pov: helena
anos atrás...
Eu tinha oito anos nessa época... era mais um dia normal em minha casa se não fosse pelo meu pai, meu pai bebia todos os dias e sempre que chegava batia em mim e em minha mãe, minha mãe por outro lado achava que era um jeito dele de demonstrar amor pela gente, era mais uma noite, ela sabia que ele chegaria bêbado novamente.
ela me puxou pelo braço e me levou até o seu guarda roupa, me colocando lá, ela se abaixou pra ficar na minha altura.
— Helena, preste atenção no que vou lhe dizer — avisou ela olhando-me seriamente, a sua expressão não deixava tempo para questionamentos — fique aqui até alguém vim buscar-lhe, se o seu pai lhe chamar, não o responda e nem saia daqui, não faça barulho —
— ok mamãe... — disse eu sem entender o que estava acontecendo, eu era muito inocente para saber o que iria acontecer
ela se levantou e foi até uma mesinha, abriu a primeira gaveta e tirou um de seus preciosos colares, a pedrinha dele era de ouro e seu modelo era em formato à de uma flor.
— você cuida dele para mim? — perguntou ela com um sorriso pequeno enquanto se abaixava novamente
— claro mamãe, eu irei cuidar dele muito bem — eu sorri animada enquanto ela colocava o colar em mim
ela então se levantou.
— lembre-se do que eu lhe falei — disse ela sorrindo calmamente — eu te amo minha princesa... —
— eu também te amo muito mamãe! — eu falei sorrindo, ela sorriu de volta e fechou a porta do guarda roupa
eu olhava para a joia bastante animada e orgulhosa pela mamãe ter me confiado uma de suas jóias favoritas.
se passou um tempo, eu havia caído no sono e quando acordei não sabia que horas eram só sabia que tinha uma moça lá, seu cabelo era loiro mas a raiz era preta, seus olhos eram castanho claro, e ela usava máscara.
ela dizia que era amiga da minha mãe mas minha mãe tinha poucas amigas e eu conhecia todas ela, observando mais a moça, percebi que sua blusa preta era igual à de uma farda, tinha símbolo com o nome perícia criminal.
— não se preocupe... eu estou com você agora... mas que tal se a gente brincasse de alguma coisa? — perguntou ela simpáticamente mas eu não lhe respondi, eu apenas balancei a cabeça concordando — eu vou cobrir seus olhos e vou te levar para fora, a brincadeira é que você não pode ver nada dentro de casa se não você perde —
ela me levantou e colocou mão nos meus olhos, enquanto passávamos pela sala, eu consegui ver minha mãe deitada no chão já sem vida, no chão havia uma poça de sangue enquanto uma faca estava em cima de sua barriga.
ela estava morta...
ela estava morta...
ela estava morta...
saindo pra fora, ela tirou as mãos dos meus olhos e me deixou com uma equipe de paramédicos que começaram a me verificar provavelmente procurando por algum ferimento, olhei em volta e foi aí que comecei a perceber as coisas, o sol já estava nascendo, tinha três viaturas parada na minha frente, um carro de perícia criminal e uma ambulância, perto de uma das três viaturas, meu pai estava sendo algemado por um dos policiais, alguns vizinhos estavam ali com indignação com tamanha crueldade, minha mãe era uma das pessoas mais boas que eu já conheci... ela nunca fez mal à ninguém mas mesmo assim foi morta brutalmente.
depois de lá, eu fui encaminhada até a delegacia onde fiquei até a assistente social me buscar e me levar para um orfanato, lá era bom até mas eu não consegui me enturmar lá, eu sempre ficava em um canto excluída das outras crianças que brincavam, elas me chamavam para brincar mas eu sempre negava e ficava ali parada observando o colar que minha mãe deu... eu sentia a sua falta...
até que um dia apareceu um homem, ele tinha uma aura assustadora e as outras crianças ficaram com medo, sua expressão era fria e indiferente, ele estava ali para adotar alguém, ele observou cada uma das crianças que estavam ali, e me viu em um canto parada acariciando meu colar, foi então que ele se aproximou de mim e se abaixou ficando na minha altura.
— por que não brinca com as outras crianças? — perguntou ele suavemente enquanto acariciava minhas bochechas
— não quero brincar... eu quero a minha mãe — eu falei com uma vozinha triste sem soltar aquele colar
ele por sua vez sorriu calmamente.
— e onde ela está? — perguntou ele enquanto me olhava
em vez de lhe responder, apenas olhei pra cima e depois olhei pra ele de novo, ele percebendo o que eu quis lhe falar abaixou a cabeça e me olhou com um sorriso tranquilizador e então se levantou e segurou minha mão delicadamente.
— quero adotá-la — ele falou com um belo sorriso
a diretora do orfanato sorriu animadamente com a notícia e o acompanhou até a sala dela.
depois de um tempo, eu já havia sido adotada por aquele homem que nem conhecia, ele estava me levando para casa, era longe, fora da cidade, e tinha muros grandes quando entramos, no grande jardim tinham umas noventas crianças treinando, elas deviam ter entre sete até dez anos de idade, no outro lado também tinha pessoas treinando, suas idades eram entre 12 até 30 ou mais, a estrada nos levava até uma bela mansão bonita, eu estava paralisada com tudo aquilo e ele ao perceber riu levemente.
— acho que te devo uma explicação — disse ela sorrindo — prazer... me chamo frederick e sou um dos maiores chefes da máfia, e estás pessoas que você viu... são os meus soldados —
— eu também vou ser sua soldada? — perguntei com curiosidade
— você treinará igual à eles mas você... você será minha herdeira — disse ele sorrindo calmamente
Anos depois.
— Helena, você está ouvindo o que eu estou falando? — pergunto lukas, era o chefe da missão
Eu que estava perdida no mundo dos pensamentos fui tirada de lá, estávamos em um avião perto da casa do alvo.
— sim, estou ouvindo, nós temos que descer lá e matar o senhor Gustavo — respondi ele calmamente
Éramos seis nessa missão, o senhor estava devendo dinheiro para Patrick.
— espero que os seus pensamentos nos ajude a concluir essa missão — disse lukas prendendo o cabo nele
Eu sorri enquanto via ele pular do avião, logo eu e os meus colegas seguimos o que ele fez, colocamos os cabos e pulamos do avião indo direto para cima do telhado da mansão do senhor Gustavo, tiramos os cabos e o avião foi embora.
Eu, lukas e mais um entramos da mansão, os outros três foram pelo jardim, eu desci pela chaminé que tive a maior sorte dela está apagada, eu estava em uma sala luxuosa, mas estava escura, eu provavelmente estaria no último andar da mansão. Andei suavemente a fim de não fazer barulho, pois ao sair daquela sala, havia um corredor que tinha três seguranças, um estava no lado esquerdo da porta e o outro no lado direito, o terceiro homem apenas estava andando pelo corredor, provavelmente estava fazendo a ronda.
Deixei o outro sair, pois eu não sou burra ao ponto de lutar com três de uma vez, eu podia até ser uma ótima lutadora, mas não posso comparar a minha força com a deles, depois que o homem que estava fazendo a ronda saiu, fui calmamente até um deles e perfurei o pescoço dele com a faca que eu usava, o outro que percebeu de imediato tentou avançar em mim, mas ele havia sido pego de surpresa, pois lukas havia atirado nele.
— é assim que você quer que essa missão se conclua? — perguntou ele com um certo deboche, seus cabelos castanhos eram impecavelmente arrumados fazendo ele ter uma aura intimidadora
— eu estava me saindo muito bem sem você — eu resmunguei abaixando a cabeça para tirar a minha arma da cintura e colocar o silenciador
Eu e lukas desde pequeno fomos treinados juntos, a gente se tratava como irmãos desde sempre.
Abri a porta do quarto devagar para não fazer barulho, o homem provavelmente estava a tomar banho, pois o chuveiro estava ligado e a porta do banheiro fechada, mas não trancada, eu entrei silenciosamente e logo lukas fez o mesmo, ele parou na porta do banheiro abriu e quando entramos o homem estava de costas e não viu nada do que estava acontecendo atrás dele, com um movimento rápido, apontei a arma e atirei nas suas costas fazendo ele cair no chão.
— até que foi rápido — disse lukas colocando a sua arma de volta na cintura
— tudo o que eu faço é rápido — eu sorri com confiança para ele — você vai voltar para casa? —
ele por sua vez desviou o olhar e me deu as costas para lavar a mão na pia do banheiro, fazia um tempo em que lukas não voltava para casa, ele e papai tiveram uma discussão feia antes de eu voltar de uma missão no exterior, papai disse que ele havia saído de casa, mas que ainda sim, participava de todas as missões.
— você sabe que ele não está com raiva de você... pare de birra — eu não esperei por sua resposta e apenas lhe disse — ele cuidou muito bem da gente e por anos, mesmo que a gente não fossemos filhos dele biologicamente —
Ele não me respondeu, ma deu para ver a sua expressão pelo espelho, ele parecia está pensativo no que eu lhe falei.
— tudo bem, tudo bem — disse lukas levantando as mãos para cima — eu vou, mas não prometo que vai ser as sete maravilhas do mundo —
Eu sorri feliz com a resposta dele.
— sim, o papai vai estar feliz em nos ver — eu sorri animadamente enquanto saíamos do banheiro
......................
Enquanto o carro nos levava para dentro do terreno da grande mansão, eu pude ver o quanto as coisas mudaram depois que eu fui para o exterior... anos fora de casa e agora eu finalmente voltei...
— tudo mudou depois que você foi embora — disse lukas com a cabeça encostada no vidro, a sua expressão estava séria — você fez muita falta —
— eu saí daqui apenas com quinze anos e agora eu volto com vinte... — eu sorri enquanto virava o meu rosto para encarar o vidro do carro
Quando nós sairmos de dentro do carro, o nosso pai estava lá em frente à grande mansão, os seus cabelos estavam branco, mas ele ainda continuava em forma, ele nos esperava ansiosamente.
— finalmente você voltou — disse ele sorrindo calmamente e vindo me abraçar — a minha pequena princesinha que agora não está mais pequena —
Eu sorri com o que ele disse, depois que a minha mãe morreu e o meu pai foi preso, se não fosse por ele, eu talvez ainda estivesse no orfanato, me acolheu de todas as formas e tratou-me como uma filha.
Ele olhou para lukas e a sua expressão mudou, e ficou mais sério.
— é bom te ter em casa também — disse Frederick com um sorriso acolhedor enquanto olhava para lukas
Lukas não o respondeu, a sua expressão estava séria, fazendo com que o clima entre os dois ficasse tenso, eu na tentativa de evitar aquele clima pesado, agarrei o braço de lukas e o do meu pai, puxando os dois para dentro.
— vamos entrar! eu vi no jornal que hoje vai chover — menti enquanto os puxava pra dentro da mansão, assim que entramos, pude sentir aquele cheirinho que tanto senti falta — é tão bom está em casa... —
Eu me soltei dos braços dele e subi as escadas indo rapidamente pro o meu quarto, quando eu entrei, estava tudo ali, meus cadernos, minhas roupas que não cabiam mais em mim.
Não me dei conta, mas lukas estava parado na porta de braços cruzados e encostado na porta, eu me virei para encará-lo enquanto segurava a minha roupa de alguns anos atrás.
Pov: lukas
Eu estava escorado na porta do quarto dela observando ela olhando para cada coisinha dela, não sei quando começou, mas eu não a vejo como irmã igual ela me ver, eu vejo-a como uma mulher, uma bela e simpática mulher, Helena não nasceu para matar pessoas, igual a mim... ela apenas está no lugar errado.
— acho que preciso de roupas novas... — disse ela sorrindo enquanto me encarava e mostrava a roupa que não dava mais nela
Eu que fui tirado dos meus pensamentos, sorri e entrei no quarto dela.
— não se preocupe, Frederick sabia que você voltaria a qualquer momento então todos os anos, ele comprou roupas para você e sempre que chegava final do ano e você não vinha, ele doava para algumas instituições — eu lhe falei calmamente e retirei uma sacola cheia de roupas de dentro do armário dela, que provavelmente ela não tinha visto
Ela sorriu ao ver que as roupas eram quase do seu estilo, um estilo neutro com cores um pouco escura, mas não exageradamente.
— o papai nos conhece muito bem... — disse ela sorrindo enquanto analisava cada uma das roupas que estavam na sacola — eu acho que doarei essas roupas —
Ela olhou para as roupas de quando ela tinha quinze anos e depois me olhou com aqueles olhos cansados, aquilo fez com que o meu coração batesse mais rápido, eu fiz um som com a garganta e dei-lhe as costas.
— a viagem foi longa... e ainda teve a missão então descanse um pouco — eu dei uma última olhada nela e fechei a porta do quarto
Desci as escadas apressadamente e fui para o bar que Frederick tinha por lá, peguei um copo e coloquei um uísque, bebi aquilo como água mesmo que queimasse minha garganta, eu já estava acostumado, enquanto bebia, Frederick entrou e me olhou.
— você ainda ama ela né — perguntou ele enquanto pegava um copo
— não sei do que está falando — menti descaradamente na sua cara
Helena tinha razão, ele nos conhece muito bem.
— você pode enganar qualquer pessoa lukas menos eu, eu passei anos com vocês e sei que você ama ela desde que ela partiu — disse Frederick enquanto pegava a garrafa de mim e se servia um copo — eu também já fui apaixonado desse jeito... —
— eu não estou apaixonado pela Helena, eu a vejo como uma irmã... — menti novamente, porque eu simplesmente nã o conseguia disser a verdade
— pare de mentir, está na cara que você ama ela, o jeito que você olha pra ela, a maneira em como fala com ela — disse Frederick enquanto se sentava na poltrona — não precisa esconder de mim —
Eu o segui e me sentei do lado da poltrona em que ele estava.
— você já foi casado? — perguntei com uma certa curiosidade, desde quando eu cheguei aqui, nunca vi foto de mulher alguma
— infelizmente não..., mas eu conheci uma garota, a sua aura era tão pura que fazia com que ela fosse única entre todas as outras mulheres ao seu redor — ele falou com um sorriso suave enquanto mantinha a sua expressão pensativa — quando eu a vi, me apaixonei, fiz de um tudo para entrar na vida dela —
Eu encarei ele com uma surpresa estampada no rosto.
— eai? deu certo? — perguntei parecendo uma criança ouvindo histórias
— no início... deu muito certo... viramos amigos e de amigos viramos namorados — ele suspirou e levantou a cabeça para encarar o teto — um dia, eu queria pedir ela em casamento, mas quando cheguei em casa… ela estava lá deitada... com uma poça de sangue ao seu redor, ela foi brutalmente assassinada... —
— e o assassino? — perguntei sem acreditar no que eu acabei de ouvir
— eu matei ele brutalmente igual ele fez com ela... — ele disse sem me encarar — você gosta da Helena, deveria tentar uma chance com ela... —
Eu suspirei e me encostei na poltrona novamente.
— não é tão fácil assim... — eu disse aquilo e bebi o resto do uísque que estava no meu copo — ela me ver como um irmão, apenas como um irmão... e eu não quero forçá-la a me amar —
— compreendo você... mas você nunca saberá se não tentar... — disse ele olhando pra mim — Helena é uma ótima mulher, seria bom ter alguém com ela... —
— e você acha que eu não sei? — perguntei com um certo sarcasmo — eu decidi que vou dar tempo ao tempo... ela mal acabou de chegar, seria injusto eu pressionar ela... —
— você faz bem... nada melhor do que deixar acontecer naturalmente — disse Frederick se levantando e colocando o copo na mesa
Ele saiu do bar me deixando sozinho com os meus pensamentos.
Não sei em qual momento, mas acabei pegando no sono, mas fui acordado por Helena que chamava o meu nome várias e várias vezes.
— lukas não é bom você ficar aqui... vai pegar uma dor de coluna — ela falou enquanto me olhava com uma certa preocupação — já está de noite, venha, vamos para a cama —
O que ela dizia me fazia sentir bem... eu estava gostando de sua preocupação comigo.
— que horas são? — perguntei com a voz sonolenta e me levantei
— são oito da noite... deixe-me ajudar — disse Helena enquanto vinha me ajudar
Saímos do bar e subimos as escadas indo direto paea o meu quarto, eu me deitei com sono.
— você bebeu todas hoje... — disse ela com um sorriso fraco — queria saber o motivo de você ter bebido tanto —
Ah se ela soubesse... que o motivo para eu ter bebido foi ela... foi a paixão que eu sinto por ela... como será que ela reagiria se descobrisse que eu gosto dela?
Ela tirou os meus sapatos e me enrolou nos cobertores.
— boa noite!.. — ela falou enquanto me dava as costas e ia em direção à porta do quarto
Eu não lhe respondi, pois já estava dormindo, até nos meus pensamentos ela invadia, eu sonhava com ela todas as noites.
Na manhã seguinte, eu acordei com uma dor de cabeça terrível, lembrei o porque que eu não bebia, a ressaca era horrível no dia seguinte, mas para a minha sorte, Helena havia deixado um copo de água com um remédio.
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