Prólogo
Anthony Ferrari nasceu para reinar. Desde os primeiros passos, sua vida foi moldada para o poder, para a liderança, para o domínio absoluto. Ele não escolheu ser Don da Camorra — o título o escolheu antes mesmo que pudesse pronunciar as primeiras palavras. Aos 32 anos, Anthony é o retrato perfeito do perigo disfarçado em beleza. Alto, com um porte físico invejável, músculos talhados por anos de treinos duros e uma disciplina rígida, ele carrega em cada movimento a segurança de quem sabe que o mundo se curva diante dele.
Os cabelos escuros, levemente ondulados, caem com perfeição calculada, e a barba impecável acentua a mandíbula firme e os lábios que, apesar da frieza, despertam desejos proibidos. Mas é nos olhos que mora o verdadeiro aviso: frios, cortantes, capazes de despir almas e revelar fraquezas. Um olhar dele pode ser sentença de morte ou promessa de prazer — e quase nunca alguém sai ileso desse confronto.
Anthony não é apenas o Don. Ele é a tempestade que chega sem aviso, devastando tudo em seu caminho. Cresceu vendo o pai, o temido Don Alfonso, comandar com punho de ferro e nunca permitir falhas. Sua mãe, uma mulher forte e ao mesmo tempo marcada pela dor, lutou para manter algum resquício de humanidade no filho, mas mesmo ela sabia que Anthony havia nascido para governar com sangue e sacrifício. Aos 13 anos, sua infância foi arrancada sem cerimônia: um treinamento brutal o moldou, matando qualquer resquício de inocência e transformando-o no homem que ele é hoje — frio, estrategista, inflexível.
O império Ferrari não é feito apenas de riqueza. Ele é erguido sobre lealdade inquestionável e medo absoluto. Anthony aprendeu desde cedo que o amor é uma fraqueza, que laços emocionais só servem para ser explorados, e que confiança é uma moeda rara demais para ser distribuída. Mulheres passaram pela sua vida como parte do jogo, como distrações passageiras — todas belas, todas dispostas a se render, todas facilmente descartáveis.
Até que Verena Marconi apareceu.
Ela não era apenas mais uma mulher atraente. Ela era fogo, desobediência e orgulho, tudo o que Anthony mais detesta... e tudo o que, ironicamente, mais o atraía. Aos 27 anos, Verena carrega uma força que desafia qualquer padrão. Linda, de um jeito quase selvagem, pele marcada pelo sol, olhos intensos e um corpo moldado pelo trabalho duro em meio à oficina e às pistas de corrida, ela não pertence ao mundo das mulheres submissas. Cresceu ao lado do pai, um soldado leal da Camorra, e desde cedo aprendeu a se virar sozinha, enfrentando um universo masculino com coragem e determinação.
Quando o destino cruzou os caminhos de Anthony e Verena, não foi amor à primeira vista. Foi guerra. Ele viu nela não só uma mulher, mas uma afronta viva à sua autoridade. E ela? Viu nele tudo o que mais odiava: o símbolo da opressão, da violência, da arrogância sem limites. Mas a vida, com sua ironia cruel, decidiu uni-los da pior maneira possível — um noivado forçado, selado com sangue e ameaças, onde nenhum dos dois teve escolha.
Anthony não aceitava desafios facilmente. E domar Verena virou, rapidamente, sua missão pessoal. Ele a queria sob seu domínio completo, não apenas como noiva, mas como sua posse, sua marca, sua rainha de ferro. Mas Verena não se dobrava. Cada olhar desafiante, cada palavra carregada de ódio e desprezo só aumentava a obsessão dele. No fundo, Anthony descobria algo que jamais imaginou: controlar Verena não seria tão simples, e talvez, só talvez, ela fosse a única capaz de fazer seu império tremer.
Por trás da armadura de gelo, há um homem que, em silêncio, luta contra os fantasmas do passado. Anthony sabe que sua alma já foi vendida há muito tempo, mas alguma coisa nos olhos de Verena faz com que ele questione tudo. Será que um coração endurecido pelo poder e pela dor pode, algum dia, se render ao amor? Ou será que o desejo de possuir e dominar sempre falará mais alto?
Este é o início de uma batalha insana entre força e vulnerabilidade, entre poder e sentimento, entre dois mundos que nunca deveriam ter se cruzado. Anthony Ferrari está acostumado a vencer — mas Verena Marconi pode ser sua mais amarga, e mais deliciosa, derrota.
E quando o jogo entre eles começar, não haverá espaço para meio-termo.
Ou ela se torna dele por completo... ou ele verá, pela primeira vez, o que é perder o controle.
Meu nome é Anthony Ferrari. Tenho 30 anos e carrego nas veias o peso e a fúria da Camorra Nera, a mais temida e implacável organização criminosa da Itália. Sou o herdeiro direto desse império construído sobre ossos e juramentos de sangue. Em Portenza, no sul do país, onde o medo é uma língua falada em silêncio, meu nome ecoa como uma sentença final — Ferrari.
Alto, atlético, de presença dominante, com cabelos negros e ondulados, barba bem desenhada e olhos sombrios como uma noite sem lua, muitos dizem que sou a personificação da força e do desejo perigoso, comparado ao próprio Can Yaman ( Ator Turco). Mas por trás dessa fachada que fascina e intimida, existe apenas um homem moldado para destruir. E que não sabe perdoar.
Sou o sucessor natural, destinado a ocupar o trono de ferro da máfia. Meu irmão mais novo, Jean, será meu Subchefe. A estrada até aqui não foi pavimentada com privilégios; foi forjada à base de espinhos, aço e sangue. Cresci dentro da máfia, mas minha criação foi um campo de batalha constante. Enquanto Jean recebia o carinho doce de nossa mãe, eu era lapidado à força pelo punho de ferro do nosso pai.
Eu era a aposta. O projeto bruto que precisava ser perfeito. A criança treinada para não falhar. Para não hesitar. Aos treze anos, meu destino foi selado em um ritual brutal que arrancou qualquer resquício de inocência da minha alma. Aos catorze, já matava sem piscar, como quem respira. Meu pai se orgulhava do que havia criado: um monstro frio, calculista e mortal.
Eu não me tornei assim… Eu fui esculpido, talhado à força e dor para ser exatamente isso: a arma implacável da Camorra.
Enquanto outras crianças jogavam bola nas ruas ensolaradas, eu trocava a brincadeira por armas. Histórias de ninar por gritos sufocados de dor. O olhar aflito de minha mãe me acompanhava, sempre com aquele brilho partido... ainda que, no fundo, talvez ela me veja até hoje como o menino que um dia embalou nos braços, cantando canções antigas para acalmar meus pesadelos.
Existe, porém, algo que consegue despertar um resquício da minha humanidade: meus carros. Eles são minha verdadeira paixão, meu refúgio e minha perdição. Cada motor da minha coleção é mais do que um símbolo de luxo; são parte da minha alma selvagem e inquieta. A Ferrari Prestige Motors, Meu império automobilístico em Portenza e meu autódromo são a expressão da minha sede de controle e poder. Meu pai, claro, viu ali apenas mais uma forma de lavar dinheiro. Mas para mim... ali, sou eu.
Essa noite, no entanto, meu destino não está atrás do volante. Estou a caminho da Boate Nero, um antro de pecado e poder. O lugar respira luxo e mistério, com suas paredes de vidro fumê, espelhos envelhecidos que refletem olhares lascivos, sofás de couro negro e um cheiro intenso de perfume caro e decadência. A música eletrônica pulsa, vibrando como um segundo coração que dita o ritmo sombrio da noite.
Homens engravatados, afiados como navalhas, sorriem de canto, enquanto mulheres estonteantes deslizam pelo salão como serpentes, perfumadas com promessas e armadilhas. Cada canto daquela boate guarda um segredo sujo. E todos, sem exceção, sabem quem sou. Anthony Ferrari. O nome que cala, o nome que governa.
Ao atravessar o corredor principal, percebo os olhares se desviando com pressa. As conversas morrem como se alguém apertasse um botão invisível. Entro direto no escritório do meu pai sem bater. Ele odeia quando faço isso, mas foi ele quem criou o homem que sou hoje.
— Que urgência é essa que não podia esperar? — disparo, jogando-me na poltrona de couro.
Ele me encara com aquela expressão dura e cansada de quem carrega o peso de décadas de sangue nas mãos.
— O assunto é sério, Anthony. E não vou rodear.
Cruzo os braços, entediado.
— Quem precisa morrer dessa vez?
Ele sorri, mas não é um sorriso leve.
— Você chegou a um nível que até eu, que te criei, fiquei surpreso. Você se tornou aquilo que todos temiam que fosse. Um verdadeiro Don.
Seus olhos queimam quando lembra.
— O que você fez com aquele traidor... três dias seguidos com o homem respirando... ou o que restava dele. Você arrancou segredos que nem sabíamos que existiam.
Me mantenho calado, sem emoção. Ele já sabe que nada do que fez comigo deixou espaço para arrependimentos.
— Vou te passar o poder, Anthony.
Eu só o encaro, sem esboçar nada.
— Em um mês, você será nomeado Don oficialmente. Carlo ficará ao seu lado. Mas há uma condição: você precisa de uma esposa.
Reviro os olhos, exasperado.
— Essa obsessão por tradições idiotas...
Ele se inclina para frente, firme.
— Precisa garantir a linhagem. E como você já espantou todas as pretendentes, vai ter que escolher rápido. Mas seja sábio. Alianças são feitas no altar.
Me levanto sem dizer mais nada. Ele sabe que ganhou essa rodada.
Desço para o bar. O barman já sabe o que fazer sem que eu precise pedir: minha dose dupla whisky. A bebida desce queimando, limpando o gosto amargo das obrigações.
Uma mulher se aproxima, ousada. Roupas provocantes, olhar faminto.
— Chefe, senti sua falta… — ela sussurra, tentando me beijar.
Desvio sem paciência.
— Quem disse que estou aqui por você? Não se iluda.
Ela recua, mordida pela rejeição.
Ia virar as costas, mas então... algo me para.
Vejo uma mulher dançando. Não uma qualquer. Há algo nela — algo feroz e livre. Diferente de todas as outras. Uma chama em meio à escuridão.
— Quem é aquela? — pergunto ao barman, apontando com o queixo.
Ele segue meu olhar, curioso.
— Não sei, chefe. Primeira vez que a vejo aqui. Quer que eu mande um dos homens…?
Nego com um movimento lento da mão.
— Não. Hoje não. Hoje eu só observo. Mas se ela voltar… quero ela para mim.
Bebo mais um gole. Meu olhar continua fixo nela.
Algo me diz que o meu caos acaba de ganhar um nome.
Qual será seu nome?
Quem é ela?
Ela será minha...
Trinta dias se esvaíram como fumaça em meio ao caos... e agora, aqui estou: o implacável novo Don da Camorra Nera, soberano absoluto de Portenza, herdeiro de um império construído com ferro, fogo e sangue. Meu pai exibe um sorriso orgulhoso, enquanto minha mãe carrega nos olhos uma tristeza silenciosa. Ela sempre soube que esse dia chegaria, mas nem todos os anos de preparação no mundo são capazes de acalmar o coração de uma mãe ao ver seu filho se transformar no monstro que todos temem.
O gosto do poder… é doce, exatamente como meu pai dizia. Mas o amargor dos inimigos acompanha essa doçura. Eles surgem de todos os cantos, se multiplicam como ratos saindo das sombras, esperando uma falha, uma fraqueza. Eu não tenho direito a nenhuma.
E entre todos os fantasmas que me cercam, há um que não sai da minha mente: a garota da pista de dança. Não a vi desde aquela noite, e me amaldiçoo por não tê-la tirado dali imediatamente. Foi um erro. Um que jamais se repetirá. Da próxima vez que cruzar meu caminho, ela será minha. Casada ou não, prometida ou livre. Não faz a menor diferença.
Falando em casamento, a pressão só aumentou. Antes, era apenas meu pai. Agora, todo o conselho exige uma noiva. Para minha desgraça, até minha mãe se juntou à caçada. Inferno é pouco para descrever.
— Chefe, estamos prontos — diz um dos soldados, arrancando-me dos meus devaneios.
— Meu pai e meu irmão?
— Já estão a caminho do autódromo com sua mãe.
— Ótimo. Vamos.
Hoje é dia de evento no meu Autódromo Castellani, uma das maiores pistas privadas da Itália. Construído com cada centavo da minha ambição e obsessão, aquele lugar é um templo para quem ama velocidade. As arquibancadas modernas abraçam a pista como serpentes; camarotes de vidro blindado oferecem vistas privilegiadas. As luzes estão impecáveis, o som ribomba pelo ar e o cheiro de borracha queimada é uma sinfonia para os sentidos. Em exposição, meus “Clássicos”: Ferraris, Lamborghinis, Maseratis — relíquias restauradas até o último detalhe. Minha coleção é lendária.
— E aí? Como estão? — pergunto a um funcionário enquanto acaricio o capô brilhante de uma das máquinas.
— Perfeitos, senhor. A nova piloto, que também é mecânica, revisou cada detalhe pessoalmente.
— Mecânica? — repito, franzindo o cenho.
— Sim, senhor. Ela é a melhor que temos. E vai competir hoje ao lado do filho de um dos nossos associados.
Mecânica. Nunca houve uma mulher nesse cargo. Não por falta de talento, mas porque a máfia não aceita facilmente mulheres quebrando padrões. E agora… uma ousa?
Antes que eu possa dizer algo, uma voz firme corta o ar, como um chicote.
— Não toque nos carros! Eles já estão prontos. Henrique. você enlouqueceu deixando um estranho aqui dentro? Ninguém põe a mão neles antes da corrida!
A voz é forte, rouca, cheia de autoridade.
O soldado empalidece, tentando se explicar, mas levanto a mão para silenciá-lo. Me viro devagar.
E o mundo para.
Lá está ela.
A mulher que não saiu da minha mente desde aquela noite.
Vestida com o uniforme do autódromo, cabelos presos de forma prática, graxa nas mãos e olhos que queimam como brasas. Linda. Intensa. Letal. Meu peito aperta. Não era sonho, era ela — era real. Ali, bem na minha frente.
— Esse não é seu lugar, senhor. A corrida começa em minutos. Se puder se retirar… — diz ela, a voz firme, sem medo, sem titubear.
Ela me encara como se eu fosse apenas mais um homem qualquer. Não desvia o olhar. Não baixa a guarda.
— Você sabe quem eu sou? — pergunto, com calma mortal.
Ela dá um passo à frente, os olhos firmes nos meus.
— Claro que sei. Anthony Ferrari. Don da Camorra. Mas mandar cheques gordos não te dá o direito de atrapalhar meu trabalho.
A audácia.
— Acho que são meus carros…
— No papel, sim. Mas quem faz eles voarem sou eu. E o box não é lugar para chefes de máfia. Os camarotes estão cheios de convidados. Sugiro que volte para lá.
Ela dá um passo para me empurrar levemente para trás, afastando-me de seu reino mecânico, mais preocupada com os carros do que com a própria vida.
— Você é da família? — pergunto, curioso, observando cada movimento seu.
Ela se aproxima perigosamente, como se quisesse me expulsar com o próprio corpo.
— Isso não é da sua conta.
A buzina estridente corta o ar. A corrida vai começar.
Ela me lança um último olhar, cheio de desprezo e autoridade.
— Adeus. — E vira as costas.
Eu fico parado, hipnotizado, enquanto ela desaparece entre os carros.
Chamo o soldado sem desviar o olhar.
— Quero tudo sobre ela. Nome, idade, histórico. Tudo. Antes do final da corrida.
— Sim, senhor. Mas… já sei algo. É Verena Marconi, filha de Frederico Marconi. Seu homem no autódromo.
Verena Marconi.
Agora faz sentido. Frederico, sempre leal. E sua filha... um furacão.
— Traga tudo que puder. E rápido.
Subo para o camarote, a mente fervendo. O lugar é elegante, repleto de veludos escuros e vidro fumê. Ali só entra a nata podre de Portenza.
— Onde estava? — meu pai pergunta, franzindo o cenho.
— Conhecendo uma surpresa. Algo que vai te interessar mais tarde.
Sento, os olhos fixos na pista, o coração acelerado.
O locutor anuncia:
— Verena Marconi!
Meu peito aperta.
Ela surge. Entra no meu carro como se fosse extensão dela mesma.
E então... faz a máquina voar.
Perfeita. Precisa. Indomável. Meu carro ruge sob seu comando como nunca antes.
Quando cruza a linha de chegada, vitoriosa, ela sorri e acena para a arquibancada. Sigo seu olhar... e vejo aquele maldito rapaz da boate. O mesmo.
Ele será o próximo a correr.
Não sabe onde está se metendo.
Porque Verena Marconi será minha.
E a corrida por ela... acaba de começar.
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