Na Frequência Dela
Apresentações
autor
mais uma história que farei enquanto tenho que terminar outras
autor
sem conseguir me conter e concentrar apenas em uma antes de partir para outra
autor
e esse mais um, como quase todas as minhas histórias são mais focadas em comédia romântica, com um pequeno foco meu de serem em um hospital dessa vez.
autor
Não, eu vou seguir retinho como um hospital funciona. Nem sei direito... mas vai ter as tensões de um ainda assim. Um tiquinho de "ficção"
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Também vai ser minha primeira vez escrevendo algo GL. (Yuri)
Já peço desculpas por qualquer erro e vamos por apresentar os personagens que mais vão aparecer.
começando pela "principal"

Olívia
Nome: Olívia
Idade: 26 anos
Nacionalidade: Canadense (York)
Aparência:
Cabelos pretos, curtinhos estilo tomboy
Olhos cinzentos
Pele pálida
Tem o corpo pequeno e sem muitas curvas, uma aparência meio delicada mesmo o olhar frio e intimidador.
Fora do trabalho, usa roupas no estilo Y2K
Usa óculos as vezes de descanso e de leitura, ainda mais quando passa muito tempo lendo e revisando prontuários.
Personalidade:
Muito inteligente e lógica
Extremamente observadora e detalhista
Impulsiva, independente e desconfiada
Prefere trabalhar sozinha; foca e deduz problemas com precisão
Teimosa e resistente a mudanças de opinião
Tem dificuldade em lidar com emoções e relações sociais
Apresenta traços de sociopatia, o que afasta as pessoas, apesar do respeito profissional
Costuma acertar em suas deduções
Foge de interações emocionais profundas, não sabe lidar com carinhos, elogios ou gentilezas inesperadas.
Profissão:
Cardiologista (considerada a melhor no hospital)
Também auxilia em casos gerais quando outros médicos têm dificuldades
Astrologia:
Signo de Touro (o que reforça sua teimosia, determinação e senso prático)
MBTI: ISTP ("O Virtuoso")

Helena
Nome: Helena
Idade: 20 anos
Nacionalidade: Brasileira (RJ)
Aparência:
Pele morena
Cabelos longos, cacheados, cor chocolate
Olhos castanhos escuros
Corpo avantajado
Estilo patricinha: sempre arrumada e estilosa, até mesmo no hospital (roupas alinhadas e maquiada discretamente)
Personalidade:
Carinhosa e muito gentil
Extrovertida, fala bastante, às vezes até em excesso
Muito emocional e facilmente apegada às pessoas
Tem dificuldade com rotinas rígidas e protocolos muito quadrados (o que às vezes gera conflitos)
Egocêntrica em certos momentos, acreditando que seus sentimentos e visões morais são as mais corretas
Focada e dedicada no que ama, principalmente no trato humano com os pacientes
Cria expectativas muito altas rapidamente
Acredita firmemente que todos têm bondade dentro de si
Costuma ser otimista, mas sofre desilusões quando a realidade é mais dura
Profissão:
Enfermeira recém-contratada (ainda em formação avançada)
Foi designada para trabalhar diretamente com Olívia por conseguir lidar com seu jeito difícil. Atua como ponte emocional entre Olívia e os pacientes, cuidando do lado humano enquanto Olívia resolve o lado técnico
Acabou virando braço direito da cardiologista no hospital, sendo elogiada pela dedicação
A única que conseguiu, sem forçar, conquistar a confiança (e talvez um leve carinho escondido) da fria cardiologista
Signo: Áries (o que reforça sua energia, impulso e sua fé nas próprias convicções)
MBTI: ENFP ("O Ativista")
Hiroshi
Nome: Hiroshi
Idade: 23
Nacionalidade: Japonês
Aparência:
Pele clara, corpo forte e definido, cabelos escuros, olhos pretos. Tem um estilo de roupas sweetheart fora do trabalho.
Personalidade:
Extrovertido e animado com amigos
Brincalhão e leve com quem tem intimidade
Gentil, paciente e acolhedor com todos (Conflito interno entre sua aparência física forte e seu jeito calmo)
Muito leal e protetor com quem ama
Orgulhoso em alguns momentos
Excessivamente autocrítico
Ingênuo em confiar nas pessoas
Conselheiro natural; sempre disposto a ajudar
Gosta de contato físico para demonstrar carinho (abraços, toques no ombro etc.)
Profissão:
Psicólogo hospitalar
Reconhecido e querido por todos no hospital por seu suporte emocional e simpatia.
Signo: Escorpião (reforçando mais a lealdade e proteção com quem tem apreço)
MBTI: ENFJ ("Protagonista")

Sophia
Nome: Sophia
Idade: 20 anos
Nacionalidade: Americana
Aparência:
Cabelos Castanho escuro, longos e ondulados, Olhos Cor de amêndoa, Pele Bronzeada, Corpo um pouco cheinho, com curvas e pernas grossas
Estilo: Vaidosa, gosta de se cuidar, mesmo em ambiente hospitalar
Personalidade:
Introvertida, mas muito empática
Extremamente emocional e sensível ao que os outros sentem
Gentil, educada e tolerante com todos
Muito adaptável e proativa — resolve problemas com criatividade
Vaidosa e cuida da aparência mesmo em dias corridos
Pessimista consigo mesma e com tendência a crises existenciais
Procrastinadora, mas leva os compromissos a sério quando precisa agir
Não gosta de seguir regras rígidas; prefere ter liberdade de ação
Medrosa em situações novas ou desafiadoras demais
Tem dificuldades para estruturar planos de longo prazo
Profissão:
Neurologista do hospital
Considerada prodígio por ter se formado nova e rapidamente
Reconhecida por sua inteligência, comparada até à de Olívia por alguns colegas
Signo: Escorpião.
MBTI: ISFP (“Aventureira”)
Liam
Nome: Liam
Idade: 23 anos
Nacionalidade: Canadense (Toronto)
Aparência:
Cabelos castanhos claros, geralmente bagunçados de propósito, Olhos claros azul olhar esperto e provocador, Estilo Despojado com charme natural, sempre com alguma peça que chame atenção
Personalidade:
Extremamente extrovertido e brincalhão
Egocêntrico e narcisista, mas cativante
Analítico, com uma língua afiada e gosto por debates
Gosta de provocar, irritar e flertar — por diversão, não necessariamente com interesse real
Muito inteligente, mas procrastinador crônico
Fala muito, e sobre tudo
Desconfiado com o que parece “bonzinho demais”
Alterna entre ser atencioso e grosseiro em segundos, geralmente sem perceber
Apesar da pose, se importa genuinamente com as pessoas — especialmente as crianças
Profissão:
Pediatra
Considerado o melhor do hospital na área
Idolatrado pelas crianças por ser divertido, criativo e atencioso
Signo: Libra
MBTI: ENTP (“O Inovador”)
Olívia
𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚: Primeiro desafio social real dentro do hospital. Tony resiste, mas reconhece que funciona com ela. Aos poucos, desenvolve sentimentos confusos.
𝐇𝐢𝐫𝐨𝐬𝐡𝐢: Tem uma amizade forte e inesperada. Ele é um dos poucos com quem Tony se permite ser um pouco mais solta. Ela confia nele.
𝐒𝐨𝐩𝐡𝐢𝐚: Respeita a inteligência de Ana, mas nota seu leve receio e se diverte discretamente com isso. Mantém uma relação educada e estável.
𝐋𝐢𝐚𝐦: Constantemente irritada com as provocações dele. Apesar disso, o respeita como profissional — mesmo que negue até a morte.
Helena
𝐎𝐥𝐢́𝐯𝐢𝐚: Fascinada e confusa com o jeito frio da canadense. Gosta genuinamente dela e tenta arrancar reações positivas aos poucos.
𝐒𝐨𝐩𝐡𝐢𝐚: Muito próxima, possuem uma relação leve, cheia de conversas pessoais e trocas sinceras.
𝐇𝐢𝐫𝐨𝐬𝐡𝐢: Gosta muito do psicólogo, admira a paciência e o carinho dele. O trata como uma figura segura.
𝐋𝐢𝐚𝐦: Vive se irritando e rindo com ele ao mesmo tempo. Se divertem juntos, mesmo com as provocações dele.
Hiroshi
𝐎𝐥𝐢́𝐯𝐢𝐚: Tem carinho e respeito profundo por ela, a trata como uma irmã. Defende quando ela é mal interpretada.
𝐒𝐨𝐩𝐡𝐢𝐚: Vínculo muito forte e cheio de química. Conversam frequentemente e se apoiam no trabalho — relacionamento prestes a virar algo romântico.
𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚: Gosta muito dela, principalmente da leveza que traz. Acha divertida e protetora.
𝐋𝐢𝐚𝐦: Admira a inteligência e o bom humor dele, mas às vezes se cansa das provocações
Sophia
𝐇𝐢𝐫𝐨𝐬𝐡𝐢: Amizade muito forte, com envolvimento romântico latente que todos percebem menos eles. Conversam muito por estarem em áreas correlatas, e ele é quem a ajuda a se sentir mais segura.
𝐎𝐥𝐢́𝐯𝐢𝐚: Amizade respeitosa. Sophia ainda sente um certo receio da frieza de Olívia, mas a convivência forçada pela aproximação com Hiroshi faz a relação amadurecer.
𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚: Relação leve e animada. As duas se dão muito bem por estarem na mesma faixa etária, terem personalidades calorosas e gostarem de assuntos vaidosos.
𝐋𝐢𝐚𝐦: Acha ele irritante, mas divertido às vezes. Ele a provoca como faz com todos, e ela alterna entre rir e ficar nervosa com isso.
Liam
𝐎𝐥𝐢́𝐯𝐢𝐚: Vive provocando e tentando arrancar alguma reação dela. Respeita muito a inteligência dela, mas adora cutucar sua frieza.
𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚: Acha ela fofa, mas adora a reação dela quando ele exagera. A provoca como irmãzinha.
𝐒𝐨𝐩𝐡𝐢𝐚: Gosta de ver ela se irritar com as provocações, mas a respeita. Eles se alfinetam às vezes, outras vezes são cúmplices.
𝐇𝐢𝐫𝐨𝐬𝐡𝐢: Finge implicar com ele pelo jeito “calmo e perfeito demais”, mas gosta do japonês como amigo, mesmo que diga o contrário.
autor
Acho que é só por enquanto...
um
O hospital estava mais calmo do que normalmente, ficava naquele final de tarde. A maioria dos pacientes haviam sido já encaminhados para repouso.
Os corredores frios e estéreis do hospital silenciavam com a simples presença dela. O som ritmado dos passos de Olívia ecoava pelo piso encerado, o salto de seus sapatos batendo com precisão quase cirúrgica. Ela andava com a postura ereta, os ombros alinhados e o queixo erguido num gesto calculado — como se o mundo fosse uma equação que ela já tivesse resolvido. O jaleco branco fluía com o movimento exato do corpo, sem hesitação, sem pressa.
Em meio de seus passos. Perto da sala de descanso, um residente e um enfermeiro murmuravam entre si, a conversa baixa, mas não o suficiente para escapar dos ouvidos certos.
— “...aquela doutora é assustadora. Para alguém que cuida de corações eu achava que tinha que ser mais sensível, sla” – o residente comentou com uma careta
o enfermeiro balançou a mão em um gesto desgostoso.
— “ela não deve nem saber o que a palavra sensível deve sugerir nisso” – zombou maldoso um sorrisinho de canto. — “ parece até mesmo aqueles casos de sociopatas da internet quando se pesquisa por cima"
— “Você acha que ela é?”
— “Ainda acha que deveria pensar se tem?” – bufou — “a falta de empatia dela me faz pensar até que é perigoso um bisturi na mão dela”
Eles não haviam percebido ela se aproximando ainda, mas assim que perceberam travaram tensos. Enquanto tentavam agir como se não tivessem falado nada demais. O que foi mais óbvio para ela que estavam falando exatamente dela. Ao chegar no final do corredor, Olívia virou o olhar por um segundo em direção à dupla. Um gesto sutil. Um lampejo gélido nos olhos, como se tivesse calculado exatamente o que haviam dito — mesmo à distância. O residente prendeu a respiração.
Ela seguiu andando. Sem parar. Sem encarar de verdade. Mas com a mesma frieza que fazia todos os passos ecoarem mais alto do que deveriam. Como se o hospital inteiro prestasse atenção.
A conversa não a abalou em nada, acostumada com aquele tipo de conversa pelos corredores quando chegava a ser o assunto de algo. Não era bem vista por ninguém ali... a não ser a exceção de três pessoas que aprendeu a aturar. E mesmo que outros ainda tentassem ignorar o incômodo e admitir contrariados que ela era boa no trabalho... era complicado.
Foi em um momento assim que estavam falando dela pelos corredores, em tons maldosos, normalmente sendo os novatos estagiários que não aguentavam a maneira fria que agia. Mal perceberam quando a figura alta e normalmente carregando um sorriso calmo nos lábios parou a poucos passos.
Com a voz calma, firme o bastante para o ambiente e surpreender os estagiários que olharam para ele um tanto assustados por serem pegos.
Hiroshi
Engraçado que quando for o seu coração parando no meio da noite, ou algum ente querido precisando de ajuda, vai ser ela que vão pensar querendo que ajudem não é?
Ele deu um passo mais à frente deles, percebendo a forma constrangida que estavam. O olhar protetor não gostando de escutar aquele tipo de coisa da cardiologista, seu corpo maior e musculoso projetando uma sombra mais intimidadora sobre os outros.
Um deles rindo baixinho totalmente envergonhado tentou ainda, com a voz baixa, arrumar um pouco a situação:
— “a gente... só estava brincando”
Hiroshi
Brincadeira é quando todo mundo está rindo por algo que realmente tem um pingo de graça, não quando você tenta diminuir outra pessoa pelo jeito dela apenas por que sabe que ela é melhor que você.
Sem esperar por outra tentativa deles se justificando, continuou o caminho girando sobre os calcanhares e seguindo pelo corredor.
Com o olhar menos duro abaixou até a ficha de atendimento que tinha em mãos por um momento, parando ao virar o corredor e ver a mesma parada apoiada com o ombro a parede enquanto estava parecia focada a mexendo em um bloquinho que ele já conhecia como sendo a que usava para anotar as coisas.
Os olhos cinzas da canadense permaneceu sobre a folha que rabiscava rápido sobre algo, mas Hiroshi sabia que ela tinha conseguido ouvir o que aconteceu.
Sem dizer nada por um momento, ela afastou-se da parede se virou seguindo o mesmo caminho que ele iria no corredor. Ele sorriu sabendo que aquilo era um recado claro para andar ao seu lado. Seguindo tranquilamente um ao lado do outro, até finalmente a voz normalmente em tom seco da cardiologista soar.
Olívia
Você deveria parar de se envolver nessas bobagens, eles não vão parar e é desnecessário.
Ela nem ao menos levantou o olhar enquanto falava com ele. Mas acostumado com o tom dela e sem se abalar, Hiroshi deixou uma risada abafada escapar. Colocando a ficha de atendimento abaixo do braço.
Hiroshi
Proteger a família nunca é desnecessário.
Ela finalmente fechou o bloco de notas com um estalo suave, finalmente o encarando com os olhos cinzentos. O mesmo olhar que carregava frieza e desinteresse de sempre, mas com algo a mais que ele havia conseguido conquistar depois de tempo trabalhando juntos. Reconhecimento.
Cruzou os braços, inclinando a cabeça ligeiramente de lado como quem pondera um diagnóstico.
Olívia
Apenas não precisa dizer nada. Eu já sei o que pensam de mim, é indiferente.
Hiroshi
Eu sei que sabe. Mas pra mim não é indiferente. Também sei que você vai continuar não dizendo nada, então pode deixar que eu digo por você.
Ele piscou para ela em um gesto mais divertido.
Olívia permaneceu o olhar observando-o por alguns instantes, avaliando como se estivesse à frente de um paciente difícil. Mas Hiroshi sabia que aquilo era só ela saindo um pouco da postura rígida de sempre.
Demorando um pouco até que novamente a fala seca, quase forçada, saisse de forma murmurada quase igual a alguém confessando uma informação confidencial:
Olívia
Obrigado, Hiroshi...
Hiroshi olhou um pouco surpreso, tendo um sorriso largo se abrindo em seus lábios, sincero, bagunçando os próprios cabelos em um gesto meio infantil, um costume que mal percebia quando fazia.
Hiroshi
Uau, um agradecimento real da lenda gelada do hospital. Acho que deve marcar esse acontecimento na minha agenda como um ato histórico
Ela bufou rolando os olhos cinzas, começando a se distanciar para o outro lado do corredor deixando Hiroshi para trás.
Hiroshi
Também te amo irmãzinha!
Ele acrescentou em um tom claro brincalhão para a outra que ergueu a mão para trás, mostrando o dedo do meio sem nem olhar para trás.
O jeito costumeiro que arrumou a responder as brincadeiras afetuosas que Hiroshi fazia para a provocar de leve de propósito. Conseguindo escutar a risada dele ecoar pelo corredor, longe de se afetar com a maneira dela. O que fez um pequeno sorriso se formar em seus lábios.
Enquanto cada um seguia caminho diferentes agora, não perceberam o olhar que tinham sobre si. Os olhos castanhos escuros acompanhando a cena um pouco surpresa.
Helena estava saindo de uma das salas segurando uma prancheta cheia de anotações. Estava concentrada em arrumando os papéis quando as vozes conhecidas soou pelo corredor atraindo sua atenção.
Foi praticamente instintivo seus olhos procurarem por Olívia, a vendo ali.
Acompanhando como a postura da cardiologista ficava mais despreocupada, menos reservada ao lado do psicólogo, de uma coisa tão rara de se ver. Vendo a forma que a mesma respondeu ao "te amo irmãzinha" do outro, de forma que poderia parecer até muito rude, mas que ainda era tão ela e quem já tinha percebido como um era com o outro... sabia que não tinha nada de rude ali.
Helena acharia graça, talvez o riso escadaria se não tivesse visto o sorriso pequeno se curvar nos lábios de Olívia...
Já havia meses que estava trabalhando ao lado de Olívia, depois que foi posta como uma tentativa para ver se aguentava trabalhar com a canadense. Os outros enfermeiros e técnicas de enfermeira eram todos céticos e negavam logo em ter que trabalhar com a mesma... e a pálida não insistia, as vezes ela mesma negava com alguma desculpa, mas não tinha como trabalhar sempre sozinha.
E desde a primeira vez que trabalhou ao lado de Olívia entendeu... era pesado. A forma de Olívia era intensa, intimidadora, qualquer movimento trêmulo de mão parecia ser imperdoável. Tensão. Mas era apenas por isso... tensão, ficavam tensos ao estar do lado dela... e como médica em algo tão delicado.. ela tinha que corrigir.
Mas o jeito frio dela com as palavras não eram para todos. Entretando Helena não desistia fácil até acabar sendo posta praticamente como a enfermeira oficial que acompanharia a cardiologista em todas as coisas que precisasse de acompanhamento de perto.
E por isso, em todas as situações que ficaram perto, trabalhando juntas, ajudando em cada detalhe que ela precisava... nunca tinha a visto sorrir. Nem aquele pequeno curvar no canto dos lábios dela a não ser o olhar firme e cortante na expressão neutra...
Murmúrio para si mesma praticamente sem perceber. Sentindo um pequeno sentimento agridoce nascendo ao peito naquele instante. Não saberia explicar o motivo daquilo, mas ainda assim... sentiu.
Sua mente raciocinou enquanto voltava a seus passos. Lembrou que quando conheceu Olívia e Hiroshi um tempo depois, eles já estavam naquele progresso de amizade. Lembrava de quando escutou as primeiras vezes que o mesmo chamou a cardiologista de irmãzinha... mesmo ela sendo mais velha que ele.
O olhar cinzento travando em nenhum ponto específico, piscando rapidamente antes de encara-lo como se desagradasse escutar aquilo. Mas entendeu depois que aquilo era ela ficando sem reação àquele carinho de Hiroshi. Era algo que ficou claro conforme viu acontecer mais de quatro vezes até ela se acostumar. Ainda mais pelo fato dela nunca ter corrigido.
Por um momento até estranhou, mas ao conhecer Hiroshi melhor percebeu. Todo mundo gostava dele por ali, era poucos os que parecia ainda não ser muito próximos, mas ainda não tinha nenhuma coisa contra ao japonês. Nem mesmo Helena durou muito até gostar do mesmo.
Mas um pensamento ficou agora como uma conquista pessoal dela naquele hospital. Mais uma. Que já havia pensado antes, como uma ideia boba que agora ficou decidida.
Ela chegaria naquele ponto também. O ponto onde poderia arrancar um sorriso genuíno da cardiologista também.
Dois
A noite havia chego. Os corredores ficando um pouco mais agitados diferente da sala de descanso que se encontrava quase vazia.
A luz suave amarelada criando sombras suaves nos cantos.
Olívia, não costumava ir até à sala de descanso. Mas foi algo que acabou entrando por precisar de uma mesa, enquanto como de costume, os olhos cinzas estavam concentrados organizando alguns papéis importantes em uma pasta preta, já se preparando para deixar a sala também.
Quando Helena entrou na sala, as mãos inquietas assim que achou quem ela estava a um tempo caçando com o olhar. Apertando a alça da bolsa ao ombro, já tinha chego o horário que ela podia ir embora... mas ela queria tentar algo antes.
Por uns instantes ficou ali, parada a porta encarando a canadense. O método metódico de como Olívia dobrava os papéis, o olhar afiado que sempre parecia saber de tudo, mesmo sem falar.
Respirou fundo duas vezes, dando uma última olhada para o corredor, tomando coragem, Helena se aproximou com o sorriso meio espontâneo meio nervoso.
A pálida não levantou a cabeça, muito menos o olhar do que estava fazendo. Apenas arqueou a sobrancelha como resposta, único sinal que estava dando um pouco de atenção para a morena perto.
Helena limpou a garganta ao travar, deixando um risinho tímido escapar antes de continuar:
Helena
Eu estava.. pensando... já que terminamos o nosso plantão juntas hoje. Talvez a gente podia... pudesse... sei lá... sair para comer alguma coisa?
O som dos papéis pararam, Helena sentiu a respiração falhar um momento juntamente com o parar dos movimentos dos dedos de Olívia.
Finalmente, Olívia ergueu os olhos para ela. O olhar sempre clínico, analistico - o tipo de olhar que sempre fazia Helena sentir como se estivesse sendo completamente radiografada.
Sentindo como se aquele olhar cinzento pudesse medir cada batimento de seu coração rapidamente.
Olívia piscou então, mais lento, inclinando a cabeça brevemente com uma pontada de confusão, estreitando um pouco o olhar como se a estudasse. Perguntando sem rodeios, com a voz carregada em ceticismo:
Olívia
você quer sair... comigo?
Helena
É, tipo amigas... sabe? comer algo rápido, relaxar. Acho que a gente merece... depois de um plantão puxado assim.
O sorriso de Helena aumentou tentando esconder o nervosismo, fazendo um gesto vago com a mão.
Olívia inclinou levemente a cabeça, como um gato curioso. Era óbvio que percebia o nervosismo da mais nova - o jeito que Helena evitava seu olhar, as palavras saíam mais apressadas do que o normal.
Por fim, Olívia respondeu em um tom neutro.
Olívia
Helena... Eu não gosto de sair...
Era meio caminho andado para um "não", pensou Helena. Mas antes que pudesse abrir a boca desfazer o convite, Olívia, contra todas as expectativas acrescentou enquanto guardava a pasta na bolsa em um estalo seco:
Olívia
Mas... se for rápido. Tudo bem
Alí sentiu o coração saltar ao peito, o sorriso se abrindo mais aos lábios praticamente iluminando o rosto.
Helena
Prometo! Algo rápido, sem pressão.
Olívia concordou com um manear de cabeça seco, como sempre, mas Helena percebeu algo sutil que se não tivesse a prestando atenção, teria passado despercebido. A guarda estava baixa, um relaxamento nos ombros.
Isso fez sentir uma esperança quente ao peito.
Se virando seguindo até a porta quase não conseguindo conter a animação por ela ter aceitado o convite, enquanto Olívia andava logo atrás ainda com o olhar atento a observando. Deixando analisar a morena uma última vez enquanto saiam da sala, montando o quebra cabeça que ela escondia tão mal.
Olívia deixou um suspiro baixo escapar, decidindo apenas seguir, não sentindo problema ou vendo perigo nela. Igual como via em outras pessoas que tentavam se aproximar... decidindo seguir sem antecipar todas as possibilidades ruins que poderia acontecer.
O lugar era perto do hospital, o que permitiu com que andassem até o lugar sem preguiça, mesmo que tivessem passado um tempo longo de pé andando pelo hospital naquele dia.
Helena não deixando de falar, animada ainda por ter a cardiologista ao seu lado, contando alguma coisa que aconteceu na ala da enfermagem nos momentos que não estava ao lado de Olívia. Sobre alguma história que escutava dos pacientes da mesma, enquanto Olívia apenas andava ao seu lado com o olhar focado ao caminhou ou para o chão. E mesmo sem olha-la, Helena sabia que estava sendo ouvida por conta das poucas expressões que arrancava dela, ainda mais com coisas que jurava ser exagero das histórias dos pacientes contando. Helena ria concordando que realmente, parecia mentira de fofoca para parecer mais legal.
Isso fez o caminho ser mais calmo e suave, quase nem percebendo quando chegaram.
A lanchonete não parecia ser muito chique como outras coisas da região, o ambiente era simples mas acolhedor para pessoas cansadas também. Mesinhas de fórmica, luz florescente levemente amarelada, e o aroma padrão de fritura no ar.
Poucos clientes espalhados por ali, entre eles, podiam ver serem também do hospital pelos jalecos ou roupas de plantão provavelmente em pausa.
Olívia entrou a frente, passos decididos com o olhar percorrendo o ambiente de maneira automática rapidamente. Quase como se analisasse o local com possíveis riscos, um hábito que nem percebia.
Helena logo atrás, ainda sorria parando de falar apenas para observar a mais velha tomar o seu minuto olhando em volta rapidamente. Mesmo um pouco cansada pelo dia de trabalho, ainda estava animada, sentia um sentimento similar a vitória.
Ao chegar no balcão, a mulher atendente com olhar entediado virou para elas enquanto mascava um chiclete. Perguntando o que iriam querer.
Os olhos cinzas de Olívia já haviam passado sobre o cardápio simples em cima pendurado na parede, sendo mais rápida para responder.
Olívia
sanduíche de peito de frango, sem molho.
Helena levou um momento ainda parecendo indecisa.
Helena
Quero um pastel e uma coxinha.
A atendente concordou afastando as mãos do balcão e perguntando se queria alguma bebida. Olívia já fez uma pequena careta ao olhar novamente para as imagens de café estilizado que havia do outro lado, hesitando um momento antes de decidir, escutando Helena ser mais rápido dessa vez.
Helena
Um refrigerante para mim e um chá verde pra ela, sem açúcar.
A mulher concordou brevemente e se virou indo pegar os pedidos.
Olívia virou a cabeça lentamente para Helena, o olhar cinza como aço afiado encarando-a como se tivesse reprocessando o que ela tinha acabado de pedir por si.
Helena
Desculpe, você queria outra coisa?
Olívia
Como você sabe do que eu gosto?
Helena
Ah... eu apenas reparei, você tem um tipo de chá para cada periodo do dia. E não gosta de café.
Helena
Bem.. sim. Eu sempre te acompanho e vejo também você sempre recusando o café que o pessoal oferece no hospital. Às vezes faz até uma cara como se tivesse provando veneno.
Helena falou tentando ser casual fingindo não se sentir novamente meio nervosa com o olhar dela sobre si. Enquanto balançava os ombros rindo brevemente, enrolando um dos cachos sobre o dedo.
Olívia manteve o olhar fixo nela sem dizer nada por mais alguns segundos, não esperando que alguém realmente reparasse em algum detalhe tão banal dela...
Olívia
Um lado atenta... isso é bom.
Helena
Bem. Estou aprendendo com a melhor.
Tentou ser soar casual, mas a voz dela tremeu no final.
Aquilo fez a pálida travar, ficando alguns segundos sem se mover enquanto Helena fingia que não tinha nada demais.
Quando o que pediram veio a frente delas no balcão, Helena agradeceu estendendo o caneca com Chá para a outra que finalmente pareceu voltar a si pegando o próprio lanche.
Ela não respondeu sobre aquilo, o que fez Helena suspirar um pouco aliviada, não querendo ficar mais sem graça. A canadense seguiu frente escolhendo a mesa que ficariam, uma mesa ao canto que ficava mais afastada da janelas, uma escolha instintiva dela novamente.
Ao se sentarem, Olívia apoiou os cotovelos sobre a mesa entrelaçando os dedos à frente do rosto. Observando Helena como se estivesse lendo cada microexpressão dela.
Helena engoliu um pouco do suco de forma rápida quase sentindo-se engasgar pelo nervosismo.
Olívia
Estou apenas percebendo algo
Olívia piscou apenas mais duas vezes rápido antes de desviar o olhar, pegando o sanduíche e começando a comer.
Helena colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha enquanto bebia mais um pouco do suco, sabia que a cardiologista conseguia ver muitas coisas apenas olhando ou observando algo.Aquilo a deixou mais desconcertada imaginando o que ela poderia estar percebendo... mas tentou desviar daquilo e puxar outro assunto.
Helena
Você... sempre todo mundo assim?
Olívia
Sempre. É mais fácil de entender intenções antes que causem problemas
Helena
Parece cansativo... viver sempre desconfiando.
Olívia
Bem... já é algo natural, prefiro isso do que ser lenta e ficar a mercê de alguém
Helena
Sabe, nem todo mundo pode estar preparado para te controlar e manipular
Olívia
É difícil, alguém hoje em dia que não tem segundas intenções ao se aproximar de outra pessoa é praticamente peça rara
Olívia
Você tem o forte senso de achar que todos tem um lado bom.
Olívia
Pensamento de criança. Se fosse... o mundo era melhor
Como um ponto final, Olívia desviou o olhar se concentrando no próprio lanche. Helena mordeu o lábio por um momento breve.
Helena
Bem, você já encontrou gente assim... que não tem segundas intenções com você.
Os olhos cinzentos não voltaram a ela, apenas se estreitaram, Helena entendeu que aquilo era quase uma pergunta de 'quem'
Helena
O Hiroshi... e eu..
Um sopro nasal escapou da mais velha, quase como um riso. O que era praticamente o máximo que poderia arrancar dela de quem ainda não era próximo...
Olívia
Hiroshi... ele tem um senso de herói, os comentários sobre mim ativou a proteção dele. Além de ser bonzinho demais, até com quem não deveria. Por isso insistir em me seguir e me chamar de irmã
Helena
Por que ele gosta de você e vê mais do que... os outros vêm
Olívia
Você e ele tem isso em comum.
Olívia
De serem bonzinhos de mais e verem bondade onde não tem
Helena desviou o olhar sentindo-se sem graça, mexendo o canudo no copo.
Helena
Diz como se... estivesse se referindo a você mesma
Helena a encarou esperando por uma continuação, talvez algo mais cínico ao dizer que ela também havia algo assim mesmo que fosse boa. Mas não... fazendo a morena entender um detalhe ali.
Olívia
O que te faz pensar isso?
Helena
Você trabalha salvando vidas, ajuda os outros mesmo quando estão te subestimando e nunca responde as provocações
Olívia
Isso... é apenas pelo meu trabalho. Isso é tudo, e quando acabo ajudando.. não passa disso. E não respondo por que simplesmente não vale a pena
Helena piscou absorvendo aquilo. A resposta foi crua, seca, mas sem agressividade - como se fosse realmente um fato de sua vida.
É claro que ela seria tão seca sobre aquilo e ainda era assim que ela se via... não mudaria ou suaveria as palavras tão fácil.
Helena abaixou o olhar, pegando finalmente a coxinha, o sorriso voltando a estar presente em seus lábios, mas agora menor, terno.
Helena
Mas... se você resolver um dia, confiar em alguém... espero que eu esteja na lista.
Olívia piscou lentamente olhando Helena enquanto ela agora se distraia comendo. O que fez a morena não perceber o olhar suavizar, como se estivesse ponderando a ideia. Como se a frase tivesse plantado uma sementinha inesperada em seu raciocínio.
Agora mais tranquila, Helena não demorou a começar a falar, menos do que o caminho, dando espaços entre uma coisa e outra.
Olívia respondia as coisas apenas o necessário, sem a importância habitual que sempre via nas salas e corredores do hospital. Isso deixava Helena mais do que contente enquanto continuava falando.
Os pratos praticamente vazios, só restando as migalhas e o cheiro morno do chá no ar. Olívia terminava de tomar o último gole do chá com calma, logo deixando a caneca de lado a mesa quase com uma precisão cirúrgica. Helena ainda brincava com o canudo entre os dedos, enrolando a tomar o restinho de seu suco, como se pudesse prolongar aquele momento calmo entre elas por mais tempo.
Foi quando um toque começou a tocar, era uma música que Helena não demorou a reconhecer como uma das clássicas de 𝘔𝘪𝘤𝘩𝘢𝘦𝘭 𝘑𝘢𝘤𝘬𝘴𝘰𝘯 o que a deixou um pouco surpresa enquanto observava Olívia pegar o celular em mãos e atender a ligação.
Foi um breve momento de conversa dela, respostas rápidas e precisas, algo menos de dois minutos até que desligasse e guardasse o celular novamente com um suspiro.
Olívia
Uma emergência, preciso voltar ao hospital.
Olívia
Não, você pode ir para casa.
Helena
Tem certeza? você pode precisar de..
Olívia
Está tarde, precisarei de você descansada e disposta amanhã. É melhor você ir.
Hannah abaixou o olhar assentindo largando o canudo, ajeitando a alça da bolsa ao ombro.
Levantaram juntas, caminhando para fora da lanchonete. A aproximação da madrugada do lado de fora era fria, o vento cortava as ruas sem piedade.
Fazia Helena tremer um pouco e se encolher a jaqueta, o vento fazia seus cachos dançarem em torno de si e rosto. O sorriso ainda contornava seus lábios - leve e meio bobo - mas genuíno.
Olívia estava pronta para se virar e seguir o caminho de volta ao hospital que mesmo a distância, conseguia ver o prédio grande passando por cima dos outros a rua. Quando Helena se virou para ela.
Helena
Obrigada por ter vindo, Olívia.
Olívia
Foi... tolerável. um tanto agradável.
Para qualquer outra pessoa, teria soado como grosseria. Mas para a morena, foi quase uma declaração de amizade, que havia gostado de estar ao seu lado. Um riso escapou dela balançando a cabeça enquanto se aproximava mais da mais velha, tocando-a suavemente o braço de forma mais tímida.
Helena
Pra mim, foi ótimo. Tenha uma boa noite Dra. Olívia.
Sem esperar por resposta, afastou-se começando a seguir para a direção do prédio que morava. Que por sorte, também não era longe do hospital, decidindo morar na região por caso de se atrasar ou a chamarem com pressa.
Olívia permaneceu parada por uns segundos, assistindo-a ir embora enquanto os cachos balançavam as suas costas em meio ao vento. Sozinha agora, enfiou as mãos nos bolsos do casaco e virou-se para seguir seu caminho a passos mais rápidos ao lado oposto. Sentindo o vento gelado batia contra o seu rosto, mas ela quase não sentia enquanto sua mente trabalhava em silêncio, revendo o acontecimento da noite como fazia quando com qualquer caso médico complicado.
A análise do comportamento de Helena, o tom de voz, os gestos nervosos, a fuga de seus olhos, o toque que lhe deu ao braço.. tudo indicava algo mais.
Ela suspirou fechando os olhos, aquilo seria complicado...
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