Júlia Albuquerque (Juju)
Idade: 22 anos
Júlia é uma jovem dividida entre o luxo e a realidade da favela. Criada no Leblon, sua alma é de comunidade. Rebeldia e resistência marcam sua personalidade, mas é também uma garota com um coração forte, capaz de amor incondicional e, ao mesmo tempo, de uma vingança implacável. Sua jornada a leva a assumir o controle, em busca de poder e redenção.
Lukas Ferraz (LK)
Idade: 28 anos
LK é o homem que se tornou lenda no morro. Dono da boca da Rocinha, ele é charmoso, audacioso e, acima de tudo, determinado. Um bandido que, apesar da vida no crime, tem um lado apaixonado e fiel a quem ama. Seu destino cruza com o de Juju, e juntos, eles enfrentam os dilemas de um amor proibido, mas verdadeiro. Nós braços de Juju, marca o fim de um ciclo de guerra e poder.
Matheus Aguiar
Idade: 25 anos
Matheus é o playboy rico e culto, que vê em Juju não apenas uma mulher, mas uma obsessão. Seu desejo de controlá-la, manipulá-la e se casar com ela para consolidar poder e status o torna um antagonista implacável. Mesmo com todos os seus recursos, não consegue alcançar seu objetivo, sendo consumido pela sua própria obsessão. Sua trajetória marca o fim de uma era e a ascensão de Juju.
Larissa Silva
Idade: 23 anos
Larissa é amiga fiel de Juju, moradora do morro, e a primeira a apoiar a luta da amiga. Embora tenha um passado complicado, ela é um pilar de força e lealdade para Juju. Ela se torna uma das principais aliadas de Juju, ajudando a manter o controle. Com a sua filha pequena, Larissa tenta equilibrar a realidade do tráfico com o desejo de proporcionar uma vida melhor para sua família.
Vinícius Noronha (VN)
Idade: 26 anos
Vinícius é o braço direito de LK e se torna essencial na administração da comunidade sob o comando do chefe. Discreto, calculista e leal, VN sempre manteve sua posição de confiança sem querer brilhar. No fim, sua fidelidade a Juju o torna uma figura chave para a sobrevivência e fortalecimento dela na comunidade.
Victória Motta
Idade: 22 anos
Victória é a melhor amiga de Juju e uma parceira inseparável nas boas e más escolhas. Apesar de viver no mesmo meio que Juju, ela tem um comportamento mais leve e descomplicado. Com um senso de estilo afiado e uma atitude ousada, ela sempre está disposta a apoiar Juju, mesmo que isso signifique se meter em encrenca. A lealdade e a amizade entre elas são inquebráveis, e Victória se torna uma aliada fundamental quando a luta pelo poder se intensifica. Mesmo com seus próprios conflitos, ela é uma figura importante na jornada de Juju.
Andressa Ferreira
Idade: 25 anos
Andressa é a ex-mulher de LK, uma mulher que ainda carrega mágoas do passado e tenta, a todo custo, recuperar o que perdeu. Ela é obcecada por manter sua posição e a imagem de dona do tráfico na comunidade. Seu retorno à história traz conflitos, especialmente por sua tentativa de reconquistar LK e desestabilizar o relacionamento dele com Juju. Andressa se mostra uma antagonista emocional e manipuladora, tentando usar o status e o poder para controlar a situação, mas acaba pagando o preço por sua obsessão e egoísmo.
Nota da Autora
Esse livro foi escrito com muito carinho, mesclando capítulos narrados pelos próprios personagens e outros por uma narração mais neutra, feita por mim. Não sou escritora profissional, escrevo por hobby e amor à criação de histórias que mexem com a gente.
Essa obra também está disponível em outras plataformas como Spirit Fanfiction e Wattpad onde continuo compartilhando meus projetos.
Se você curtiu a leitura, me acompanhe lá no Instagram: **@lehtx03**.
Com carinho,
Letícia 🥀
17:00 - Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.
O som do ventilador fazia um barulhinho irritante no teto do quarto. O sol já começava a se esconder por trás dos prédios luxuosos, e o céu tomava aquele tom alaranjado bonito, típico do fim de tarde no Rio. Eu tava largada na cama, de moletom velho e short jeans curto, rolando o feed do Instagram sem prestar atenção em nada. A brisa do ar-condicionado misturada com o perfume do quarto deixava tudo com cara de “tédio rico”.
Do nada, batem na porta.
Empregada: — Dona Júlia, teus pais tão te chamando lá embaixo.
Juju: — Já vou...
Soltei o celular no colchão e levantei com má vontade. Desci as escadas devagar, só pela preguiça e pelo costume de evitar drama familiar.
Juju: — Me chamaram?
Pai: — Sim, senta aqui. A gente precisa conversar.
Mãe: — É algo sério, filha.
Já senti o climão. Meus pais estavam sentados no sofá da sala enorme, com cara de quem ia me dar alguma notícia bomba.
Juju: — Ih, lá vem...
Pai: — Você vai se casar.
Juju: — O quê? Cês tão malucos?
Arregalei os olhos. Ri de nervoso, achando que era piada. Mas ninguém ali tava rindo.
Mãe: — Com Matheus Aguiar. Ele é de família importante, tem grana. Isso garante nosso futuro. Tá decidido. Ele chega às 18h30 pra te conhecer melhor. Vai se arrumar.
Pai: — E nem discute, Júlia. Isso é pro seu bem... e pro nosso também.
Meus olhos arderam, mas não deixei cair lágrima nenhuma. Só o sangue subindo.
Juju (gritando): — Eu não vou casar com ninguém nessa porra! E que se foda o futuro de vocês! Eu tenho vida, caralho! Não sou boneca pra ser vendida, não!
Mãe (seca): — Olha o palavreado, garota. Vai e pronto. Daqui a uma semana assina os papéis e acabou. Não vai ter festa, nem frescura.
Juju: — Desgraça, viu...
Subi bufando, pisando forte. Cheguei no quarto e fui direto no celular. Liguei pra única pessoa que podia me entender naquele momento.
Ligação — Victória (Vick):
Vick: — Fala, minha maluca.
Juju: — Amiga... cê não vai acreditar... meus pais tão me obrigando a casar!
Vick: — Tá de sacanagem? Com quem?
Juju: — Com um tal de Matheus Aguiar. Rico, engomadinho, nojento. Que ódio!
Vick: — Calma, amiga. Se estressar só vai te deixar pior. Respira.
Mãe (gritando do andar de baixo): — Juliana, tá pronta?
Juju: — Já, já tô indo!
Juju: — Preciso desligar, depois a gente se fala.
Vick: — Se cuida, tá? Tô contigo!
Fim da ligação.
Troquei a blusa por uma blusa curta preta de renda, quase um sutiã, e deixei o mesmo short. Olhei no espelho e ri. Se era pra causar, que fosse do meu jeito. Desci com a cara fechada.
Na sala, lá estavam meus pais e o tal Matheus — metido, cheiroso demais, cara de playboy mimado. Devia ter uns 25 anos.
Mãe: — Que roupa é essa, garota? Cê não tem jeito mesmo...
Juju (rindo debochada): — Ainda bem que a senhora sabe, né?
Matheus (tentando ser simpático): — Mas quando for minha esposa, não vai mais usar esse tipo de roupa, né?
Juju (encarando): — Claro, né? Você acha que eu vou mudar por causa de um macho escroto que nem conheço? Me poupa, vai...
Pai:— Júlia, tenha modos!
Jantamos em silêncio. O clima tava péssimo, forçado, desconfortável. Eu só pensava em sumir dali. No calendário, hoje era 23 de abril. Dia 29 já ia ter que assinar aquele contrato ridículo de casamento forçado.
25 de abril — 15:00
O celular vibrou em cima da cama. Era a Larissa.
Juju: — Fala, Lari.
Larissa: — Amiga, hoje tem festinha no morro. Vem tu e a Vick, às nove em ponto, hein!
Juju (rindo): — Que festa, garota?
Larissa: — Só vai! Quero vocês duas lá.
Juju: — Tá, tá... vou avisar a Vick. Beijo.
Ligação com Vick:
Juju: — Vick! Festa no morro hoje, Larissa convocou. Às nove em ponto.
Vick: — Ihhh, adoro! Mas e teus pais?
Juju: — Vou falar que vou dormir na sua casa. Simples.
Vick: — Malandra! Demorô.
Desci e fui direto na sala, fazendo carinha de anjo.
Juju: — Pai, mãe... hoje vou dormir na casa da Vick, tá?
Mãe: — Tá bom. Manda um beijo pra ela.
Juju: — Pode deixar...
Voltei pro quarto sorrindo. Aquela festa seria minha chance de respirar um pouco... e talvez, quem sabe, mudar o rumo da história.
25 de abril — 21:10 | Comunidade do Cerro Azul, Zona Sul do RJ.
O som do batidão já dava pra ouvir da entrada da comunidade. Era funk no talo, grave tremendo o chão de terra batida, gente subindo e descendo, vendinha aberta, churrasquinho na brasa, cerveja gelada no isopor, e o cheiro da noite misturado com liberdade. Era ali que eu me sentia viva.
Eu e a Vick chegamos de Uber até a entrada e subimos a pé. Shortinho, top colado, maquiagem feita à pressa — tudo na vibe. A Vick? Já tava empolgada rindo e jogando o cabelo.
Vick: — Mano, cê tem certeza que vai conseguir disfarçar essa cara de noiva revoltada?
Juju (rindo forçada): — Só preciso de umas doses e esqueço até meu sobrenome.
Chegamos no baile. O clima era outro. A favela vibrava, cheia de vida, cheia de gente com brilho no olhar — diferente daquela casa fria no Leblon. Larissa veio pulando no meio da galera.
Larissa: — Minhas criaaaaa! Até que enfim!
Juju: — Tu só me mete em furada, hein...
Larissa: — Ah, para... essa furada vai ser a melhor da tua vida.
Ela puxou a gente pra parte mais animada do baile. A galera dançava sem vergonha, sem pressão, sem pose. E foi ali que vi ele: **LK**, o dono da quebrada, subindo de XT, todo no estilo. Camisa de marca, cordão pesando no pescoço, olhar cortante.
Larissa (no meu ouvido): — Avisa que é ela, hein... o LK já viu.
Juju (rindo): — Tá maluca? Meu pai ia ter um treco se soubesse que eu tô no baile do cara mais falado da Rocinha.
Vick: — Isso é que é currículo bom!
A música mudou, e quando dei por mim, já tava dançando com a Vick. Rindo, bebendo, esquecendo da merda toda. A noite era nossa.
Eu já tinha ido em muita festa, mas nenhuma era como essa no alto da comunidade. Tinha algo no ar... a batida da música, a fumaça que dançava no ar, o jeito como as pessoas se olhavam — ali tudo era intenso. Verdadeiro. Quente.
Larissa: — Amiga, tu tá parecendo perdidona — disse me entregando um copo.
Juju: — Tô só observando — falei, encarando o movimento com um meio sorriso.
Ela olhou por cima do ombro e deu aquele sorrisinho safado.
Larissa: — Ó, tá vindo aí o LK.
Juju: — E o que tem?
Larissa: — O cara manda aqui. Literalmente. Dono da boca. E, dizem, dono dos corações das quengas também — ela soltou uma risadinha.
Antes de eu retrucar, ele já tava ali. Alto, presença forte, olhar direto. Usava um cordão grosso, camisa aberta e aquele ar de quem não precisa dizer muito pra ser respeitado. Os olhos dele pararam nos meus, como se tivessem me estudando.
LK: — Tu não é daqui, né? — ele soltou, num tom mais observador do que simpático.
Juju: — Perceptivo você, hein. — rebati, cruzando os braços.
LK: — Playboyzona… perdida ou curiosa?
Juju: — Nem uma coisa, nem outra. Só vim respirar um pouco de realidade.
Ele riu, mas não foi de deboche. Foi tipo quem se surpreendeu.
LK: — Tem coragem, isso eu reconheço. Mas aqui, coragem de mais pode virar problema.
Juju: — E você, é problema?
LK: — Eu sou o aviso.
A troca de olhares foi mais longa que deveria. Ele deu um passo pra perto. O clima esquentou — não de carinho, mas de provocação. Desafio. Vontade. Era como se a tensão entre a gente puxasse o ar.
Larissa percebeu o clima e desapareceu em meio a multidão.
Sem pedir licença, ele me puxou pela cintura. E antes que eu pensasse, ele colou os lábios nos meus.
Não teve romance, nem carinho. Teve intensidade. Desejo. Uma mistura de arrogância com vontade. Um beijo que mais parecia uma guerra de quem mandava mais. Ele queria mostrar domínio, e eu não ia ficar por baixo.
Quando nos afastamos, ele lambeu os lábios e soltou:
LK: — Gostei de você.
Juju: — Não se acostuma. Eu não sou de ninguém.
Ele sorriu, daquele jeito torto e perigoso.
LK: — Por isso mesmo, Juju. Por isso mesmo.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ele me analisava. Parecia que via mais do que eu deixava mostrar.
LK: — Tá fugindo de quê, hein? — ele soltou, direto.
Juju: — De uma prisão. De um casamento arranjado com um otário mimado. Meus pais querem me vender como se eu fosse um objeto.
Ele acenou devagar, com aquele olhar de quem já tinha visto muita coisa.
LK: — Então por que não foge de verdade?
Juju: — Como assim?
LK: — Tô falando sério. Se tu quiser sumir por uns tempos… eu consigo.
Eu ri, meio nervosa.
Juju: — Vai me esconder no morro?
LK: — No morro, fora do morro, onde precisar. Gente como você, com coragem de falar na cara... merece pelo menos uma chance.
Juju: — E qual o seu interesse nisso?
LK: — Não gosto de gente presa. E... você me intriga. Pode ser útil. Pode ser perigosa. Pode ser as duas coisas.
Ele soltou um sorriso de canto e se afastou, deixando no ar aquele convite silencioso. Não era só fuga. Era o começo de algo maior.
E eu, pela primeira vez em muito tempo… fiquei tentada a aceitar.
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