NovelToon NovelToon

Flores do Verão

capítulo 01

O som dos sinos ecoava, contrastando com o clima pesado que pairava no ambiente. Não havia amor naquele altar. Nem sorrisos sinceros. Apenas obrigações, acordos e olhares de julgamento.

Kelly ajeitou o vestido branco, bufando. O tecido era lindo, elegante, digno de qualquer princesa… se não fosse para um conto de fadas completamente distorcido. Seus olhos refletiam determinação, mas também revolta. Ela estava prestes a se tornar a esposa de um homem que mal conhecia — e que, segundo a própria família dele, não passava de um inútil.

Do outro lado, Felipe ajustava os punhos da camisa, o olhar sério, mandíbula travada. Seu terno preto impecável parecia não combinar com o desprezo estampado nos rostos ao redor. Seus irmãos, primos, tios… todos olhavam pra ele como quem observa alguém que falhou na vida.

— “Olha só… o fracassado se casando. Deve ser a única coisa que ele consegue fazer direito.” — sussurrou um dos primos, alto o suficiente para Felipe ouvir.

Ele ignorou. Como sempre fazia. Autocontrole era parte de quem ele era. O que ninguém ali sabia, é que por trás daquele olhar frio e supostamente derrotado, havia um soldado. Um homem treinado para enfrentar muito mais que palavras afiadas.

Quando Kelly cruzou as portas da igreja, todos se viraram. Ela estava deslumbrante, altiva, imponente. O que deveria ser uma cena romântica, virou um campo de guerra silencioso.

Os olhos dela encontraram os dele, e o embate começou ali. Nenhum dos dois desviou. Nenhum piscou.

“Eu não vou facilitar.” — diziam os olhos dela.

“Ótimo. Eu também não.” — respondiam os dele.

Ao chegar no altar, ela não lhe deu a mão. Apenas ergueu o queixo, desafiadora.

O padre pigarreou, claramente desconfortável com o clima. — “Estamos aqui reunidos…” — começou, sua voz tremendo, tentando conduzir uma cerimônia que mais parecia um tribunal.

Durante os votos, Kelly falou olhando diretamente nos olhos dele, a voz firme, cortante:

— “Prometo… conviver. Só isso.”

Felipe arqueou uma sobrancelha, o canto da boca curvando em um meio sorriso cínico. — “Perfeito. Prometo o mesmo.”

Quando o padre autorizou o beijo… eles simplesmente não se beijaram. Apenas se encararam, como dois generais em lados opostos de uma guerra que mal começou.

Na saída da igreja, os cochichos eram inevitáveis:

— “Isso não vai durar.”

— “Ela não faz ideia no que se meteu.”

— “Ele é um fracasso, tadinha.”

Felipe apertou o maxilar, mas não respondeu. Sabia que o silêncio era sua maior arma naquele momento. Kelly, por sua vez, segurava a saia do vestido, andando como se desfilasse no meio dos próprios julgamentos.

Dentro da limousine, o silêncio era tão pesado que chegava a doer. Até que ela quebrou:

— “Se acha que vai ter vida fácil, está enganado, De Luca.”

Ele virou lentamente o rosto pra ela, olhos semicerrados, e a voz veio grave, arrastada, como uma ameaça velada:

— “E se acha que sou qualquer coisa que essa sua cabecinha acha… prepare-se pra quebrar a cara, senhora De Luca.”

Os olhos de ambos ardiam. Não havia amor. Ainda. Só orgulho. Desprezo. E uma tensão que prometia explodir a qualquer segundo.

Mal sabiam eles… que, no fundo, o que mais odiavam… era o quanto já começavam a se atrair.

...----------------...

gente a parte que não se beijaram eu decidi mudar ok 😁

Espero que gostem..

capítulo 02

O silêncio já era absoluto. Todos olhavam, esperando o constrangimento final: a falta do beijo dos noivos. Afinal, como poderiam fingir que aquilo era um casamento normal, se estava mais do que na cara que ambos se detestavam?

O padre pigarreou, tentando encerrar a cerimônia sem criar mais desconforto, mas antes que ele dissesse qualquer coisa, Felipe se moveu.

Rápido. Decidido. Intenso.

Ele segurou Kelly pela cintura com uma força que ela definitivamente não esperava. Suas mãos grandes apertaram sua cintura, e, antes que ela sequer pudesse reagir, Felipe puxou-a contra seu corpo e selou seus lábios nos dela.

Um beijo.

Não foi um selinho protocolar. Nem algo mecânico. Foi um beijo cheio de raiva, de desafio… e de algo mais que nem ele nem ela queriam admitir.

Os olhos de Kelly se arregalaram no primeiro segundo, surpresa, indignada. Ela tentou empurrá-lo, mas as mãos dele seguraram firme, e a boca dele dominou a dela, quente, atrevida, exigente.

O ar sumiu. A força que ela achava que tinha, evaporou no momento em que os lábios dele provaram os seus. E, por um segundo que ela jamais admitiria, sua boca cedeu.

— “MAS O QUE…?” — exclamou alguém no meio dos convidados.

— “Ele ficou louco!” — sussurrou uma das tias, chocada.

Quando Felipe finalmente se afastou, os olhos dele estavam semicerrados, escuros, a respiração pesada. Sua mão ainda estava na cintura dela, apertando, como se quisesse lembrá-la de que agora ela era sua.

— “Agora ninguém pode dizer que não cumprimos o protocolo.” — disse ele, com aquele tom rouco, carregado de deboche e algo mais… desejo.

Kelly piscou, sem saber se estava furiosa, humilhada ou… afetada. Seu corpo inteiro tremia, não sabia se de raiva ou pela eletricidade que ainda percorria sua pele.

— “Seu… imbecil!” — sussurrou, apertando o buquê até quase esmagar as flores.

Ele sorriu de lado, aquele sorriso arrogante que só fazia o sangue dela ferver mais. — “Acostume-se, senhora De Luca. Vai ser assim… sempre que eu quiser.”

Os olhares dos convidados iam do choque à indignação. A família dele inteira parecia prestes a explodir, afinal, aquele Felipe… não parecia nem de longe o homem submisso e inútil que eles estavam acostumados a desprezar.

Ali, naquele beijo… Felipe mostrou a todos que talvez eles não conheciam nem metade do homem que ele realmente era.

E Kelly… bem, ela percebeu que aquele casamento ia ser muito mais complicado — e muito mais intenso — do que jamais imaginou.

O caminho até a mansão De Luca foi silencioso… pelo menos, em palavras. Porque o silêncio que havia no carro era carregado, denso, cheio de faíscas invisíveis que pulavam entre eles.

Kelly cruzou os braços, olhando pela janela, tentando ignorar o fato de que sua pele ainda ardia no ponto exato onde Felipe segurou sua cintura durante aquele maldito beijo. Um beijo que ela não conseguiu disfarçar o quanto a desestabilizou.

Felipe, por outro lado, estava largado no banco, uma perna cruzada, olhando pra ela de canto, aquele sorriso arrogante brincando nos lábios.

— “Você está tremendo, esposa. Está nervosa?” — provocou, a voz rouca, arrastada.

Ela se virou bruscamente. — “Se acha que aquele teatro na frente de todo mundo me afetou, está muito enganado, De Luca.”

Ele soltou uma risada baixa, seca. — “Claro que não. Por isso suas bochechas estão vermelhas até agora.”

— “Não se ache, Felipe. Você não me impressiona.” — rebateu ela, mordendo a língua para não jogar na cara dele o quanto aquele maldito beijo ficou martelando em sua mente.

Quando o carro parou em frente à mansão, a tensão ficou pior. A enorme porta de madeira se abriu, revelando os De Luca reunidos na sala. Caras fechadas. Olhares de julgamento.

Kelly desceu do carro ajeitando o vestido, segurando o queixo alto. Ela não ia se dobrar. Não diante deles. Nem diante de ninguém.

Felipe desceu logo atrás, meteu as mãos nos bolsos, o olhar frio, expressão entediada, como se toda aquela cena fosse apenas perda de tempo.

— “Chegaram os pombinhos…” — disse uma das tias, cruzando os braços.

— “Espero que ela não seja tão inútil quanto ele.” — disparou um dos primos, rindo, sem se dar ao trabalho de sussurrar.

Kelly arqueou uma sobrancelha, virou o rosto lentamente pro lado, olhando diretamente pro rapaz. — “Inútil? Engraçado… achei que era o noivo quem tinha me beijado como se fosse dono do mundo.” — disparou, seca.

O silêncio na sala foi imediato. E Felipe… ele arqueou uma sobrancelha, segurando um sorriso de canto, satisfeito com a resposta dela.

— “Vai me defender agora?” — ela sussurrou pra ele, por trás do sorriso falso que direcionava aos convidados.

Ele se inclinou levemente, colando os lábios perto do ouvido dela, e respondeu, grave, arrastado, cheio de segundas intenções: — “Não, esposa. Eu só gosto de ver você se saindo bem sozinha… mas, se quiser, posso entrar no jogo.”

— “Eu não estou jogando.” — rebateu.

— “Vai descobrir logo que, nesse casamento, tudo é um jogo, Kelly.” — respondeu, se endireitando e colocando aquele sorriso cínico nos lábios.

Ao entrarem na sala, a matriarca cruzou os braços, olhando de cima a baixo. — “Quero ver até quando esse teatrinho de vocês vai durar.”

Felipe respirou fundo, se controlando. Seus punhos cerraram, mas ele não disse nada. De novo, engolindo cada palavra, cada ofensa. E Kelly percebeu. Ela percebeu que aquele homem… não era tão submisso quanto fingia.

Subindo as escadas da mansão, ele segurou a mão dela, obrigando-a a segui-lo.

— “Solta.” — ela tentou puxar.

— “Nem pense. Até no inferno… somos parceiros agora, Kelly.” — respondeu, apertando mais forte.

Ao entrarem no quarto, ele bateu a porta, se virou lentamente, encostando as costas na madeira, olhando-a dos pés à cabeça.

— “Então… quer saber como vai ser agora? Bem-vinda à sua nova vida, senhora De Luca.” — disse, a voz grave, sombria… e perigosamente sedutora.

O olhar dela queimava. O dele… mais ainda.

E ali, no silêncio daquele quarto, ficou claro que aquela guerra… só estava começando.

capítulo 03

O silêncio do quarto parecia explodir a cada segundo. Kelly cruzou os braços, encarando Felipe como se ele fosse seu maior inimigo… ou sua maior tentação.

Ele se afastou da porta, caminhando em direção à cama, tirou o paletó com toda calma do mundo, jogou na poltrona, depois desabotoou os primeiros botões da camisa, revelando um pedaço daquele peitoral forte, definido… maldito.

Kelly engoliu seco, odiando cada célula do seu corpo que reagiu.

— “Se acha que eu vou dividir essa cama com você, pode ir se preparando pra dormir no sofá.” — disparou, desafiando.

Felipe arqueou uma sobrancelha, caminhou até ela com passos lentos, predatórios, parando a centímetros de distância. Seu cheiro amadeirado e quente invadiu os sentidos dela, deixando tudo mais confuso.

— “Ah, esposa… você ainda não entendeu, né?” — sua voz desceu mais grave, rouca. — “Aqui… quem dita as regras, sou eu.”

Ele segurou o queixo dela, obrigando-a a olhar nos olhos dele. O choque dos olhares era elétrico, insano, perigoso.

— “Solta.” — ela tentou, mas sua voz saiu mais fraca do que gostaria.

— “Você gosta de fingir que não sente, né? Que não tá tremendo agora… que não tá com vontade de saber até onde eu posso ir.” — a mão dele deslizou até a nuca dela, os dedos fortes segurando seus cabelos. — “Quer testar, Kelly?” — sussurrou contra os lábios dela, sem encostar.

O coração dela martelava. O corpo inteiro acendia de um jeito que ela odiava admitir. Mas não, não ia ceder… não ia ser mais uma a cair nos braços dele tão fácil.

Ela empurrou ele no peito. — “Nem nos seus sonhos, Felipe.” — girou nos calcanhares, indo em direção ao closet.

Ele riu, aquela risada baixa, rouca, cheia de deboche e perigo. — “Pode correr, esposa. Mas você já é minha. No papel, no nome… e logo, no corpo também. É só questão de tempo.” — disparou, tirando o relógio e abrindo mais botões da camisa.

Kelly fechou a porta do closet, respirando fundo, segurando as mãos no peito. — “Droga… o que é isso?!” — murmurou pra si mesma, porque seus próprios pensamentos estavam te traindo.

Quando voltou pro quarto, ele já estava deitado, uma mão atrás da cabeça, a outra segurando o celular. Só de cueca. Só.

Ela quase tropeçou nos próprios pés.

— “Tá achando que vai dormir assim?!” — disparou, se segurando pra não gritar.

Ele ergueu os olhos lentamente. — “Por quê? Tá com medo de não resistir, esposa?” — abriu aquele sorriso torto, que ela odiava… odiava porque… fazia o coração dela acelerar.

— “Vai dormir no sofá.” — ela cruzou os braços.

— “Nem nos seus melhores sonhos.” — respondeu, batendo com a mão no colchão. — “Quer queira, quer não… você vai dormir aqui. E, Kelly, se encostar em mim… não me responsabilizo.” — piscou, debochado.

Ela bufou, pegou um travesseiro, jogou no meio da cama. — “Linha divisória. Passou, perde os dentes.”

Ele riu. — “Você é fogo, esposa… e eu adoro brincar com fogo.”

Ambos deitaram, costas coladas, mas cada segundo era um tormento. O cheiro dele, a respiração dele, a presença… tudo acendia nela um desejo que ela se recusava a aceitar.

E no silêncio da madrugada, bastou um movimento em falso… uma perna tocando na outra, um braço roçando… e o jogo de provocações estava prestes a explodir.

Porque quando é guerra e desejo… não existe linha divisória capaz de segurar.

O relógio marcava quase duas da manhã. O silêncio no quarto só era quebrado pela respiração descompassada de dois teimosos… dois idiotas que se recusavam a admitir que aquele jogo de guerra estava começando a esquentar mais do que deveriam.

Felipe mexeu-se, ajeitando o travesseiro, e, sem querer — ou talvez querendo — sua perna encostou na de Kelly.

Ela pulou como se tivesse levado um choque. — “Dá pra ficar na sua?!” — resmungou, empurrando a perna dele.

Ele virou o rosto na direção dela, sorrindo de canto. — “Você que invadiu meu espaço.”

— “Eu? Você que não sabe dormir direito!” — respondeu, bufando.

Felipe então se virou completamente, ficando de lado, apoiando a cabeça na mão, observando-a no escuro. — “Quer saber, Kelly? Esse joguinho já tá ficando cansativo.”

Ela apertou mais o travesseiro, fingindo ignorar. — “Problema seu.”

Ele deslizou a mão lentamente, segurou o travesseiro que ela usava de barreira e puxou de uma vez, jogando pro chão.

— “Felipe!” — ela se virou, pronta pra xingar, mas ele já estava em cima. Suas mãos seguraram os pulsos dela, imobilizando-a no colchão. O rosto dele tão perto, que ela conseguia sentir a respiração quente contra sua boca.

— “Você provoca, Kelly… cutuca, desafia… acha mesmo que eu não percebo que tá se segurando?” — a voz dele era rouca, mais grave, carregada de desejo e desafio.

— “Solta.” — tentou, mas sua voz saiu fraca, quase suplicante.

— “Quer mesmo que eu solte?” — os olhos dele queimavam nos dela.

Kelly odiava aquilo. Odiava a forma como o corpo inteiro reagia, como o coração parecia querer pular pra fora do peito. Ela tentou se debater, mas ele segurou firme, colando seus quadris aos dela.

— “Cuidado, esposa…” — sua boca roçou de leve no queixo dela, descendo até a linha do maxilar. — “Provocar um homem como eu… tem consequências.”

Ela mordeu o lábio, apertando os olhos, lutando contra ela mesma. — “E se eu disser que não tenho medo?” — respondeu, arfando.

Ele sorriu, aquele sorriso que misturava perigo, desejo e domínio. — “Então você é mais corajosa do que imaginei...”

Sem aviso, ele colou seus lábios nos dela. Um beijo bruto, intenso, cheio de tudo que eles estavam tentando esconder. Era raiva, desejo, desafio… uma mistura perigosa.

Kelly retribuiu, puxando ele pela nuca, arranhando suas costas, como se quisesse descontar toda a tensão acumulada. O corpo de Felipe colava no dela, pressionando, dominando… e ela, pela primeira vez, percebeu que estava cedendo.

Os lábios se separaram, mas ficaram ali, encostados, respirando o mesmo ar, ofegantes.

— “Se continuar, eu não vou conseguir parar, Kelly…” — ele avisou, apertando mais a cintura dela. — “E não vou pegar leve.”

Ela mordeu o lábio, encarando-o. — “Quem disse que eu quero que você pegue leve?” — desafiou, puxando ele de volta pro beijo.

E quando as bocas se encontraram novamente, não havia mais guerra. Só desejo.

Um desejo que queimava, que consumia, que fazia qualquer regra ser esquecida… porque quando dois corações teimosos param de lutar, eles descobrem que juntos são pura combustão.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!