia de perguntas. Eu sei por experiência que a magia existe. Então os seres sobrenaturais provavelmente devem existir também... Uma pergunta congela meu sangue: e se eu topei com uma família de vampiros? Os Bartholy são realmente quem eles afirmam ser...? Essa idéia da arrepios nas minhas costas. Eu acho que estou tremendo. A Sarah me observa pelo canto de seus olhos.
Sarah: Você está bem, Mellanny?
Mellanny: Sim, nada sério, estou cativada pela aula, só isso! - eu minto.
Ela olha para mim por um momento sem dizer nada, mais séria do que o habitual para ela.
Sarah: Você acredita em vampiros?
Mellanny: Vampiros? É apenas uma história para assustar crianças, nada mais que isso.
Ela parece pensativa.
Sarah: Eu acredito neles, e acho que devemos ser mais cautelosos com o que nos rodeia. As pessoas ficaram muito cínicas para perceber que estão ameaçadas.
Seu tom me surpreende. Ela nunca falou comigo tão a sério, e ainda estamos falando de vampiros!
Mellanny: Você acha que os vampiros são fundamentalmente ruins?
Sarah: Eles bebem sangue humano... Então, obviamente, eles são ruins!
Não respondo, pensando. A Sarah parece odiar os Bartholy por algum motivo desconhecido. Talvez ela pense que eles são vampiros? Afinal, ela acabou de me dizer que ela acredita neles. Mas ela teria me dito isso de qualquer maneira, certo? Nos vemos com frequência e começamos a confiar uma na outra. Se eu vivesse sob o mesmo teto que vampiros, ela certamente me avisaria... Eu vou ter que fazer minha investigação para esclarecer isso! A Sarah muda sua expressão e seu sorriso estelar reaparece em seus lábios.
Sarah: Por sinal, não esqueça que este fim de semana tem a celebração de Halloween em Mystery Spell! As ruas e os bares estão decorados, pode ser divertido ir!
Halloween, em uma cidade tão misteriosa, promete bons momentos de medo e risada.
Mellanny: Eu mal posso esperar! Vamos fazer uma caçada aos monstros?
Sarah: Nós vamos nos divertir, você vai ver, eu participo desde que era pequena, e todos os anos eu fico maravilhada.
Em qualquer caso, sair da mansão um pouco não vai me fazer mal. Digo adeus à Sarah e prometo encontrá-la na festa do Dia das Bruxas. Afinal, você só vive uma vez!
Continua....
Eu decidi ir andando para casa porque preciso de um pouco de ar e arejar a cabeça depois de todas as coisas que ouvi na sala. Acabei de sair em direção para casa quando vejo o Loan se aproximando com o sorriso no rosto.
Loan: Ei, Mellanny, então, está se acostumando com a cidade? - ele me dá um grande sorriso brilhante.
O Loan não parece ser o tipo de cara com quem gostaria de sair. Pelo que posso ver, ele parece arrogante e conquistador. Ele deve estar acostumado a ter todas as meninas se jogando em seus braços. Bem, eu não!
Mellanny: Por enquanto, tudo bem, a universidade é fantástica, e a Sarah me ajuda à me sentir em casa.
Loan: Se você quiser, posso dar uma volta com você para te mostrar a cidade. Eu moro aqui desde pequeno. Eu poderia te mostrar lugares secretos e íntimos...
Ele me dá um sorriso encantador. Eu me pergunto se ele está sempre tentando flertar com todas as meninas que aparecem na sua frente. Eu não quero ser sua nova conquista num grupo interminável de meninas. Eu quero um relacionamento um pouco mais sério.
Mellanny: Obrigada, mas estou bem, acho que já conheci bem por aqui. E eu não tenho muito tempo, eu tenho que voltar para o trabalho...
Ele parece decepcionado com a minha reação, mas rapidamente encontra seu brilhante sorriso.
Loan: Ah, você trabalha? O que você faz?
Mellanny: Eu sou uma au pair para uma família na cidade. Isso leva muito tempo depois da escola, eu tenho que cuidar da menininha deles.
Loan: Onde você trabalha? Conheço todos por aqui, talvez eu possa falar com ele para deixá-la algum tempo livre!
Sua insistência está começando a me irritar. Ninguém nunca o recusa ou o que?
Mellanny: Estou nos Bartholy, não sei se você os conhece, mas eles são bastante rigorosos...
Ao anunciar o nome "Bartholy", o Loan dá um passo atrás. Os olhos dele se alargam. Ele parece totalmente surpreso. Pouco à pouco ele começa a franzir a testa.
"O que é agora?"
Loan: Eu não pensei que eles tivessem a audácia de ter uma babá! Cuidado, Mellanny, essas pessoas não são normais.
Ele também tem um problema com os Bartholy? Parece ser tendência em Mystery Spell!
Mellanny: Não se preocupe, sou grandinha o suficiente para enfrentá-los sozinha, e tenho que ir agora, estou atrasada. Nos vemos depois!
Sem dar-lhe tempo para responder, eu começo à correr pela rua, não querendo que ele me segure mais. Obviamente, os Bartholy não são o que você chamaria de popular!
♦♦♦
No dia seguinte, decidi aproveita meu tempo livre para investigar sobre a família Bartholy. Depois de dar uma volta na mansão ( demorou muito tempo!) Botei que há apenas dois espelhos em toda a casa. Um no meu quarto, o outro no banheiro que me reservaram. Uma escolha decorativa simples ou uma precaução a ter em conta com a minha mudança pra cá?
Tenho certeza de que algo está acontecendo nessa família... A Lorie está em seu quarto. Grito seu nome e a peço que se junte a mim na sala de jantar. Eu à escuto murmurar, dizendo que não vai descer, resmungando repetidamente... Mas, finalmente, sua curiosidade a apodera e a vejo descendo os degraus.
Lorie: O que?
Obviamente, ela está fazendo cara feia.
Mellanny: Veja o que eu preparei para você!
Eu mostro à ela um lindo bolo rosa, com pequenas flores decorando ao redor. Demorou muito tempo para fazer, mas estou muito feliz com o resultado. Qualquer criança normal só quer uma coisa: devorá-lo. Vejo a reação da menina com atenção. Ela olha para o bolo, visivelmente surpresa, e depois faz seu biquinho usual.
Lorie: Seu bolo é uma droga, e não gosto disso, não quero!
Ela está prestes a partir, mas eu pego sua mão. Fico surpresa com a sua pele gelada, tão fria como a neve.
Mellanny: Não é muito educado nem mesmo prová-lo, você poderia fazer um pequeno esforço para me agradar...
Mais uma vez, seus olhos vagam entre o bolo e eu. E, para a minha surpresa, ela começa à chorar. Grandes lágrimas correm por suas bochechas de boneca.
Mellanny: Lorie, o que está acontecendo? Eu fiz algo errado?
Certamente, não é nada de grave. Outro de suas birras? Suas lágrimas atraem a atenção de seu irmão mais velho, Nicolae, que corre para a sala de jantar em pânico.
Nicolae: O que está acontecendo?
Ele se aproxima de sua pequena irmã e a leva em seus braços.
Nicolae: Shh, Shh... Tudo bem, porque você está chorando, Lorie?
A menina funga e de repente aponta para mim.
Lorie: É culpa dela. Ela quer que eu coma um bolo bonito quando eu não posso! É tão bonito, Nicolae! Eu quero, eu quero, eu quero!
O Nicolae, geralmente tão comedido, arregala seus olhos ao ver o bolo que está posto na grande mesa da sala de jantar. Ele rapidamente volta à ficar distante.
Nicolae: Sinto muito, Mellanny, mas a Lorie tem uma condição física especial que á impede de poder comer esse tipo de bolo. No entanto, agradeço-lhe por querer agradá-la.
Sem outra palavra, ele leva a menina em seus braços e sai da sala. Uma condição física que explicaria por que, em duas semanas, a Lorie não comeu absolutamente nada?
"Ele me toma por uma tonta ou o que?"
Eu percebi que um confronto seria inútil. Os irmãos Bartholy não fariam nada além de negar tudo, encontrando desculpas para seu comportamento estranho. Agora sei que a palavra "normal" não faz parte do vocabulário dessa família. Eu mesma tenho poderes estranhos, que nunca consegui controlar, e posso sentir que o sobrenatural está tão entrelaçado com a vida dos Bartholy quanto com a minha. Eu vou ter que ser cuidadosa com eles.
Eles podem ser vampiros, mas, por enquanto, ainda estou viva. Eles não podem ser tão ruins! Mas você nunca sabe. Afinal, eles podem ter me contratado para servir como um lanche no futuro! Enquanto eu ando de volta ao meu quarto, eu trombo com o Peter na escada. Lembro-me de seu comportamento na aula de Matemática, que também foi muito suspeito.
Mellanny: Você está bem, eu vi você deixando a aula de Mitologia com pressa hoje, eu fiquei preocupada.
O Peter me observa sem dizer nada. Seu olhar está perdido no meu e eu esqueço minha pergunta por um momento. Ele responde casualmente.
Peter: O assunto não era interessante.
O Peter pode ser um vampiro, mas sinto profundamente que ele é diferente dos seus irmãos. Essa diferença me atrai, me faz querer saber mais, descobrir mais sobre ele. Sem conseguir impedir meus pensamentos me escapam.
Mellanny: Eu gostaria de saber mais sobre você, Peter.
Ele ergue as sobrancelhas, visivelmente surpreso com o que acabei de dizer.
Peter: Você não está interessada no Drogo ou no Nicolae, por que você quer saber mais sobre mim? Não há nada interessante para saber sobre minha vida.
Mellanny: Você é diferente dos seus irmãos, e é esse contraste que me faz querer conhecer você.
Seus olhos verdes começam a brilhar. Ele parece desconcertado como se o meu interesse lhe parecesse totalmente incongruente.
Peter: Você é um enigma para mim, Mellanny, você não é como as outras garotas.
Mellanny: E como são as outras garotas?
O Peter olha para mim e não posso tirar os olhos dos seus olhos magnéticos. Ele lentamente se aproxima do meu rosto, como se estivesse me provocando.
Peter: Normalmente, as garotas vão atrás de Bad Boys como o Drogo ou cavalheiros como o Nicolae. Normalmente, eu não às interesso.
Sua voz é suave, doce, vibrante... Ele está na minha frente, mas eu o ouço como se ele tivesse apenas sussurrado no meu ouvido. Seu rosto angelical, à poucos centímetros do meu, me faz perder o controle. Eu queria que ele me mordesse! Ele me observa por um momento, e sinto seu cheiro lenhoso, tão masculino, envolvendo meus sentidos. Depois de me dar um olhar frio, ele virou as costas para mim e começa a se afastar.
Peter: Você não está pronta para o que espera por você aqui, Mellanny. Se eu fosse você, eu iria antes que seja tarde demais...
Sobre essas palavras enigmáticas e perturbadoras, ele me abandona na escada, deixando-me sozinha e completamente dominada. Automaticamente, eu vou para o meu quarto, confusa.
"A aparência Angelical e introvertida do bonito Peter realmente escondeu um ser torturado?"
Eu deito na minha cama, em uma bola debaixo do meu cobertor, completamente perdida, as palavras dele se esgueirando na minha cabeça. Estou pronta para o que espera por mim? Talvez a situação esteja um pouco além das minhas habilidades... Mas o que está esperando por mim exatamente?
Continua.....
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