Capítulo Um

Seis anos antes

Dallas, Texas

Minha

A quantidade de roupas que estou experimentando se tornou equivalente à da maioria das clientes naqueles reality shows de vestidos de noiva. Estou com dificuldade para decidir qual vestido é o certo.

Hoje é meu aniversário de dezoito anos. As coisas precisam mudar para melhor, certo? Desde os meus quinze anos, eu não suportava essa barreira entre ele e Jake Hall.

E agora que isso não me atrapalha mais, sinto que posso fazer qualquer coisa, exceto escolher um vestido para comemorar meu aniversário.

"Droga", gemo, deitando-me na cama, derrotada. "Eu não vou. Não tenho nada para vestir."

Minha melhor amiga, Joselyn Andrews, me encara de um lado para o outro na cama. "É sua festa de aniversário. Você não pode deixar de comparecer."

Eu entendo o ponto de vista dela, mas ao mesmo tempo ela está se esquecendo de como meus pais funcionam.

Desvio o olhar do teto para o seu rosto bronzeado. "Vamos ser sinceros: esta festa não é minha, de qualquer forma."

É só mais uma desculpa para meus pais organizarem outra festa e mostrarem o quão incríveis são para seus amigos esnobes. É isso que eles fazem. Fizeram a mesma coisa em todos os meus outros aniversários, assim como nos dos meus irmãos mais velhos, Jonathan e Nathan. Da chegada dos convidados até a saída, o evento é sobre eles. A maioria das pessoas na lista de convidados eu nunca conheci na vida, e nem me importo em conhecê-las.

Minha melhor amiga, que conheço desde a segunda série, sabe muito bem disso. "Você não está errada. Mas isso não significa que você não possa personalizar. Olha, você não precisa se arrumar se não quiser. Podemos relaxar em nossos confortáveis, pegar uns lanchinhos na cozinha e assistir aos seus filmes favoritos."

Normalmente eu concordaria com isso, mas meus pais perceberiam. "Você sabe que eu não posso fazer isso. Eles diriam que estou prejudicando a família." Levanto-me da cama novamente e olho para ela através do reflexo no espelho de corpo inteiro. "Talvez mais tarde."

"Continuo mantendo minha declaração original." Jocelyn continua, me examinando de cima a baixo. "Esse vestido fica lindo em você e faz seus olhos se destacarem."

Olho com um olhar crítico para o vestido azul-petróleo de alças finas que termina logo abaixo dos meus joelhos. "Claro, mas será que ele grita 'Sou adulta'?"

Jocelyn revira os olhos. "Só porque o vestido não tem decote ou fenda não faz você parecer menos adulta. Use saltos e joias e veja como se sente."

Eu entendo o que ela quer dizer, mas tudo o que tenho não me dá o efeito "uau" que preciso para que ele me note.

Jake Hall tinha arruinado todos os outros caras para mim desde o momento em que o conheci. Eu tinha nove anos. E tudo o que ele precisava fazer era respirar e sorrir na minha direção. Eu nem percebi a onda de novas emoções chegando. Algo que eu nunca havia sentido antes na minha jovem vida naquela época. Quem sentiria? A maioria das garotas da minha idade não pensa em nada além de bonecas e brincadeiras de se fantasiar, muito menos em homens quase uma década mais velhos.

À medida que a amizade de Jonathan com Jake se fortalecia, minha paixão também crescia. Mas quanto mais velha eu ficava, mais me ressentia do medo de que Jake me visse apenas como a irmã mais nova.

Mesmo quando entrei no primeiro ano do ensino médio e todas as minhas amigas começaram a namorar garotos da nossa idade, ninguém parecia se comparar ao Jake. Claro, eu já tinha namorado um ou dois caras para manter as aparências e saciar a curiosidade ocasional, mas mesmo assim, ninguém se comparava.

Hoje é o dia em que não preciso mais guardar meus sentimentos por ele para sempre. Posso finalmente confessar o quanto gosto dele. Mas não com um vestido que esconde tudo o que quero mostrar.

“Preciso ficar mais sexy.”

Jocelyn inclina a cabeça para o lado. "Quão sexy estamos falando?"

"Estou pensando em algo sexy o suficiente para chamar a atenção de um cara, mas não sexy demais para fazer meus irmãos quererem clarear os olhos. Algo elegante no geral."

O silêncio se instala entre nós enquanto pensamos. Então, um pensamento me vem à cabeça. Um vestido vintage da minha mãe que eu tinha esquecido há muito tempo.

Viro-me para a minha melhor amiga. "Siga-me."

Saio correndo do meu quarto e desço as escadas escuras de madeira. Se havia um bom momento para assaltar o armário da minha mãe, era agora. Principalmente agora que ela decidiu "provar" todas as bebidas do bar aberto. E só Deus sabe para onde meu pai foi e com quem.

Quando Jocelyn e eu entramos correndo no quarto dos meus pais, paramos na soleira do closet "dele e dela". O closet do papai tem um interior masculino com madeira de mogno escuro por toda parte, enquanto o closet da mamãe confere elegância e elegância com sua estrutura de madeira off-white.

Entrar no closet dela é como entrar em uma butique de luxo. Tudo, das joias aos sapatos, é de todos os tipos de estilistas de alta costura. Uma grande ilha com bancada de granito fica no meio de tudo. A coleção de sapatos da minha mãe, exposta em prateleiras que vão até o teto, é grande o suficiente para abrigar um exército. Supondo que elas usem apenas saltos agulha YSL e chinelos Chanel.

Corro direto para as portas francesas no canto esquerdo do armário onde estão os vestidos dela. Só preciso vasculhar algumas delas antes de encontrar o que estou procurando.

"É isso!" Olho fixamente para a peça enquanto a tiro do cabide e me viro para encarar Jocelyn.

O vestido é tão lindo que acho difícil desviar o olhar. Mas, quando o faço, noto a expressão de admiração da minha melhor amiga.

“Onde esteve o armário da sua mãe durante toda a minha vida?”

Voltando meu olhar para Josie, mostro a ela o vestido preto sem alças com uma abertura logo abaixo do busto. Babados em cascata descem por toda a extensão da saia.

Seus olhos se arregalam. "É lindo." Ela faz uma pausa. "Sua mãe notaria que o vestido sumiu?"

Balanço a cabeça. "Ela tem tanta roupa aqui que nem vai notar."

Minha mãe está muito perdida para perceber que existem outras pessoas no mundo além dela. Apesar de ser minha mãe, sempre a considerei uma estranha.

A dinâmica na nossa família não é o que alguém chamaria de "normal". Alheia é a palavra que eu usaria. Sou tão próximo dos meus pais quanto alguém seria de um colega de quarto que eles toleram.

Sem perder tempo, Josie e eu corremos de volta para o meu quarto com o vestido na mão. Minha melhor amiga fecha a porta do meu quarto atrás de nós.

Tiro imediatamente o vestido que estou usando e visto o outro. Assim que a peça está no meu corpo, volto para o meu espelho de corpo inteiro. Já consigo imaginar. Estou caminhando na direção de Jake. Ele não consegue tirar os olhos de mim. Meu Deus, só de pensar nisso meu coração dispara. Mesmo que nada aconteça entre nós esta noite, tenho o verão inteiro e a faculdade comunitária para chamar a atenção dele.

Claro, me inscrevi em várias faculdades, mas a verdade é que não me importava onde me candidatasse. Estou decidido a ficar aqui pelo Jake.

Olho para minha melhor amiga através do reflexo. "Não consigo alcançar o zíper. Você pode fechar o zíper?"

"Te peguei, garota." Josie se move rapidamente atrás de mim, fechando o zíper da parte de trás. "Serve como uma luva."

Analisando o vestido, me apaixono instantaneamente pelo que vejo. O decote revela meus seios. O vestido marca minha cintura, realçando meus quadris e curvas.

"É perfeito", quase grito de empolgação. "Só me falta...?"

"Saltos pretos?", diz minha melhor amiga com um sorriso irônico enquanto me presenteia com meus elegantes saltos pretos favoritos.

Meia hora depois, depois de nos maquiarmos, arrumarmos o cabelo e ajudarmos Jocelyn a vestir seu vestido curto, ouvimos os convidados começando a chegar.

"Agora estou pronta", digo a ela, sentindo-me satisfeita e um pouco mais.

Pelos próximos vinte minutos, ficamos sentados na cozinha observando as pessoas. Como em todas as festas anteriores, todos se vestiram como se esta fosse um casamento real, com chapéus enormes e ridículos e tudo. Josie e eu achamos difícil não rir.

Somos pegos de surpresa quando ouvimos uma voz grave que conheço muito bem. "Então é aqui que a festa acontece."

Jonathan Knight, meu irmão mais velho, entra com uma garrafa de champanhe e uma sacola de presente.

Se ele está aqui, então Jake também está.

Tento não deixar que esse pensamento me consuma por completo, mas é inútil.

Forço um sorriso no rosto para esconder o nervosismo crescente e a frequência cardíaca acelerada. "Como sempre."

Nathan vem logo atrás dele. "Oi, maninha." Ele me abraça.

“Ei, você mesmo.”

Nathan me solta quando ouço a voz áspera, profunda e hipnótica que eu mais queria ouvir. "Ei, Mia."

Olho para o lado do ombro de Nate. No momento em que meu olhar o encontra, sinto meus sentidos aguçarem.

Ele tem que notar minha roupa, certo?

Assim como Jonathan e Nate, Jake está em traje casual de negócios. Sua camisa social azul-marinho valoriza sua pele bronzeada. Sua gola está aberta, revelando a parte superior de seu peito musculoso.

Caminho em sua direção. Meu coração dispara enquanto nos cumprimentamos. Sinto minhas bochechas corarem. Então nos abraçamos. É difícil não sentir o cheiro de colônia. Meu Deus, esse cheiro combinado com seu almíscar natural é divino. Por mais que eu adorasse sentir seu aroma a noite toda, e todas as noites seguintes, me forço a me afastar.

“Algo para a aniversariante”, ele diz, entregando-me um envelope rosa com meu nome escrito com sua letra.

Mesmo que ele já tenha me dado presentes de aniversário e de Natal antes, sempre fico animada para ganhar algo dele.

Eu gaguejo. "O-obrigada."

"Sempre", ele abre aquele sorriso encantador ao qual eu nunca consigo resistir. Aquele que me deixa tonta de alegria. E, como uma paixão de colegial, acho quase impossível conter uma risadinha.

A festa continua perto da meia-noite. Josie e eu, entre os convidados restantes, estamos socializando no amplo deck do pátio. Meu melhor amigo e eu estamos de um lado da piscina, enquanto Jake conversa com outro grupo de pessoas do outro.

A noite toda, tentei observar Jake à distância, na esperança de chamar sua atenção. Mas, ao fazer isso, percebi que meu planejamento só me levara até ali, além de me vestir para impressionar. Depois disso, como uma romântica tola e incurável, pensei que ele faria o resto e proclamaria que me queria como sua.

Eu sou um idiota.

"Você vai ficar olhando para ele a noite toda?" A voz de Jocelyn me tira dos meus pensamentos.

Eu me encolho. "É tão óbvio assim?"

"Por que você simplesmente não vai lá e diz a ele como se sente? Alguns caras gostam que uma garota seja direta."

Num mundo perfeito, claro. Mas eu não sou esse tipo de garota. "Você sabe que essa não sou eu."

"Eu sei. Mas às vezes precisamos fazer coisas fora da nossa zona de conforto para sermos notados ou conseguirmos o que queremos."

Dou de ombros. "O que posso dizer? Sou uma romântica à moda antiga e incurável que está apaixonada por um homem quase dez anos mais velho que ela."

"Se você realmente o quer, vá em frente. O mundo agora é seu."

“E se ele disser não…”

"Então pelo menos você tentou. E a perda é dele, não sua. Além disso, ele é só um cara, não um deus."

Balanço a cabeça. Durante anos, sonhei com o dia em que diria ao Jake que gosto dele. Mas agora que esse dia chegou, de repente me falta coragem.

“Não sei se consigo fazer isso.”

Ela faz uma pausa como se estivesse pensando. E então olha por cima do meu ombro. "Me dá um minuto." Caminhando até o bar, Josie pega duas taças do que parecem ser margaritas e me entrega uma delas.

“Para que servem estes?”

"Precisa de coragem? Beba." Em poucos goles, ela praticamente vira o copo.

Faço o mesmo. A bebida está forte quando engulo. Depois de terminar, olho para Jake. De repente, a ideia de confessar meus sentimentos não me parece mais tão assustadora.

Entrego meu copo, agora vazio, para Josie. "Volto já."

"Vai lá, menina!" Ouço Josie me incentivando enquanto começo a andar ao redor da piscina e vou para o outro lado. A nuca de Jake está à minha vista.

Estou a poucos metros de distância quando ouço ele e seu grupo de amigos rindo. Me sentindo constrangida, fico parada a uma boa distância deles, para que não me notem imediatamente. O que devo fazer? Não quero interrompê-los. Também não quero me envergonhar na frente dos outros. Talvez eu devesse pedir para falar com ele em particular. É, vai funcionar. Menos estressante, com certeza.

Uma das vozes masculinas me tira dos meus pensamentos. "E aí, Jake. Notei que a Mia está com uma cara bem... madura esta noite. Você está pensando em dar um toque nisso em breve?"

Que pergunta direta. Mesmo assim, aguardo ansiosamente uma resposta dele.

Jake balança a cabeça em deboche. "Não seja idiota, Caleb. Ela é irmã mais nova do Jonathan. Nada mais. Eu não penso nela assim."