A neve já começava a acumular nos parapeitos quando desci do ônibus naquela tarde. O céu de São Petersburgo era cinza espesso, sem promessa de sol apenas a melodia abafada do inverno, que eu ouvia como se viesse de longe. A surdez parcial no ouvido esquerdo dava-me a sensação constante de estar entre dois mundos. Em um, os sons chegavam quase claros e duros, no outro tudo era distante, submerso.....como memórias que a gente tenta esquecer.
Subi os três andares do prédio antigo com as mãos enfiadas nos bolsos e os pensamentos vagando entre a dor de cabeça e a folga do serviço que se aproximava. Foi quando ouvi - ou melhor, senti um som diferente. Não era o eco costumeiro da escada de concreto. Era peso, movimento, vozes abafadas, um cheiro de couro caro e de cigarro queimando no ar. Alguém estava se mudando para o 3B o meu andar. Parei um segundo vasculhando a minha bolsa atrás das chaves e recuperando o fôlego da subida, antes de virar o corredor e seguir para o meu apartamento, então eu vi-o, alto, com uma postura que ocupava o espaço, como se o mundo devesse recuar para deixá-lo passar. A pele pálida, quase antinatural sob a luz fraca do corredor, dava-lhe um ar fantasma ou algo ainda mais antigo e perigoso, os cabelos pretos lisos um pouco desalinhados caiam sobre a testa, como se nem se importasse em parecer apresentável. Mas o que mais me prendeu — o que me fez esquecer até de piscar, foram os olhos; heterocromia, um azul profundo como o inverno russo, o outro verde, escuro e afiado como vidro quebrado. Um contraste tão marcante que dava a sensação que ele enxergava o mundo em duas versões em simultâneo: uma julgava e a outra que caçava. O corpo era outro detalhe impossível de ignorar; musculoso, sim, mas não como os fisiculturistas que se exibem em academias. O tipo de força que vinha do uso real, braços que pareciam ter carregado mais do que caixas, mãos que podiam tantdestruir, , quanto proteger, casaco escuro, luvas de couro; carregava as caixas com uma calma que me pareceu ameaçadora. Os olhos heterocromaticos se ergueram e encontraram os meus, frios a ponto de causar-me um arrepio na espinha. Ele não sorriu
-Você é a do 3A? perguntou com a voz baixa e firme, quase rouca.Precisei inclinar a cabeça para entender direito, compensando o lado mais surdo; ele percebeu.
-Sim .respondi , tentando parecer neutra, se possível invisível
-Dmitry - ele disse apenas, antes de entrar no apartamento ao lado.Nenhuma explicação, nenhuma pergunta, mas eu sabia.O tipo de homem que se muda sem dar detalhes, que carrega caixas sozinho e não pede ajuda, não é alguém comum.E nos corredores frios de prédios esquecidos por Deus, a gente aprende a reconhecer o perigo pelo cheiro.Segui meu caminho em direção a porta retirando meu cachecol e fechando-a logo atrás de mim,deixei meus sapatos na entrada e segui em direção ao banheiro para tomar um banho quente; o cansaço falou mais alto que a fome , segui direto para a cama e deitei , ao fundo escutava apenas os ruídos das caixas sendo pistas no chão e móveis sendo arrastados, adormeci logo em seguida.
Acordando apenas com o despertador marcando 07:00 AM, um novo dia, tudo começando novamente, a mesma monótona e cansativa rotina diariamente, faculdade pela manhã até as 2:00 PM e trabalho no café perto do anexo de lojas até as 10:00 PM, arrumei-me rapidamente e tomei um café instantâneo com torradas, cada minuto era precioso para não perder o ônibus, em outros dias normalmente acordaria mais ccedo,mas a semana de provas havia finalmente acabado então dei-me o luxo de dormir 50 minutos a mais, calçei os meus sapatos e segui em direção a porta para sair, não tinha tempo a perder, assim segui o meu dia agitado voltando novamente para casa tarde da noite, o cansaço consumia-me e mal via a hora de um merecido e sossegado descanso, mas está palavra "sossego" não existia no vocabulário dele. As paredes aqui são finas demais, quando aluguei este apartamento o corretor disse-me que o prédio era "histórico", em outras: velho,mal isolado, com canos que choram no meio da madrugada. Mas eu não me importava, o silêncio sempre foi meu refúgio, a quietude da minha própria cabeça era um espaço seguro, meu território.
O problema era o barulho de lá, do lado dele. Dmitry eu lembrava o nome, ele mesmo disse-me, com um breve aceno de cabeça e um sotaque rouco. Desde então,o apartamento 3B se tornou uma espécie de palco noturno: batidas de cama contra a parede,gemidos altos demais para parecerem espontâneos, risos femininos, músicas com batidas pesadas que a minha surdez parcial fragmentava em pedaços desconexos, como um rádio quebrado tentando sincronizar o caos. Mesmo assim era o suficiente para me manter acordada toda a noite, toda maldita noite, francamente como há tanta disposição numa pessoa de todas as noites serem dessa forma? Já faziam dias que as minhas horas de sono se resumiam a 2, 3 horas seguidas, eu estava stressada,, o meurendimento estava cada vez mais baixo. Mas aquela madrugada,o que havia era ausência, silêncio,um vazio estranho e desconfortável. O tipo de silêncio que arrepia, não porque é calmo, mas, porque você percebe que está esperando algo, e esse algo não vem. Levantei da cama inquieta, fui até a cozinha, vaguei sem rumo, fitei o saco de lixo cheio, uma desculpa perfeita para sair de casa, vesti o casaco peguei a chave e saí. Ele estava ali, encostado à porta do 3B como se tivesse sido esculpido na parede, alto, ombros largos, corpo firme como se carregasse o prédio inteiro, o cabelo preto molhado caia na testa, a camiseta escura colava ao peito, os braços cruzados, a mandíbula travada. Mas sempre eram os olhos que me prendiam, um azul, um verde. Como se o céu e a floresta disputasse espaço dentro dele, parecia que Deus estava indeciso quando o criou.
ele olhou-me como se já soubesse quem eu era, e então ele falou:
— Você é a do outro lado da parede.
A voz dele era grave, tinha um arrastar rouco de quem fuma demais. Segurei o saco de lixo com mais força eu não queria falar, mas a raiva, a insónia, a frustração fizeram escapar antes que o bom senso pudesse-me calar.
— E você é o barulhento
A resposta saiu fria, seca como.uma bofetada sem mão, mas ele apenas sorriu com o canto da boca num gesto sarcástico quase gentil. Quase.
— Não sabia que incomodava tanto assim.
— Ou talvez você apenas não se importe.
— É para isso que você saiu para conversar no meio da madrugada?- disse ele erguendo uma das suas sobrancelhas.
— Não eu só.....notei que, pela primeira vez em semanas você está quieto. E isso pareceu-me suspeito.
— Então veio investigar?
— Vim jogar o lixo. O resto foi acidente — menti
Ele descruzou os braços, deu um passo na minha direção, eu não recuei, mas meu corpo todo queria.
— E o veredito? Estou livre de acusações por hoje?
— Ainda não decidi — respondi indo em direção às escadas —Mas você definitivamente é barulhento.
Dmitry sorriu, um canto da boca ergueu-se, carregando algo entre ironia e desafio.
—Você se incomoda tanto assim?— disse me seguindo.
— Eu existo, eu ouço (apesar de não tão bem) e algumas pessoas aqui trabalham de verdade durante o dia — respondi jogando o saco na caçamba e voltando para as escadas, ele seguia-me como a minha sombra.
— E o que você escuta exatamente?
— Tudo o que me impede de dormir
—Mas não tudo, né?
—O que? - parei olhando fixamente para Dmitry
—Seus olhos- ele disse baixando o tom —Você tem olhos de quem não ouve tudo....., mas apenas o que importa.....
Engoli seco, fiquei parada, ninguém havia dito algo assim para mim.
Ele então estendeu a mão.
—Dmitry, caso ainda precise de confirmação.
Olhei para a mão dele, grande, marcas de calo e com cicatrizes, havia um desenho que não sabia identificar o que era. Uma mão que já segurou muita coisa, ou apertou com força demais outras.
—Margô- respondi, mas não o toquei, apenas disse, isso já bastava. Segui o corredor do meu apartamento.
— Tentarei ser.....mais silencioso - disse num tom irônico logo atrás de mim.
Olhei por cima dos ombros com uma expressão irritada abrindo a porta. Ele ainda estava me olhando fixamente com um breve sorriso no rosto.
—Boa noite......Margô
—Ainda não decidi se será boa- respondi fechando a porta logo atrás de mim, ouvi uma risada contida e os seus passos indo para dentro do seu apartamento.
Naquela noite ele não fez barulho e o silêncio......foi mais ensurdecedor que qualquer grito......
Os dias seguintes ao encontro foram.....estranhos. Ele parou com o barulho.....por uma noite, uma única noite. Como se tivesse me dado de presente, só para ver como eu reagia.Mas, voltou, não com o mesmo exagero de antes; agirá estava mais contido, mais intercalados, como se estivesse fazendo de propósito. O bastante para me lembrar dele, o bastante para me incomodar, o bastante para me deixar imaginando.
Eu não podia me dar o luxo de perder o sono, minha vida já era cansativa o suficiente: acordar cedo enfrentar ônibus e metrô lotados de pessoas impacientes, assistir aulas na universidade com metade da audição e o dobro esforço; levo mais tempo para entender certas coisas, mas ninguém vê isso. Só acham que sou distraída, lenta....desligada.Depois da aula, corro para o trabalho na cafeteira, onde passo horas anotando pedidos,ouvindo pessoas reclamando de suas vidas , de suas viagens , romances mal sucedidos e suas faltas de liberdade. Saio de lá exausta atravesso a cidade com fones, não para ouvir música, mas para tentar abafar os ruídos de conversas desconexas, e chego em casa quase meia noite, todos os dias. E ele sempre está lá. Não do lado de fora mas do outro lado da parede.Os sons voltaram, mais abafados , mais irregulares , passos pesados , vozes femininas , risos curtos , portas sendo fechadas, músicas desconexas, gemidos.
O som ecoa em mim mais do que entra pelos ouvidos.É como se minha mente inventasse o que falta, completasse as lacunas ,da minha audição com imagens que eu não quero ter. As vezes ele fala algo , palavras soltas, graves, baixas; não entendo.....mas o tom me arrepia. Comecei a dormir com tampões, com audiobooks ligados no volume máximo que minha condição permite. Nada funciona , nada o apaga completamente.
— Malditos ruídos- falava para mim mesma — poderia ser 100% surda para não ter que ouvi-los.
Na terça feira cheguei tarde demais, o metrô atrasou, depois de uma tempestade de neve, minhas botas estavam encharcadas, minha roupa e mochila molhadas, e meu humor? Enterrado. Tudo o que eu queria era tomar um.banho quente e fingir que eu existia em silêncio. Mas assim que fechei a porta do apartamento, ouvi.....um estalo rítmico. A cabeceira dele? Ou a parede? A cama gemeu, uma risada feminina esparramou-se, uma batida surda, como se alguém estivesse empurrando algo com força. Senti o sangue subir a cabeça, tirei os fones com raiva, joguei a mochila no chão, encostei na parede, e fiquei ali, só ouvindo. Por quê fiz isso? Nem eu sei....curiosidade? talvez, ou talvez fosse raiva? sim, raiva com certeza havia ou…talvez......fosse.....inveja?
Ele estava ali, tão próximo, tão presente, tão......vivo.Enquanto eu.....só passava os meus dias como um ruído de fundo da própria vida.
O pior? É que as vezes....quando .....me deito.....eu fecho os olhos, eu escuto só a voz dele, não as mulheres, apenas ele , isso me irrita profundamente.
Com o tempo comecei a notar padrões, não nos ruídos, esses continuavam erráticos, como se fossem feitos para confundir, mas nele.
Na forma como ele estava sempre no corredor quando eu chegava tarde. Encostado na parede, mexendo no celular, fumando ou apenas...ali. Como se o prédio terminasse nele.Como se fosse o guarda que vigia os esquecidos da madrugada, nunca falava , só olhava. E eu fingia que não via.
No começo achei que era coincidência. Depois, habito.Mas na quinta noite seguida , com o frio cortando meu rosto e meus dedos dormentes dentro das luvas, me peguei esperando vê-lo antes mesmo de dobrar o corredor. E quando o vi - quando nossos olhos se cruzaram, senti algo estranho. Um peso familiar.Como se de alguma forma, ele fosse parte da minha rotina. Parte da minha existência silenciosa. E isso me irritou,mas também me...acalmou? Talvez fosse cansaço, ou a solidão. Na sexta , ele segurava uma sacola de compras, uma das sacolas de pano que vendem na padaria da esquina; uma garrafa de vinho aparecia pela borda,junto com algo que parecia pão. Eu me aproximei da minha porta, passei por ele, senti o cheiro de cigarro fresco misturado com hortelã. E antes que eu pudesse destrancar ele falou:
—Tem dias que você chega tão tarde que eu acho que não vai voltar.
parei, não porque a frase foi invasiva, mas porque ele soou como quem observa....não por vigilância....mas por hábito. Como se a minha ausência fizesse falta no cenário que ele construiu do mundo. Virei o rosto lentamente. Ele me encarava com aquela mesma expressão indecifrável. Braços relaxados agora e os olhos… menos duros.
— Eu sempre volto — murmurei sem pensar
Ele assentiu devagar
— Ainda bem - e entrou no apartamento dele, sem mais nada.
Fiquei parada por um segundo, o corredor parecia mais vazio depois que ele se foi. O frio bateu de novo, destranquei minha porta e entrei, sozinha como sempre. Mas naquela noite não houve som nenhum vindo do outro lado da parede, e depois de semanas pude finalmente ter uma noite tranquila de sono, ouvia apenas o vento lá fora e a cidade lentamente adormecendo comigo.
São quase onze e meia da noite. O vento de São Petersburgo corta o rosto como pequenas lâminas, os meus ombros doem de carregar a bolsa o dia inteiro, a cabeça lateja de tantos ruídos empurrados goela a baixo ao longo do dia. Volto do trabalho arrastando os pés como sempre, o meu corpo inteiro pulsa de cansaço. Tudo o que eu quero é a minha cama, meu silêncio; estou a meia quadra do prédio quando vejo ele, justo ele. Raul, estacionado como um erro antigo no meio da calçada, aquele mesmo casaco escuro, cabelo desalinhado de propósito, o olhar que mistura saudade com autopiedade, um olhar que eu conheço bem demais. Um olhar que já me manipulou mais vezes do que deveria.
— Margô
A voz dele, a mesma voz que um dia me convenceu a ficar quando eu já devia ter ido. A voz que me prometeu exclusividade e dividia a cama comigo e com outras bocas ao mesmo tempo.
Viro o rosto, finjo não ouvir, a cada passo mais rápido, ele me segue como um vulto.
— Margô, por favor só quero falar com você
Meu estômago vira, aquele "por favor" sempre vinha antes da culpa, antes da voz baixa, antes das tentativas de reescrever a história.
Chego as escadarias do prédio subindo apressadamente ele sobe logo atrás de mim.
—Espera, eu tentei te ligar, você sumiu...não me responde.
—Tem um motivo
—Você não pode simplesmente desaparecer! A gente…a gente tinha uma história!
—Falou certo, tínhamos!
— Margô! porra fala comigo. Eu errei eu sei, mas você também não era perfeita.
Meu sangue ferve , eu rio, um riso seco, amargo. Subo o segundo lance de escadas tentando andar o mais rápido que consigo
— Não era perfeita? Você que cometeu o erro e vem-me dizer sobre ser perfeito?
—Você me ignorava, vivia no seu mundo. Aquilo não foi… não foi real. Não conta daquele jeito
Chego no último lance de escadas do meu andar, a raiva-me consome, paro e viro-me de repente, fazendo ele parar dois degraus abaixo de mim.
— Você me traiu! Com a garota que um dia eu chamei melhor amiga, no nosso apartamento, na nossa cama! E agora quer discutir o que "conta"? Não seja cínico Raul.
A expressão dele muda, o lábio inferior treme. Ele não esperava que eu dissesse isso em voz alta, nem eu.
— Não começa com isso- ele rosna e tenta uma justificativa — Você tem ideia de como tem sido para mim desde então?
— Eu não ligo!
Dou mais dois passos quase acabando as escadas e chegando ao corredor.
— Você acha que é a única que sofreu? Eu perdi você também!
— Você não me perdeu, você me jogou fora, traiu a minha confiança
— Porque você vivia fechada! Surda para mim, pro mundo!
Ele está gritando agora, e então ele empurra-me contra a parede com força, um misto de raiva e desespero, as mãos apertando os meus ombros e o rosto perto demais.
—Você me enlouquece Margô. Você pensa que é melhor que todo o mundo agora, mas você ainda é minha e vou deixar claro isso para você.
— Me solta- digo seca, o gosto do medo sobe pela garganta
— Acha mesmo que poderia se esconder para sempre? vou-te ensinar a não fugir de mim novamente!- diz Raul com agressividade.
E então ele aparece, Dmitry, no topo da escadaria, emergindo do corredor escuro como uma sombra sólida, não diz nada, só olha, um olhar fixo, frio, imóvel, como se fosse entalhado em gelo. Ele desce um degrau, só um, mas o mundo parece inclinar com ele.
Raul me solta como se tivesse sido queimado. Dmitry não fala nada, não precisa, o rosto é uma máscara esculpida em pedra. Mas os olhos.....Os olhos dizem tudo, "não toque nela, nunca mais".
— Quem é você?- Raul desafia, mas a voz falha no fim.
Dmitry desce mais um degrau, cruza os braços, o silêncio pesa.
— Saia daqui- diz por fim, a voz é baixa, cada sílaba parece arrastar uma ameaça oculta.
— Isso é entre mim e ela- insiste Raul, já sem convicção
— Agora é entre mim e você
A forma como Dmitry diz isso não é teatral, não é bravata é factual.
Raul recua,os ombros tensos, os olhos arregalados. Por um instante, parece que vai tentar mais uma palavra, mas então vira e desce as escadas, sumindo como o erro que ele é.
Fico ali,imóvel,Dmitry aí da me observa, seu olhar não tem julgamento, nem pena,só constatação.
Ele se aproxima devagar, como se eu fosse um animal ferido, meu braço ainda dói. Ele ainda me observa.
—Você está bem? - pergunta sem emoção aparente, mas com algo por baixo da superfície, como uma corrente escondida sob um lago congelado.
Assunto, quase não consigo falar.
—Sim...agora estou
Elw faz que sim com a cabeça.Depous como se fosse a coisa mais natural do mundo , estende o casaco que trazia dobrado sobre o braço. Eu hesito
— Está tremendo- diz sem me dar escolha
Aceito,é quente , tem o cheiro dele, fumaça, hortelã, e alguma coisa perigosa.
—Vai entrar?
—Vou - digo com um aceno sutil
E antes de ir ele diz
—Se ele aparecer de novo....você me chama
Não é uma pergunta,nem um pedido , é uma ordem, baixa quase cuidadosa.
—Obrigada....- digo entrando em meu apartamento e fechando a porta.
Fico ali por longos minutos com o casaco apertado no peito. E pela primeira vez em muito tempo,me sinto segura, assustada e.....estranhamente...viva.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!