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Entre a Lámina e o Desejo

A Obra de Sangue 🫀

O som dos saltos ecoava no beco vazio. Era quase poético… metálico, preciso, como uma melodia sombria anunciando o inevitável.

A respiração ofegante da mulher à frente cortava o silêncio. Corria desajeitada, tropeçando nos próprios passos, os olhos arregalados pela certeza do fim.

Mas não adiantava correr.

Selena caminhava. Apenas caminhava.

Não precisava de velocidade.

Ela sabia exatamente onde aquilo terminaria.

Sempre sabia.

Puxou lentamente a lâmina da bainha presa na lateral do corpo. O aço refletiu a luz amarelada do poste mais próximo. Sua mão firme, acostumada ao peso da morte.

Ali, naquele instante, não havia hesitação. Nunca houve. Nunca deveria haver.

— Você corre tão mal... — sua voz saiu baixa, arrastada, quase divertida. — Parece que não foi feita pra sobreviver.

O grito abafado da mulher se perdeu quando ela virou abruptamente e deu de cara com uma parede de tijolos. Fim da linha.

Selena se aproximou. Cada passo seu parecia pesar toneladas sobre o peito da vítima.

— Por favor... — soluçou a mulher, escorregando pela parede até cair no chão, trêmula. — Eu... eu... não... não fiz nada...

Selena agachou-se, olhando nos olhos dela.

— E é isso que mais me fascina... — sorriu de canto. — Não precisar de motivo algum.

A lâmina deslizou.

Primeiro, um corte raso no queixo, só pra ver o vermelho brotar.

Depois, um segundo mais profundo, do canto da boca até a mandíbula.

A mulher gritava, se debatia, mas Selena segurava firme — ela sabia exatamente onde cortar sem matar de imediato.

— Olha só... que lindo... — deslizou os dedos no sangue, desenhando linhas no rosto da vítima. — Você é minha obra de hoje.

Por alguns minutos, só se ouviam os gritos, o som da carne rasgando, da lâmina deslizando, do choro se misturando com gargalhadas suaves, satisfeitas.

E então... silêncio.

A cabeça rolou alguns metros, parando perto de uma poça de água suja.

O corpo tombou, largado, sem vida.

Selena olhou por alguns segundos. Respirou fundo.

Havia uma paz naquele instante que ela jamais encontrava em outro lugar. Uma paz silenciosa, fria, perfeita.

Pegou um pano, limpou a lâmina com cuidado quase religioso e guardou-a de volta.

Sem pressa, ajeitou os cabelos, conferiu o batom no retrovisor quebrado de um carro abandonado e caminhou calmamente em direção à rua principal.

Ninguém nunca a via.

Ninguém nunca a pegava.

Ela era uma sombra.

Um fantasma.

✂️

Minutos depois, caminhava pela calçada, como qualquer mulher comum da cidade. As luzes da galeria de arte à frente chamaram sua atenção. Havia uma exposição naquela noite — algo sobre “a dualidade da beleza e da dor”. Irônico. Quase poético.

Por um impulso estranho, decidiu entrar.

E foi ali, exatamente ali, que viu ela.

Os cabelos negros, o olhar intenso, a boca desenhada com um tom escarlate perfeito. Ela estava de costas, observando uma escultura que parecia feita de cacos de vidro e pedaços de metal.

Havia algo... errado. Algo que Selena não sabia nomear.

Seu peito apertou. As mãos formigaram.

Por um segundo, a imagem daquela mulher com a garganta aberta, coberta de sangue, surgiu nítida em sua mente.

Mas, no instante seguinte... surgiu outra imagem.

Ela nua, arqueando o corpo, gemendo baixo, presa sob seu domínio.

Selena fechou os olhos, pressionando os dedos contra as têmporas.

— O que... — sussurrou para si. — O que diabos é isso?

Não sabia se queria matá-la… ou possuí-la.

E essa dúvida, para alguém como ela, era mais perigosa do que qualquer faca.

O coração que nunca batia fora do compasso... agora, parecia prestes a explodir.

A mulher virou o rosto, como se percebesse estar sendo observada.

Seus olhos se cruzaram.

E naquele olhar... Selena entendeu.

Ou aquele seria seu próximo cadáver...

...ou seria sua perdição.

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🩸 Continua...

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Apresentação das personagens 🫀

🗡️ **Personagens Principais**:

🔪 **Selena Volkova (29 anos**)

...🖤🫀 Serial killer....

...•Inteligente, fria, meticulosa, estrategista....

...•Uma mulher extremamente atraente, sedutora, misteriosa....

...•Tem traços de psicopatia, mas também carrega traumas profundos da infância, com abuso, negligência e violência....

...•A morte, para ela, é uma arte. Ela sente prazer em controlar a vida e a morte, especialmente de mulheres que ela escolhe com critérios próprios (pode ser mulheres que ela considera "imundas", "hipócritas", ou simplesmente por impulso)....

...•Sempre soube separar desejo de morte. Até Elisa....

🎨 **Elisa Marquez (25 anos**)

... •Uma mulher aparentemente comum, mas cheia de camadas....

...•Artista plástica. Irônica, autêntica, provocadora.💙🫀...

...•Tem um fascínio mórbido por coisas obscuras, o que talvez explique por que, em vez de fugir, ela começa a se aproximar cada vez mais de Selena....

...•Carrega seus próprios traumas, sua própria escuridão. Talvez não seja tão inocente quanto parece....

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🩸 Temas e Vertentes da Serial Killer:

Traumas de infância (abandono, abuso).

Ausência total de empatia por outras pessoas, exceto pela protagonista.

Controle, manipulação, stalking, obsessão.

Questionamento constante: amor real ou obsessão? Desejo ou desejo de matar?

Dualidade psicológica: prazer na morte, mas também prazer no afeto (distúrbio da cognição emocional).

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🩸 Observação:

Essa história aborda temas sensíveis como assassinato, obsessão, traumas, relações tóxicas e sadomasoquismo psicológico. É uma obra de ficção, destinada ao público adulto, e deve ser escrita com responsabilidade, sempre deixando claro que não romantiza violência real.

🫀 O Sabor do Perigo

Aquela troca de olhares durou segundos. Mas, para Selena, pareceu uma eternidade arrastada entre o desejo, o instinto e algo que ela nunca havia sentido antes.

A mulher à sua frente não desviou. Não abaixou os olhos.

Ao contrário.

Sustentou.

Que tipo de criatura fazia isso? Que tipo de mulher olhava nos olhos do perigo e sequer estremecia?

Selena apertou os dedos, as unhas curvando-se na palma da mão. O sangue pulsava, quente, desconfortável. Uma sensação rara, estranha, desconcertante. Ela, que era mestre no controle, sentia, pela primeira vez, o próprio corpo responder de forma imprevisível.

A mulher — Elisa, como descobriria mais tarde — arqueou uma sobrancelha, com aquele sorriso enviesado, desafiador, que parecia dizer “O que foi? Nunca viu algo que te assuste e te atraia ao mesmo tempo?”

Selena desviou primeiro.

Isso nunca acontecia.

Nunca.

Virou de costas, apertando o passo, cruzando a galeria até a saída. O salto batendo apressado no piso de madeira, sem o mesmo ritmo elegante de antes.

Lá fora, o ar frio da noite cortou sua pele. Puxou uma tragada do cigarro que acendeu com mãos ligeiramente trêmulas. Observou, de canto, a fachada iluminada da galeria. Não sabia se queria voltar e arrancar aquele sorriso da boca da mulher — com beijos… ou com lâminas.

— Ridículo — sussurrou para si. — O que diabos foi isso?

Jogou o cigarro no chão, esmagou com o salto e se virou para atravessar a rua.

E então, como se o destino estivesse zombando dela, ouviu uma voz atrás.

— Costuma encarar muito, ou hoje foi uma exceção?

Congelou. O corpo inteiro enrijeceu.

Virou-se lentamente, encontrando-a. De perto, a mulher era ainda mais... provocante. Os olhos puxados, escuros, a boca carnuda, as curvas marcadas sob um vestido preto justo. Um cheiro de perfume amadeirado misturado com algo levemente doce. Inquietante.

Selena precisou de um segundo a mais que o normal para recuperar sua postura habitual — a máscara fria, elegante, impenetrável.

— E você costuma abordar psicopatas na rua... ou também é uma exceção? — respondeu, com um sorriso enviesado, cortante.

A mulher riu. Um riso rouco, que vibrava, sem vergonha, sem medo.

— Psicopatas? — cruzou os braços, inclinando levemente o quadril. — Hmm... Você tem cara. Mas, sabe... acho que gosto de perigo.

Aquele sorriso... aquele maldito sorriso...

Selena se aproximou um passo, desafiando o próprio limite, os próprios impulsos. O cheiro da mulher invadiu seus sentidos. Por um segundo, imaginou a lâmina deslizando sobre aquela pele, abrindo linhas vermelhas, cortando a garganta, ou talvez... deslizando pela curva da cintura, dos seios, dos quadris, não para ferir… mas para provocar.

E isso era insuportável.

— Cuidado com o que deseja — sussurrou, a voz mais baixa, quase um sussurro arranhado. — Nem sempre o perigo só brinca. Às vezes, ele... morde.

Elisa sorriu mais largo.

— Eu sei. E às vezes... é exatamente isso que eu procuro.

As palavras ricochetearam na mente de Selena como estilhaços. Um calafrio percorreu sua espinha, da nuca até o cóccix.

Maldita. Maldita. Maldita.

Por que você não corre, como todas as outras?

Por que diabos você não tem medo?

O silêncio entre elas se esticou. As duas se estudavam, se mediam. Dois predadores. Ou talvez... uma presa que, por algum motivo, se achava predadora.

Selena deu um passo para trás, respirando fundo, recuperando o controle.

— Boa noite — disse, com a voz mais fria que conseguiu reunir. — Cuide-se.

Virou-se e, dessa vez, não olhou para trás. Desapareceu na esquina, mesclando-se às sombras da cidade.

✂️

Horas depois, sentada em seu apartamento — um loft elegante, minimalista, frio como ela —, Selena girava a faca entre os dedos, encarando o vazio.

Na tela do notebook, várias abas abertas: notícias dos últimos assassinatos, investigações, fotos dos corpos deixados por ela mesma, e uma página em destaque: uma rede social.

Elisa Marquez.

Artista plástica. 25 anos.

Pelas fotos, amante do caos, da estética do desconforto, da arte que provoca, que inquieta.

E, agora, uma obsessão que Selena não sabia nomear.

Digitou lentamente o nome no banco de dados que ela própria havia montado — arquivos de possíveis vítimas.

E então parou.

Era isso?

Ela seria uma vítima?

Ou... era algo diferente?

Fechou o notebook com força. Jogou a faca no sofá. Levantou-se, caminhando de um lado para o outro.

O corpo inteiro parecia pulsar, formigar, como se uma febre interna queimasse sob a pele.

Puxou o celular. Digitou o endereço que havia decorado da galeria. Cruzou com o nome, encontrou o prédio onde Elisa morava.

Pegou a jaqueta. A faca voltou para a bainha, presa na coxa.

Se havia uma dúvida, ela precisava ser respondida agora.

No escuro.

No silêncio.

Na linha tênue entre o desejo... e a morte.

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🩸 Continua...

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