Nunca Foi Por Acaso
Cap 1
Taylane estava deitada no sofá, enrolada em uma manta fina, assistindo pela terceira vez a mesma série que a fazia esquecer, por algumas horas, da ansiedade por mais um ano escolar. O terceiro ano... De novo no terceiro
Ela estava quase pegando no sono quando a campainha tocou.
Taylane
Quem é que vem aqui essa hora? (murmurou, franzindo a testa)
Levantou devagar, arrastando os pés até a porta.
Assim que abriu, se deparou com suas duas melhores amigas: Camila e Jéssica.
As duas estavam impecáveis — maquiagem feita, cabelo arrumado, roupas de balada e aquele brilho no olhar de quem estava pronta pra causar.
Taylane
Vocês tão doidas? (Taylane perguntou, olhando de cima a baixo) O que tão fazendo aqui uma hora dessas?
Camila
Viemos te tirar dessa caverna! (disse Camila, já empurrando a porta e entrando)
Jéssica
Vai ter uma festa incrível hoje, última noite de liberdade antes da tortura começar amanhã (completou Jéssica, jogando os cabelos pra trás com drama)
Autora
Vou apresentar um pouco cada uma delas, pra vocês não ficarem perdidos
Camila – A ousada do grupo
Camila é o furacão em forma de gente.
Sempre com um comentário afiado na ponta da língua e uma roupa que chama atenção, ela adora ser o centro das atenções.
É aquela amiga que vive criando planos malucos, puxando a Taylane pra fora da zona de conforto. Apesar da atitude “não tô nem aí”, ela se importa mais do que deixa transparecer — principalmente com a Taylane, por quem tem um carinho quase protetor.
Jéssica – A doce e intuitiva
Jéssica é o equilíbrio entre as duas.
Mais calma, observadora e com uma sensibilidade aflorada, ela é quem percebe quando algo está errado — mesmo que ninguém diga nada.
Usa tiaras, adora coisas místicas e está sempre com algum cristal na mochila “pra proteger a energia”.
Ela e Taylane têm uma conexão mais emocional, e é comum ver as duas dividindo olhares silenciosos que dizem mais que mil palavras.
Taylane – A intensa e cheia de camadas
Taylane é o tipo de garota que carrega o mundo nos olhos, mesmo que sorria de canto.
Aos 18 anos, já viu e sentiu mais do que muitas de sua idade.
Repetir de ano foi duro, mas ela aprendeu a conviver com isso — não por fraqueza, mas porque sabe que a vida nem sempre segue um roteiro bonito.
Ela tem um estilo marcante. É orgulhosa, mas tem um coração mole por dentro — só não deixa qualquer um ver.
Desde pequena, viu a ausência como rotina. O pai desapareceu quando ela era ainda criança, e a mãe, sempre viajando a trabalho, nunca foi exatamente presente.
Taylane aprendeu a cuidar de si mesma cedo demais. Isso a tornou forte, mas também desconfiada.
Seu maior medo é se apegar. Já teve um amor no passado, um ex-namorado que a fez acreditar que podia ser cuidada, até que a deixou no pior momento.
Desde então, Taylane se fechou. Não acredita mais em promessas, nem em palavras bonitas. Ela só confia em atitudes... e mesmo assim, com o pé atrás.
Apesar do escudo emocional que criou, Taylane é extremamente leal com quem ama.
Taylane é a mais velha do grupo. Ela devia ter terminado o ensino médio no ano passado, mas as faltas, os problemas em casa e a cabeça cheia fizeram com que repetisse o terceiro ano.
Agora, aos 18, iria estudar com suas amigas mais novas, que estavam oficialmente entrando no último ano.
Era estranho pra ela... como se tivesse voltado no tempo, só que com cicatrizes a mais.
Apesar disso, estar com Camila e Jéssica tornava tudo um pouco menos pesado. Pelo menos, com elas, ainda dava pra rir da vida — mesmo quando ela parecia estar desmoronando.
Autora
Voltando a história...
Taylane fechou a porta, cruzou os braços e encarou as duas.
Taylane
Eu tava de pijama. Já tava quase dormindo.
Camila
Justamente por isso! (Camila rebateu) Dorme amanhã na aula, hoje é noite de festa! Vai todo mundo da escola, vai ter música boa, comida, gente bonita...
Jéssica
E garotos (Jéssica acrescentou com uma piscadinha)
Taylane bufou e se jogou no sofá.
Taylane
Eu tô cansada... E além do mais, nem sei o que vestir.
As duas se entreolharam com sorrisos maliciosos.
Camila
A gente já pensou nisso (Camila disse, abrindo uma sacola com uma roupa linda) Sabemos exatamente o que vai te fazer sair por aquela porta.
Taylane olhou para a roupa. Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Suspirou.
Taylane
Se eu passar vergonha, vou culpar vocês.
As amigas gritaram animadas, puxando-a pelo braço direto para o quarto.
Taylane
Ok ok (fala rindo)
Camila
minha nossa senhora das bicicletinhas sem freio, você está esbelta😍
Jéssica
Fiu fiu, tá lindona amigaaa🤌🏻😍
Taylane
Aiii obrigada amigas😄
elas chamam um táxi e elas vão para a festa
Cap 2
A música já podia ser ouvida do final da rua.
A festa estava lotada, luzes coloridas piscavam, e o ar parecia mais quente do que o normal, não só pela aglomeração, mas por uma energia estranha, quase como eletricidade pairando no ambiente.
Taylane suspirou, observando a movimentação ao redor.
Taylane
Isso aqui tá mais cheio do que eu esperava... (murmurou)
Camila
É porque a galera do colégio vizinho também veio (explicou Camila, animada) Vai ser histórico.
Taylane
Não tô achando isso uma boa ideia... (disse Taylane, mas seguiu as amigas mesmo assim)
Lá dentro, luzes baixas, risadas altas e o cheiro de bebida misturado com perfume barato criavam um clima abafado e caótico.
Taylane pegou um copo de refrigerante e se encostou numa parede, tentando não parecer deslocada.
Foi quando sentiu. Aquela sensação. Como se alguém a observasse.
Ela olhou ao redor, e então, seus olhos encontraram os dele.
Um homem parado no outro lado do salão de dança. Alto, de postura firme, vestindo uma jaqueta escura.
Ele não sorria, apenas a observava com uma intensidade desconcertante.
Seus olhos tinham algo... antigo. Como se pertencessem a alguém que já viveu mais do que deveria.
Taylane
Quem é aquele ali? (sussurrou para Jéssica, sem tirar os olhos dele)
Jéssica olhou, mas não viu ninguém.
Ela piscou. O homem não estava mais lá.
Taylane
Tá brincando com a minha cara (murmurou, franzindo o cenho)
Jéssica
Talvez fosse o calor, ou a luz piscando... ou só a paranoia de estar numa festa cheia de gente estranha.
Taylane deu de ombros, mas ainda sentia aquele arrepio na nuca.
E foi só ao virar um corredor, mais tarde naquela noite, tentando achar um banheiro, que ela deu de cara com ele de novo.
Mateus
Procurando algo? (a voz dele era baixa, quase sussurrada, mas carregava um peso inexplicável)
Taylane parou. Ficou alguns segundos encarando-o.
Taylane
Um banheiro, na verdade (respondeu, tentando parecer natural, mas seu coração batia rápido demais)
Ele a encarou como se a conhecesse.
Mateus
Final do corredor. Porta da esquerda. (Ele indicou com a cabeça, mas não se moveu)
Taylane
Valeu... (Ela hesitou) Eu te vi mais cedo. Você tava me olhando.
Ele arqueou uma sobrancelha, um leve sorriso nos lábios.
Mateus
Talvez você só tenha sentido que eu estava.
Taylane
Isso é bem esquisito (disse ela, tentando rir)
Ele inclinou a cabeça levemente.
Mateus
Esquisito costuma ser real. As pessoas só não querem encarar.
Antes que ela pudesse perguntar o que aquilo queria dizer, uma galera barulhenta surgiu, fazendo Taylane desviar o olhar por um segundo.
Quando olhou de novo, ele já não estava mais ali. De novo.
Mas dessa vez, ela não achou que fosse coincidência.
Ela tentou esquecer. Dançou um pouco, riu com as amigas, fingiu que aquele olhar não tinha deixado algo vibrando dentro dela.
Mas por dentro, algo a incomodava. Como se tivesse sido tocada sem ser encostada
Já passava das três da manhã quando elas decidiram ir embora.
O caminho de volta foi tranquilo, com Camila cochilando no banco de trás e Jéssica cantarolando alguma música baixinha.
Mas Taylane estava em silêncio, encarando a janela, vendo o mundo passar embaçado.
Quando chegou em casa, tomou um banho rápido e se jogou na cama, mas demorou a pegar no sono. E quando finalmente dormiu… sonhou com aquele homem.
Estavam na escola. Ela no pátio, ele no alto da arquibancada do ginásio, olhando pra ela. A escola estava vazia, silenciosa demais. E havia uma névoa estranha em volta dos dois.
— Você não deveria estar aqui — ele dizia. Mas não com raiva. Com dor.
Antes que ela conseguisse responder, acordou assustada, o despertador tocando sem piedade. Primeiro dia de aula. Terceiro ano... de novo.
Taylane se arrumou sem muita pressa.
Ela desce as escadas e pega uma maçã e saí de casa
Quando chegou na escola, logo encontrou Camila e Jéssica no portão. As duas pareciam mais animadas que ela.
Camila
Pronta pra reviver tudo de novo? (brincou Camila)
Taylane
Engraçadinha (resmungou Taylane, revirando os olhos)
Elas caminharam até a quadra, onde a diretora faria uma apresentação de boas-vindas. Ao entrar, Taylane congelou.
Ali, no meio da quadra... com uma prancheta na mão e aquele mesmo olhar da festa... estava ele.
O homem da festa. O homem do sonho.
Mateus
Bom dia a todos (disse ele com a voz firme) Meu nome é Mateus. E a partir de hoje, sou o novo professor de Educação Física de vocês.
O coração de Taylane quase parou.
Taylane
*Não... Não pode ser* (pensando)
E, por algum motivo, ele a olhou como se soubesse exatamente quem ela era.
E pior... como se já tivesse conhecido ela antes. Muitas vezes antes.
Cap 3
Durante toda a apresentação, Taylane mal piscava.
O coração batia tão alto que parecia ecoar pelos corredores da escola.
Camila, ao seu lado, soltou um assovio baixo.
Camila
Eita... esse professor novo aí é um colírio, hein?😏
Taylane
É... (murmurou Taylane, ainda com os olhos grudados nele)
Mas não era só beleza. Era o jeito como ele a olhava. Como se já a conhecesse.
Como se esperasse por ela. Como se... lembrasse de algo que ela não sabia ter vivido.
A apresentação acabou. Os alunos começaram a se dispersar e o grupo de Taylane seguiu para a sala de aula.
Mas ela não foi. Seus pés a levaram até a quadra de novo, como se algo a puxasse.
Ele ainda estava lá. Sozinho. Conferindo nomes em uma lista.
Ela se aproximou, hesitante.
Mateus levantou o olhar, sério. E por um segundo, os olhos dele vacilaram. Como se visse um fantasma.
Mateus
Taylane (disse ele, como se testasse o som do nome na boca)
Taylane
Como você sabe meu nome?
Mateus demorou um segundo demais pra responder.
Mateus
Lista de chamada. Está tudo aqui.
Mas Taylane sentiu. Não era só isso.
Ela queria perguntar mais, mas naquele instante, a diretora apareceu chamando por ele.
Mateus virou-se com um último olhar.
Mateus
A gente se vê por aí.
Taylane ficou ali, sozinha na quadra, com a sensação de que havia acabado de abrir uma porta… e não fazia ideia do que havia do outro lado.
Algum tempo depois na hora do intervalo
Bastou o sinal do intervalo tocar pra escola inteira entrar em combustão.
Grupos de meninas se formaram nos corredores, nas escadas, perto do pátio. Todas falando a mesma coisa.
Esther
Vocês viram o novo professor?😄😏
Alice
Meu Deus, que homem é aquele!😩😍
Isabella
Ele parece saído de um filme... ou de um livro de romance proibido!😍
Helena
Será que ele é casado?😏
Taylane escutava tudo de longe, de braços cruzados no canto do pátio, fingindo desinteresse.
Mas por dentro, estava fervendo.
Não de ciúme ou talvez um pouco, mas por aquele pressentimento que não a deixava em paz. Tinha algo errado. Algo que ninguém via, só ela.
Camila se aproximou com um sorriso travesso.
Camila
Sabe quem é a menina que estão dizendo que o professor Mateus olhou diferente?
Taylane arqueou uma sobrancelha.
Camila deu um passo pra trás e apontou diretamente pra Taylane.
Camila
Você, princesinha do drama!😄😄
Taylane riu, mas o riso foi breve.
Taylane
Vocês tão viajando🙄
Jéssica
Aham, claro (disse Jéssica, que surgira do nada) Porque homens misteriosos e bonitos sempre olham pra gente como se soubessem nossos segredos, né?
Taylane não respondeu. Porque no fundo... era exatamente assim que ele olhava pra ela.
Naquela noite, o sono veio mais rápido, mas a paz não. Taylane sonhou de novo.
Estava correndo por um corredor escuro, com o som de passos atrás dela. Vozes sussurravam seu nome de todos os lados, e um vulto de preto a seguia.
De repente, ela estava em uma sala de aula antiga, com janelas fechadas e quadros com nomes riscados. No centro da sala... Mateus.
Mas ele parecia diferente. Mais velho. Mais sombrio.
Mateus
Você não deveria estar aqui (ele disse de novo)
Taylane
Quem é você? (ela perguntou, tremendo)
Mateus
Alguém que já viu isso tudo... vezes demais.
Taylane acordou com um sobressalto, o quarto escuro, o coração disparado. O relógio marcava 3:33 da manhã.
Na tela do celular, uma notificação piscava.
"Nova mensagem: Número desconhecido"
E o conteúdo da mensagem era o que mais arrepiou sua pele:
“Não confie em tudo que vê, Taylane.”
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