Corações em Contraste.
O Primeiro Chamado.
O celular vibrou em cima da mesa de madeira simples, interrompendo o silêncio abafado do pequeno apartamento. Hanna Kanzaki, de cabelos rosa bagunçados e ainda de pijama, arregalou os olhos ao ver o nome desconhecido na tela. Respirou fundo antes de atender.
xxxx
Senhorita Kanzaki? Aqui é da Mansão Valken. Só para confirmar, você começa hoje, certo?
Ela engoliu seco. Era seu primeiro dia como funcionária da casa mais comentada da cidade.
Hanna Kanzaki.
S-sim! Eu... estarei lá em breve..
Respondeu, tentando soar confiante.
Ao desligar, ficou por um momento parada. Até que se levantou e foi diretamente para o banheiro.
Hanna Kanzaki.
São literalmente 08h00h da manhã.. Será que é tarde demais para se arrepender?
murmurou hanna, entrando apressada no banheiro.
Com movimentos rápidos, despiu-se e entrou no chuveiro. A água morna ajudava a acalmar os nervos, mesmo que o coração insistisse em bater acelerado. Ela não queria se atrasar no primeiro dia — ainda mais em um lugar tão enigmático quanto a Mansão Valken.
Minutos depois, saiu do box com o corpo coberto apenas por uma toalha, os cabelos ainda pingando. Caminhou até o quarto, abriu a pequena cômoda e separou uma roupa mais sóbria, tentando parecer profissional, mesmo com a ansiedade apertando o peito. Enquanto ajustava os botões da blusa e penteava os fios rosados no espelho, seu celular vibrou mais uma vez. Era uma ligação. Dessa vez, o nome na tela era familiar.
Hanna Kanzaki.
Ai, justo agora…
Hanna Kanzaki.
Amber? Aconteceu alguma coisa?
amber Saito.
Finalmente! Você ia sair sem nem me avisar?
A voz animada da amiga soou do outro lado da linha.
amber Saito.
Hoje é o seu primeiro dia, né? Como você tá?
Hanna Kanzaki.
muito nervosa!
Hanna Kanzaki.
E tentando não parecer desesperada... apesar de que eu tô parecendo, né?
Amber começou a rir e Hanna revirou os olhos enquanto bufa.
amber Saito.
Mas relaxa, Han. É só um trabalho de doméstica. Você vai limpar, sorrir e voltar pra casa. Fácil.
Hanna hesitou por um segundo. Seus olhos encontraram o reflexo no espelho — o olhar inquieto, quase como se soubesse que não seria tão simples.
Hanna Kanzaki.
Tomara que seja só isso...
amber Saito.
Hein? O que você disse?
Hanna Kanzaki.
Nada. Só tô me arrumando ainda. Depois te mando mensagem, tá?
amber Saito.
Tá. Mas me mantém viva nos updates! E cuidado com aquele Leonhardt... dizem que ele é perigoso.
Hanna forçou um riso fraco. Ambos se despediram e amber desligou.
Hanna guardou o celular na bolsa e deu uma última olhada no espelho. Ajeitou a gola da blusa bege, certificou-se de que a saia estava bem passada e prendeu o cabelo rosa em um coque baixo, deixando algumas mechas soltas para suavizar o rosto.
Colocou um par de sapatilhas pretas simples, pegou o crachá que havia recebido por correio e saiu do apartamento apertado. O ar fresco da manhã bateu em seu rosto quando ela fechou a porta atrás de si.
O caminho até a estação de metrô foi tranquilo, mas a cada passo seu coração parecia ficar mais pesado. As ruas estavam cheias de gente indo para o trabalho, mas para Hanna, tudo parecia em silêncio.
Durante o trajeto, sentou-se ao lado da janela do trem e observou os prédios altos darem lugar a colinas e florestas ao redor. A mansão ficava afastada da cidade, como se estivesse escondida de propósito.
mansão dos valken.
Hanna Kanzaki.
Que lugar estranho pra morar...
Murmurou, vendo o portão de ferro surgir ao longe quando desceu do táxi que pegou da última estação até lá.
O carro foi embora. E, agora, só havia ela e aquele portão imponente, com o brasão da família Valken gravado no centro.
Ela respirou fundo, apertou o crachá contra o peito e caminhou até a campainha.
Hanna Kanzaki.
Tá tudo bem, Hanna... é só um emprego..
Sussurrou para si mesma. Mas algo, dentro de seu peito, gritava que aquele portão era uma fronteira. E ao cruzá-lo... não haveria volta.
Ao tocar a campainha, Hanna foi surpreendida por um homem de aparência tranquila que abriu a porta com um sorriso caloroso nos lábios.
Kenji.
Olá, senhorita. O que deseja?
Hanna Kanzaki.
Ah, meu nome é Hanna Kanzaki. Fui contratada pelo senhor Leonhardt Valken para trabalhar aqui como empregada doméstica.
Kenji.
Claro, claro. Mas no momento o senhor Leonhardt está em uma reunião. Se desejar, posso avisá-lo assim que ele estiver disponível.
Kenji.
Por favor, entre. Vou lhe mostrar a casa e explicar suas tarefas com calma.
Hanna cruzou o portão lentamente, seguindo os passos do kenji. Ao atravessar a porta principal, foi recebida por um saguão amplo, iluminado por uma clarabóia imponente que deixava a luz natural escorrer pelos degraus da escadaria curva.
As paredes tinham detalhes dourados e quadros antigos que pareciam observar cada visitante. O chão de mármore reluzia, limpo como um espelho, e o silêncio dentro da mansão era tão presente que quase podia ser ouvido.
Kenji.
A Mansão Valken é antiga, mas foi renovada algumas vezes
Comentou o kenji, caminhando calmamente.
Kenji.
Este é o saguão principal. Você vai limpá-lo pela manhã, mas o polimento do piso é feito por uma equipe especializada.
Hanna apenas assentiu, os olhos atentos a cada detalhe. Aquilo era mais do que uma casa. Era quase como um mundo à parte, silencioso... e um pouco sombrio.
Kenji.
Os quartos dos funcionários ficam no segundo andar, ala leste. E a cozinha principal, por onde começaremos seu treinamento, é logo ali.
Ele apontou para um longo corredor à direita.
Hanna Kanzaki.
Tudo bem, e muito obrigada.
Kenji sorri e logo se retira.
Hanna caminhou pelo corredor indicado até chegar à ala dos funcionários. Para sua surpresa, uma das portas já exibia uma pequena plaquinha com seu nome: Hanna Kanzaki.
Com um leve sorriso de surpresa, ela girou a maçaneta e entrou. O quarto era simples, mas acolhedor — uma cama bem arrumada, um armário modesto e uma pequena escrivaninha perto da janela.
Sobre a colcha branca, repousava seu uniforme de trabalho, cuidadosamente dobrado. Hanna deixou sua bolsa ao lado da cama, tirou os sapatos e, sem pressa, começou a se trocar.
Hanna Kanzaki.
Bom, até que não é tão ruim assim.
Hanna soltou uma risadinha baixa enquanto terminava de ajustar o uniforme no corpo. Ainda era difícil acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo.
Hanna Kanzaki.
Parece cena de filme.
Murmurou, divertida, ajeitando uma mecha rebelde do cabelo.
Assim que terminou de se arrumar, deixou o quarto e seguiu pelo longo corredor até encontrar a cozinha. O ambiente era espaçoso, com balcões de mármore e prateleiras organizadas com precisão quase militar.
Sem esperar instruções, Hanna arregaçou as mangas e se posicionou diante da pia, onde uma pilha de louça a aguardava. Ligou a torneira e começou a trabalhar, concentrando-se nos movimentos ritmados das mãos.
Mesmo ali, no silêncio da cozinha, ela sentia algo... como se estivesse sendo observada.
⠀
Sem hesitar, Hanna interrompeu o movimento das mãos e virou-se rapidamente.
Ali, encostado no batente da porta, estava um homem alto, de presença marcante. Seus olhos escuros a observavam em silêncio, intensos e inexpressivos, como se estivessem analisando cada gesto seu.
Hanna Kanzaki.
Olá? Quem é-
Ela é interrompida pelo homem
Georg monterrey.
Você deve ser a nova funcionária
ele disse, com a voz grave e controlada, sem desviar o olhar.
Georg monterrey.
Meu nome é georg. Sou amigo do dono desta casa. É um prazer conhecê-la.
Hanna Kanzaki.
Muito prazer, Sr. Georg. Meu nome é Hanna.
Ele a observa de cima a baixo, com um sorriso malicioso no rosto, e se retira em silêncio. Hanna estranha a atitude, mas apenas volta ao trabalho, tentando não dar importância.
Depois de algumas horas, ela terminou todas as tarefas e subiu para o quarto. Tomou um banho relaxante, vestiu o pijama e se deitou, completamente exausta, deixando o corpo afundar no colchão.
Hanna acabou adormecendo, mas, no meio da madrugada, despertou com sede. Ao se dirigir para a escada, foi surpreendida por vozes vindas do andar de baixo e, curiosa, parou para escutar em silêncio.
Jonny Miller.
Tem uns caras atrás de mim, e agora a gente vai viajar justamente pra um país onde estão sedentos pra eliminar a loirinha aqui
vivian monterrey.
Não seja idiota, não vamos pra lá. Aliás, meu nome é Vivian!
vivian monterrey.
Alguns dos meus capangas vão te proteger. Você vai conversar com aqueles caras, resolver essa bobagem e, depois, seguimos para o segundo plano.
Georg monterrey.
Eu deixaria ele morrer
morgan moore.
Seus tolos, o assunto é sério!
morgan moore.
aliás, qual é o motivo dessa reunião? Ainda mais essa hora?
Hanna continuava imóvel na escada, incrédula e em silêncio absoluto. Foi então que um sussurro inesperado a surpreendeu pelas costas.
Leonhardt Valken.
Parece que alguém está perdida... Precisa de ajuda, senhorita? Porque eu posso te mostrar o caminho... se quiser.
Hanna se virou rapidamente, os olhos arregalados de surpresa. Começou a gaguejar, mas antes que conseguisse dizer uma palavra, Leonhardt apontou para o quarto dela, sem dizer uma palavra sequer.
Hanna Kanzaki.
M-me desculpa!
Ela saiu correndo, e Leonhardt a observou impassível, sem mover um músculo. Calmamente, desceu as escadas e encontrou todos reunidos, aguardando sua chegada.
Jonny Miller.
Finalmente, o que aconteceu?
Leonhardt Valken.
Roubaram nossa carga novamente. Quem estava responsável por isso?
Georg monterrey.
É, ele mesmo
Leonhardt Valken.
E ele está na onde?
vivian monterrey.
Transando
Jonny Miller.
A loirinha tá sabendo demais
Vivan olha para ele seriamente enquanto cruza os braços
Georg monterrey.
e como vamos falar com ele agora?
Leonhardt Valken.
não vamos
Leonhardt Valken.
quero conversar a sós com ele
Georg monterrey.
Se eu soubesse que a reunião era só pra isso, eu nem teria vindo
vivian monterrey.
Mas você está aqui desde cedo
Leonhardt Valken.
Aham, mas não importa
Leonhardt pega um cigarro em seu bolso e um isqueiro.
— Quebra de tempo — Após algumas horas de conversa, todos se dispersaram. Leonhardt permaneceu sozinho na sala, mas sua mente não conseguia se afastar daquela moça.
No quarto de Hanna, ela repousava sobre a cama, imersa em seus próprios pensamentos.
Hanna Kanzaki.
Merda.. Eu sou tão idiota!
Hanna Kanzaki.
Eu não deveria ficar ali ouvindo a conversa..
Hanna Kanzaki.
No meu primeiro dia eu já me dei mal
Hanna Kanzaki.
de manhã irei me desculpar novamente
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