Hana sempre acreditou que as grandes histórias de amor começavam de maneira grandiosa. Talvez com um encontro inusitado em uma festa, ou com um olhar cúmplice trocado em um café movimentado. Nunca, em seus devaneios, imaginou que sua história começaria em uma manhã chuvosa, com um simples tropeço que a faria cair nos braços de um homem — ou melhor, cair e, ao se levantar, descobrir que, de algum jeito, sua vida já não seria mais a mesma.
Ela estava atrasada. Claro que estava. Acordou com o despertador no último segundo, mal deu tempo de tomar o café da manhã e já estava correndo pelas ruas da cidade, tentando desesperadamente não perder mais uma reunião de trabalho importante. Estava cansada de se sentir constantemente correndo atrás do tempo.
A chuva fina começou a cair quando ela virou a esquina da rua, mas não se importou. A vida nunca lhe dera muitos motivos para esperar por momentos tranquilos, por isso, preferia andar na chuva a perder o tempo precioso de um respiro.
“Pelo menos a chuva vai disfarçar a bagunça do meu cabelo”, pensou, tentando dar um sorriso, mas sentindo um nó na garganta. O celular tocou em sua bolsa. Era uma mensagem do chefe.
**"Onde você está? Já estamos esperando!"**
Respirou fundo. Olhou para a calçada e não percebeu o pedreiro que estava colocando a sua parte do cimento ainda molhado. Não viu o buraco, e quando deu o passo errado, seus pés escorregaram. Não teve tempo de se segurar e, como uma cena de filme, desceu a ladeira tropeçando, indo direto para os braços de um estranho.
Ele a pegou sem pensar, com a agilidade de quem já viu aquele tipo de acidente acontecer muitas vezes. E foi assim, com um aperto firme em seus ombros, que Hana sentiu o calor dele por inteiro.
“Você está bem?” A voz dele era suave, mas tinha uma urgência sutil.
Ela olhou para os olhos dele, e o mundo pareceu desacelerar. Foi a primeira vez que Hana entendeu, de verdade, o que significava um "olhar que muda tudo". Os olhos dele eram escuros, profundos, mas ao mesmo tempo tinham algo de misterioso. Um olhar que parecia esconder um milhão de palavras não ditas. Hana sentiu uma tensão no ar, como se ele também estivesse parado no tempo, olhando para ela, e, naquele momento, nada mais importasse.
“Sim… sim, obrigada”, ela disse, ainda tentando se recompor, mas sentindo as pernas fracas. Ele a manteve segura por um momento a mais do que o necessário, e então, sem dizer uma palavra, a ajudou a se levantar.
“Cuidado com o cimento”, ele murmurou, e antes que ela pudesse responder, ele já estava se afastando, dando as costas para ela.
Hana, ainda confusa, olhou para ele. Ele era alto, usava um casaco preto simples e tinha um jeito tão distante, mas ao mesmo tempo tão atento, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Algo dentro dela a fez desejar continuar olhando, desejou entender mais sobre aquele homem enigmático, que parecia ser de outra realidade.
Mas o tempo não esperava por ninguém. Ela deu um último olhar para ele, que já estava se afastando, e então correu para o trabalho, o coração batendo mais rápido do que deveria.
O resto do dia passou sem grandes incidentes, mas com uma sensação estranha de que algo estava prestes a acontecer. Hana sentiu o dia se arrastando, e a única coisa que parecia ocupar seus pensamentos era aquele homem misterioso. Ela não sabia por quê, mas não conseguia parar de pensar nele.
***
No fim do expediente, o céu ainda estava encoberto, e a chuva não dava sinais de parar. Hana se preparou para encarar mais uma noite sozinha, tentando organizar sua vida bagunçada. Mas, quando entrou no prédio, uma cena inesperada a fez parar.
O mesmo homem que ela havia encontrado pela manhã estava ali, parado na entrada. Ele olhou para ela brevemente, como se soubesse que ela o reconheceu, mas não disse nada. Hana hesitou. Por um momento, tudo o que ela queria era falar algo, qualquer coisa, mas não teve coragem. Seu chefe a chamou, interrompendo o silêncio constrangedor entre eles.
“Você já está indo embora?”, perguntou o chefe, sorrindo.
“Sim, sim. Só... só estou tentando não me molhar demais”, respondeu Hana, nervosa.
O homem, ainda parado, deu um pequeno sorriso, como se entendesse a situação, mas em seguida entrou no elevador. O que era uma coincidência começou a parecer algo mais. Algo que ela não conseguia definir, mas que já tinha invadido seus pensamentos.
Naquela noite, enquanto se preparava para dormir, Hana tentou focar nas coisas que realmente importavam. No entanto, o rosto daquele homem, aquele olhar profundo e misterioso, não saiu de sua mente.
Era apenas um encontro casual, pensou. Nada demais. Mas algo nela sabia que, em algum ponto, seus destinos estavam prestes a se entrelaçar de uma maneira que ela não poderia evitar.
***
A manhã seguinte trouxe consigo a promessa de uma nova rotina, mas Hana não sabia que estava prestes a cruzar o caminho daquele homem mais uma vez, e quando isso acontecesse, o que parecia ser apenas um encontro casual se transformaria em algo mais profundo do que ela poderia imaginar.
O primeiro olhar já havia mudado tudo. E agora, era impossível voltar atrás.
O dia seguinte começou com o som da chuva batendo contra a janela do quarto de Hana. Ela acordou mais cedo do que o habitual, o sono leve e inquieto, como se algo estivesse prestes a acontecer. Algo que ela não conseguia compreender completamente, mas que já parecia pairar no ar.
Quando ela olhou para o relógio, percebeu que estava atrasada novamente. A pressa era algo constante em sua vida, mas aquele dia em particular parecia ter um peso diferente. Como se tudo estivesse sendo desenhado de alguma forma, preparando-se para algo que ela não poderia controlar.
No caminho para o trabalho, a cidade estava um pouco mais calma do que de costume. As ruas, ainda molhadas pela chuva, refletiam as luzes dos postes, dando a cidade uma sensação de silêncio profundo, como se o mundo estivesse esperando por algo.
E então, ela o viu.
Ele estava de pé em frente ao café onde ela costumava parar todas as manhãs. O mesmo homem de ontem, com o casaco preto, os cabelos ligeiramente bagunçados pela umidade, e os olhos, os mesmos olhos que agora pareciam estudar o movimento das pessoas, como se estivesse procurando por algo ou alguém. Ele não parecia estar à procura de Hana, mas algo naquele olhar fez com que ela sentisse que ele sabia que ela a observava.
Ela parou por um momento, hesitante, a mão no bolso do casaco, se perguntando se deveria se aproximar ou seguir em frente. Mas o destino parecia já ter feito sua escolha por ela.
Quando ele percebeu que ela estava ali, à distância, houve uma fração de segundo onde seus olhares se cruzaram. Ele não sorriu, não fez nenhum gesto de reconhecimento, mas algo na maneira como ele a olhou fez seu coração acelerar. Como se, de alguma forma, ele soubesse que ela estava pensando nele, e, mais importante, como se ele estivesse esperando por aquele momento.
Hana respirou fundo e decidiu seguir seu caminho, ignorando a sensação de que o mundo ao seu redor parecia ter parado. Mas a sensação não desapareceu, pelo contrário. Ela não conseguiu se livrar dele o dia todo. Sua mente ficava voltando àquele olhar, àquela sensação de que ele sabia algo que ela não sabia.
O trabalho foi um borrão de tarefas, chamadas e e-mails que Hana lidava como uma máquina, tentando não se perder em pensamentos que a deixavam desconfortável. Mas toda vez que ela olhava para a janela, não podia deixar de se perguntar: por que ele estava ali? E mais importante, por que ele parecia tão... distante?
Na hora do almoço, ela decidiu sair do escritório. Precisava respirar um pouco. A rua estava movimentada, mas ela não conseguiu deixar de procurar por ele, por aquele homem que havia cruzado sua vida de forma tão abrupta e misteriosa.
E, como se estivesse sendo guiada por algum tipo de força invisível, ela o encontrou.
Ele estava em uma livraria pequena, de esquina, com um livro nas mãos. Ela não podia ver o título, mas a maneira como ele o segurava, como se o estivesse estudando, a fez sentir uma curiosidade inesperada. Algo nele parecia tão... diferente de todos os outros homens que ela conhecia. Ele tinha uma aura de mistério, como se guardasse segredos que nem mesmo ele estava disposto a revelar.
Hana hesitou por um momento antes de entrar, mas algo a impulsionou a dar o passo. Talvez fosse a vontade de entender quem ele realmente era. Ou talvez fosse a certeza de que ele, de alguma forma, estava esperando por ela. Ela não sabia. Mas o que ela sabia era que, naquele momento, não conseguia mais se convencer de que ele era apenas um estranho qualquer.
Ela entrou na livraria e se dirigiu para a seção de romances. Suas mãos tocavam os livros distraidamente, enquanto seus olhos buscavam por ele. Finalmente, ela o viu, de pé entre as prateleiras. Ele estava sozinho, concentrado no livro em suas mãos, alheio a tudo ao seu redor. Hana se aproximou lentamente, sentindo uma tensão no ar, uma sensação de que aquele momento era mais do que um simples acaso.
Mas antes que ela pudesse chegar mais perto, ele se virou, como se soubesse que ela estava ali.
“Você novamente?” A voz dele era calma, mas havia uma intensidade em suas palavras, como se ele estivesse tentando ler seus pensamentos.
Hana parou, surpresa. Ela não esperava que ele fosse tão direto. “Sim”, respondeu ela, tentando esconder o desconforto crescente. “Eu… não estava planejando vir aqui, mas… parece que o destino tem um jeito de nos juntar de novo.”
Ele a observou por um momento, os olhos analisando cada movimento dela, antes de fechar o livro lentamente e colocá-lo de volta na prateleira. “O destino, é? Talvez seja algo mais simples do que isso.”
Hana sentiu uma pontada de curiosidade e desconforto. O que ele queria dizer com isso? “O que você quer dizer com isso?” ela perguntou, sem pensar, mas imediatamente sentindo que a pergunta estava mais carregada do que deveria.
Ele deu um sorriso pequeno, quase imperceptível, e fez um gesto para ela segui-lo até o balcão. “Vamos tomar um café. Eu preciso esclarecer algumas coisas.”
Ela hesitou. Algo naquele convite parecia errado, mas também a fazia sentir que não poderia dizer não. Era como se ele estivesse oferecendo uma resposta que ela não sabia que precisava ouvir.
Eles sentaram-se em uma mesa discreta, e o silêncio que se seguiu entre eles foi denso. Hana tentava entender o que estava acontecendo. Algo na atitude dele a desconcertava, mas ao mesmo tempo, ela não conseguia deixar de sentir que ele estava prestes a revelar algo importante.
Ele olhou para ela, como se estivesse decidindo se deveria continuar com o que tinha em mente. “Eu sei o que você está pensando”, disse ele, de repente. “Mas você está errada. Eu não sou o que você imagina.”
Hana sentiu uma onda de confusão. O que ele queria dizer com isso? E por que ele estava falando dessa maneira enigmática?
“Eu não sou quem você acha que sou, Hana.” Ele parecia ter lido sua mente, como se tivesse conhecimento de um segredo que ela ainda não conhecia.
O que ele sabia sobre ela? Por que ela sentia que algo estava prestes a se quebrar?
O mistério só aumentava. E ela não sabia se estava preparada para descobrir a verdade.
A tarde que seguiu o encontro inesperado na livraria foi carregada de algo mais do que o simples cansaço de um dia de trabalho. Hana não conseguia tirar os olhos de suas próprias mãos, como se estivesse sentindo ainda o toque dele, ainda a energia do café que haviam compartilhado em silêncio. O mistério que ele emitiu estava a deixando ansiosa, inquieta, como se algo estivesse prestes a acontecer — algo que ela não sabia se deveria querer.
Ela estava começando a perceber que aquele homem, com o olhar tão enigmático, talvez fosse mais do que um simples estranho que entrou em sua vida por acaso. A sensação de que ele sabia mais sobre ela do que deveria estava crescendo, mas, ao mesmo tempo, havia algo no comportamento dele que a atraía de uma forma que ela não sabia explicar. Como se, por mais que tentasse manter a distância, algo em sua alma o buscasse.
Na manhã seguinte, Hana acordou antes do despertador — algo raro para ela. A noite passada foi de insônia, de pensamentos que giravam sem parar, com o rosto de Jiwoo — o homem da livraria — aparecendo em sua mente em cada momento de quietude. Aquelas palavras, tão enigmáticas e quase ameaçadoras, ecoavam em sua cabeça. “Eu sei o que você está pensando. Mas você está errada. Eu não sou o que você imagina.” O que ele queria dizer com aquilo? Por que ela sentia que havia algo perigoso à sua volta, mesmo com a gentileza com que ele a tratava?
Ela se levantou rapidamente, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Mas quanto mais tentava esquecer, mais ele aparecia. Era como se seu corpo, sua mente e até sua alma estivessem conectados a ele de uma forma inexplicável. No fundo, ela sabia que ele estava em sua vida por um motivo. Mas qual?
Ao sair para o trabalho, o céu estava pesado, nublado, mas não chovia. Como se o clima quisesse acompanhar o turbilhão que ela sentia dentro de si. O caminho até a estação de metrô parecia mais longo do que o habitual. Cada passo dela ecoava, mais forte, mais forte, até que ela viu, à distância, a silhueta que já conhecia bem.
Jiwoo estava parado na entrada do café, mais uma vez. Desta vez, ele não parecia ser uma simples coincidência. Ele estava lá, como se estivesse esperando por ela. Hana parou, a respiração ficando mais curta. Ele parecia mais imponente hoje, mais enigmático. E algo dentro dela dizia que ele sabia que ela o havia procurado, sabia que ela estava pensando nele a noite inteira.
Ela tentou disfarçar, mas, antes que pudesse se virar e seguir em frente, ele a viu. Os olhos dele a prenderam com um magnetismo difícil de desviar, como se, por um instante, o mundo ao redor deles tivesse desaparecido.
Sem palavras, sem gestos, ele deu um passo à frente. Hana sentiu seu corpo reter o ar, como se fosse impossível respirar normalmente. Ele se aproximou dela de forma tão silenciosa, que seus corações pareciam bater no mesmo ritmo.
"Você está atrasada", disse ele, sua voz baixa, mas carregada de uma intensidade que a fez estremecer. "Mas você não vai fugir de mim hoje, Hana."
Ela o olhou, confusa, sem saber o que dizer. Ele estava tão perto, quase a tocando, e ela sentia a eletricidade no ar. Algo entre eles estava se aquecendo, se tornando incontrolável. Mas o que era aquilo? Ela ainda não sabia. Não sabia o que estava acontecendo, mas algo dentro dela sabia que nada seria o mesmo a partir daquele momento.
"Eu não... eu não estou fugindo de você", ela respondeu, tentando encontrar a coragem para olhar nos olhos dele. "Só... não sei o que você quer de mim."
"Eu quero a verdade", ele disse, seu olhar fixo no dela, sem desviar, como se estivesse lendo cada pensamento, cada dúvida. "A verdade sobre o que você sente."
O silêncio que se seguiu foi denso, pesado, mas de uma maneira que fazia Hana querer gritar, correr, mas, ao mesmo tempo, ficar ali, perto dele, onde tudo parecia acontecer.
Mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Jiwoo deu um passo à frente, mais uma vez. A distância entre eles era agora praticamente inexistente. O ar entre eles parecia ter desaparecido, e Hana sentia o calor dele, o cheiro inconfundível de algo que a deixava ainda mais vulnerável. Ele estava tão perto que ela podia ouvir os batimentos do coração dele.
"Eu sei que você sente", disse ele, com uma suavidade inesperada, mas com uma certeza que a fez tremer. "Mas você tem medo. E o medo é o que nos mantém distantes."
Hana estava paralisada. Seu corpo queria correr, queria sair dali, mas seus olhos não conseguiam se afastar dele. Ela queria, mais do que qualquer coisa, saber o que ele queria, saber o que ele sentia, e, ao mesmo tempo, tinha medo de descobrir a verdade. Mas uma parte dela, uma parte profunda, queria muito mais do que isso. Queria a conexão. Queria a entrega.
Ele olhou para ela, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando. A tensão no ar aumentava, a energia entre os dois era palpável, uma força invisível que fazia o mundo ao redor desaparecer.
Então, antes que Hana pudesse tomar qualquer decisão, ele se afastou, de repente. O choque foi quase físico. Ela sentiu o calor da proximidade dele desaparecer em um instante, como se ele tivesse retirado algo importante de sua vida. Ela olhou para ele, confusa, sem saber o que estava acontecendo, sem saber o que ele queria, sem entender nada.
"Eu volto depois", disse Jiwoo, com um sorriso que não chegava aos olhos, antes de dar as costas e sair do café, deixando Hana ali, sozinha, com um coração batendo descompassado e um vazio que ela não sabia como preencher.
Ela sentiu uma necessidade urgente de segui-lo, de saber onde ele estava indo, o que ele faria, o que ele significava. Mas algo dentro dela a impediu de tomar qualquer atitude. Algo ainda a segurava, algo que ela não podia ignorar.
Ela ficou ali, no meio do café vazio, com os olhos fixos na porta pela qual ele desapareceu. O que era aquilo entre eles? E, mais importante, o que ele sabia que ela ainda não sabia?
A pergunta permanecia no ar. E Hana não sabia como lidar com ela.
O que ela não sabia era que aquele simples encontro mudaria tudo — e que ela, mais do que nunca, estava prestes a descobrir os segredos que ele estava tentando esconder.
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