Oi, eu sou a Luara.
Tenho 25 anos, pele clara, cabelos ruivos
e um detalhe que sempre chamou atenção: meus olhos são completamente diferentes um do outro. Um é azul, o outro verde. É algo raro, chamado heterocromia completa. Alguns acham bonito, outros estranham. Eu? Aprendi a aceitar.
Sempre fui um pouco diferente do que esperam de uma “mulher comum”, seja lá o que isso signifique. Cresci em uma casa cheia de amor, com meus pais e meu irmão mais velho sempre por perto — nos bons e maus momentos. E agora, enquanto passo por um término difícil, são eles que estão me ajudando a seguir em frente.
Minha família vive de forma simples, mas confortável. Meus pais são donos de um bistrô charmoso, daqueles que misturam o aconchego brasileiro com o toque refinado da França. Minha mãe, aliás, é francesa. Conheceu meu pai em uma viagem ao Brasil — veio por curiosidade, ficou por amor. Eles dizem que foi paixão à primeira vista. Eu e meu irmão somos as provas vivas disso.
Falando nele, meu irmão é meu melhor amigo. Dois anos mais velho, advogado dedicado e dono do próprio escritório, ele é o tipo de pessoa que inspira só por existir. Sempre foi meu porto seguro, principalmente nos dias em que o mundo parecia querer me esmagar.
A verdade é que nem tudo foi fácil. Sofri bullying na escola e na faculdade por causa da minha aparência. As piadas cruéis sobre meus olhos eram frequentes. Mas, mesmo nos dias em que tudo parecia perdido, meu irmão estava lá — me defendendo, me lembrando de quem eu era. E meus pais, com sua firmeza e carinho, me ajudaram a encontrar forças onde eu achava que não havia mais.
Com esse apoio, consegui concluir minha faculdade de T.I. Pode dizer que eu sou uma nerd assumida. Amo tudo que envolve tecnologia. Hackear sistemas, entender como as coisas funcionam por trás das telas... é quase como um superpoder. Se é eletrônico, eu dou um jeito de fazer funcionar — ou de quebrar, se precisar.
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Meu nome é Oliver Armand.
O mundo me conhece como um homem de negócios — frio, impecável, implacável. CEO da O.L Armand, a maior empresa de artigos de luxo da Europa. Relojoarias, perfumes, carros personalizados. Tudo que o dinheiro pode comprar, eu criei, vendi ou controlei.
Mas essa é apenas a superfície.
Nas sombras, onde o luxo não alcança e o medo reina, meu nome não é sussurrado. Ele é temido. Ombre — a sombra.
O chefe da máfia francesa.
Quando eu apareço, é tarde demais. Ninguém me vê chegar. Só restam rastros de destruição, silêncios forçados e um respeito que nasce do pavor. Nesse mundo, não há espaço para fraqueza. Não há espaço para hesitar.
Fui criado por uma mulher forte: minha mãe, Sophie. Após o assassinato do meu pai — eu tinha apenas sete anos — ela não hesitou. Ela me protegeu com unhas e dentes, enquanto meu tio, irmão mais novo do meu pai, assumia o comando da máfia e começava meu treinamento para o que um dia seria meu legado.
O sangue que corre nas minhas veias carrega o nome Armand, e com ele vem o peso da responsabilidade, da vingança e do poder.
Tenho uma irmã mais nova, três anos de diferença. Ela e minha mãe são as únicas luzes nesse mundo escuro que eu domino. Tudo que faço, faço por elas. Para protegê-las. Para manter longe tudo aquilo que um dia levou meu pai.
Confiança? Rara.
Mas Matteo… Matteo é diferente.
Nos conhecemos ainda na infância. Ele viu meu pai ser enterrado, chorou comigo e prometeu nunca me abandonar. E até hoje, ele mantém essa promessa. É mais que meu consigliere — é meu irmão de alma.
É um dos poucos que conhecem tanto o Oliver empresário quanto o Ombre mafioso.
E que ainda permanece ao meu lado.
Meus olhos enxergam tudo. Minha rede de hotéis e boates espalhadas pela cidade não são apenas empreendimentos — são pontos de observação, locais de controle. Nada acontece sob meu teto sem que eu saiba. E se acontece… não acontece por muito tempo.
Este é o meu mundo: dominado pelo poder, moldado pela dor, sustentado pela lealdade.
E nesse mundo, fraqueza é morte.
E amor…
Amor é um risco que eu nunca posso correr.
Ou pelo menos, era o que eu pensava… até cruzar com aqueles olhos. Um azul. Um verde. Uma mulher que carrega luz no olhar — mas que pode, sem saber, incendiar tudo o que levei uma vida para construir.
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Luan 27 ( Irmão de luara)
Helena 50 anos ( mãe de luara)
Fernando 55 anos ( Pai de luara)
Sophia 56 anos ( Mãe do Oliver)
Hugo 53 anos ( Tio do oliver)
Louise 28 anos ( irmã do oliver)
Matteo 30 anos ( melhor amigo do oliver)
Nunca fui do tipo ciumenta.
Sempre acreditei que, quando existe confiança, não precisa haver controle. Mas confiança, aprendi, pode ser a armadilha mais silenciosa que existe.
Gabriel era o cara “perfeito”. Atencioso, carismático, o tipo que até minha mãe chamava de “genro ideal”. E, para piorar, era amigo da minha melhor amiga, Natália. Os três juntos pareciam uma tríade de filme adolescente. Até que... algo começou a cheirar mal.
Tudo começou numa tarde qualquer. Estávamos no meu quarto quando o celular dele vibrou. Eu ia entregar, como sempre fazia, mas ele se antecipou — com pressa demais. Escondeu o aparelho no bolso como se fosse um segredo do governo.
Na hora, o alerta acendeu.
Talvez tenha sido meu instinto. Ou talvez, só talvez, minha mente de programadora não soubesse ignorar um enigma.
Naquela noite, contei tudo ao meu irmão. Ele me olhou por alguns segundos e disse com a calma de quem sabe que vai resolver:
— Se você quiser a verdade… a gente pode ir atrás dela.
Foi a única permissão que precisei.
Com acesso rápido ao número do Gabriel, montei um script simples. Nada demais — só uma duplicação da conta do WhatsApp via web, com um sistema proxy que escondia o IP. Eu via cada mensagem em tempo real, como se fosse ele. E o que encontrei… foi como levar um soco no estômago.
Mensagens picantes. Fotos. Áudios.
Eles se chamavam de "meu vício escondido", "segredo quente". E entre palavras que me embrulhavam o estômago, estava o pior:
“Hoje à noite, na minha casa. Ela não vai desconfiar.”
“Tô levando vinho. Quero você só de toalha.”
Minha visão embaçou.
Natália. Minha melhor amiga.
Gabriel. O homem que prometeu futuro comigo.
Meu irmão viu meu rosto e não precisou de explicações. Me abraçou forte e me deu o conselho que mudou tudo:
— Acaba com isso do seu jeito, Lu. Mas com a sua força. Mostra quem você é.
Peguei minha mochila, respirei fundo e fui. Eu ainda tinha a chave da casa do Gabriel. Irônica essa confiança, né?
O caminho até lá parecia mais longo do que era. Cada passo pesava, mas minha mente estava firme. Coração em pedaços, mas com a cabeça fria.
Quando abri a porta, eles não ouviram.
A cena era digna de um clichê barato: risos abafados, vinho pela metade, ele de camiseta, ela de lingerie.
Fui rápida. Gravei tudo com meu celular, sem dizer uma palavra. Eles congelaram quando me viram.
— Espero que tenha valido a pena… porque acabou.
Joguei a chave no chão, ao lado da taça que ela segurava, e virei as costas.
Daquele dia em diante, prometi a mim mesma que nunca mais ignoraria meus instintos.
Nunca mais abaixaria a cabeça.
E nunca mais deixaria ninguém invadir o meu mundo sem merecer.
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Luara
Se alguém me dissesse há alguns meses que minha vida daria essa guinada, eu provavelmente teria rido. Mas a verdade é que, depois da traição do Gabriel e da Natália, eu decidi focar totalmente em mim. No meu trabalho. Na minha evolução.
Sou coordenadora do setor de T.I da General Motors Brasil — um título que me enche de orgulho. Passei por muita coisa pra chegar aqui, e ver meu nome como a escolhida para representar meu setor no maior evento da empresa foi como receber um troféu invisível pelo meu esforço.
A empresa estava prestes a completar 30 anos no mercado, e a comemoração seria em grande estilo: uma sequência de palestras, apresentações, painéis… e, claro, uma festa luxuosa para fechar com chave de ouro.
O clima na sede era de pura adrenalina.
E o motivo? Um convidado especial, ilustríssimo, que viria diretamente da França para abrir o evento com uma palestra sobre negócios e expansão internacional. O nome dele era sussurrado pelos corredores como se fosse um mito. Um homem de prestígio, milionário, dono da maior empresa de artigos de luxo da Europa.
Oliver Armand.
Confesso que o nome não me dizia muita coisa. Eu não acompanhava esse universo de luxo e riqueza. Mas bastou uma rápida pesquisa para entender o impacto. O cara era simplesmente o CEO da O.L Armand, tinha uma rede de hotéis e boates espalhadas pelo mundo… e, aparentemente, um ego do tamanho de um jatinho particular.
E sim — ele viria de jatinho.
**
Oliver
A viagem ao Brasil tinha dois propósitos.
O oficial: palestra de negócios no evento da General Motors.
O real: fechar uma negociação pesada de armamento com um contato brasileiro da máfia que vinha me enrolando há meses.
E como sempre, Matteo estava ao meu lado, com olhar atento e postura pronta para qualquer situação. Já a Lívia… ela estava ali porque era conveniente. Precisava de uma acompanhante para manter as aparências — e ela sempre esteve disposta, mesmo sabendo que entre nós só existia desejo, não sentimento. Deixei isso claro desde o início. Ela finge não escutar.
— Acha mesmo que vai dar certo dessa vez com o Vicente? — Matteo perguntou, cruzando os braços no jatinho.
— Se não der, ele vai aprender que brincar com o nome "Ombre" tem um preço. — Respondi, olhando pela janela.
**
Luara
No meio da correria do evento, fui convocada para recepcionar os convidados internacionais, fazer testes de som e internet nas salas, e garantir que o sistema de segurança estivesse 100% funcional. Era basicamente o combo "faça tudo e não erre", e isso me deixava ainda mais ligada.
Quando recebi o roteiro dos palestrantes e vi o nome “Oliver Armand” no topo, senti um leve arrepio. Talvez pela energia em torno daquele nome. Talvez por nada. Eu não acredito muito em coincidências. Mas alguma coisa me dizia que aquela noite seria diferente de tudo que eu já tinha vivido.
E eu nem imaginava o quanto
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Gabriel 27 anos ( ex da luara)
Natália 25 anos ( ex amiga da luara)
Lívia 34 anos ( passa tempo de oliver)
Luara
O salão principal estava impecável.
As luzes cuidadosamente posicionadas, o som calibrado, a internet rodando perfeitamente… tudo sob o meu comando. Ser escolhida para representar meu setor era uma honra, mas também uma responsabilidade daquelas. E eu não queria errar.
Não depois de tudo o que enfrentei.
Não depois de ter recomeçado do zero.
Enquanto caminhava com meu tablet checando os últimos detalhes, vi o alvoroço na entrada do evento. Olhares se viraram, cochichos começaram e até alguns sorrisos forçados surgiram nos rostos mais engomadinhos da diretoria.
Ele havia chegado.
Oliver Armand.
O homem entrou como se o mundo estivesse esperando por ele. Alto, olhar penetrante, expressão séria. Vestia um terno escuro perfeitamente alinhado ao corpo e caminhava com um ar de quem não pedia permissão para nada. Ao lado dele, uma mulher lindíssima — provavelmente modelo — e um outro homem com cara de quem lia intenções antes das palavras.
Fiquei parada, observando à distância. O tipo de homem que está acostumado a mandar em tudo. Frio, calculista, e com aquele olhar que parece atravessar a gente. Sabe aquele tipo que não aceita ser contrariado? Então. É o tipo de pessoa que me tira do sério.
E adivinha quem foi chamada para acompanhá-lo até a sala da palestra?
Sim, eu mesma.
Respirei fundo, ajeitei a postura e fui em direção ao trio.
— Boa tarde, senhor Armand — disse, estendendo a mão com firmeza. — Seja bem-vindo. Meu nome é Luara, vou acompanhá-lo até a sala e garantir que tudo esteja em perfeito funcionamento para a sua apresentação.
Ele me olhou de cima a baixo, sem disfarçar. Não foi um olhar vulgar. Foi analítico. Como se estivesse medindo cada detalhe — meu rosto, minha voz, minha postura. Eu sustentei o olhar, firme.
— Luara — ele repetiu meu nome com um sotaque francês sutil. — Quantos anos você tem?
Franzi a testa.
— Vinte e cinco. Mas não acho que isso tenha relevância pra sua palestra — respondi, mantendo o tom profissional.
O canto da boca dele se curvou levemente. Não era exatamente um sorriso. Era mais como... interesse misturado com desafio.
— Você não parece intimidada.
— Por que eu estaria?
— A maioria tenta impressionar. Você só quer fazer seu trabalho.
— Exatamente.
Ele me encarou por mais um segundo, como se aquilo fosse raro. Talvez fosse mesmo. Mas eu não tinha tempo pra ficar impressionada com o olhar de um CEO misterioso.
Eu já havia encarado traições, humilhações e preconceitos. Um francês metido a poderoso não ia me abalar.
— Acompanha-me, então, Luara — ele disse, finalmente.
Enquanto o levava até a sala, sentia os olhos dele nas minhas costas. E, por mais que tentasse ignorar, uma pergunta martelava na minha mente:
Quem, de fato, é Oliver Armand?
Oliver
Ela apareceu diante de mim como se não soubesse quem eu era. Ou pior — como se não se importasse.
O nome era Luara. Brasileira. Jovem. Pele clara, cabelos ruivos, e olhos... intrigantes.
Azul e verde.
Heterocromia.
Incomum. Quase hipnótico.
Mas não foram os olhos que me chamaram a atenção. Foi a postura. O olhar firme. A ausência de bajulação. Não tentou me impressionar, não gaguejou, não desviou o olhar.
— “Vinte e cinco. Mas não acho que isso tenha relevância pra sua palestra.”
A resposta ainda ecoa na minha mente.
Arrogante?
Não.
Calculada. Direta.
Do tipo que não entrega o que você espera, e isso me intriga.
Ela não me olhava como um milionário. Nem como o CEO da O.L Armand. Muito menos como Ombre — o nome que até mafiosos temem pronunciar.
Ela me olhava como se eu fosse só… mais um homem.
Faz tempo que ninguém me encara assim.
Lívia, ao meu lado, percebeu meu olhar nela.
Ficou mais fria do que o habitual.
Ela se esquece que já deixei claro: não amo, não prometo, não pertenço.
Luara caminhava à frente, conduzindo com precisão. E havia algo sensual no jeito involuntário como ela se movia, mas não era isso que me prendia.
Era o mistério.
Era a armadura invisível que ela usava, como se tivesse aprendido a se proteger do mundo.
Eu conheço esse tipo de dor.
Carrego a minha desde os sete anos.
Enquanto Matteo falava com um dos organizadores, eu continuei observando. E vi o que ninguém mais via:
Luara é diferente.
Ela finge não ligar, mas tem olhos que examinam tudo. Ela sente mais do que demonstra. Ela é inteligente — aquele tipo de inteligência que não se ensina em faculdade.
E isso a torna perigosa.
Eu já conheci mulheres demais. Lindas. Brilhantes. Sensuais.
Mas Luara…
Luara tem algo que nem ela sabe que tem.
E isso me incomoda.
Porque eu não gosto de surpresas.
E menos ainda de distrações.
Mas ela… ela é uma distração com olhos de guerra e alma silenciosa.
E por algum motivo que ainda não compreendo… quero saber mais.
(como Luara estava vestida)
(como Oliver estava vestido)
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