Neo-Orion flutuava no vazio infinito do cosmos, uma cidade movida por tecnologia avançada e ancorada em uma órbita estável entre planetas. Seus prédios reluziam com luzes neon, e suas ruas eram sempre movimentadas, mesmo nas horas mais tardias. Humanos e alienígenas conviviam ali em uma dança constante de tolerância e tensão.
Kael Orion vivia nesse turbilhão, mas longe do brilho e do luxo das cúpulas centrais. Sua oficina, uma estrutura desgastada nos limites da cidade, atendia clientes que não podiam pagar pelos serviços caros das corporações. Ele tinha 27 anos, cabelos negros sempre bagunçados e um olhar cético, típico de quem havia aprendido a confiar apenas em si mesmo.
Naquele dia, ele estava submerso em trabalho, com a cabeça enfiada no motor de um velho módulo de transporte. A porta rangeu, e o som de passos pesados preencheu o ambiente.
“Orion! Quanto tempo mais isso vai levar?” gritou Mardo, um comerciante intergaláctico conhecido por sua impaciência.
Kael, com os óculos de solda no rosto e as mãos sujas de graxa, bufou. “Eu já disse, Mardo, isso aqui é um milagre de engenharia. Mais uma hora e estará voando de novo.”
Mardo resmungou algo incompreensível antes de sair. Kael suspirou, soltando a chave de fenda. Trabalhar na periferia de Neo-Orion significava lidar com clientes desesperados e pouco dinheiro. Mas ele sabia como ninguém que o trabalho duro era sua única garantia de sobrevivência.
Depois do expediente, Kael continuou na oficina ele queria da um jeito na sua velha moto espacial que estava aposentada a anos, não que ele não quisesse concertar, faltava tempo para isso.
No entanto, algo parecia estranho naquela noite. O ar estava pesado, como se uma tempestade invisível estivesse prestes a se formar. Ele ignorou o pressentimento, achando que era apenas cansaço.
Do lado de fora, os sons da cidade começaram a mudar. O habitual burburinho foi substituído por murmúrios inquietos e, em seguida, um som grave e ressonante. Quando Kael saiu para investigar, viu um espetáculo aterrorizante: uma nave colossal pairava sobre a cidade, bloqueando a luz das estrelas. Era uma embarcação imperial, negra como o vazio, com emblemas reluzentes que todos conheciam — o símbolo de Krael Zyn, o tirano que governava com punho de ferro.
“Droga... o que eles estão fazendo aqui?” Kael murmurou, enquanto as primeiras ondas de soldados imperiais desciam das naves, espalhando-se pela cidade como uma praga.
Eles invadiam lojas, recolhiam tecnologia e detinham qualquer um que resistisse. Gritos ecoavam pelas ruas, e explosões começaram a se espalhar pela cidade.
De volta à oficina, Kael começou a reunir suas coisas. Ele não era um herói e sabia que sua prioridade era sobreviver. Mas antes que pudesse sair, a porta foi arrombada, e dois soldados imperiais entraram, armados até os dentes.
“Você é Kael Orion?” perguntou um deles, a voz fria e mecânica através do capacete.
Kael congelou. “Depende. Por que estão perguntando?”
Antes que pudesse obter uma resposta, os soldados avançaram. Kael tentou se esquivar, mas foi agarrado pelo colarinho e jogado contra a parede. Um deles começou a vasculhar a oficina, enquanto o outro o mantinha preso.
“Ei! O que vocês querem? Eu sou só um mecânico!” Kael gritou, tentando se soltar.
“Você tem algo que pertence ao Império,” respondeu o soldado. “E nós vamos encontrá-lo.”
Kael não fazia ideia do que estavam falando, mas não teve muito tempo para questionar. O soldado que o segurava foi jogado para trás de repente, como se uma força invisível o tivesse atingido. O segundo tentou reagir, mas foi derrubado pelo mesmo fenômeno.
Kael olhou ao redor, confuso. Ele sentiu algo estranho em seu corpo, como se uma onda de energia pulsasse em suas veias. Instintivamente, ergueu as mãos, e o ar ao seu redor começou a ondular. Os soldados gritaram enquanto eram arremessados contra as paredes, suas armaduras metálicas dobrando-se com a pressão.
Quando tudo terminou, Kael ficou parado no meio da oficina, respirando com dificuldade. O chão ao seu redor estava rachado, e as ferramentas flutuavam no ar antes de caírem com um estrondo.
“O que... foi isso?” ele murmurou, olhando para suas mãos.
Antes que pudesse processar o que havia acontecido, ouviu passos rápidos atrás dele. Ele se virou e viu uma figura alta entrando pela porta — uma mulher com cabelos prateados que brilhavam sob a luz fraca da oficina. Seus olhos dourados eram intensos e avaliadores.
“Você acabou de se entregar para o Império, garoto,” disse ela, cruzando os braços.
“Quem... quem é você?” Kael perguntou, ainda em choque.
“Meu nome é Lyra. E, se quer viver, é melhor me seguir agora.”
Kael hesitou. “Eu não sei o que está acontecendo. E como sei que posso confiar em você?”
Lyra soltou um suspiro impaciente. “Você acabou de mostrar um poder que o Império caçaria até os confins do universo. Eles já sabem quem você é. Agora, quer ficar aqui e morrer, ou prefere viver para descobrir o que está acontecendo?”
O som de passos e vozes do lado de fora deixou claro que mais soldados estavam se aproximando. Kael sabia que não tinha escolha. Ele pegou uma mochila com algumas ferramentas e seguiu Lyra pelas ruas escuras.
Neo-Orion estava um caos. Explosões iluminavam o céu, e cidadãos corriam em todas as direções, tentando escapar das tropas imperiais. Lyra movia-se com precisão, como se conhecesse cada atalho e esconderijo da cidade.
“Quem é você, afinal?” Kael perguntou enquanto corriam por um beco estreito.
“Isso não importa agora. O que importa é tirá-lo daqui antes que eles nos encontrem,” respondeu Lyra.
Kael tentou argumentar, mas foi interrompido por uma explosão próxima. Os dois se jogaram no chão enquanto destroços caíam ao redor. Quando Kael ergueu a cabeça, viu um grupo de soldados avançando em sua direção.
“Por aqui!” gritou Lyra, puxando-o para uma entrada escondida. Eles desceram por um túnel estreito, onde a luz era escassa e o ar estava carregado de umidade.
“Que lugar é esse?” Kael perguntou, ofegante.
“Um dos muitos túneis de contrabando da cidade,” respondeu Lyra. “E, se você for esperto, começará a se acostumar com lugares assim.”
Os passos dos soldados ecoavam acima deles, mas o túnel os levou para uma área mais segura, onde uma pequena nave estava escondida.
“Entre,” disse Lyra, enquanto começava a ativar os controles.
Kael hesitou novamente, mas os sons de perseguição o fizeram obedecer. Assim que a porta se fechou, a nave decolou, deixando Neo-Orion para trás.
Enquanto olhava para a cidade, agora um ponto distante no vazio do espaço, Kael sentiu uma mistura de alívio e tristeza. Ele não sabia o que o aguardava, mas tinha certeza de que sua vida nunca mais seria a mesma.
A pequena nave cortava o vazio do espaço em alta velocidade, seus motores pulsando com um brilho azul-claro. Lá dentro, o ambiente era apertado, quase claustrofóbico, e Kael sentia o peso do silêncio entre ele e sua misteriosa salvadora, Lyra.
Ela estava no painel de controle, concentrada em coordenadas que Kael não entendia, enquanto ele se sentava no banco ao lado, ainda tentando processar os eventos que haviam acabado de acontecer.
"Você vai me explicar o que está acontecendo ou eu devo adivinhar?" Kael quebrou o silêncio, sua voz carregada de frustração.
Lyra não desviou o olhar do painel. "Você realmente não sabe o que acabou de fazer, não é?"
"Eu sei que quase destruí minha oficina e mandei dois soldados voando contra a parede. Isso nunca aconteceu antes."
Ela finalmente olhou para ele, seus olhos dourados brilhando. "Isso é porque você ativou um poder que estava adormecido em você. Algo raro, perigoso e... valioso."
Kael franziu a testa. "E o que isso significa?"
"Significa que você não é apenas um mecânico qualquer, Kael. Você é um Portador."
A palavra pairou no ar, carregada de um peso que Kael não compreendia completamente. Ele balançou a cabeça, confuso. "Um Portador? Do que você está falando?"
Lyra suspirou, como se estivesse lidando com uma criança teimosa. "Portadores são indivíduos que possuem habilidades extraordinárias, geralmente ligadas às forças fundamentais do universo. Gravidade, tempo, energia, matéria... Você, Kael, é capaz de manipular gravidade. Isso não é algo que se aprende ou se desenvolve por acaso. É algo que nasce com você."
Kael ficou em silêncio por um momento, tentando absorver a informação. "Se isso é verdade, por que agora? Por que nunca aconteceu antes?"
Lyra cruzou os braços e se inclinou contra a parede da nave. "Às vezes, esses poderes ficam latentes até que algo os desperte. Um trauma, uma situação de perigo extremo... ou, no seu caso, pura sorte."
Kael passou as mãos pelo cabelo, tentando acalmar a tempestade de pensamentos em sua mente. "E o Império? Por que eles estavam atrás de mim?"
"Porque Krael Zyn e seus cientistas querem usar os Portadores para criar armas vivas. Eles estão construindo um exército, e você acabou de se tornar o alvo principal deles."
Enquanto a nave avançava pelo espaço, Lyra ajustou o curso, programando um salto hiperespacial. “Temos algumas horas antes de chegarmos ao nosso próximo destino. Você deveria descansar.”
Kael riu, nervoso. “Descansar? Você está brincando, certo? Acabei de descobrir que tenho superpoderes e que um tirano intergaláctico quer me transformar em arma. Como diabos você espera que eu relaxe?”
Lyra não respondeu. Em vez disso, ela pegou uma bolsa que estava sob o assento e tirou uma pequena caixa metálica. “Aqui. Isso deve ajudar.”
Kael olhou para o objeto, hesitante. “O que é isso?”
“Comida. Não se preocupe, não está envenenada. Só coma antes que desmaie de fome.”
Apesar de sua desconfiança inicial, Kael abriu a caixa e encontrou pequenos cubos brilhantes que mais pareciam peças de vidro do que alimento. Ele mordeu um deles e ficou surpreso com o sabor — uma mistura de frutas doces e algo levemente picante.
Enquanto ele comia, Lyra se sentou no assento oposto, observando-o. “Você não parece entender a gravidade da situação.”
“Como assim?”
“Você acabou de entrar no jogo mais perigoso da galáxia. E, se quiser sobreviver, vai precisar de aliados. Muitos aliados.”
Kael parou de mastigar e olhou para ela. “E você? Por que está me ajudando?”
Lyra desviou o olhar, seu semblante se tornando mais sério. “Digamos que eu tenho meus próprios motivos para lutar contra o Império. E pessoas como você são a única esperança que temos.”
“Pessoas como eu?”
“Portadores. Há outros por aí, escondidos, lutando para sobreviver. E, se conseguirmos reuni-los, talvez tenhamos uma chance de derrubar Krael Zyn.”
Kael ficou em silêncio, processando o que acabara de ouvir. Ele não sabia o que era mais difícil de acreditar: que ele tinha poderes incríveis ou que agora fazia parte de uma guerra que mal entendia.
O som de um alarme interrompeu o momento de trégua. Lyra se levantou rapidamente e correu para o painel de controle.
“Droga! Encontraram a gente.”
Kael se levantou, alarmado. “O quê? Quem?”
Lyra apontou para a tela, que mostrava três naves menores se aproximando rapidamente. “Piratas. E dos perigosos.”
Kael arregalou os olhos. “Piratas espaciais? Isso só pode ser uma piada.”
“Gostaria que fosse. Agora fique quieto e faça o que eu mandar.”
As naves inimigas abriram fogo, e a pequena nave de Lyra começou a sacudir violentamente. Ela manobrou com habilidade, desviando dos tiros, mas era evidente que estavam em desvantagem.
“Tem alguma arma aqui? Qualquer coisa?” Kael perguntou, segurando-se para não cair.
Lyra apontou para um compartimento no fundo da nave. “Lá! Mas não espere nada sofisticado.”
Kael abriu o compartimento e encontrou um rifle de plasma desgastado. Ele voltou para a cabine e se preparou. “O que eu faço com isso?”
“Vou abrir a escotilha traseira. Tente acertar os propulsores deles.”
“Você está maluca? Eu mal sei usar isso!”
“Então aprenda rápido!”
A escotilha abriu, e Kael sentiu o vento forte do vácuo artificial criado pela barreira de energia. Ele se posicionou, mirando nas naves que os perseguiam.
Com as mãos trêmulas, ele disparou o rifle. O tiro errou por pouco, passando entre duas naves inimigas. Ele xingou baixinho e tentou novamente.
Desta vez, o disparo atingiu um dos propulsores, e a nave começou a girar descontroladamente antes de explodir.
“Bom tiro!” Lyra gritou, enquanto continuava manobrando.
Mas as outras duas naves não desistiram. Uma delas se aproximou o suficiente para lançar ganchos magnéticos, prendendo-se à nave de Lyra.
“Eles vão tentar nos abordar!” ela avisou.
Kael sentiu o pânico tomar conta, mas algo dentro dele começou a mudar. Ele sentiu a mesma energia de antes, aquele calor estranho que parecia fluir em suas veias.
Quando os piratas invadiram, Kael levantou as mãos instintivamente. Um deles foi jogado contra a parede com tanta força que o capacete rachou. Os outros hesitaram, mas Kael já havia se tornado o centro de uma onda gravitacional que os lançou para fora da nave.
Quando tudo terminou, Lyra olhou para ele com uma mistura de espanto e aprovação. “Nada mal para um amador.”
Kael, ofegante, olhou para suas mãos novamente. “Eu... eu não sei como fiz isso.”
“Você vai aprender,” disse Lyra. “Porque, a partir de agora, sua vida depende disso.”
Kael ainda estava tentando recuperar o fôlego quando Lyra finalmente estabilizou a nave. O combate com os piratas havia deixado marcas no casco, mas a nave ainda estava funcional. O jovem mecânico olhou para Lyra, esperando respostas.
“Isso foi... intenso,” ele disse, tentando esconder o tremor em sua voz.
Lyra deu um meio sorriso. “Bem-vindo à vida fora da zona segura, garoto. Esse foi só o aquecimento.”
Kael bufou, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. “Você age como se isso fosse normal. Eu quase fui morto! E essas coisas que fiz... Eu nem sei como controlar.”
Lyra virou-se para ele, sua expressão endurecendo. “E é por isso que estou te levando ao lugar certo. Onde você vai aprender a controlar esse poder, ou morrer tentando.”
Kael não gostou do tom daquela última parte, mas antes que pudesse perguntar mais, Lyra apertou alguns botões no painel, e uma tela holográfica mostrou um planeta à distância. Ele tinha um tom alaranjado, com anéis brilhantes ao redor.
“Bem-vindo a Kallion,” disse Lyra.
Kael franziu a testa. “Kallion? Nunca ouvi falar.”
“Isso é intencional,” respondeu Lyra. “É um planeta fora dos mapas oficiais, escondido em uma nebulosa densa. É onde o verdadeiro combate ao Império começa.”
A nave de Lyra mergulhou na nebulosa ao redor de Kallion, e Kael sentiu um calafrio enquanto olhava para a vastidão do espaço. Era como se estivessem entrando em uma cortina de fumaça brilhante, com raios de luz que dançavam como fantasmas ao redor da nave.
“Como é possível esconder um planeta inteiro aqui?” perguntou Kael, ainda tentando absorver tudo o que via.
“A nebulosa bloqueia sinais e sensores de longo alcance. É impossível rastrear qualquer coisa aqui dentro, a menos que você conheça as coordenadas exatas,” explicou Lyra, ajustando os controles.
Conforme a nave se aproximava, Kael viu pequenas luzes piscando no espaço. Inicialmente, ele pensou que fossem estrelas, mas logo percebeu que eram drones de vigilância.
“Amigos seus?” ele perguntou, apontando para as luzes.
“Proteção,” disse Lyra. “Sem eles, não estaríamos vivos para conversar.”
Uma voz grave e autoritária soou nos alto-falantes da nave.
“Aqui é o Portão de Kallion. Identifique-se imediatamente.”
Lyra pressionou um botão e respondeu com firmeza. “Lyra Grevan, código Phoenix-Zeta. Estou trazendo um Portador.”
Houve uma pausa do outro lado. Kael trocou um olhar nervoso com Lyra. Finalmente, a voz respondeu: “Aproximação permitida. Bem-vinda de volta, Lyra.”
Kael soltou um suspiro de alívio. “Eles não pareciam muito amigáveis.”
“Confiança é algo que se ganha aqui,” Lyra respondeu. “E você ainda não tem a deles.”
A nave pousou em uma plataforma que parecia surgir do próprio solo do planeta. Kael ficou surpreso ao ver que Kallion não era apenas um esconderijo, mas uma cidade inteira escondida sob a superfície. Prédios altos emergiam do chão, conectados por pontes metálicas e cercados por campos de energia que brilhavam com tons azuis e verdes.
Assim que desembarcaram, Kael sentiu dezenas de olhos sobre ele. Humanos e alienígenas de todas as formas e tamanhos estavam por toda parte, trabalhando em equipamentos, patrulhando a área ou apenas observando os recém-chegados.
“Eles parecem... desconfiados,” Kael comentou em voz baixa.
“Isso é porque você é novo. E porque você é um Portador,” disse Lyra. “Aqui, todos têm algo a esconder, mas também algo pelo qual lutar. Vai descobrir isso logo.”
Antes que pudessem dar mais passos, um homem alto e musculoso, com uma cicatriz atravessando o rosto, aproximou-se deles. Ele usava uma armadura escura e carregava uma arma que parecia mais pesada do que Kael conseguia imaginar.
“Lyra,” ele disse com um aceno breve, antes de virar os olhos penetrantes para Kael. “Este é o novo recruta?”
“Sim,” respondeu Lyra. “Ele ainda não sabe muito, mas tem potencial.”
O homem olhou Kael de cima a baixo, como se estivesse avaliando sua capacidade de sobreviver ali. “Vamos ver se ele aguenta. Eu sou Rhen. Comandante das forças aqui em Kallion.”
Kael tentou parecer confiante. “Kael Orion. Mecânico... e, aparentemente, Portador.”
Rhen deu um sorriso curto. “Um mecânico Portador. Isso é novo.”
“Tenho certeza de que vou me encaixar,” respondeu Kael, tentando soar firme.
Rhen soltou uma risada seca. “Espero que sim. Porque, se não, este lugar vai mastigar você e cuspir os pedaços.”
Lyra e Rhen levaram Kael para uma instalação subterrânea, onde uma série de salas estava equipada com tecnologia avançada. Em uma delas, havia um círculo metálico no chão, com símbolos que brilhavam em intervalos rítmicos.
“Isso é uma sala de treinamento,” explicou Lyra. “É aqui que você vai aprender a controlar seus poderes.”
Kael olhou para o círculo, sentindo uma pontada de ansiedade. “E se eu não conseguir?”
“Então não vai durar muito por aqui,” disse Rhen sem rodeios.
Lyra deu um leve empurrão em Kael, incentivando-o a entrar no círculo. “Relaxe. Confie no seu instinto.”
Assim que Kael pisou no círculo, ele sentiu uma energia pulsar sob seus pés. O ambiente ao seu redor mudou instantaneamente. Ele não estava mais em uma sala, mas em uma paisagem aberta, com céus vermelhos e uma tempestade furiosa ao longe.
“Isso é uma simulação?” ele perguntou, olhando ao redor.
“Sim,” respondeu Lyra através de um comunicador. “Mas os desafios aqui serão tão reais quanto qualquer batalha. Prepare-se.”
De repente, figuras começaram a se formar no horizonte. Eram soldados imperiais, mas havia algo estranho neles. Seus movimentos eram mecânicos, como se fossem máquinas disfarçadas de homens.
“Ótimo,” murmurou Kael, levantando as mãos. Ele tentou repetir o que havia feito na oficina, mas nada aconteceu.
Os soldados avançaram rapidamente, e Kael sentiu o pânico subir. Quando o primeiro deles atacou, ele instintivamente ergueu as mãos para se proteger. Uma onda de energia surgiu, derrubando os soldados mais próximos.
“Isso!” gritou Lyra no comunicador. “Concentre-se nesse sentimento.”
Kael tentou se concentrar, mas os ataques continuaram. Ele tropeçou, caiu e sentiu a dor do impacto no chão.
“Levante-se, garoto!” a voz de Rhen ecoou. “Ou vai morrer aí!”
Kael cerrou os punhos, o medo se transformando em raiva. Ele se levantou e, desta vez, sentiu a energia fluir como um rio selvagem. Quando os soldados se aproximaram novamente, ele gritou, liberando uma onda gravitacional que os desintegrou no ar.
Quando a simulação terminou, Kael estava de joelhos, ofegante. Lyra e Rhen entraram na sala, observando-o com atenção.
“Não foi ruim,” disse Rhen, embora sua expressão permanecesse severa.
“Foi melhor do que eu esperava,” acrescentou Lyra com um sorriso.
Kael olhou para eles, exausto, mas determinado. “Isso é só o começo, não é?”
“Exatamente,” respondeu Lyra. “E, se quer sobreviver, precisa ficar mais forte. O Império não vai dar segunda chance.”
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