...CAPÍTULO UM...
...REVNA...
"Merda", ela disse, já que seu carro não ligava.
Claro que o carro dela morreria magicamente. Revna não entendia nada de carros e estava a uma hora do seu destino. Ela abriu a porta e saiu do carro como sempre.
Revna gritou de dor como se sua perna estivesse pegando fogo. Não era fogo de verdade, mas a dor era excruciante. Quem decidiu parar na lateral da ladeira? Não fazia sentido, mas também não fazia sentido que ela parasse do lado errado.
Certo, fazia sentido porque o outro lado não tinha onde parar. O carro da Revna começou a fazer um barulho estranho e não havia lugar para parar. Ela imaginou que seria seguro ir para o lado oposto, já que não via ninguém naquela estrada havia horas. Ela desligou o carro e tentou ligá-lo novamente, mas ele não pegou.
Que sorte a dela.
Quando ela mais precisava, algumas coisas morriam.
Revna olhou para a perna e viu sangue escorrendo pela calça. Ela não sabia como havia conseguido um ferimento aberto, mas sua mente não estava nisso naquele momento. Ela havia feito algo com a perna, e não era nada bom.
Por que ela não decidiu olhar antes de sair do carro? Por que ela não foi esperta?
Ela respirou fundo e se levantou do chão, sem pressionar muito a perna esquerda. Talvez ela só tivesse caído errado e tudo ficaria bem. Mas, ao dar o primeiro passo, ela caiu no chão.
Certo, ela não acertou em cheio. Algo definitivamente estava errado, mas ela não sabia o quê. Ela era uma bailarina e não uma médica.
Revna pegou o celular enquanto estava deitada no chão, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Sua perna doía muito. Ao olhar para o celular, percebeu que não tinha sinal ali.
"Merda", ela choramingou.
Por que ela decidiu pegar o caminho de volta? Por que não podia ter escolhido a rodovia como sempre fazia?
Revna se levantou do chão mais uma vez e começou a andar com cuidado. Ela não via carros há pelo menos uma hora e não tinha sinal de celular. Não tinha como esperar alguém passar. Isso podia levar horas, e ela não tinha horas, principalmente com o sangramento na perna. A barra da calça estava toda encharcada de sangue.
Tudo nela deveria estar em pânico agora, com o quanto sangrava e a dor que sentia, mas ela precisava manter a calma. Estava sozinha agora e precisava chegar a algum lugar. Não conseguiria fazer isso se estivesse em pânico.
Revna choramingou e chorou enquanto apoiava o peso no pé. Provavelmente estava machucando a perna, algo que não podia se dar ao luxo de fazer, mas precisava.
Enquanto continuava a caminhar pela beira da estrada, viu uma placa à frente. Seu coração começou a bater mais rápido e ela não conseguiu conter o sorriso. Devia haver uma cidadezinha por perto. Tomara que não fosse uma caminhada muito longa.
Bem-vindo ao Porto Seguro estava escrito na placa. Não dizia o tamanho da população ou quantos quilômetros faltavam para a cidade, mas ela imaginou que não fosse muito longe, já que não havia informações.
Mas, ao continuar a passar pela placa, uma neblina apareceu aleatoriamente. Revna diminuiu o passo, embora não tenha ajudado muito, e semicerrou os olhos para enxergar. Ela conseguia distinguir vagamente prédios e pessoas caminhando.
Com determinação, Revna continuou a andar, gemendo de dor enquanto pressionava a perna. Ela olhou brevemente para o chão e viu que havia deixado uma pegada ensanguentada. Quanto sangue ela já havia perdido?
Revna não conseguia pensar nisso quando estava tão perto daquela cidade. Quando chegasse lá, poderia se preocupar com a quantidade de sangue que havia perdido e com quem ficaria com suas coisas. Ela não podia guardar todo o seu material de balé no carro. Alguém iria roubá-lo e ela perderia muito dinheiro.
Talvez, quando chegasse à cidade, ela pudesse pedir para alguém levá-lo até lá. Assim, não precisaria se preocupar e, depois de ser revistada, poderia ir embora para o seu recital.
Ela finalmente conseguiu atravessar a neblina e a primeira coisa que viu foram campos e campos de terra aberta. Revna olhou ao redor, confusa. Ela vira prédios através da neblina. Para onde teriam ido?
Será que ela tinha inventado tudo aquilo? Será que estava com tanta dor que estava vendo coisas?
Assim que deu mais um passo, sua perna cedeu e ela caiu no chão. Revna soltou um grito de dor e ficou ali. Sua esperança começou a se esvair quando não viu mais nenhum prédio. Como chegaria à cidade? Como chegaria a Safe Haven se tudo era apenas campo aberto?
Revna levantou a cabeça de repente ao ouvir passos correndo. Três homens corriam em sua direção. Instintivamente, ela recuou, mas gritou de dor enquanto sua perna se arrastava pelo chão. Tudo dentro dela lhe dizia para se afastar daqueles homens. Ela não sabia quem eram ou por que corriam em sua direção.
Pelo breve olhar que ela recebeu, nenhum deles parecia bravo, mas eles podiam facilmente estar escondendo suas emoções.
Revna tentou mais uma vez recuar e fugir, mas a dor na perna e o ferimento aberto eram insuportáveis. Os homens se aproximaram e, antes que ela percebesse, um deles estava ajoelhado ao seu lado.
...REVNA...
Revna não fazia ideia do porquê aquele cara estava dizendo "cara". Ela não o conhecia. Ela não conhecia ninguém.
"Onde dói, cara?" O cara perguntou, mas Revna não conseguia falar.
A dor parecia aumentar a cada segundo. Como estava piorando se ela nem estava usando?
Os olhos dele começaram a percorrer o corpo dela e, quando pousaram na perna dela, todo o seu comportamento mudou.
"Um de vocês corre de volta para a clínica e prepara tudo. Ligue mentalmente um dos outros curandeiros para te ajudar e esteja preparado", disse o homem à sua frente.
Um dos homens saiu correndo enquanto o homem na frente dela olhou para trás.
"Vou buscá-la com cuidado e cuidar de tudo", ele disse gentilmente, mas ela podia ouvir o pânico em sua voz.
"Certo?" ela murmurou.
Estava ficando mais difícil se concentrar em tudo. Talvez fosse por causa da dor e talvez por causa do sangue que ela havia perdido. Ou talvez fosse uma combinação dos dois. Revna não sabia.
Ela sentiu que começava a se inclinar para trás, incapaz de se manter de pé.
“Uau”, disse o homem enquanto rapidamente passava os braços ao redor do corpo dela.
A primeira coisa que ela notou foi como a dor melhorava um pouco com o toque dele. A segunda coisa que ela notou foram os pequenos fogos de artifício dançando por seu corpo onde ele a tocava.
Antes que ela pudesse perguntar sobre eles, ele a pegou no colo e ela gritou de dor. Ele empurrou a perna dela, fazendo-a bater na outra perna.
"Merda, me desculpa, pequena. Vai ficar tudo bem. O papai vai cuidar de você agora", disse ele gentilmente enquanto começava a andar.
A cada passo que dava, a dor parecia aumentar. A dor não desaparecia mais com seu toque mágico, mas piorava cada vez mais.
"Carro", ela murmurou. "Coisas. Carro. Entendeu?"
"Shhhh", disse o homem. "Você não vai mais precisar dessas coisas. Agora você precisa se concentrar em relaxar e nada mais. Você está em casa."
Se Revna estivesse em sã consciência, faria muitas perguntas, mas não estava. Sua mente estava turva pela dor que estava sentindo.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o homem começou a correr. Ela gritou de dor quando sua perna começou a se mover. A dor só se intensificava à medida que ele acelerava cada vez mais. Ele não sabia que ela estava com dor? Por que ele estava fazendo com que ela sentisse ainda mais dor?
“Sala três”, alguém gritou.
Revna nem percebeu que estavam em um prédio. Quão longe ele havia corrido? Quando ela atravessou a neblina, não viu nenhum prédio por perto.
"Vamos primeiro tirar um raio-X da perna dela", disse outra pessoa. "Coloque-a na mesa."
Quem a segurava a colocou sobre a mesa e ela gritou de dor. Assim que a soltou, foi como se a dor tivesse aumentado dez vezes em relação ao que era antes.
"Você vai ficar bem. Só vai levar um segundo", disse o homem.
Colocaram algo sobre a barriga dela antes que todos saíssem do quarto. Ela continuou a chorar e gritar de dor. Ouviu um barulho antes que todos voltassem para o quarto. O homem que a carregava imediatamente veio até ela e agarrou sua mão.
A dor diminuiu um pouco, mas ainda era insuportável e excruciante. Talvez andar sobre ela não tivesse sido a melhor ideia, mas ela precisava ir a algum lugar para ser atendida. Não queria correr o risco de esperar ali por horas e horas, perder muito sangue e morrer.
“Fratura... corte... limpo”, ela ouviu alguém dizer.
Revna virou a cabeça para o lado e viu as bocas das pessoas se mexendo, mas não conseguia ouvir nada. Por que ela não conseguia ouvir nada?
“Pontos… tala… mas primeiro… limpe… ferida…”
Ela gritou de dor e sentiu como se alguém estivesse tirando algo da sua perna. O que estavam fazendo com ela?
A dor era tanta que se tornou nauseante.
"Shhhh, você está bem, pequena. Tudo vai ficar bem agora. Respire fundo por mim", disse gentilmente o homem que segurava a mão dela.
Ela não sabia por que conseguia ouvir a voz dele tão claramente quando não conseguia ouvir a de mais ninguém.
Revna gritou de dor enquanto eles continuavam a raspar e a desenterrar o que quer que estivessem fazendo em sua perna.
"Você está bem. Vão te dar remédio agora. Vai ficar tudo bem."
Mas como ele sabia? Como ele sabia se tudo ia ficar bem?
Sua visão começou a falhar conforme a dor aumentava. Sem dúvida, ela desmaiaria se continuassem a fazer o que estavam fazendo com sua perna.
"Relaxa. Vai ficar tudo bem. O papai está cuidando de você", disse ele calmamente. "Eu cuido de você. Não resista ao remédio, deixe-o fazer efeito e durma. Que menina boazinha."
...DANTE...
Dante segurou a mão dela enquanto se sentava ao lado dela. Ela não deveria acordar pelos próximos 30 minutos.
Ele não esperava encontrá-la tão cedo. Já tinha visto outras pessoas encontrarem suas companheiras e imaginou que levaria vários anos até encontrar a sua. A sorte nunca esteve do seu lado, mas aparentemente desta vez estava.
Ela finalmente estava ali e ele mal podia esperar que ela acordasse. Dante teria que ser paciente quando ela acordasse. Sem dúvida, ela ficaria desorientada e teria muitas perguntas, mas ele estava preparado para isso.
Ou ele esperava estar preparado para isso.
Ele não sabia quais seriam todas as perguntas, mas sabia algumas das básicas. Onde ela estava? Ela poderia ir embora? Onde estavam as coisas dela?
Tudo o que ele ouvia sempre que alguém encontrava seu par. Ele sabia que não seria fácil, mas nada na vida é fácil. Ele estava preparado para ser paciente com ela e mostrar que viver em um Refúgio Seguro era a melhor coisa para ela. Mesmo que ela não pensasse assim naquele momento.
Ela já havia perguntado sobre suas coisas. Ele não sabia se ela havia percebido, mas percebeu. E ele teria que lhe dizer que ela nunca mais receberia suas coisas de volta. Isso o deixou triste, mas ele não conseguia deixar de se sentir feliz.
Ele finalmente a tinha e não iria desistir dela.
Não que ela pudesse ir embora de qualquer maneira. Uma vez que alguém entrasse na cidade, não havia como voltar atrás. Não importava o quanto tentasse, nunca conseguiria sair.
Dante nunca teve vontade de deixar a cidade. Ela lhes dava tudo o que precisavam. Era mágica e os ajudava a encontrar seus parceiros. O que mais uma pessoa poderia querer?
“Dante?” Tobias gritou seu nome.
Ele olhou e viu Tobias entrando na sala. Ele estava esperando por ele. Ele era o alfa de Safe Haven. Sempre que alguém encontrava seu companheiro, ele vinha e verificava.
Era uma cortesia, mas também uma formalidade. Ele queria ter certeza de que tudo estava indo bem e se precisavam de ajuda.
“Alfa”, Dante curvou a cabeça levemente.
"Você sabe que pode me chamar de Tobi. Eu sou o alfa da cidade, mas somos todos amigos. Nós meio que crescemos juntos", disse Tobi. "Ouvi dizer que você encontrou sua companheira. É ela?"
"É ela. Ainda não sei o nome dela, mas quando ela acordar, vamos nos conhecer", respondeu ele.
“Posso perguntar como ela se machucou?”.
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