Luma Ferreira:
Deito minha cabeça no banco do táxi enquanto olho para a rua; no meu fone, uma música soava.
No meu pensamento, sei que vai ficar.
A todo momento, sei que vou lembrar
Do brilho dos teus olhos.
Fecho os olhos e não consigo te esquecer.
Tem alguém comigo, mas não é você.
Tenho até medo de dormir pra não lembrar
Daqueles olhos (daqueles olhos).
Aqueles olhos (inconfundíveis olhos).
Aqueles olhos
Que refletem luz no meu coração.
Cantarolando baixinho, me perco olhando para fora. Quando paramos no semáforo, uma BMW para ao nosso lado; o vidro estava baixo, era um casal no carro. A mulher parecia discutir com o homem; eu não o via, apenas dava para ver sua mão apertando o volante. Porém, em nenhum momento ele disse algo. Eu até tentei ver se conseguia vê-lo, mas a mulher ficava na frente, atrapalhando completamente a minha visão.
Logo o sinal abre e o carro sai em disparada. O táxi logo começa a andar e suspiro. Sete anos longe e essa cidade parece não ter mudado nada. Parece que o encanto de passar esse tempo todo na Rússia me fez ficar um pouco chata em relação ao meu país.
Eu cresci aqui, cresci correndo por essas ruas e pelo calçadão de Copacabana. Eu costumava passar meu tempo livre na praia; eu era muito boa em surfar. Porém, agora aqui, desejo o frio da Rússia, roupas quentes e lugares de tirar o fôlego. Tudo lá parecia tão mais acessível do que aqui...
- Сэр, мы уже близки к прибытию? - falo e logo me xingo ao ver o olhar do homem sobre mim. - Desculpe, senhor. Já estamos perto de chegar?
- Estamos sim, senhorita. Apenas mais alguns minutos - diz ele.
- Obrigada - sorrio e volto a olhar para a rua.
Após alguns minutos, finalmente paramos em frente à minha casa. A bandeira brasileira na fachada da casa me faz ter certeza de que finalmente estou em casa.
O motorista me ajuda com a mala e, logo após fazer o pagamento, ando até a porta da minha casa e toco a campainha.
Uma das empregadas abre a porta e arregala os olhos.
- Luma, que surpresa você aqui! - diz Anna. Ela praticamente me criou enquanto minha mãe e meu pai viviam trabalhando. - Sua mãe tinha falado que você só viria na próxima semana.
Meu pai é vice-prefeito da cidade e minha mãe é advogada, mas ela nunca exerce sua profissão. Minha mãe prefere ficar sempre com meu pai pra onde quer que ele vá.
- Surpresa - falo, sorrindo e andando até ela, onde a abraço. - Meus pais estão em casa?
- Não. Hoje sua mãe saiu para comprar um vestido. Haverá uma festa de noivado; vão comemorar o noivado do filho do prefeito. Já o seu pai está na prefeitura, resolvendo assuntos políticos - diz ela e lembro-me do Arthur. Tínhamos uma amizade legal, mas tive que ir embora e acabamos perdendo contato.
- O Arthur? - pergunto para ela enquanto puxo minha mala para dentro.
- Ele mesmo. Parece que é um casamento arranjado - diz ela e acabo gargalhando.
- Onde aquele garoto foi se meter? Ele me falava que nunca iria se sujeitar a isso caso vinhesse a acontecer - falo, agora me sentando no sofá. - Bom, pessoas mudam, não é mesmo?
- Exatamente, querida - diz Anna. - Quer comer alguma coisa? Você deve estar com fome.
- Primeiro vou subir e tomar um banho; tenho certeza de que meu quarto ainda continua onde era - falo e Anna concorda.
- Eu cuido do seu quarto como faço desde quando você era criança, querida - diz ela, sorrindo.
- Obrigada, Anna. Agora vou subir e desço em algum tempo. Preciso de um banho bem relaxante. A viagem foi um pouco estressante - falo, soltando o cabelo enquanto me levanto do sofá e pego a mala.
- Aproveite, querida - diz ela, saindo para a cozinha enquanto subo as escadas em direção ao meu quarto. Pelo caminho, observo fotografias minhas na parede.
Meus pais tiveram uma filha depois de alguns anos após meu nascimento, porém, o bebê não sobreviveu. Bem triste isso. Minha mãe só falou isso uma vez, e desde então nunca mais a ouvi falar, e muito menos em engravidar novamente.
[...]
Havia acabado de sair do banho; eu havia vestido uma roupa confortável, com o cabelo solto para secar naturalmente. Foi quando ouvi a voz da minha mãe no andar de baixo.
Saí do quarto e desci as escadas. No sofá, havia várias sacolas de lojas diferentes. Minha mãe estava mexendo em uma das sacolas.
- Pra que tanta coisa? - falo descendo as escadas quando minha mãe levanta a cabeça e arregala os olhos.
- Filha! - diz ela, sorrindo e correndo na minha direção. - Que surpresa! Você só viria na semana que vem...
- Eu quis vir logo, estava com saudades - falei, abraçando-a, que retribuiu o abraço fortemente.
- Eu também, meu amor; seu pai vai ficar louco quando souber que a nossa bebê está de volta - diz mamãe, me deixando tímida.
- Mãe, para. Eu já sou adulta - falo, amarrando meu cabelo, pois estava um pouco quente.
- Mesmo adulta, será nossa bebê. Agora vem, eu não estava esperando você mais comprar muitos vestidos; hoje iremos à festa de noivado do Arthur. Você ainda lembra dele, querida? - diz ela, pegando uma sacola com o nome de uma marca famosa e me entregando. - Quando vi esse vestido, achei a sua cara. Eu iria guardar até a semana que vem, mas como você está aqui, entrego agora.
- Obrigada, mamãe - falo, retirando um lindo vestido bem detalhado, preto e de renda. - Nossa, mãe... que lindo.
- E olha só - diz ela, me mostrando uma máscara preta. Ela tinha vários detalhes que deixariam o rosto à mostra, porém, ainda mantendo um certo mistério.
- Pra que essa máscara? - falo, pegando-a.
- A festa de noivado vai ser com tema de máscaras - diz minha mãe, pegando a dela, que seria branca.
- Um pouco... brega, pra não falar de mau gosto - falo, sorrindo.
- Bem, independente disso ou não, nós vamos, e você irá também. Vai ser divertido - diz ela, pegando suas várias sacolas e sorrindo. - A cabeleireira virá em algumas horas; ela irá fazer nosso cabelo, e a moça que vem com ela fará nossa maquiagem e unhas. Vamos arrasar. Quero só ver a cara da Angela ao me ver.
Angela é a mãe do Arthur. Por mais que nossas famílias fossem amigas, mamãe e tia Angela sempre de certa forma tentaram competir. E sério, elas competem por tudo mesmo.
- Vocês ainda continuam com isso? - falo, revirando os olhos.
- Claro que sim, querida. Acredita que semana passada ela disse que eu estava começando a ter marcas de expressão no rosto? No mesmo dia, marquei uma consulta com a minha dermatologista; agora estou maravilhosa - disse mamãe, balançando seus lindos cabelos negros.
Minha mãe realmente é muito bonita, porém, não vamos esquecer dos seus tratamentos estéticos. Mas seu corpo bem curvado, seus cabelos negros e compridos são perfeitos, sem falar dos seus lindos olhos verdes, que infelizmente não herdei. Tenho os cabelos da minha mãe e os olhos escuros do meu pai; de certa forma, não sou feia. Até que sou bonita, não nego que tenho uma ótima autoestima.
Luma Ferreira:
Já era noite; meus pais foram bem cedo para a festa de noivado do Arthur. Eu estava em frente ao espelho, me olhando enquanto esperava o carro de aplicativo que havia pedido.
Eu estava usando o vestido que minha mãe havia comprado para mim. O lindo vestido tinha um corpete ajustado com painéis transparentes e elementos estruturados, além de delicadas alças finas. A saia de tule cheia e fluída, com fendas altas, adicionava um toque dramático.
Me apaixonei pelo vestido assim que o vi, e combinou muito bem com a máscara. Os dois eram como um conjunto perfeito; enquanto o vestido, com seus detalhes transparentes, revelava partes do meu corpo, deixando um estilo mais sexy, a máscara me deixava misteriosa. Misteriosa e sexy: uma combinação fatal.
Ouço a notificação do meu celular avisando que o carro já estava em frente à minha casa me esperando. Peguei minha bolsa de mão, onde coloquei meu celular, e saí.
Eu estava animada para aquela noite. Minha primeira noite com meus pais depois de muitos anos, e eu estava certa de que aquela noite seria inesquecível.
[...]
Eu estava presa no trânsito; mesmo que o local da festa fosse apenas a alguns metros, eu queria chegar de carro. Mas parecia que aquilo não iria acontecer.
— Спасибо, digo... obrigada. Desculpe. Eu estava morando fora e ainda é difícil voltar ao meu idioma após tantos anos – falo um pouco envergonhada.
— Нет проблем. Я русский и приехал в Бразилию, я очень хорошо понимаю проблемы с языками (Não tem problema. Sou russo e vim para o Brasil, eu entendo muito bem os problemas com idiomas) — diz ele. — Desculpe por não conseguir deixá-la exatamente no local marcado.
— Não tem problema. Aqui está ótimo. Muito obrigada — falo para ele. Como eu já havia feito o pagamento, saí do carro, e no mesmo instante começaram a cair algumas gotas de chuva.
Corri pela calçada rapidamente; pelo menos tenho prática com saltos e posso correr perfeitamente sem cair. O semáforo estava fechado para os carros e, por sorte, consegui passar correndo.
Assim que parei de correr como uma doida pelo meio da rua e parei embaixo da fachada do local da festa, vejo apenas um homem entrar rapidamente por lá. Foi tão rápido que nem deu para ver quem era. Ele deve pensar que sou doida de verdade.
— дерьмо (merda) – falo, arrumando minhas roupas e tentando, na verdade, fazendo o impossível para deixar meu cabelo como antes.
Suspiro um pouco cansada e entro no local, mas me surpreendo ao ver que a festa seria no terraço. Ando em direção aos elevadores e um deles acabara de fechar.
Corro novamente e consigo colocar a mão entre as portas, fazendo-as parar de fechar. O homem que estava dentro olha para mim, e não dou a mínima. Apenas entro e fico de costas para ele.
Após apertar o botão do terraço, fico batendo o pé no chão, um pouco impaciente. Eu estava cansada, molhada e com fome. Espero pelo menos poder comer bastante nesta festa.
Ouço um pequeno ruído atrás de mim e olho para trás. O homem que, por sinal, era bem bonito, estava de terno preto e máscara também; ele mexia no celular como se não estivesse nem um pouco apressado.
Mas, de repente, ele olhou para mim, me pegando em flagrante observando-o.
Rapidamente olho para a frente, envergonhada. Porém, o meu constrangimento não dura muito, pois o elevador começa a fazer uns barulhos estranhos e logo tudo fica escuro.
Eu, como uma pessoa que morre de medo do escuro, de lugares apertados e de altura, presa em um elevador com todas essas características, só penso em uma coisa: me jogo no homem, tentando de alguma maneira me sentir segura.
Ele pode pensar o que quiser de mim, mas o que importa é que eu esteja segurando alguém para eu não me sentir sozinha. Odeio o escuro e estar com outra pessoa pode diminuir a minha fobia.
O homem segura minha cintura quando me jogo sobre ele; eu não queria saber de nada naquele momento. Porém, a cena era realmente inusitada. Eu, abraçada a um estranho, com meus braços em volta do seu pescoço enquanto o apertava forte. Acho que até estava deixando-o sufocado.
Alguns segundos depois, a luz de emergência acaba acendendo. Um pouco receosa, me afasto do homem que ainda segurava minha cintura fortemente. Nossos olhos se encontraram e acabei ficando sem fôlego devido aos seus olhos incrivelmente azuis. Ele também me olhava, olhando nos meus olhos. Nossos rostos cobertos, apenas nossos olhos à mostra. Aquele momento tenso e misterioso, mas ao mesmo tempo sexy, estava me deixando animada.
Ele me encarava, na verdade, encarava meus olhos. Mas o que ele estava vendo? Meus olhos tão comuns em comparação aos dele...
Sinto seu aperto na minha cintura e suspiro; logo me afasto.
— извините(desculpe) – falo e nem faço questão de corrigir. Me viro para a frente e fico em silêncio. Porém, sinto seu olhar queimando sobre minhas costas, mas em nenhum momento faço menção de virar ou olhar para trás.
Ainda bem que não demora muito e logo as luzes voltam, fazendo o elevador voltar a subir. Suspiro aliviada.
Chegando ao terraço, saio rapidamente daquele elevador e me misturo com as pessoas, na intenção de não ver mais aquele homem pelo resto da noite.
Enquanto ando desesperada pelo local espaçoso e com muitas mesas com comidas e bebidas, garçons andavam pelo local oferecendo alguns aperitivos. O tema da festa pode ser até brega, porém a decoração e o buffet estão de parabéns.
— Luma, minha filha! – ouço minha mãe me chamar e olho ao redor até vê-la ao lado de algumas amigas dela bebendo champanhe.
— Oi, mãe. Desculpe pela demora. Peguei um pequeno trânsito – falo, me aproximando dela. – Boa noite, estão lindas.
Elogio as amigas da minha mãe, que nem em outra vida seriam bonitas, mas não podemos falar o que pensamos.
— Sua filha é muito educada, Eduarda. Ela já é casada? – diz uma senhora branca de cabelos escuros, com certeza ela passa tinta naqueles cabelos para parecer mais jovem.
— Não. Ela acabou de voltar da Rússia. Estava estudando relações internacionais – diz minha mãe. – Sendo filha de quem é, lógico que ela iria gostar das mesmas coisas do pai dela.
Minha mãe fala enquanto se gaba para as amigas. Reviro os olhos e pego uma taça de champanhe quando um garçom passa, para me distrair e retirar aquele maldito homem que não sai dos meus pensamentos.
Arthur Almeida:
Os últimos dias foram uma correria. Tive que ir a uma prova de doces e bebidas para a festa com minha noiva, o que só me gerou estresse. Nada! Absolutamente nada estava bom para ela.
Meu casamento foi totalmente arranjado pelo meu pai e seu amigo de longa data. Eles acharam que, como eram amigos, além de prefeito e vice-prefeito, os filhos deles dariam um casal perfeito e maravilhoso. Que merda de conto de fadas era esse?
Porém, é tudo de fachada para demonstrar uma família perfeita e muito bem estruturada, mas que mentira. Tudo uma grande ilusão. Primeiramente, não gosto da minha noiva, brigo com meu pai diariamente e não suporto meu sogro.
A mãe da minha noiva é uma socialite famosa na internet que já até tentou me tocar, que nojo. Aquela família é totalmente desequilibrada. Vamos às verdades. Meu sogro tem um caso com a secretária, a esposa sabe e não faz nada porque vive à custa do seu dinheiro e fama, ja que antes deles se casarem ela tinha uma fama péssima. Já a minha noiva, Rebeca, é uma filhinha do papai. Tem tudo o que quer, na hora que quer, mas ela não sabe das traições do pai; ele se faz de bom samaritano, dando presentes e viagens luxuosas, tanto para a mulher quanto para a filha. É claro que a mídia o coloca em um pedestal e o faz ser um bom exemplo de homem e pai de família. Quando vejo isso, não aguento e sempre caio na gargalhada lendo todas as matérias e reportagens em sites de fofocas ou notícias.
E vamos à minha família, que também não é digna de tamanha fama. Minha mãe é advogada que aceita subornos de bandidos e meu pai, o prefeito, que é corrupto. O casal perfeito, ironia, não?
Eu nunca fui a favor disso! Sempre me mantive longe de tudo relacionado a eles e fiz minha própria fama, uma fama limpa. Sempre tive um QI muito alto e acabei desenvolvendo diversos aplicativos, vendi alguns por uma boa grana e abri minha própria loja de eletrônicos e aplicativos.
Porém, ser filho de político sempre vem com o fardo de que as pessoas acham que irei seguir os passos do meu pai. Que engano elas cometem ao pensar isso. Odeio política; porém, está no sangue, e de um jeito ou de outro, sempre vou estar envolvido nas atrocidades que as pessoas ao meu redor fazem. Inclusive, esse casamento que eu já não aguento mais.
Brigamos o caminho todo de volta para casa. Rebeca ainda falava que não gostava do que foi escolhido e que deveríamos ir a outros lugares procurar opções melhores. Eu estava farto daquilo.
Então, eu deixei ela na casa dos pais dela e segui para meu apartamento, tomei um banho e passei o dia me preparando para a longa e terrível noite que eu teria. Só de imaginar uma festa com máscaras me causa pavor. Deveríamos nem fazer festa e dizer em nossas redes sociais que foi apenas um momento íntimo entre nós. Mas não, minha sogra fez a cabeça da Rebeca, dizendo que deveríamos fazer uma festa. Claro que minha mãe foi uma das primeiras a dizer que seria perfeito. Mas foi aí que veio o pior: a maldita ideia de ter uma festa onde todos deveriam vir mascarados. Muito brega.
Mas, fazer o quê? Aqui estou eu, olhando para meu terno sobre minha cama, com a máscara ao lado e me perguntando se eu pulasse por essa janela e quebrasse alguns ossos, seria suficiente para acabar com essa palhaçada. Mas, sabendo como todos são, é capaz de me levarem de cadeira de rodas todo quebrado para essa festa sem nenhum atendimento médico.
Suspiro, droga.
[...]
Já era noivo e eu estava no meu carro parado em frente ao local da festa. Nenhuma, nenhuma sequer parte de mim queria descer daquele carro, porém a obrigação e o dever de cumprir com minha maldita palavra me forçaram a descer.
Assim que saí do carro, andei em direção à porta de entrada, porém parei e olhei ao redor. Quem eu estava querendo enganar? Eu estava procurando uma forma de fugir daquele local.
Foi quando eu vi ela...
Uma mulher morena, de beleza estonteante, corria pela calçada sob a suave chuva, e eu não pude deixar de ser cativado. Seus cabelos, soltos e ao vento, dançavam como se tivessem vida própria, enquanto seus trajes escuros moldavam sua silhueta de uma forma que era ao mesmo tempo sedutora e envolta em mistério, graças à máscara que adornava seu rosto.
Ela atravessava a faixa de pedestres com uma graça que parecia transcender a realidade, e a luz dos carros que passavam iluminava seu caminho, transformando cada gota de chuva em um espetáculo de estrelas. Era como se o mundo ao meu redor tivesse desaparecido e aquele momento se tornasse um show privado, criado apenas para mim.
Meus olhos estavam fixos nela, completamente embriagados pela sua presença mágica, enquanto a chuva caía como um manto de encantamento que a destacava ainda mais. Era uma visão tão deslumbrante que, por um breve instante, eu me senti como parte de um sonho do qual desejava nunca acordar.
Porém, o que é bom dura pouco e ela atravessou aquela faixa de pedestres. Ela parou embaixo da marquise do prédio enquanto falava algo baixinho e tentava arrumar seu cabelo. Naquele momento percebi que era hora de ir; entrei rapidamente e já andei em direção ao elevador.
Assim que entrei e apertei o botão que dava para o terraço, olhei para meu relógio de pulso checando as horas. Eu estava um pouco atrasado, mas ninguém se importava; naquele momento, o centro das atenções seria Rebeca. Eu iria passar o restante da noite bebendo ou comendo algo enquanto ela mostrava o maldito anel que minha mãe comprou e me fez dar para ela.
Saí dos meus pensamentos quando vi uma mão na porta, fazendo-a parar e abrir novamente. Era a mulher que vi correndo pela rua. Ela nem sequer me olhou direito, entrou apertando o botão do terraço enquanto ficava de costas para mim.
Olhei para ela, de cima a baixo. Seu cheiro passou por mim quando as portas se fecharam, e fechei meus olhos sentindo aquele doce aroma. Quem é ela? E o que ela está fazendo indo em direção à minha festa de noivado?
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