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Minha Destinada

1

Sinopse:

Ela fugia do passado. Ele era o passado mascarado de destino.

Allegra Vasconcellos jamais se curvou para ninguém. Filha de um juiz federal assassinado, ela cresceu determinada a encontrar justiça, mesmo que para isso precisasse infiltrar-se onde a lei não alcança.

Dante Morelli é o rei silencioso da máfia italiana. Dono de cassinos, clubes e negócios ilícitos, não confia em ninguém — até que uma mulher ousada cruza seu caminho e abala tudo o que ele acreditava.

Entre jogos de poder, verdades enterradas e uma paixão avassaladora, eles descobrem que o destino não erra de alvo… apenas se esconde nas sombras.

DEDICATÓRIA: A todos que acreditam que o amor pode florescer mesmo entre as sombras. Para quem sabe que o coração, por mais ferido, pode encontrar redenção. Este livro é para você!

Prólogo – O Dia em Que Tudo Quebrou

A chuva caía fina naquela noite de julho. Allegra tinha apenas dezessete anos quando sua vida se partiu em pedaços.

O pai, juiz federal renomado, era sua fortaleza. Honesto demais para sobreviver em um mundo onde o poder era comprado a sangue e silêncio. Ele havia jurado derrubar um dos maiores clãs da máfia — e pagou o preço por isso.

Allegra estava no segundo andar da casa quando ouviu os disparos.

Dois tiros. Depois um grito. O da mãe.

Ela desceu correndo, tropeçando nos próprios pés, o coração latejando no peito como um tambor enlouquecido. E o que viu a marcou para sempre.

O corpo do pai estendido no tapete. A mãe de joelhos, coberta de sangue. E um homem de terno escuro, com olhos frios e um anel dourado com o símbolo de uma serpente enrolada — símbolo da família Morelli.

Ela viu. Ela nunca esqueceu.

Mas ninguém acreditou nela.

A justiça foi corrompida, as provas sumiram, o caso foi arquivado. Alegaram suicídio. Diziam que o pai tinha se envolvido com pessoas erradas. Alegra sabia a verdade: ele foi executado por tocar onde não devia.

Naquela noite, ela morreu por dentro. Enterrou a menina. E nasceu a mulher.

Determinada. Fria. Obcecada.

Durante anos, treinou, estudou, escondeu-se à vista de todos. Criou uma nova identidade, um novo rosto. Até o dia em que ouviu o nome que assombrava seus sonhos: Dante Morelli.

O homem que herdou o império. O homem que ela jurou derrubar.

Ou destruiria ele… ou se perderia junto.

CAPÍTULO 1

Olhos de Caçadora

O som agudo dos saltos ecoava pelo mármore do Cassino Império, um império de luxúria e segredos enterrado bem no coração de Manhattan. Allegra Vasconcellos usava um vestido preto justo, decotado na medida exata para atrair olhares — mas seus olhos escuros diziam que ninguém devia se aproximar demais.

Ela era bela, mas não frágil. Era uma mulher com um objetivo tão afiado quanto a adaga escondida em sua coxa.

A música ambiente era elegante, abafando conversas sujas e apostas altas. Ricos, mafiosos e políticos se misturavam como peças de um jogo viciado. E no topo da pirâmide, observando tudo de uma sacada de vidro, estava ele.

Dante Morelli.

O homem era uma lenda. O tipo de figura que só se pronuncia quando o silêncio já fez seu estrago. Alto, imponente, com um terno sob medida e olhos como gelo líquido. Ele não sorria. Apenas avaliava — como se cada alma ali fosse uma peça descartável.

Allegra fingiu não notar o olhar dele queimando sua pele, mas por dentro, seu coração tamborilava num ritmo traiçoeiro.

Ela tinha um nome falso, documentos forjados e uma missão: infiltrar-se no coração da máfia e arrancar a verdade sobre a morte de seu pai. Não importava o quão fundo tivesse que ir. Mesmo que tivesse que encarar o próprio diabo… ou se apaixonar por ele.

— Nome? — perguntou o segurança, bloqueando a entrada da sala VIP.

— Sofia. Sofia Milano. Nova hostess. — Entregou os documentos sem tremer.

O segurança analisou. Depois assentiu.

— Suba. O Don quer te ver.

Ela engoliu em seco. Era cedo demais.

Mas ela subiu.

No topo da escada, o corredor de vidro levava direto à toca do lobo. As portas se abriram automaticamente. A luz era baixa. E lá estava ele, recostado contra o balcão, com um copo de uísque na mão e a aura de um rei cruel e entediado.

— Você não parece uma Sofia. — A voz dele era grave, preguiçosa, arrastando vogais como carícias perigosas.

Ela ergueu o queixo, firme.

— E você não parece alguém que aceita ser contrariado. Mas aqui estou.

Dante riu. Um som curto, surpreso.

— Gosto de mulheres que não tremem. Isso é raro nesse mundo.

Ela sorriu, mas não era um sorriso doce.

— Então se prepare, Morelli. Porque eu não vim aqui pra dançar conforme a sua música.

Os olhos dele brilharam com algo que ela não conseguiu decifrar. Interesse? Perigo? Fome?

— Veremos, minha cara. Veremos.

E foi assim que tudo começou.

Com um olhar.

Com uma mentira.

Com dois corações armados... e destinados um ao outro.

2

Entre Garras e Jogadas

O escritório de Dante Morelli parecia um santuário proibido. Paredes de vidro escurecido, decoração minimalista, nada de retratos de família ou traços pessoais. Apenas arte cara, armas bem guardadas… e ele.

— Sente-se — ordenou, apontando para a poltrona de couro à sua frente.

Allegra obedeceu sem hesitar. Cada movimento seu era calculado. Ela não podia parecer curiosa demais, nem submissa. Havia estudado homens como ele por anos. Sabia que Dante Morelli era do tipo que lia pessoas como um livro aberto — e queimar páginas era uma de suas especialidades.

— Onde aprendeu a andar como quem governa o chão? — ele perguntou, erguendo a sobrancelha com leve ironia.

— Talvez eu tenha nascido pra mandar, não pra obedecer — retrucou, cruzando as pernas com elegância.

Os olhos dele desceram devagar por suas coxas à mostra. Sem disfarçar. Allegra sustentou o olhar, como se dissesse: olhe o quanto quiser, mas nunca terá controle sobre mim.

— Você é ousada — ele murmurou. — Isso pode te salvar… ou te destruir.

— Isso vale pros dois.

Um sorriso nasceu nos lábios dele. Lento, perigoso. E por um instante, Allegra se perguntou o que haveria atrás daquela máscara de poder. Um homem quebrado? Um assassino frio? Ou os dois?

— Eu te chamei aqui porque gosto de saber quem anda sob meu teto. Todos que trabalham pra mim têm algo a esconder. Qual é o seu segredo, Sofia?

É que meu nome não é Sofia, e eu vim destruir seu império por dentro, pensou. Mas respondeu:

— Meu segredo? Eu tenho medo de altura… mas continuo subindo. Sempre.

Dante deixou o copo de uísque sobre a mesa e inclinou-se levemente, como uma fera que fareja perigo… ou desafio.

— Está contratada, Sofia. Trabalhará no salão nobre. Comece hoje à noite.

Ela assentiu, sem sorrir.

Levantou-se, mas antes que pudesse dar dois passos, ele falou:

— E, Sofia?

Ela virou o rosto devagar.

— Se mentir pra mim… Eu vou saber.

Seus olhos se encontraram, e naquele instante, Allegra teve a certeza: se não tomasse cuidado, aquele homem a engoliria viva — e ela deixaria.

Capítulo 4 – Feridas Invisíveis

O relógio marcava duas da manhã quando Allegra saiu do salão nobre. Seus pés doíam nos saltos finos, mas sua mente estava afiada como nunca. Cada passo dado naquela noite era uma peça no tabuleiro — e Dante Morelli acabara de avançar o rei.

Ela não podia negar: o toque dele ainda queimava em sua pele. A forma como a defendeu diante de Lorenzo não parecia apenas encenação. Parecia posse. Desejo. Algo mais.

Mas ela não podia se permitir fraquejar.

No vestiário, trocou o vestido vermelho por uma calça jeans justa e jaqueta de couro. Tirou a maquiagem pesada, revelando a mulher por trás da máscara. A mulher que queria justiça.

Saía pelos fundos do cassino quando ouviu a voz grave atrás de si:

— Bonito disfarce… Mas seus olhos não mentem.

Ela girou rápido, a mão quase indo à adaga na cintura. Mas era Dante.

Encostado na parede, braços cruzados, olhar indecifrável.

— Você me seguiu? — ela perguntou, tensa.

— Mando em tudo aqui. Sei quem entra, quem sai… e quem esconde algo. — Ele se aproximou, os olhos cravados nos dela. — Você esconde algo, Sofia.

Ela respirou fundo, mantendo a fachada.

— Talvez o que eu esconda seja só o medo. Medo de ser mais uma peça no seu jogo.

Dante ergueu a mão, tocando de leve seu queixo.

— Você não é peça. É ameaça. E eu gosto disso.

Ela deveria recuar. Deveria afastar-se. Mas seu corpo se inclinou, quase imperceptivelmente, como se atraído por uma força maior que sua missão.

— Eu não vim aqui pra ser parte de nada — murmurou. — Muito menos sua.

— Ainda. — O sussurro dele veio perto demais.

O silêncio entre eles era uma corda esticada. Bastava um movimento em falso para tudo desmoronar.

Mas Dante se afastou.

— Descanse, Sofia. Amanhã começa de verdade. E no meu mundo, só os fortes sobrevivem.

E então ele sumiu na escuridão do corredor, deixando para trás apenas o aroma do seu perfume e a sensação de que o jogo entre eles acabara de mudar de nível.

Allegra encostou-se à parede, ofegante. Por dentro, mil batalhas silenciosas rugiam. Entre ódio e atração. Entre vingança e desejo.

Você não pode se apaixonar por ele, repetia como um mantra.

Mas seu coração… já começava a ignorar ordens.

3

O Jogo Começou

O salão nobre do Cassino Império era um espetáculo de opulência, projetado para embriagar os sentidos e esconder pecados. Cortinas de veludo escarlate pendiam do teto abobadado, lustres de cristal lançavam reflexos dourados sobre mesas de roleta e fichas reluzentes. O cheiro de charuto caro, uísque envelhecido e perfume francês pairava no ar como um lembrete constante: naquele lugar, tudo tinha um preço — menos a alma de Allegra.

Ela caminhava com leveza calculada, o vestido preto abraçando suas curvas com precisão. Seus olhos varriam o ambiente, memorizando rostos, anéis, conversas em sussurros. Cada detalhe importava. Cada gesto era uma pista.

No centro do salão, cercado por homens de terno e mulheres com olhos famintos, estava ele.

Dante Morelli.

Imóvel como uma escultura antiga, mas tão vivo que parecia controlar o ar ao seu redor. Um predador envolto em seda e aço. Allegra podia sentir seu olhar, mesmo antes de chegar perto. Era como uma lâmina deslizando por sua pele nua.

Ela se aproximou com a bandeja de bebidas, cada passo firme como um compasso de guerra.

— Senhor Morelli — disse, com a voz suave, mas cheia de espinhos.

Ele a observou longamente. Os olhos, de um cinza cruel, mergulharam nos dela com a intensidade de quem tenta decifrar enigmas.

— Obrigado, Sofia. Fique.

Palavra simples. Ordem disfarçada. Ela assentiu, permanecendo atrás dele como uma sombra obediente, enquanto os homens à mesa seguiam discutindo negócios que jamais seriam publicados em jornais.

— Temos problemas em Palermo. A alfândega apreendeu uma carga que deveria estar protegida. Alguém falou demais — disse um dos capangas, um homem com um bigode impecável e sotaque carregado.

— Os americanos estão ficando ousados — comentou outro.

Dante tamborilou os dedos na borda do copo.

— Os americanos não se mexem sem permissão. Isso veio de dentro. — Olhou de canto para Allegra. — E você sabe o que fazemos com traidores, Sofia?

Ela sustentou o olhar. Um desafio velado.

— Imagino que não os promova para o salão nobre.

Dante sorriu. Não era um sorriso amigável.

— Não. Mas às vezes, damos corda. E observamos até onde vão.

O clima ao redor da mesa ficou mais denso. Allegra permaneceu impassível, mas sua mente estava em alerta máximo. Ele desconfiava. Estava testando seus limites.

Mais tarde, quando o movimento no salão diminuía e os sorrisos se desfaziam junto com o álcool, Dante se levantou e murmurou:

— Comigo.

Ela o seguiu sem hesitar.

Subiram pelos corredores internos, passando por portas de acesso restrito. O perfume dele misturava-se ao cheiro de madeira cara e couro envelhecido. Chegando ao escritório, ele trancou a porta com um gesto firme.

A sala era um retrato de poder. Paredes de vidro escurecido, piso de mármore, uma lareira acesa lançando sombras dançantes nas paredes. Sobre a mesa, uma pistola, um charuto apagado e uma taça de uísque pela metade.

— Beba — disse, oferecendo-lhe um copo.

Allegra aceitou, mas não bebeu. Apenas segurou o copo, fria.

— Está me interrogando ou me seduzindo? — provocou.

Dante deu um passo à frente. Depois outro. Quando parou diante dela, estavam perigosamente próximos.

— Você me tira o sono, Sofia. E isso é um problema. — Ele passou o dedo indicador sobre o ombro nu dela, devagar. — Porque quando eu perco o sono… alguém costuma pagar por isso.

Ela encostou o copo sobre a mesa com firmeza.

— Talvez você precise de novos hobbies.

Ele riu, mas o riso não chegou aos olhos.

— Você é afiada. Mas toda lâmina tem um ponto fraco. E eu vou descobrir o seu.

Antes que ela pudesse responder, ele a puxou pela cintura com uma velocidade que fez seu coração saltar. O beijo foi brutal, faminto. Mas Allegra revidou com a mesma intensidade. Por um instante, não havia vingança. Não havia máscaras. Apenas desejo cru e descontrolado.

Ela foi quem recuou primeiro, ofegante.

— Isso não vai acontecer de novo — mentiu.

— Claro que vai — ele sussurrou, com a certeza de quem conhece o sabor da vitória.

Ela se virou para sair, mas ele segurou seu braço com firmeza.

— Sofia…

— O quê?

— Não brinque com o fogo se não estiver disposta a queimar.

Allegra soltou o braço com um puxão e saiu. Mas dentro dela, algo já ardia. O tipo de incêndio que destrói tudo — inclusive os motivos.

Do lado de fora, ao se encostar na parede para respirar, murmurou para si mesma:

— Você não pode se apaixonar por ele. Não pode…

Mas o coração? O coração não conhecia ordens. Só reconhecia batidas — e as dela estavam todas presas ao nome Dante Morelli.

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