NovelToon NovelToon

Entre Nós Amor : Segundo Livro da Saga Cael, Dante e Isadora

1

Dante chegou mais cedo naquele dia. A sede da empresa ainda estava silenciosa, envolta por uma calma rara antes da correria habitual. As janelas refletiam os primeiros raios do sol e, por um instante, ele parou diante delas, observando o horizonte como se buscasse respostas lá fora.

Ele passou a mão pelos cabelos, agora um pouco mais longos, e sentiu o frio agradável do anel que havia começado a usar — um presente antigo de Isa, que ele agora usava não por saudade, mas como lembrete de quem ele havia sido, e do quanto havia mudado.

Nos últimos meses, Clara se tornara uma presença constante. Não apenas no escritório, com sua competência e graça, mas também em sua vida pessoal, onde as conversas após o expediente e os cafés fora de hora começaram a ganhar outra textura.

Lucas, por sua vez, seguia presente, mas um pouco mais distante. Observava tudo em silêncio, como se estivesse esperando o momento certo para agir.

Dante percebia.

E sentia a pressão silenciosa aumentar a cada dia.

Na sala de reuniões

Clara - Temos um novo cliente interessado na divisão de sustentabilidade – disse Clara, entrando na sala com aquele mesmo brilho suave nos olhos.

Clara- Uma multinacional. Querem uma abordagem mais humana na comunicação. Pensamos em colocar você como o ponto de contato principal.

Dante sorriu. Ele estava aprendendo a gostar desses desafios.

Dante- Tudo bem. Podemos montar uma equipe mista, com gente do marketing e da criação. E você me ajuda com o planejamento?

Clara- Claro – ela respondeu, sem hesitar. – Sempre ajudo você.

Havia uma tensão ali, pequena, mas viva. E Dante percebeu como aquele “sempre” carregava um peso diferente. Era promessa e aviso ao mesmo tempo.

Mais tarde, sozinho com Lucas

Lucas- Você está se apaixonando por ela? – a pergunta veio como uma lâmina, direta, mas sem raiva.

Dante ergueu os olhos do tablet, surpreso pela franqueza do irmão.

Dante- Estou tentando não fazer isso – ele respondeu.

Lucas assentiu. O silêncio que se seguiu foi denso, mas não amargo.

Lucas- Ela também sente algo, por você. E talvez por mim. A gente precisa conversar com ela, Dante. Não dá pra fingir que isso é normal.

Dante- Eu sei. Só não quero destruir o que estamos construindo aqui. Nem com você… nem com ela.

Lucas- E nem com você mesmo – Lucas completou.

Dante não respondeu, mas seu olhar confirmou tudo.

À noite, sozinho em casa

Ele releu a última mensagem que Isa havia mandado semanas antes: um simples “espero que você esteja bem”.

Ele nunca respondeu.

E, pela primeira vez, não se sentiu em dívida.

Isa, Cael, a versão antiga de si mesmo… tudo isso fazia parte de uma vida que ele ainda respeitava, mas não desejava reviver. Clara, Lucas, a empresa, o propósito esse era o presente. Um presente complicado, sim, mas vivo, pulsante.

Dante fechou os olhos e inspirou profundamente.

Amanhã falaria com Clara. Talvez com Lucas também. A verdade precisava respirar, mesmo que viesse com dores.

Era hora de ser inteiro.

Mesmo que isso significasse correr o risco de partir em três.

Isa narrando ..

Fazia exatamente um ano desde que dissemos “sim”.

O vestido branco ainda pendia no armário do quarto de hóspedes, embrulhado em plástico, com uma delicadeza que parecia contradizer tudo o que tinha acontecido depois.

Cael estava distante. Cada vez mais. Começara com mensagens ignoradas, depois vieram as ausências longas por conta de trabalho. Agora, até o olhar dele parecia diferente – opaco, como se enxergasse tudo, menos a mim.

No começo, eu quis acreditar que era só uma fase.

Mas fases não duram tanto tempo assim.

Hoje, por exemplo, ele saiu cedo, nem olhou nos meus olhos. Disse algo sobre uma reunião em Campinas e pegou a estrada sem se despedir direito. E eu fiquei ali, na cozinha, com a caneca de café esfriando nas mãos, sentindo que a casa estava grande demais para apenas uma presença.

E foi aí que pensei nele.

Dante.

Não era como antes. Não havia culpa, não havia aquele peso agudo no peito. Era um pensamento brando, quase nostálgico. Como quem lembra de um cheiro de infância ou de uma música que costumava embalar as manhãs.

Lembrei da forma como ele me olhava — como se o mundo pudesse parar ali, em silêncio, só para ouvir o que eu tinha a dizer. Era diferente de Cael.

Cael sempre foi impulso.

Dante era profundidade.

Às vezes me pergunto se escolhi por medo. Ou por amor. Ou se escolhi, na verdade, para fugir de algo.

Não sei.

Mais tarde, fui até a livraria do bairro.

Comprei um livro que Dante teria gostado. Um daqueles que discutem ética nos negócios com um toque de filosofia. Ele sempre se interessava por essas coisas. Quase levei um outro exemplar para ele, como se ainda houvesse essa abertura entre nós.

Mas recuei.

Ele seguiu em frente, e eu… bom, eu fiquei.

À noite, sozinha na cama, entre os lençóis frios, repassei mentalmente a última vez que o vi. O toque de seus dedos no meu pulso, como quem tenta dizer o que a boca não ousa pronunciar.

E pensei:

Será que ele ainda pensa em mim?

Será que, em algum canto da cidade, ele também sente esse vazio que não tem nome?

Mas não havia resposta.

A única certeza era o silêncio.

E a aliança no meu dedo, fria como a madrugada.

2

Dante narrando ..

Eu visitava Cael com frequência.

Por mais que a vida tivesse seguido outros rumos, ele ainda era meu irmão. E o pequeno Nicolas meu sobrinho… bom, aquele garoto era uma luz num tempo que, por muito tempo, só conheceu sombras. A cada sorriso dele, eu sentia algo cicatrizar dentro de mim. Algo que Isa, mesmo sem saber, tinha deixado ali.

Mas nem sempre era fácil.

Às vezes, evitava essas visitas. Inventava compromissos, mergulhava no trabalho, adiava. Porque Isa ainda estava lá. Não apenas na casa — mas nos gestos de Cael, nas fotografias na estante, nos desenhos que Nicolas fazia e chamava de “mamãe e papai”.

Ela ainda era presente.

Mesmo ausente.

Mesmo depois de tudo.

E por mais que Clara estivesse agora preenchendo espaços que achei que nunca seriam ocupados de novo, existia algo em Isa que continuava doendo. Não era amor pelo menos não do tipo que grita. Era uma lembrança entranhada, dessas que você não escolhe carregar… mas que nunca te soltam.

Foi por isso que, certa vez, saí mais cedo da casa do meu irmão. Nicolas me chamou, quis mostrar um desenho. Eu vi de relance: era ele entre mim e Isa.

Eu sorri. Mas por dentro, doeu.

De volta ao apartamento, Clara me esperava. Estava sentada no sofá, lendo um rascunho do novo projeto. A luz suave batia no rosto dela, e por um instante, me perguntei se seria capaz de realmente amar alguém de novo.

Ela olhou pra mim e sorriu.

E naquele sorriso, havia paz.

Pela primeira vez em muito tempo, senti que talvez eu conseguisse. Mas precisei ser honesto comigo mesmo:

Eu não quero mais me meter em triângulos amorosos.

Não quero mais ser o segundo plano de alguém.

Não quero mais dividir o coração que ofereço inteiro.

Já me perdi uma vez nesse jogo — e, francamente, não tenho mais energia pra me perder de novo.

Clara merecia isso. Clareza. Leveza. Um amor sem fantasmas.

E se algum dia Isa voltasse a cruzar meu caminho, eu precisaria estar pronto. Não pra recomeçar com ela — mas pra dizer, finalmente:

“Eu também segui em frente.”

Clara tem esse jeito de entrar na sala como se o mundo girasse ao redor dela e às vezes, gira mesmo.

Hoje ela veio com um vestido leve, preto com brilho que parecia desenhado para desafiar minha concentração.

Se inclinou demais sobre a mesa para me mostrar um gráfico que eu nem sei mais do que se tratava. O perfume dela aquele cítrico amadeirado que sempre deixa um rastro ficou preso na gola da minha camisa como uma armadilha.

E o pior de tudo?

Ela sabe o que está fazendo.

Clara- Você está me ouvindo, Dante? – ela perguntou, com aquele tom de voz que não era exatamente profissional.

Dante- Estou… tentando – respondi, com um meio sorriso que não consegui disfarçar.

Ela mordeu o canto do lábio, provocante, e se aproximou só um pouco mais. O suficiente pra sua respiração roçar no meu pescoço.

Clara- Você devia parar de tentar. E começar a fazer.

Foi assim. Sem rodeios. Sem disfarces.

Ela se afastou em seguida, como se não tivesse dito nada. Mas deixou um rastro de tensão no ar que parecia explodir dentro de mim.

O problema? Lucas.

Ele gosta dela. Talvez mais do que admite. E mesmo que nunca tenhamos dito isso em voz alta… eu sei. E ela também sabe.

Mas Clara não joga seguro.

Ela vem me provocando há semanas. Toques casuais. Mensagens fora de hora. Olhares demorados.

E por mais que eu tentasse manter a linha — fingir que nada estava acontecendo ela estava me levando até o limite.

Hoje, ela venceu.

Quando entrou na sala de arquivos, sozinha, no final do expediente, e deixou a porta aberta como convite, eu hesitei por exatamente três segundos.

Depois levantei.

Entrei.

Ela me olhou com aquela expressão calma, mas os olhos… os olhos diziam tudo. Desejo, desafio, entrega.

Clara- Se você me quiser – ela disse, encostando-se contra as prateleiras

Clara- me mostra. Mas me mostra de verdade.

O controle que eu mantinha com tanto esforço quebrou em um segundo.

Eu a puxei pela cintura, com força. Ela arqueou o corpo contra o meu e gemeu baixo, como se estivesse esperando por isso desde sempre.

A boca dela era urgência, os dedos dela eram faísca.

E eu não resisti.

Ali, entre pastas e arquivos frios, o calor entre nós foi o suficiente pra apagar qualquer dúvida.

Clara não era mais só uma possibilidade.

Ela era realidade. Corpo. Desejo. Agora.

E naquele momento, não havia Lucas, nem Isa, nem fantasmas.

Só ela.

Só eu.

E o que estávamos prestes a acender.

3

Quando nossas bocas se encontraram, foi como se o tempo prendesse a respiração.

O beijo foi urgente. Cru. Como se estivéssemos recuperando algo que nos foi negado por tempo demais.

Minhas mãos a puxaram com força pela cintura, encaixando seu corpo ao meu. Ela gemeu contra minha boca, as mãos cravadas nos meus ombros, como se quisesse se fundir a mim. O vestido leve subiu fácil sob meus dedos, e por baixo dele, só pele. Quente. Macia. Firme.

Clara- Eu te desejei por tanto tempo – ela sussurrou, entre beijos, mordendo meu lábio inferior.

Clara- Você não faz ideia…

Empurrei algumas caixas para o lado, sem me importar com o barulho. A encostei ali, contra a estante fria, contraste com o calor absurdo que subia pelo meu corpo.

Minha boca percorreu seu pescoço, os ombros, descendo pela curva dos seios, enquanto ela entrelaçava os dedos no meu cabelo, puxando com força, pedindo mais, pedindo tudo.

Ela me provocou até o limite — agora eu a tomava como ela queria: sem pedir permissão.

Segurei suas coxas e a ergui com facilidade, pressionando-a contra a parede. Ela se encaixou em mim com um gemido baixo, os olhos fechados, a cabeça caída para trás então me afundei em sua boceta quente ..

Nos movemos com fome. Com necessidade. A cada investida, seus dedos cravavam mais fundo nas minhas costas.

O som abafado da respiração dela, os gemidos contidos, o jeito como dizia meu nome entre os dentes — aquilo me tirava do eixo.

Nada mais importava. Não ali.

Só ela.

Só nós.

Consumindo cada centímetro, cada segundo, como se o mundo fosse acabar logo depois.

O clímax veio como um rompante. Intenso. Irresistível. Nossos corpos tremiam em uníssono, grudados, suados, saciados.

E então… o silêncio.

A respiração ofegante. O cheiro da gente misturado com o perfume dela.

Eu encostei minha testa na dela, ainda segurando sua cintura, e senti uma pontada no peito que não tinha nada a ver com arrependimento.

Era algo mais profundo… Um aviso: isso mudou tudo.

Ainda estávamos colados. Minha respiração encontrava a dela no meio do ar quente e apertado da sala de arquivos. A perna dela ainda envolvia meu quadril, e as mãos, antes firmes, agora repousavam suaves sobre meus ombros, como se tateassem uma nova versão de mim.

O silêncio era quase incômodo. Mas não por constrangimento — e sim pelo peso do que acabamos de fazer.

Afastei o rosto devagar, buscando os olhos dela.

Clara me olhou de volta, sem desviar. Mas seu olhar não era mais provocação.

Era vulnerabilidade.

Clara - Isso… – ela começou, e a voz falhou um pouco.

Clara- Isso não foi só desejo. Você sabe disso, né?

Assenti, engolindo seco.

Dante- Eu sei.

Soltei um suspiro longo, encostando a testa no ombro dela.

Meu coração ainda batia rápido, não só pelo sexo — mas pela avalanche emocional que vinha junto.

Dante- Mas a gente complicou tudo agora, Clara – murmurei. – Lucas…

Ela fechou os olhos por um segundo.

Clara- Eu sei o que Lucas sente. Mas eu também sei o que eu quero. E não é ele. Nunca foi.

As palavras dela entraram como uma lâmina. Clara era direta, sem espaço pra ambiguidade. Ela não jogava — ela decidia.

Mas eu? Eu ainda carregava fantasmas. Isa. Cael. Aquela história toda que me deixou quebrado por dentro.

Será que eu sabia mesmo o que fazer com algo que estava dando certo?

Ela soltou uma risada baixa, sem humor, e passou os dedos pelo cabelo bagunçado.

Clara- Você vai fugir, né?

Dante- Não quero – respondi, sincero. – Mas tenho medo de estragar tudo. Medo de estragar você.

Ela desceu do meu colo, ajeitando o vestido com calma, sem tirar os olhos de mim.

Clara- Já tô estragada há muito tempo, Dante. E talvez você seja a única bagunça que eu queira manter por perto.

Aquela frase ficou presa na minha garganta.

Ela me beijou de leve, como se marcasse o fim de algo… ou o começo.

Clara - Nos vemos amanhã – ela disse, antes de sair.

E eu fiquei ali, entre arquivos, caixas e memórias, sentindo que algo muito maior tinha começado. Algo que não dava mais pra negar.

Mas também não dava pra esquecer o que vinha junto com isso.

O nome dele ainda ecoava dentro de mim: Lucas.

E eu sabia…

mais cedo ou mais tarde, ele ia descobrir.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!