Canções e Silêncios
Capítulo 1 - Um garoto chamado Izuku
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘔𝘢𝘪𝘴 𝘶𝘮𝘢 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘢𝘲𝘶𝘪 𝘱𝘳𝘢 𝘷𝘰𝘤𝘦̂𝘴
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘕𝘢̃𝘰 𝘷𝘰𝘶 𝘥𝘢 𝘴𝘱𝘰𝘪𝘭𝘦𝘳 𝘥𝘦𝘴𝘴𝘢 𝘷𝘦𝘻
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘱𝘰𝘳 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳 𝘯𝘢̃𝘰 𝘮𝘦 𝘤𝘢𝘤̧𝘦𝘮 𝘱𝘰𝘳 𝘤𝘢𝘶𝘴𝘢 𝘥𝘰 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘈 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘷𝘢𝘪 𝘴𝘦𝘳 𝘥𝘰 𝘫𝘦𝘪𝘵𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘭𝘢 𝘦́
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘕𝘢̃𝘰 𝘵𝘦𝘮 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘢𝘶𝘵𝘦𝘳𝘯𝘢𝘵𝘪𝘷𝘰
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘌𝘳𝘢 𝘴𝘰́ 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘝𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘢𝘰 𝘊𝘢𝘱𝘪́𝘵𝘶𝘭𝘰 1
Meu nome é 𝙄𝙯𝙪𝙠𝙪 𝙈𝙞𝙙𝙤𝙧𝙞𝙮𝙖. Tenho 16 anos e moro com a minha mãe, Inko, em um pequeno apartamento na cidade de Tóquio. A vida aqui é barulhenta, às vezes caótica, mas dentro da nossa casa é sempre tranquila. Mamãe trabalha muito como assistente administrativa em uma clínica, e apesar do cansaço, ela sempre tem um sorriso gentil reservado pra mim no fim do dia.
Todas as manhãs começam do mesmo jeito: acordo com o alarme do celular, coloco meus fones e escuto música por alguns minutos antes de levantar. É meu momento de paz antes do mundo começar a exigir coisas de mim. Me visto, preparo o café (às vezes mamãe já deixou pronto), e seguimos juntos até a estação de metrô. Mesmo cansada, ela sempre puxa assunto, fala do dia anterior, das pessoas no trabalho, e pergunta como estou. Acho que ela se preocupa mais comigo do que deveria… mas sou grato por isso.
Estudo no primeiro ano do ensino médio na Escola Higashi de Tóquio. É um colégio comum, sem nenhum destaque… assim como eu. Eu não sou forte, não sou popular, nem talentoso em esportes. Na verdade, a maioria das pessoas mal nota minha existência.
Na minha sala tem alguém que me nota demais. 𝙆𝙖𝙩𝙨𝙪𝙠𝙞 𝘽𝙖𝙠𝙪𝙜𝙤𝙪. Ele tem 17 anos, mas por causa de alguns problemas de comportamento, ainda está no primeiro ano. Bakugou é o tipo de cara que atrai olhares por onde passa — alto, atlético, e com uma atitude que mistura arrogância e desprezo. Ele é o líder natural de um grupinho de garotos barulhentos, e por algum motivo que eu nunca entendi… ele me odeia.
Não passa um dia sem que ele me provoque de alguma forma. Às vezes são comentários maldosos sussurrados no corredor. Outras vezes são esbarrões "sem querer". E, nos piores dias, ele me empurra contra o armário ou derruba meus livros no chão e ri quando todos olham. Ninguém faz nada. Os professores fingem que não veem. E meus colegas…? Bem, ninguém quer comprar briga com Bakugou.
Apesar disso, tento seguir minha rotina. Gosto de estudar. Me sinto seguro quando estou rodeado de livros, cadernos e fones de ouvido. Às vezes, no silêncio do meu quarto, deitado de pijama, escutando minha playlist favorita, imagino um mundo diferente. Um mundo em que eu poderia ser alguém importante. Em que eu não precisasse me esconder ou fingir que certas coisas não me machucam.
Mas esse não é um mundo de fantasia. É a realidade. E nela… sou apenas Izuku Midoriya. Um garoto comum, tentando encontrar seu lugar.
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘨𝘰𝘴𝘵𝘦𝘮 𝘥𝘢 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘧𝘪𝘻 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘤𝘢𝘳𝘪𝘯𝘩𝘰, 𝘥𝘰𝘳, 𝘵𝘳𝘪𝘴𝘵𝘦𝘻𝘢 𝘦 𝘭𝘢𝘨𝘳𝘪𝘮𝘢𝘴 𝘯𝘰𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘦𝘯𝘵𝘢̃𝘰 𝘱𝘰𝘳 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳... 𝘭𝘦𝘪𝘢𝘮, 𝘤𝘶𝘳𝘵𝘢𝘮 𝘦 𝘤𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦𝘮 𝘱𝘳𝘢 𝘮𝘦 𝘢𝘫𝘶𝘥𝘢𝘳 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢𝘴 𝘧𝘶𝘵𝘶𝘳𝘢𝘴.
𝘌𝘶𝘻𝘪𝘯𝘩𝘢
𝘈𝘵𝘦́ 𝘰 𝘱𝘳𝘰𝘹𝘪𝘮𝘰 𝘤𝘢𝘱𝘪́𝘵𝘶𝘭𝘰
Capítulo 2 - Mais um dia comum
O despertador toca às 6h30 em ponto. Izuku abre os olhos devagar, ainda envolto no calor do cobertor. O quarto está silencioso, exceto pelo som baixo que começa a sair dos fones grandes em suas orelhas. Uma melodia suave, instrumental, que ele escuta todos os dias para começar bem a manhã.
Ele encara o teto por alguns minutos, sem pensar em nada específico. Apenas deixa a música preencher os espaços vazios da sua mente.
Depois de alguns minutos, ele se levanta, troca o pijama por o uniforme escolar e vai até a cozinha.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Bom dia, mãe...
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Bom dia, querido! Dormiu bem?
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Uhum... Acordei com uma música boa. Isso ajuda.
Inko sorri enquanto serve o arroz e o misoshiru do café da manhã. Mesmo com a correria, ela sempre faz questão de preparar uma refeição simples, mas feita com carinho.
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Não esquece o casaco, parece que vai esfriar hoje à tarde.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Pode deixar.
Os dois seguem juntos até a estação de metrô, como todos os dias. O caminho é cheio de pessoas apressadas, mas para Izuku, ao lado da mãe, o trajeto parece menos cansativo. Eles não falam muito, mas o silêncio entre os dois é confortável.
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Boa aula, Izuku.
Antes que ele termine a frase, o sinal de fechamento das portas do metrô soa, e ele entra correndo, acenando pela janela.
Ao chegar na escola, a paz da manhã começa a se desfazer. Os corredores estão cheios de conversas altas, risadas forçadas e alunos apressados. Izuku caminha com o olhar baixo, tentando passar despercebido.
Mas isso nunca funciona por muito tempo.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(em voz alta, ao vê-lo entrar na sala):
Olha só quem chegou… o verdinho fracote.
Os colegas em volta riem, como se estivessem assistindo a um programa de comédia. Izuku força um sorriso e caminha até sua carteira, fingindo não ouvir.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(se aproximando):
Tá com fone de novo, Midoriya? Vai fugir do mundo ouvindo música agora?
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
(baixo):
Só… gosto de escutar no caminho. Me ajuda a relaxar.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(encarando com desdém):
Relaxa demais e esquece que vive num mundo real. Cresce, nerd.
Antes de se afastar, Bakugou dá um tapa leve na mochila de Izuku, que quase cai no chão. Os risos ecoam pela sala novamente. Ninguém diz nada. Ninguém nunca diz nada.
Izuku se senta, tentando disfarçar o desconforto. Puxa o caderno devagar, respira fundo e encara a página em branco à sua frente.
Capítulo 3 - O garoto mais bonito do colégio
O sinal do intervalo toca e os alunos se espalham pelos corredores e pelo pátio da escola como se estivessem sendo libertados de uma prisão temporária. Izuku, como sempre, prefere ficar perto das escadas, num canto onde pode escutar música e escrever em seu caderno sem ser incomodado — ou ao menos tentar.
Mas claro… isso nunca dura.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(aparecendo com dois colegas):
Ainda com esse caderninho ridículo, Deku?
Izuku segura firme o caderno contra o peito, desviando o olhar. Ele já esperava por isso. Sempre espera.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Não tô fazendo nada com você… só quero ficar em paz.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(encostando no corrimão com um sorriso torto):
Paz? Com essa cara? Se eu fosse você, já teria sumido dessa escola faz tempo.
Os colegas de Bakugou riem, mas nesse momento algo muda no ambiente. Um silêncio se instala, como se o ar tivesse ficado mais denso de repente.
Os alunos ao redor começam a cochichar.
Aluna 1
Olha ali… é o Todoroki.
Aluna 2
Nossa, até andando no corredor ele parece um modelo…
𝙎𝙝𝙤𝙩𝙤 𝙏𝙤𝙙𝙤𝙧𝙤𝙠𝙞 aparece no final do corredor, andando com calma, com o uniforme perfeitamente alinhado e os olhos sérios. Seus cabelos meio brancos, meio vermelhos, chamam atenção de todos, assim como seus olhos bicolores que parecem atravessar qualquer um com um só olhar.
Izuku automaticamente abaixa o rosto, o coração acelerando. Ele não consegue evitar — 𝙏𝙤𝙙𝙤𝙧𝙤𝙠𝙞 𝙚𝙧𝙖 𝙡𝙞𝙣𝙙𝙤 𝙙𝙚𝙢𝙖𝙞𝙨. Ele o observa discretamente todos os dias, mas nunca teve coragem de trocar uma palavra com ele.
Para a surpresa de todos, Todoroki para exatamente diante da cena entre Bakugou e Izuku.
𝘚𝘩𝘰𝘵𝘰 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘳𝘰𝘬𝘪
(frio e direto):
Bakugou.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(confuso):
O que foi agora?
𝘚𝘩𝘰𝘵𝘰 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘳𝘰𝘬𝘪
Você já passou do limite. Mais uma vez intimidando um colega... E bem aqui, no corredor central.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(rindo, desdenhoso):
Ah, por favor, presidente. Vai me punir por conversar com o nerdzinho aqui?
𝘚𝘩𝘰𝘵𝘰 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘳𝘰𝘬𝘪
(encarando firme):
Por assédio escolar, sim. Se você não parar, vou levar isso diretamente à direção. E dessa vez, não vai ter advertência leve.
O corredor inteiro silencia.
Bakugou cerra os punhos, mas por algum motivo recua. Ele dá um último olhar de desprezo para Izuku e se afasta com os amigos, bufando de raiva.
𝘚𝘩𝘰𝘵𝘰 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘳𝘰𝘬𝘪
(virando-se para Izuku):
Você está bem?
Izuku, surpreso, tenta responder, mas a voz não sai de imediato.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
(gaguejando):
S-sim... estou. Obrigado, Todoroki-senpai...
𝘚𝘩𝘰𝘵𝘰 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘳𝘰𝘬𝘪
(com um leve aceno):
Se precisar de ajuda, procure o conselho estudantil. Ou me procure diretamente.
Ele se vira e vai embora com a mesma calma com que chegou.
Izuku fica parado, com o rosto vermelho e o coração batendo tão forte que parecia ecoar nos ouvidos. A presença de Todoroki era intensa… E ele o havia defendido. Falado com ele. O Todoroki.
Ele se senta devagar nas escadas, apertando o caderno contra o peito, com um sorriso bobo se formando nos lábios.
Aquele não foi um dia comum.
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