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Veneno

Ar e Terra, Luz e sombra

Lilith
Lilith
Ela está velha demais para esse apelido
Disse a rainha. Ela estava de pé junto a janela do quarto de dormir real olhando para o pátio abaixo. O sol da manhã descia sobre o solo, mas o ar ainda estava frio. Ele tremeu.
Lilith
Lilith
Precisa começar a se comportar como uma dama. Uma princesa.
Rei
Rei
Ela é jovem. Ainda há tempo o bastante para isso. E, de qualquer modo
Riu o rei, um som rouco que parecia nascido nas estranhas da terra ou na lama do compo de batalha
Rei
Rei
Você lhe deu esse apelido.
Ele saiu da cama e caminhou com passos pesados. Ele era pesado. E ainda estava ficando mais pesado. Ela tinha se casado com um glutão
Lilith
Lilith
Ela não é mais tão jovem. Só quatro anos mais nova que eu
Disse a rainha, contrariada. De trás dela veio um som de líquido caindo sobre cerâmica e pela primeira vez ela desejou que ele tivesse feito a graça de pelo menos urinar em outro aposento.
Lilith
Lilith
Foi só uma observação despretensiosa para dizer que estava pálida. Não era um elogio. A ideia era que fosse uma brincadeira.
As palavras dela em voz baixa não foram ouvidas enquanto o marido continuava com suas barulhentas funções corporais
Lilith
Lilith
E foi há muito tempo
Murmurou cheia de amargura. Ela observou quando, lá embaixo, a jovem desmontou. Ela vestia calças de montaria marrons e cavalgava com as pernas longas separadas, uma de cada lado do cavalo, como um homem. Sua camisa era frouxa, mas, tocada pela brisa leve, grudou-se às suas formas magras elegantes , esvoaçando sobre a curva dos seios fartos e caindo sobre a barriga lisa. Os cabelos muito negros caíam sobre os ombros e, enquanto entregava as rédeas do garanhão ao jovem cavalariço, jogou a crina do animal toda para um lado, e ela refletiu a luz do sol. Ela sorriu e tocou o braço do garoto, e eles trocaram uma piada que a fez gargalhar. Lábios vermelhos como cerejas. Pele branca com leve de um rosa escurecido; olhos de um violeta reluzente. Um turbilhão vivo de clichês. Tão livre. Tão longe de preocupações. A boca da rainha se apertou.
Lilith
Lilith
Ela não devia cavalgar tão cedo na floresta. Não é seguro. E também não devia ir a lugar nenhum vestida como um rapaz comum.
Rei
Rei
Todos no reino sabem quem é Branca
Disse o rei.
Rei
Rei
Ninguém ousaria lhe fazer mal. Ninguém ia querer fazer isso. Ela é como a mãe; todos a amam.
Não havia tom de reprovação em sua voz. A farpa não foi intencional, mas feriu mesmo assim. A santificada esposa morta. A glorificada filha linda. A boca da rainha se retorceu levemente.
Lilith
Lilith
Ela devia estar pensando em casamento. Procurando um par decente para o reino.
Lá embaixo, Branca de Neve dava tapinhas carinhosos no lombo do cavalo enquanto o cavalariço o levava embora; depois, virou-se para entrar no castelo. Com a consciência repentina que um camundongo pode ter quando uma coruja voa acima dele, ela olhou para cima e seu olhar encontrou o da madrasta. Seu sorriso vacilou por um instante, mas logo ela acenou em um gesto de saudação. A rainha não respondeu. Branca de Neve abaixou a mão. Qual seria sua aparência vista lá debaixo, perguntou-se a rainha. Será que seus cabelos louros reluziam à luz do sol? Ou ela era apenas um fantasma ressentido, uma sombra contra o vidro? Ela apertou a mandíbula delicada. A garota desapareceu de vista, mas mesmo assim os dentes da rainha continuaram cerrados. Elas duas não podiam ficar juntas naquele castelo por muito mais tempo. Ela não podia mais aguentar. Ficou parada onde estava, olhando pela janela; após alguns instantes, o rei veio e parou às suas costas.
Rei
Rei
Ainda é cedo
Desculpe pelo capítulo pequeno, mas de madrugada eu faço mais

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