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Maya - O Preço de uma Escolha Livro 3

01. Clima Litorâneo

Quando Damien a convidou para viajarem para o litoral, Maya imaginou que iriam para o mesmo destino que haviam ido antes, mas agora ela estava em uma bela cidade litorânea, com ruas e casas à beira-mar. O Sol reluzia e o vento era carregado de maresia. As casas eram muito bonitas, havia palmeiras e coqueiros por todos os lugares; até mesmo as lojas tinham um designer que combinava com o local, a encantando.

O táxi parou na frente de uma construção grande com a fachada pintada de bege e branco; trazendo um ar bem aconchegante:

— Chegamos! — Damien sorriu.

— Esse é o hotel? — Maya observou pela janela do veículo.

— Sim!

Damien desembarcou e se apressou em abrir a porta para ela sair:

— Esse é o hotel do tio do Stephen, aqui você vai ter a paz necessária para se recuperar e bem, foi aqui que aconteceu de eu encontrar o que eu precisava para colocar a minha cabeça no lugar, quem sabe isso te ajude.

— Você nunca me contou que precisou de um tempo para colocar a cabeça no lugar. — Maya o encarou com curiosidade.

— Bem… — Damien segurou a mão dela e entrelaçou o braço dela com o seu. — Vamos entrar, vou te contar tudo.

Damien pagou a corrida e pediu ao motorista para aguardar o empregado do hotel a vir buscar as malas. Ao que parecia o motorista já estava familiarizado ao local e se prontificou a chamar a pessoa responsável. Maya seguiu com Damien para recepção, onde uma jovem com pele bronzeada e cabelos castanhos os recebeu com um sorriso:

— Bom dia, senhor Damien, fico feliz que tenha voltado! — A jovem sorriu simpática.

— Bom dia, Marin! — Damien sorriu. — Dessa vez demorei um pouco, mas trouxe uma amiga comigo.

— Seja bem-vinda! — Marin sorriu para Maya. — Meu nome é Marin, estou na recepção no período diurno e pode me procurar caso precise de algo.

— Bom dia, Marin, meu nome é Maya. Obrigada desde já. — Maya se apresentou, encantada pelo acolhimento da recepcionista.

— Nossos quartos já estão prontos, Marin? — Damien perguntou.

— Sim, o seu é o mesmo de sempre e o da senhorita Maya, será a suíte ao lado direito da sua.

— Obrigado! Vou pedir para deixarem nossa bagagem nas suítes e por acaso, o café da manhã continua sendo servido?

— Ainda tem mais uma hora antes de encerrar. — Marin avisou.

— Certo, vamos comer primeiro.

— Tem preferência de local?

— A área externa já terminou a reforma?

— Sim, se quiser algo específico, posso solicitar que seja servido lá.

— Não é necessário, só gostaria de comer com a vista do mar.

— Aqui estão os cartões das suítes. — Marin colocou os cartões sobre o balcão. — Se precisarem de qualquer coisa, podem me contactar.

Damien agradeceu mais uma vez e Maya se despediu com um sorriso. Os amigos seguiram para o restaurante do hotel, onde se serviram com as opções que havia ali e Damien a guiou para área externa, onde o calor aconchegante os atingiu; Se acomodaram em uma mesa redonda, com cadeiras estilo poltrona feitas de fibra natural, dando um ar rústico e aconchegante de litoral ao local, que estava vazio naquele momento:

— O movimento aqui começa cedo, por volta de umas cinco da manhã, agora que são oito, é bem mais vazio. — Damien falou para cortar o silêncio.

— Por isso tem poucas pessoas no restaurante?

— Sim. O hotel tem o serviço de turismo onde é possível conhecer os pontos turísticos da cidade e aqui na rua do hotel mesmo você encontra quase tudo o que precisa. A cidade é pequena comparada à que moramos, mas se encontra de tudo. É bem parecido com a capital de Bryon, só que com uma praia maravilhosa.

— Parece que gosta daqui.

— Sim, é um local maravilhoso. A primeira vez que vim aqui foi por indicação da minha sogra, na época nem conhecia o Stephen. Apenas fui a um evento e por sorte ela estava lá com meu sogro; ela notou que não estava bem e me indicou esse hotel. Pesquisei e vi que tinha boas avaliações, inclusive depoimento de pessoas que conseguiram aliviar a mente e se encontraram, como na época eu estava perdido, acabei arriscando e valeu a pena.

— Você nunca me contou que passou por um momento difícil.

— Todos passamos, Maya. — Damien tomou um pouco do café que havia pegado. — Não faz muito tempo que me assumi homossexual; antes tentei de todas as formas me enquadrar nos padrões da sociedade para agradar a minha família, mas não me sentia bem. Certa vez me apaixonei por um colega de faculdade e começamos a namorar. — Ele abaixou a cabeça. — Meu pai descobriu e sumiu com o rapaz, me tratou como se eu fosse uma aberração, foi então que meu inferno começou.

— Por esse motivo nunca fala da sua família?

— Sim. Quando vim aqui, estava prestes a desistir de tudo, mas encontrei o apoio que precisava. O dono desse hotel é um pai nato, ele adora acolher pessoas. — Damien sorriu. — A noite tem um funcionário que também é assumido e todos o adoram, quando notei isso, eu percebi que o local onde eu estava era ruim. Aqui descobri que não era uma aberração, que eu poderia ser eu mesmo, que poderia aceitar as minhas preferências e finalmente poderia me libertar de tudo.

— Parece que as pessoas daqui são bem-educadas e acolhedoras. — Maya sorriu.

— Muito mesmo. — Damien colocou a xícara na mesa. — Cortei laços com os meus pais, pedi ao Netuno para trabalhar aqui e ele permitiu. Passei seis meses aqui e bem, coloquei minha cabeça no lugar e comecei a lutar pelo meu lugar ao Sol com o que tinha e agora estou bem.

— Você merece ser feliz.

— E você também merece, Maya. — Damien segurou a mão dela. — Espero que esta aqui, ao lado dessas pessoas de mente aberta e personalidade leve, te ajude a superar tudo o que passou.

— Assim espero.

— Olha só quem já chegou!

A voz masculina forte chamou a atenção dos amigos. Maya viu Damien abrir um sorriso genuíno, como nunca havia visto. Ele se levantou da mesa para abraçar um homem grande e musculoso que surgiu vindo da direção da praia. O homem era tão grande que Damien parecia sumir nos braços dele:

— Maya, esse é Netuno, dono do hotel e tio do Stephen. — Damien apresentou.

— Mas que jovem bonita. — Netuno falou ao estender uma mão para cumprimentar Maya. — Seja bem-vinda ao nosso hotel.

— Obrigada. — Maya se levantou e aceitou o cumprimento, sentindo o calor aconchegante da mão grande de Netuno.

— Posso te chamar de Maya? — Netuno perguntou educado.

— Claro. — Sorriu para o homem que parecia uma montanha de tantos músculos.

— Sei que veio com o Damien, mas posso apresentar os nossos serviços quando quiser. Se gosta de malhar, temos uma excelente academia na rua do hotel mesmo.

— Damien me falou que nesta rua tem tudo que é preciso.

— Ainda esta tendo aulas de surfe com a Pérola? — Damien perguntou.

— Não, a Pérola está fora. Vai se casar em breve.

— Sério?

Maya acabou sorrindo com a empolgação de Damien e o ar encantado de Netuno:

— Ah, Maya, Pérola é minha filha. De vez em quando ela ajuda no hotel, mas no momento está fora do país morando com o noivo.

— Não acredito que deixou ela morar fora. — Damien implicou.

— Ela foi trabalhar fora e acabou que reatou com o noivo, agora estão planejando o casamento. Stephen está doido tentando criar o vestido perfeito para ela.

— Ah… por isso ele ainda não veio me ver?

— Sim, esta no quarto trancado tentando desenhar o vestido. Bem, se quiser ir vê-lo me avise que te dou a chave da casa.

— Claro, assim que terminar de cuidar dessa moça vou ver ele. — Damien indicou Maya.

— Não precisa se incomodar comigo, eu vou para a suíte descansar um pouco e depois vou aproveitar a praia. Vá ver o seu amor. — Ela sorriu.

— Já gostei dela. — Netuno falou animado. — Agora vou lá para dentro, qualquer coisa me chame.

Os amigos observaram Netuno sumir do campo de visão. Maya encarou Damien com surpresa:

— Meu Deus, ele é enorme.

— Ele era campeão de fisiculturismo. — Damien riu. — Eu também estranhei no início, mas dá para se acostumar.

— Parece ser gente boa.

— Ele é. Agora se não se importa, eu vou ver o Stephen, porque se ninguém for lá, ele passa dias sem comer e dormir se ninguém lembrar ele dessas coisas.

— O que o Stephen é?

— Estilista de moda. Inclusive as peças dele são exclusivas e caríssimas. Quando ele estiver livre vou pedir para te mostrar. Até mais, Maya.

— Até!

Maya viu Damien entrar com a bandeja de comida praticamente intocada. O som do mar realmente relaxava seus sentidos, parecia que a tensão deixava seu corpo a cada minuto que passava. Talvez aquele fosse realmente o local certo para ela iniciar uma nova jornada da sua vida.

02. Surpreendida na balada

Maya havia passado toda a manhã na praia. Como aquela área era privada e havia poucas pessoas por ali, ela estava aproveitando o Sol e o mar como podia. Sua mente estava leve e tranquila. Não quis saber de nada do mundo externo, por isso até mesmo deixou o celular de lado e substituiu por um livro, que a muito tempo estava em sua estante e não havia lido.

O livro contava a história de um herói cuja missão era proteger um reino e sua princesa; algo bem clichê, mas que optou por sair um pouco da realidade pesada que sempre a cercou. Afinal, ela nunca teve como base de vida um conto de fadas, mas sim a realidade e a dor de perder entes queridos e da guerra.

Ela observou uma família mais adiante, onde os pais brincavam na água com seus filhos. Aquelas pessoas não sabiam de como eram os campos de concentração de refugiados e muito menos de como era horrível ter a sua vida em perigo para proteger a paz. Eles apenas viviam felizes e alienados, sem nem imaginar o custo da paz. De qualquer forma, ninguém ali tinha culpa do que acontecia em uma guerra.

Logo ela tratou de afastar seus pensamentos. Aquela não era nem a hora e nem o local para se lembrar do que realmente fazia. Já cansada de ficar na areia, se levantou, pegou a canga que havia levado e o livro para voltar para sua suíte, que também era maravilhosa, com uma varanda que dava para ver o mar. Tinha poucas horas que estava ali, mas estava adorando o local.

Maya passou no chuveiro, tirou o sal e a areia do corpo e seguiu para a suíte, onde tirou o maiô, ficando completamente nua; ao se encarar no espelho, se surpreendeu com um leve bronzeado, a deixando satisfeita. Tomou um banho, lavou os cabelos e pediu para o almoço ser entregue ali no quarto já que Damien estava fora.

Como tinha algum tempo, pegou o celular e ligou para Peter para saber se tudo estava bem e avisar que havia chegado bem; fez o mesmo com Luma e enviou uma foto da varanda do hotel para a amiga, que respondeu dizendo estar encantada e que logo gostaria de estar ali com ela. Maya também enviou a mesma foto para Elisa e Hilde. A primeira não visualizou a mensagem, já Hilde respondeu estar com inveja, que gostaria de marcar uma viagem somente ela e Maya para se divertirem.

Mais tranquila por avisar a Peter e às amigas que chegou bem, ela se acomodou no pequeno sofá e ligou a TV para ver as notícias locais. Logo se surpreendeu com a diferença das notícias da cidade em que estava. Em Bryon falavam da guerra e dos problemas que essa ocasionava, agora ali, mostravam a cultura, falavam dos acontecimentos cotidianos e até os crimes eram noticiados com menos intensidade do que estava acostumada a ver.

Ela ouviu batidas na porta e se levantou para ir atender, encontrando um funcionário com seu almoço. Maya pegou a comida, deu uma gorjeta ao funcionário e sentou à mesa para apreciar a refeição. Havia escolhido uma massa com molho de camarão e um vinho branco; como sobremesa, foi enviado uma mousse de chocolate. Como estava sozinha, queria ter o prazer de comer tudo o que gostasse.

Na primeira garfada, ela sentiu o gosto maravilhoso do molho preencher a sua boca e então flashes de imagens surgiram em sua mente. Nas lembranças estavam ela, Luma, Damien e Theron em um restaurante, onde tinha uma travessa com camarões empanados espetados em um arranjo. Ela e Theron estavam próximos e ela alimentava Marie com algo. Maya fechou os olhos e massageou as têmporas. Quando Theron esteve em uma viagem com ela, Luma e Damien? Assim que Damien retornasse, perguntaria.

Já estava anoitecendo quando Maya acordou do que era para ser um cochilo após o almoço. Seu celular tocava incessantemente, o que a fez despertar:

— Alô?

— Te acordei? — Damien perguntou ao notar a voz sonolenta.

— Sim. — Maya se ajeitou na cama.

— Quer ir para uma festa?

— Que tipo de festa?

— Stephen é DJ e vai tocar em uma casa noturna aqui perto, quer ir?

— Pode ser.

— Às 22 passo aí para te pegar.

— Certo! Tem alguma roupa específica que devo usar?

— Não hoje é livre. Apenas fique mais linda que já é.

...****************...

Para a noite, Maya optou por usar um vestido dourado com alças finas, que ficou solto em seu corpo devido à perda de peso. Os cabelos estavam soltos para esconder as costas nuas; optou por uma maquiagem que desse destaque aos olhos e apenas um batom nude nos lábios. Como joias, escolheu um bracelete e uma correntinha também dourada no pescoço. Sua arrumação foi interrompida por batidas na porta, a qual ela logo foi atender, encontrando Damien:

— Uau! Você está linda!

— Obrigada! Deixe eu só passar um perfume e pegar a bolsa.

— Claro. — Damien entrou na suíte.

— Achei que iria trazer o Stephen para eu conhecer. — Maya falou alto de dentro do quarto para o amigo ouvir.

— Não deu tempo, ele já foi para o trabalho e vou te apresentar ele lá. Nem preciso dizer que ele está louco para te conhecer.

— Sério? — Maya voltou.

— Sim. Ainda mais depois que viu as suas fotos. Ele disse que gostaria que você fosse modelo dele algum dia.

— Vou adorar. Vamos indo?

— Vamos.

O táxi já os aguardava quando saíram do hotel. A casa noturna não era tão longe, aliás, nada por ali era distante demais. O local tinha uma entrada trabalhada com madeira e plantas; o nome estava escrito em neon e uma enorme fila de espera se formava na porta principal. Damien a ajudou a desembarcar e a encaminhou para a entrada VIP. Antes de entrar ela ouviu um chamado, mas como não conhecia ninguém por ali, apenas ignorou.

A área VIP contava com salas privadas no andar superior, com serviço open bar e um restaurante à disposição. Damien saiu do local informando que iria buscar Stephen, a deixando sozinha com um balde onde uma garrafa de champanhe repousava no gelo. As imagens que surgiram em sua mente na tarde anterior ficavam mais claras a cada hora que passava. Em algum momento teria que verificar com Damien.

A porta se abriu e logo Damien surgiu com um belo homem de cabelos loiros e com olhos que misturavam o verde e o azul, que fez Maya se lembrar de Elisa:

— Maya, esse é o Stephen. Stephen, essa é a famosa Maya. — Damien apresentou.

— Uau, ela é tão linda como nas fotos! — Stephen se aproximou de Maya e a abraçou educadamente. — Damien fala tanto de você que parece que te conheço há anos.

— Sinto o mesmo. — Maya respondeu enquanto era abraçada.

— Seja bem-vinda, espero que goste do meu repertório de hoje e por favor, dance até esquecer do mundo.

— É essa a ideia.

— Vou levar ela para pista de dança e quando você encerrar, nós voltamos juntos, pode ser? — Damien perguntou.

— Claro, até porque não vai ter nada melhor depois que eu me apresentar. — Stephen tinha um olhar carinhoso para Damien.

— Eu sabia que o Damien era um amor, mas ver vocês dois juntos aumentou muito o meu padrão. — Maya brincou.

— Por favor, espero que se for para escolher um relacionamento, que seja do nosso nível para cima. — Damien brincou de volta.

— Vai ser, bonita desse jeito, certeza de que hoje já deve aparecer uns cinco pretendentes. — Stephen riu.

— Não duvido.

— Agora vou para o meu posto. Nos encontramos em uma hora.

— Certo! — Damien beijou o namorado que saiu da sala. — E então, quer beber algo primeiro antes de descer para dançar?

— Você sabe que eu não bebo.

— Só hoje. Você precisa se soltar.

— Tem razão, só hoje não vai me matar.

Damien se apressou em abrir a champanhe e pediu uma tábua de frios para comerem. Quando Stephen assumiu as pick-ups, eles desceram para a pista de dança, que estava cheia. Maya foi guiada até a frente por Damien, que a induziu a dançar, enquanto eram observados por Stephen, que tinha um sorriso animado nos lábios.

Maya não sabia se era efeito da bebida, mas estava sentindo o corpo mais leve e seguia as batidas da música. A sensação era maravilhosa e poderia ficar ali por horas que não se importaria. O passado, o presente e o futuro não eram preocupações no momento, tudo o que precisava fazer era dançar.

Já estava na terceira música quando sentiu um pouco de sede e informou a Damien que iria até o bar para pegar algo para beber. Damien concordou e ela seguiu para o bar no primeiro andar mesmo. Passou entre as pessoas, que sorriam para ela; recebeu elogios de homens e mulheres, até que alcançou o bar, onde pediu uma soda italiana. A jovem barman sorriu para ela e pediu que aguardasse, que iria providenciar:

— Soda italiana?

A voz chamou a atenção de Maya, que logo direcionou os olhos para o jovem loiro de olhos cinzas, quase azuis, e sorriso fácil:

— Por quê? É tão estranho pedir algo assim? — Falou alto para ele ouvir.

— Estamos em uma balada, aqui temos que tomar álcool. — Ele riu.

— Desculpe, é que não costumo beber nada alcoólico.

— Aqui tem opções sem álcool também. — Ele indicou o cardápio eletrônico que ficava exposto na mesa. — Aqui dá para fazer o pedido também, não precisa chamar o atendente. Pelo jeito é sua primeira vez aqui.

— Você é um bom observador.

— Está sozinha?

— Não, com os meus amigos.

— Queria poder conversar mais com você, mas também estou com meus amigos. Parece que vamos ter que deixar para nos conhecermos melhor em outro momento, de novo.

Maya encarou o rapaz confusa, fazendo ele sorrir:

— De novo?

Um grito veio de um grupo. O rapaz pegou o drink que havia pedido, bebeu de uma vez, se aproximou de Maya e a beijou nos lábios:

— Pedi um para você também, vai ser entregue. Até mais, sereia.

Maya observou o homem se afastar com um sorriso no rosto e ser recebido pelo grupo de amigos, que comemorou a chegada dele. A Barman retornou com a bebida que ela havia pedido mais um coquetel idêntico ao que o rapaz estava tomando antes. Maya olhou para a atendente que tinha um sorriso:

— Pelo jeito, ganhou a noite. — A barman falou rindo.

— Menina, nem sei o que aconteceu aqui. — Maya riu constrangida. — Alguém anotou a placa?

A Barman gargalhou:

— Fica tranquila, ele sempre vem aqui com os amigos; caso tenha gostado e queira repetir.

— Não foi ruim. — Maya pegou as bebidas. — Quem sabe o encontro de novo?

— Boa sorte!

03. Convite inusitado

Mesmo com o acontecimento inusitado, Maya não perdeu tempo; aproveitou para dançar bastante e no retorno para casa, pode rir muito com as histórias que Stephen contou do início do namoro dele com Damien, que parecia morrer de vergonha dos detalhes que foram revelados.

Na suíte, e já sozinha, refletiu sobre o desconhecido. Ele havia falado que eles já se viram antes, mas onde? Ela não se recordava de nada que ele pudesse estar envolvido. Aliás, parece que a maioria das coisas que aconteceram desde a sentença de Scar, haviam sido deletadas da sua mente.

Maya, se livrou do vestido e das joias, entrando no box do banheiro em seguida para tomar um banho de água morna para relaxar. Fechou os olhos e deixou a água escorrer por seu corpo, foi então que outro flash de memória surgiu, onde ela estava tomando banho com Max e lavava os longos cabelos dele.

Uma leve tontura a atingiu. Como assim? Ela e Max ficaram juntos? Quando aquilo havia ocorrido? E por que ela havia feito tamanha tolice, já que era de conhecimento público que aquele homem era casado? Até onde ela havia mantido um caso com ele? E onde havia ficado seu amor por Theron? E por que ela se sentia mal todas às vezes que pensava em Theron?

A despedida dele foi uma forma de promessa ou apenas para segurá-la? Foi então que as coisas começaram a fazer sentido. Com Scar morto, ela estava livre para ficar com quem quisesse, inclusive com o próprio Theron; agora se ele e Max como homens comprometidos a procuraram, a culpa era mesmo dela? Não mesmo.

Com esse pensamento, Maya saiu do banho, se enxugou e colocou um conjunto de dormir, de tecido leve; se deitou na grande cama de casal e pegou o celular para verificar as mensagens. Não havia nada de Theron ou de Max, o que reforçava sua ideia de que realmente foi algo passageiro e que não merecia a sua atenção. Ela acessou as redes sociais e lá estava as fotos dela com Damien e Stephen, que foram tiradas pela equipe da casa noturna.

Aproveitou para ver mais fotos da festa e foi então que encontrou uma onde o abusado que a beijou estava com seu grupo de amigos, sendo três homens e uma mulher. Se eles estavam ali, era porque tinha alguma influência. Stephen informou que a casa noturna só postava fotos de pessoas conhecidas da cidade, e isso explicava o motivo da Barman ter falado daquela maneira com ela. Na manhã seguinte, perguntaria a Stephen se ele conhecia o abusado. Com um sorriso divertido, acabou pegando no sono.

...****************...

O som do vento batendo na porta da varanda despertou Maya. O Sol estava tímido, indicando que ainda era cedo. Como se sentia bem, logo saiu da cama, tomou uma ducha rápida e desceu para caminhar um pouco pela areia e depois tomaria café da manhã para ir para academia; à tarde estava marcado um passeio com guia pela cidade.

Daquela vez, optou por usar um biquíni branco e uma calça de praia da mesma cor, peças que havia comprado e usado em sua última viagem com Scar. A viagem que foi o ponto inicial para sua separação. Afastando os pensamentos, Maya saiu da suíte para o corredor vazio e foi até o elevador, onde o chamou para o andar onde estava. Logo o elevador chegou e ela entrou, apertando o botão térreo. Em segundos estava na recepção, onde o atendente do turno da noite estava.

O jovem sorriu para ela, que sorriu de volta e acenou. Maya saiu pela porta lateral que levava a praia e respirou o ar marítimo, sentindo o corpo relaxar. A praia do hotel era privada, reservada para os hóspedes, ao lado, havia a praia reservada para os moradores de um condomínio e do outro lado havia a praia aberta ao público, onde havia movimento de pessoas, quiosques e lojas. Ao fim da faixa de areia havia um píer, onde havia um parque com uma grande roda gigante.

Ao olhar para a roda gigante, mais um flash atingiu sua mente: dessa vez era uma memória dela com Max em um parque de diversões. Na memória, eles pareciam se divertir bastante e ao que parecia, foi bastante divertido e especial. Será que ela havia se apaixonado por Max e não se recordava?

Perdida em pensamentos, caminhou pela faixa de areia até a parte pública, onde observou algumas pessoas realizarem seus exercícios e alguns surfistas aproveitaram as ondas. Foi então que um dos surfistas chamou sua atenção, ali estava o abusado que lhe beijou na noite anterior.

Os cabelos dele estavam molhados, a pele era bronzeada, usava uma bermuda azul, da mesma cor da prancha. Ele pareceu reconhecê-la e deslizou a prancha para a área do hotel, com maestria chegou à praia, saindo da água próximo de Maya, com um sorriso no rosto:

— Sereia! — A voz dele soou animada.

— Abusado. — Maya respondeu e acabou sorrindo.

— Oh! Sou abusado? — Ele se aproximou e parou na frente dela, fincando a prancha na areia.

— Sim, você me beijou e nem falou seu nome.

— E você também não falou o seu, apesar de eu saber.

Maya o encarou desconfiada, fazendo o rapaz gargalhar:

— Sei que nosso primeiro encontro foi rápido, mas se esquecer de alguém que te salvou de uma surra, já é demais. — Ele riu.

— Surra… — Maya respondeu pensativa e foi então que se lembrou do rapaz segurando Scarlet para não bater nela. — Meu Deus! É você!

— Sim, sou eu. Seu nome é Maya, certo?

— Sim, e o seu?

— Warde. Desculpe por ontem, acho que fico um pouco sem noção quando bebo. Nem perguntei se era solteira.

— Não se preocupe, eu estou solteira.

— Já que está solteira, você aceitaria ir em um luau comigo hoje a noite?

— Luau? — Maya o encarou com curiosidade.

— É uma festa realizada na praia. O pessoal do surfe vai fazer e se quiser vir comigo…

— Qual horário? Ontem fiquei acordada até tarde e me sinto um lixo. — Maya confessou fazendo Warde rir.

— É cedo, vamos começar umas dezoito horas e as vinte devem terminar. É aqui na praia mesmo, bem seguro e qualquer um pode vir, caso queira trazer alguém.

— Tudo bem. Aceito o convite. Agora preciso voltar, vou tomar café da manhã com os meus amigos.

— Esta hospedada nesse hotel? — Warde indicou a construção.

— Sim.

— Vamos, vou te acompanhar até lá. — Warde pegou a prancha. — Quem sabe não vejo o senhor Netuno. Ele foi meu instrutor de surfe por anos. Até estudei na mesma escola que a filha dele, apesar de não sermos próximos.

— Interessante. — Maya passou a fazer o caminho de volta, seguida por Warde. — O sobrinho do Netuno é namorado do meu amigo que me trouxe aqui.

— Ah, já sei que é o seu amigo, então. — Warde mantinha um sorriso enquanto caminhava. — Falei com ele algumas vezes na balada. É um cara legal.

— Sim, ele tem sido um bom amigo para mim.

Os dois caminharam em silêncio até a área externa do restaurante, onde Damien já os observava do parapeito do deque:

— Então, até mais tarde? — Maya perguntou.

— Claro! Passo aqui às dezoito para te buscar. — Warde sorriu e como um garoto, passou a correr na direção do mar.

Maya olhou para Damien e riu, subindo as escadas do deque em seguida para se juntar ao amigo, que logo foi recebê-la:

— Até mais tarde? — Damien repetiu as palavras dela, enquanto a acomodava ao lado de Stephen.

— Então… — Maya riu constrangida. — Esse cara, me pagou um drinque e me beijou ontem, agora me convidou para um luau.

— Opa! Que cara? — Stephen perguntou curioso.

— O surfista, loiro, acho que ele ainda deve estar na água.

Stephen se levantou rapidamente e observou o mar, soltando um suspiro de alívio em seguida, o que chamou a atenção de Maya e Damien:

— Quando falou em surfista loiro, imaginei que fosse um problema que mora aqui perto. Mas aquele ali é de boa, se não me engano o nome dele é Warde. Ele gosta de carros e tem uma equipe disso. — Stephen retornou para mesa.

— Ele me salvou de uma surra algum tempo atrás. — Maya confessou e passou a tomar um pouco do suco que Damien havia servido.

— Que surra? — Damien perguntou.

— Lembra do evento que fui e voltei para casa com o vestido destruído?

— Sim.

— Ele foi a pessoa que segurou a Scarlet para eu fugir.

— Já tem a minha benção!

— Não sei bem o que houve, mas se ele te salvou e você se sente bem em tentar, só vai. — Stephen falou ao tomar um pouco de café.

— Acho que não custa nada eu conhecer alguém, não é mesmo?

— Não mesmo.

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