Desde sua adolescência, Kya sonhava com ele...
A figura de um homem imponente, de olhos verdes como folhas sob a luz do sol, sempre aparecia em seus sonhos. Nos momentos de medo, ele estava lá para acalmá-la e lhe dar a esperança de que tudo ficaria bem. Nos pesadelos mais sombrios, ele surgia como uma chama viva, afastando qualquer ameaça com um sorriso confiante no rosto. Sua presença era um refúgio todas as noites quando colocava seu rosto no travesseiro e partia para o mundo completamente utópico. Contudo, ele era um mistério que Kya nunca conseguiu entender completamente.
Aos 26 anos, ela já havia se acostumado com aqueles sonhos. Ainda assim, toda vez que acordava, sentia um vazio, como se parte dela pertencesse a algo ou alguém que nunca havia encontrado no mundo real. Seu coração ansiava imensamente por um rosto que só existia em seu devaneio. Até que tudo mudou.
Naquela noite, o céu estava carregado de nuvens pesadas, anunciando que uma tempestade iminente se aproximava. Kya havia viajado até a capital no grandioso e extenso reino de Ephis para resolver alguns assuntos e, exausta, se refugiou na hospedaria de um pequeno vilarejo no caminho de volta. O lugar estava lotado de mercadores, viajantes e soldados a serviço do rei. Era um ambiente ruidoso, cheio de risadas altas e canecas de cerveja tilintando.
Sentada em um canto discreto, Kya observava tudo com atenção, já havia alimentado-se, mas decidiu ficar um pouco mais para apreciar da interação social dos que estavam a sua volta. Até que uma presença arrebatadora tomou conta do salão. O silêncio se espalhou lentamente conforme os passos firmes de um homem ecoavam pelo chão de madeira. Ele era alto, de postura nobre, muito alheio aos que se encontravam no local, com cabelos castanhos levemente desalinhados e olhos verdes intensos. Usava algumas peças de uma armadura negra com detalhes prateados, e uma capa vermelha caía de seus ombros largos. Em meio aos guardas que lhe rodeavam, o brasão do Ducado Cadman que estava bordado em seu peito, era inconfundível.
Seu coração parou por um instante.
Era ele.
Aquele que a protegia nos sonhos. O homem que, por tantos anos, parecia existir apenas dentro de sua mente.
Sem perceber, Kya ficou de pé, sem acreditar ainda na peça que seus olhos lhe pregavam. Sua visão encontrou o dele, e por um momento, o tempo pareceu congelar. Um reconhecimento mútuo preencheu o espaço entre os dois, como se suas almas se lembrassem uma da outra antes mesmo que suas mentes pudessem compreender.
Alexsander Cadman franziu levemente a testa, como se estivesse tentando entender por que aquela mulher lhe parecia tão familiar. Ele jamais vira Kya antes. Mas, ao encará-la, uma sensação estranha de pertencimento se espalhou por seu peito, como se algo perdido desde muito novo tivesse sido encontrado novamente.
O duque desviou o olhar rapidamente, lembrando-se do que viera fazer ali e caminhou até o balcão, onde o estalajadeiro o recebeu com uma reverência respeitosa. Todos ali sabiam quem ele era, sua imponência por si só, era única. Alexsander Cadman não era apenas um duque. Ele era a lâmina do rei, O Comandante, um grandioso estrategista que vencia batalhas impossíveis. Seu nome carregava temor e admiração mesmo tão jovem.
Mas Kya via algo além disso. Antes de saber que ele era o duque de quem todos sempre comentavam, pois nunca o tinha visto nem em imagem. Ela via o homem que, nos sonhos, sempre a protegera. E agora, ele estava ali, de carne e osso, tão próximo e ao mesmo tempo tão distante diante de sua classe social.
Seu coração batia descompassado quando decidiu se aproximar. Afinal, queria entender como e o porquê de tudo isso.
— Milorde… — sua voz saiu mais baixa do que gostaria, mas foi o suficiente para que Alexsander desviasse sua atenção para ela.
Os olhos verdes a analisaram, e naquele instante, algo brilhou neles. Um lampejo de reconhecimento, talvez? Ele inclinou ligeiramente a cabeça, intrigado.
— Nos conhecemos? — sua voz era profunda, firme, carregada de autoridade, mas sem hostilidade.
Kya umedeceu os lábios, tentando encontrar uma resposta lógica. Claro que não se conheciam. Ela não poderia simplesmente dizer que sonhava com ele desde a infância. Ele a tomaria por uma louca. Algo que ela mesmo já pensava de si mesma. Mas como explicar o que sentia? Como dizer que cada fibra de seu ser gritava que ele era parte dela de alguma forma?
— Eu… — começou, mas foi interrompida pelo som estridente da porta da taverna se abrindo com força.
Um outro grupo de soldados entrou, o brasão real estampado em seus mantos. Suas expressões eram tensas, e seus olhos buscavam Alexsander imediatamente. O líder do grupo avançou a passos largos.
— Sua Graça, o rei o chama com urgência. Há movimentações suspeitas na fronteira norte. — Sua voz era firme, mas carregava um leve temor. Falar com Alexsander Cadman nunca foi uma tarefa fácil.
O duque suspirou, passando a mão pelos cabelos. Seu semblante se tornou mais fechado, a aura de comando tomando conta de sua postura. Ele assentiu para o soldado e virou-se para Kya por um breve instante.
— Me desculpe, senhorita. Quem sabe, se nos encontrarmos novamente, espero ter tempo para essa conversa. — Sua voz soou quase gentil antes de se afastar.
Kya sentiu seu coração se apertar ao vê-lo sair. Algo dentro dela gritava que não poderia deixá-lo partir assim. Mas o que poderia fazer? Não tinha poder, nem influência. Era apenas uma mulher comum diante do homem que comandava exércitos e carregava o sangue de um dragão. Pelo menos era isso o que ouvira sobre o duque Cadman nos últimos tempos.
No entanto, uma certeza tomou conta dela.
Ela o veria novamente, sabia disso, no âmbito do seu ser. De alguma forma, os seus caminhos estavam destinados a se cruzarem mais uma vez.
Por isso, decidiu subir para o quarto, abriu a porta, dirigiu-se para a cama aconchegante e tentou descansar. Pois, a partir daquele dia, nada seria mais como antes.
O frio da manhã envolvia o pequeno vilarejo quando Kya despertou. Quem se aproximasse da janela naquele momento veria até a fina neblina que se formava nas primeiras horas do dia. O encontro da noite anterior ainda girava em sua mente como um sonho, mas a realidade era clara: ela havia visto Alexsander Cadman. E não era apenas uma ilusão de sua mente. Ele realmente existia.
Kya se espreguiçou lentamente, sentindo o cansaço do dia anterior pesar em seus músculos. A hospedaria onde dormira era simples, mas acolhedora, muito diferente das grandes casas nobres da capital. Havia tudo o que precisava no banheiro, e no quarto uma escrivaninha onde sua bolsa estava, além de ter dobrado ao lado as roupas que usaria neste dia. Kya nunca pertenceu à nobreza e nunca desejou esse título. Sua vida sempre fora pautada no trabalho e no esforço próprio. Criada por um pequeno mercador e sua esposa, aprendera desde cedo sobre o valor das pequenas conquistas.
Vestindo uma túnica simples de cor marrom e um manto surrado, Kya desceu as escadas de madeira rangente da hospedaria e se dirigiu ao salão principal, onde alguns viajantes já tomavam o desjejum. O cheiro de pão fresco e café amargo preencheu o ambiente, aquecendo um pouco o frio da manhã.
Diferente da noite anterior em que muitos se divertiam e preenchiam o local com altas risadas, neste instante todos estavam mais quietos, como se seus corpos ainda estivessem acordando. Em sua opinião, até seu próprio estado de espírito parecia com o de todos ali, pois adoraria tirar mais uns minutinhos para continuar dormindo.
Ela se sentou em um canto discreto, sua mente ainda perdida nos olhos verdes que a haviam despontado por anos. Quem era Alexsander, além do temido Duque de Cadman? Ele sentiu algo ao olhá-la ou fora apenas impressão dela? Seu coração teimava em acreditar que havia algo maior entre eles, algo que nem mesmo o destino ousaria negar. Mas todas essas perguntas não seriam respondidas somente através de suposições de sua imaginação fértil. Queria poder averiguar tudo isso, entretanto, sem que ele lhe achasse uma pessoa transtornada.
— Você está pensativa demais para alguém que acabou de acordar. — A voz rouca de um velho a trouxe de volta à realidade.
Ela ergueu os olhos e encontrou o estalajadeiro, um homem de cabelos grisalhos e um sorriso sagaz. O senhor Terrence era um conhecido antigo de seus pais, por isso não lhe cobrou tanto quanto era o valor original para passar a noite ali. Seus olhos pretos brilhavam como se estivesse lendo todos os pensamentos de quem quer que conversasse com ele.
— Apenas reflexões matinais. — Kya respondeu com um meio sorriso.
O homem riu, servindo-lhe uma tigela de mingau e uma fatia generosa de pão. Ela aproveitou e ao receber uma das xícaras de café fresco, tomou de um copioso gole quase queimando sua língua por não ter esfriado adequadamente.
— Reflexões sobre um certo duque de olhos verdes? — Ele arqueou a sobrancelha ao notar o olhar surpreso de Kya.
— Do que está falando? Eu não…
— Vi como o encarava ontem à noite. — Ele continuou a falar. — Não é todo dia que uma jovem olha para Alexsander Cadman como se ele fosse um homem e não uma lenda viva.
Kya corou levemente, desviando o olhar para uma mesa com um casal ao longe.
— Eu… só fiquei surpresa. Nunca o tinha visto antes. Só conheci quem era, pelo seu brasão e por parecer um nobre.
— Nem precisava. Ele é a história viva deste reino. Há anos defende estas terras com sua astúcia e o poder de seu fogo. — O estalajadeiro abaixou a voz, olhando ao redor como se estivesse prestes a revelar um segredo. Kya aproximou seu rosto para ouvir. — Mas há quem diga que ele não é apenas um guerreiro. Há quem diga que o sangue de um dragão corre por suas veias e por isso, muitos o temem como se estivessem diante de um monstro.
O coração de Kya acelerou. Ela conhecia as lendas sobre descendentes de dragões, mas nunca imaginou que Alexsander fosse um deles. Afinal, não era algo tão mencionado entre os plebeus, somente os nobres que conheciam bem mais das histórias deste reino e do mundo.
— O que você quer dizer? — sussurrou.
— O fogo vive nele, menina. — Terrence estreitou os olhos, com uma certa seriedade em seu rosto. — Mas o fogo pode proteger tanto quanto destruir, depende de quem a está usando.
Aquelas palavras ecoaram dentro dela. Kya não sabia por que, mas sentiu um calafrio percorrendo toda sua espinha. Ela sempre confiou no homem de seus sonhos, mas… e se ele fosse um perigo para o reino? Para ela? Se os sonhos que teve ao longo do tempo fosse realmente um aviso de ameaça, mesmo que não parecesse?
Sacudindo a cabeça, afastou esses pensamentos. A única certeza que tinha era que precisava vê-lo novamente. Necessitava entender por que o destino os havia colocado frente a frente.
E com essa certeza, Kya terminou seu desjejum ao lado de Terrence. Com toda sua idade, tinha muito o que falar sobre as experiências que teve ao longo dos anos e também contou sobre as vezes em que o duque havia feito passagem por aquele ambiente. O tempo passou-se depressa, por isso pagou a sua estadia e saiu para a rua de paralelepípedos.
O vilarejo estava acordando, comerciantes abrindo suas barracas e crianças correndo entre os becos. A simplicidade daquela vida era o que a fazia se sentir em casa. Mas, pela primeira vez, sentiu que talvez seu lugar estivesse em outro caminho. Seu destino já estava traçado. Ela só precisava descobri-lo.
Enquanto caminhava pela rua principal, seus olhos pousaram em um pergaminho preso a uma das colunas de madeira ao lado de uma banca de frutas. O selo real brilhava sob a luz do sol, e a caligrafia elegante anunciava um evento especial: um grande festival no castelo do rei, aberto para toda a população. Haveria música, danças, jogos e um banquete farto, uma celebração rara que reuniria pessoas de todos os cantos do reino.
Kya nunca tivera motivos para se aproximar do castelo antes, mas algo dentro dela despertou. Se aquele convite era aberto a todos, então nada a impedia de ir. Foi o que pensou, decidindo então ir atrás de algo para vestir com o dinheiro que ganhou através de seu trabalho.
Com a escolha de um belo vestido para ir, a um precinho bem acessível, Kya terminou de realizar as entregas que precisava fazer naquele dia e adiantou-se a chegar em um estabelecimento o mais próximo do castelo que ficava ao norte. Dava pra ver a empolgação de todos com a notícia do festival.
Quando Kya chegou aos portões do grande pátio do castelo, sentiu um pouco de frio, mas nada que fosse lhe atrapalhar. Poderia até ser nervosismo e as expectativas gritando que aquela noite seria especial. As tochas iluminavam a entrada com uma luz radiante, refletindo-se nas armaduras dos guardas que mantinham a ordem. Nunca imaginaria que um dia pisaria em um evento em que a nobreza estivesse também no mesmo recinto. Apesar que, havia uma espécie de área vip, que os separava de toda a população, lhes deixando próximos da família real que cumprimentava os marqueses, condes, viscondes e barões que chegavam. Até a multidão se afastava para deixá-los atravessar o local tranquilamente.
Em seu traje simples, mas elegante, num azul profundo como o céu noturno, e com os cabelos curtos que estavam presos de forma delicada, contendo pequenos fios soltos que emolduravam seu rosto. Kya que mesmo sem joias e adornos típicos das damas nobres, tinha uma presença que era bem marcante entre a população que se já se divertia por ali.
O festival tinha um som animado dos músicos que ecoavam pelo pátio, e dançarinos giravam ao ritmo das canções. Muitas barracas de comidas típicas estavam espalhadas pelo lugar, oferecendo iguarias de todas as partes do reino, desde milho assado na brasa até refeições mais elaboradas. O aroma de carnes assadas e especiarias se misturava ao ar gelado da noite, criando uma atmosfera amplamente acolhedora.
No centro do pátio, acrobatas exibiam suas habilidades com piruetas e saltos impressionantes, arrancando aplausos entusiasmados da multidão. Seus trajes vibrantes refletiam o brilho das tochas, e a destreza com que desafiavam a gravidade deixava todos maravilhados. Perto dali, crianças gargalhavam ao redor de um contador de histórias que, com gestos teatrais e uma voz profunda e envolvente, narrava antigas lendas do reino — histórias de dragões, cavaleiros e amores impossíveis que despertavam o fascínio até mesmo dos adultos que se aproximavam para ouvir. O brilho das fogueiras e lanternas mágicas flutuantes criava um espetáculo de luzes pelo ambiente, fazendo com que sombras dançassem nas paredes do castelo e conferindo ao festival um ar quase etéreo, como se aquela noite pertencesse a um tempo fora da realidade, onde tudo parecia possível.
Mas nada disso prendeu sua atenção tanto quanto a figura imponente que se destacava perto de uma das escadarias principais do palácio entre os importantes figurões que conversavam com ele.
Alexsander Cadman.
Vestia um traje escuro, com detalhes prateados que realçavam sua postura de líder e um broche também prata da casa Cadman na lateral esquerda de sua indumentária. A capa vermelha caía sobre seus ombros como um manto de autoridade, e sua expressão permanecia impassível, como se nada ao redor o afetasse. Os olhos verdes percorriam o ambiente com atenção calculada, como um predador observando sua presa, analisando cada detalhe, cada pessoa ao seu redor. Havia algo nele que fazia as pessoas terem profundo respeito e cautela.
Ele não parecia alguém que se divertia em festivais. Seu corpo permanecia rígido, como se a mera ideia de relaxar naquele ambiente fosse um desperdício de tempo. Estava ali por obrigação, como representante do ducado Cadman, e seu semblante transmitia exatamente isso, por mais que tentassem conversar variados assuntos. No entanto, mesmo com toda a sua aura de seriedade e poder contido, ele era impossível de ignorar quando vinham ao seu encontro.
Kya sentiu seu coração acelerar, um misto de ansiedade e emoção crescendo em seu peito. A lembrança do último encontro ainda era vívida em sua mente, como uma brasa que nunca se apagou. Ele a havia olhado com curiosidade naquela vez, mas será que a reconheceria agora? Será que lembraria da mulher que tanto o admirava, mesmo sem compreender o motivo desse fascínio?
Seus dedos apertaram levemente o tecido de seu vestido, e por um instante, ela hesitou. Mas uma certeza crescia dentro dela, era aquele homem que vinha lhe acalmando e lhe protegendo em seus sonhos.
Decidindo que não poderia simplesmente ficar parada, ela avançou pelo pátio, tentando se aproximar ao máximo da faixa e guardas que separavam as classes, desviando-se das pessoas que riam e conversavam. Seus olhos permaneceram fixos nele, e quando finalmente ficou a poucos passos de distância da entrada com os guardas em prontidão para caso algum penetra entrasse, Alexsander ergueu o olhar da conversa que tinha e a viu.
O tempo pareceu parar.
Os olhos verdes se estreitaram ligeiramente, como se tentasse recordar de onde a conhecia. Então, uma expressão quase imperceptível de surpresa cruzou seu rosto. Kya sentiu a respiração falhar. Logo, o duque finaliza sua conversa e se aproxima de onde ela está.
— Senhor? — Um dos guardas tenta falar algo. Porém ele faz um sinal para que a deixe entrar no ambiente. E assim, Kya consegue entrar no espaço onde os nobres localizam-se.
— Nos encontramos novamente — disse ela, tentando manter a compostura diante dele.
Alexsander inclinou levemente a cabeça, um meio sorriso surgindo no canto de seus lábios.
— Parece que sim. — Sua voz era baixa, mas carregada de interesse.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, um dos mestres de cerimônia do festival subiu em um ponto alto da escadaria e anunciou o início das danças. Casais começaram a se formar, girando ao som dos tambores e alaúdes, e, para sua surpresa, o duque Cadman estendeu a mão para ela.
— Aceitaria esta dança? — perguntou, seus olhos mantendo os dela presos como se fossem ímãs.
Kya hesitou por um instante. Não pertencia àquele mundo. Mas, ao olhar para Alexsander, sentiu que talvez, só naquela noite, pudesse ser parte dele.
Ela aceitou sua mão, e quando os dedos se tocaram, uma onda de calor percorreu seu corpo. Não era apenas o toque de um homem comum. Era o toque de alguém que, de alguma forma, sempre esteve ligado a ela. O que chamou a atenção de muitos que dançavam sob as luzes douradas do festival, era que pela primeira vez o duque dançava com alguém. Ele até então não aceitava o convite de nenhuma moça para tal ato, e com Kya, sem hesitar, mostrou-se disposto a fazer isso.
Quando a música terminou, Alexsander ainda segurava sua mão, os olhos fixos nela com um misto de curiosidade e algo mais profundo, indizível. A atmosfera ao redor estava carregada de murmúrios. Muitos olhavam para eles com grande surpresa. Começaram a se questionar por quê um duque dançava com uma mulher do povo, por ser algo incomum.
— Você dança bem. — ele comentou, a voz baixa e levemente rouca.
Kya sorriu, tentando conter o rubor nas bochechas.
— Acho que é o encanto da música. Ou talvez da companhia.
Ele arqueou a sobrancelha, mas não respondeu. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, um grupo de artistas soltou fogos de artifício, colorindo o céu com faíscas douradas. O espetáculo fez com que Kya olhasse para cima, maravilhada. Alexsander, no entanto, continuou olhando para ela.
— Me acompanhe. — disse ele, subitamente.
— Para onde? — perguntou, confusa.
Ele não respondeu imediatamente, apenas a guiou para um canto mais afastado do festival, onde a multidão não era tão densa. Seu olhar se tornou mais sério.
— Precisamos conversar. Há algo que preciso entender sobre você.
O coração de Kya disparou. Mas decidiu segui-lo, para que assim suas dúvidas também fossem sanadas.
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