Orfanato de Salcombe City – 26 Anos Atrás
Duas meninas choravam desesperadamente, sentadas no chão de madeira gasta, enquanto seguravam as mãos uma da outra. Lágrimas silenciosas escorriam de seus rostos idênticos, iluminados apenas por um feixe de luz que entrava pela fresta da janela suja. O quarto era frio e escuro, com paredes descascadas e um cheiro mofado que impregnava o ar. Liana e Camille, gêmeas inseparáveis, haviam passado um ano naquele lugar, esperando por uma família que as levasse para casa. Mas a notícia que receberam na semana anterior não era o que esperavam.
— Eu não quero me separar de você — Liana sussurrou, apertando a mão de Camille com força. Seus dedos pequenos tremiam, e ela sentia um nó apertado na garganta. O coração batia tão forte que parecia querer sair do peito.
Camille olhou para a irmã, seus olhos verdes brilhando com lágrimas. — Eu também não — ela respondeu, sua voz trêmula como uma folha ao vento. — Promete que vamos nos encontrar de novo?
Liana engoliu o choro e olhou nos olhos da irmã, aqueles olhos que eram um reflexo dos seus. — Prometo — ela disse, com uma determinação que não combinava com seus seis anos de idade. — Não importa o que aconteça, você sempre será minha irmã.
Mas as palavras não foram suficientes para acalmar o coração das duas. Elas haviam tentado escapar na noite anterior, rastejando pelos corredores escuros do orfanato, mas foram pegas pelos cuidadores. Como castigo, foram trancadas naquele quarto frio, onde agora aguardavam o momento que mais temiam: a separação.
A porta se abriu de repente, e um feixe de luz invadiu o quarto, cegando-as por um instante. Dois homens imponentes, vestidos com ternos escuros, entraram e as separaram com facilidade, apesar dos gritos e das mãos que se esticavam desesperadamente para se tocar uma última vez.
— Liana! — Camille gritou, estendendo a mão, seus dedos quase tocando os da irmã.
— Camille! — Liana chorou, tentando se soltar do braço do homem que a segurava. — Não me deixe!
Mas as portas do orfanato se fecharam, e as irmãs foram levadas para mundos completamente diferentes.
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Infância – 3 Anos Depois
Camille cresceu em Caldwell, uma cidade linda e cheia de vida, cercada por luxo, mas também por solidão. Susan e Estevan Montgomery adotaram Camille para fazer companhia à filha deles, Helena, uma menina de 4 anos que desenvolveu leucemia nos primeiros anos de vida. Movidos pela tristeza, pois Susan não podia ter mais filhos, decidiram dar a Helena uma irmã. Camille era, para eles, como um presente que poderia ser comprado em qualquer loja. No início, a trataram como uma princesa e prometeram que não fariam distinção entre as duas. Mas tudo mudou quando Helena se curou da doença. Camille foi relegada a um segundo plano, como uma sombra na família, mantida à distância como um estorvo. Enquanto Helena recebia todo o amor e atenção, Camille era ignorada, tratada como uma intrusa em sua própria casa.
Ela se refugiava na música, tocando piano por horas a fio no salão vazio da mansão. As notas melancólicas ecoavam pelas paredes frias, como se fossem o único conforto em sua vida. Camille sonhava com o dia em que reencontraria Liana, a irmã que lhe prometera que nunca a abandonaria. Mas os Montgomery cortaram qualquer contato entre as duas, temendo que o segredo da adoção de Camille viesse à tona.
Enquanto isso, Liana cresceu em Brandcity, uma cidade no exterior, em um ambiente acolhedor e cheio de amor. Seus pais adotivos, Diana e Orlando Jackson, a mimavam e a encorajavam a seguir seus sonhos. Liana descobriu sua paixão pela pintura e fotografia, viajando de cidade em cidade, conhecendo culturas e lugares extraordinários. Ela sempre tentou encontrar Camille, mas os Montgomery apagaram qualquer evidência sobre eles, deixando-a no escuro sobre o paradeiro da irmã. Apesar disso, Liana nunca desistiu. Ela mantinha um diário cheio de esboços e lembranças de Camille, como se, de alguma forma, isso a aproximasse da irmã perdida.
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O Casamento Forçado – 24 Anos Atrás
Aos 24 anos, Camille foi obrigada a se casar com Artur Sherman, um homem rico e influente em Caldwell, para salvar a fortuna dos Montgomery.
Artur havia se apaixonado perdidamente pela doce e melancólica Camille após conhecê-la em uma das festas da alta sociedade. Ele a cortejou com flores, jantares românticos e promessas de um futuro brilhante. Mas Camille nunca o amou. Para ela, Artur era apenas mais uma pessoa que a veria como descartável, assim como os Montgomery. Ela não acreditava que alguém pudesse amá-la de verdade, ou que era digna de receber amor, e os Montgomery sempre a castigavam toda vez que Artur a procurava, porque eles sempre planejaram que Helena se casasse com ele. No entanto, após a morte do pai de Artur, as investidas de Helena fracassaram, e os Montgomery viram em Camille uma tábua de salvação para sua ruína financeira.
A ideia do casamento foi apresentada a ela como uma "oportunidade", mas Camille sabia que era apenas mais uma forma de controle. Dessa vez, porém, ela não estava disposta a ceder.
Eu não vou me casar com ele — Camille disse, pela primeira vez erguendo a voz contra Susan e Estevan Montgomery. Suas mãos tremiam, mas sua voz era firme. — Não sou uma mercadoria que vocês podem vender ao melhor lance.
Susan Montgomery, sentada em sua poltrona de veludo vermelho, ergueu uma sobrancelha, surpresa com a rebeldia da filha adotiva. — Camille, você não entende a gravidade da situação. A família está à beira da ruína. Esse casamento é a única maneira de salvarmos o que resta do nosso patrimônio.
— E por que eu deveria me sacrificar por isso? — Camille respondeu, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de raiva e dor. — Vocês nunca me trataram como parte dessa família. Agora, de repente, eu sou útil?
Estevan Montgomery, que até então permanecera em silêncio, deu um passo à frente. — Você viveu às nossas custas todos esses anos, Camille. Você deve isso a nós.
Camille sentiu um nó se formar em sua garganta. As palavras de Estevan doíam mais do que ela gostaria de admitir. Ela olhou para Helena, que estava sentada no canto da sala, observando a cena com um olhar inexpressivo. Para sua surpresa, foi Helena quem falou:
— Ela tem razão — Helena disse, sua voz suave, mas firme. — Vocês sempre a trataram como uma estranha. Agora querem que ela salve a família? Isso é injusto.
Susan e Estevan trocaram olhares surpresos. Nunca esperaram que Helena, a filha biológica, defendesse Camille. Mas a verdade era que Helena amava Artur e não suportava a ideia de ver Camille casando com ele. Desde crianças, Helena sempre tomou tudo de Camille, e Artur não seria uma exceção.
— Helena, isso não é da sua conta — Susan disse, com um tom cortante.
— É da minha conta sim — Helena respondeu, levantando-se. — Se vocês querem que alguém se case com Artur, que seja eu. Ele é meu por direito, vocês sempre planejaram isso para mim, não vou deixar que Camille o tome de mim.
Camille olhou para Helena, surpresa. Por um momento, ela achou que Helena a defenderia. Mas percebeu que Helena nunca aceitou que todos só quisessem estar com Camille, o que fez Helena nutrir raiva e ódio por ela.
— Artur não quer você, Helena... Nós tentamos por anos e não deu certo, essa é a única maneira de salvarmos nossa família agora — Susan disse, sem rodeios. — Ele quer Camille. E nós precisamos que esse casamento aconteça.
Camille sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Ela sabia que, no fundo, não havia escapatória. Os Montgomery sempre conseguiam o que queriam, não importasse o custo.
Brandcity – A Vida de Liana
Liana Jackson, agora com 26 anos, vivia uma vida aparentemente perfeita em Brandcity. Com 1,70m de altura, cabelos castanhos longos e ondulados que caíam sobre seus ombros, e olhos verdes intensos que refletiam uma mistura de determinação e melancolia, ela era a imagem viva de sua irmã gêmea, Camille. Liana trabalhava em uma fundação beneficente que ajudava crianças carentes, um projeto que herdara dos pais adotivos, Diana e Orlando Jackson, ambos ricos e influentes na cidade. Diana, uma mulher elegante de 55 anos, com cabelos grisalhos sempre impecáveis, e Orlando, um homem alto e de aparência serena, de 60 anos, eram o porto seguro de Liana.
Naquele dia, Liana estava em seu escritório na fundação, cercada por fotos de suas viagens ao redor do mundo. As paredes eram adornadas com imagens de crianças sorridentes em países distantes, mas seu olhar sempre se fixava em uma foto antiga, desbotada pelo tempo, onde ela e Camille, ainda pequenas, sorriam abraçadas no orfanato. Era a única lembrança física que ela tinha da irmã. Naquela época os Jackson perceberam o erro que cometeram e sempre apoiaram Liana na tentativa de encontrar Camille.
— Liana, você precisa parar de se cobrar tanto — disse Rodolfo, seu amigo de infância, entrando no escritório sem bater. Ele era um homem de 28 anos, com cabelos curtos e escuros, olhos castanhos quentes e um sorriso fácil que sempre acalmava Liana. Usava um terno impecável, mas seu jeito descontraído denunciava que ele não levava a vida tão a sério quanto parecia.
— Rodolfo, você sabe que não posso parar — respondeu Liana, fechando o laptop com um suspiro. — Ainda há tantas crianças que precisam de ajuda... e eu ainda não encontrei Camille, eu fiz uma promessa para ela, e hoje particularmente penso nela.
Rodolfo se aproximou, colocando uma mão no ombro dela. — Seus pais me ofereceram a gerência do hospital deles em Caldwell. Vou me mudar para lá na próxima semana. — Ele fez uma pausa, olhando para ela com preocupação. — Mas antes de ir, preciso que você prometa que vai cuidar de si mesma. Você acabou de voltar daquela viagem exaustiva para o Sudeste Asiático. Não pode continuar assim.
Liana sorriu, mas seu olhar estava distante. — Eu prometo, Rodolfo. Não se preocupe comigo.
— Eu me preocupo sim — ele respondeu, com um tom mais sério. — E se eu descobrir que você está se sobrecarregando de novo, vou voltar só para te dar uma bronca.
Nesse momento, Scott, primo de Liana, entrou no escritório. Com 30 anos, Scott era alto, de cabelos loiros e olhos azuis claros que contrastavam com seu jeito despojado. Ele usava uma camisa social aberta no colarinho e calças jeans, e carregava uma pasta cheia de documentos.
— Rodolfo, deixa de ser mãezona — disse Scott, com um sorriso irônico. — Eu cuido dela. Sempre cuidei.
Rodolfo revirou os olhos, mas não discutiu. Sabia que Scott, apesar de brincalhão, era tão protetor com Liana quanto ele.
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Caldwell – A Vida de Camille e Artur
Enquanto isso, em Caldwell, Camille Sherman, agora com 26 anos, vivia uma vida que parecia saída de um conto de fadas sombrio. Casada com Artur Sherman, um homem de 32 anos, alto, de cabelos castanhos escuros e olhos cinzentos que pareciam esconder segredos profundos, Camille estava presa em um casamento que nunca desejou. Artur era rico, poderoso e influente, mas sua frieza e distância emocional faziam Camille se sentir cada vez mais isolada.
Naquela tarde, Camille estava na sala de estar da mansão dos Sherman, servindo chá, enquanto Mirna Sherman, a tia de Artur, a observava com um olhar de desdém. Mirna, uma mulher de 60 anos, com cabelos prateados presos em um coque rígido e olhos azuis gelados, era a personificação da elegância cruel.
Sem querer Camille derrama o chá em Mirna, que se levanta gritando.
— Você não faz nada direito, Camille — disse Mirna, com um tom cortante. — Nem mesmo para servir o chá você presta.
Camille baixou os olhos, segurando as mãos no para esconder o tremor. Ela estava acostumada às críticas de Mirna, mas aquela tarde parecia especialmente difícil.
Artur entrou na sala, vestindo um terno escuro que destacava sua postura imponente. Ele olhou para Camille, mas seu rosto não expressou nenhuma emoção.
— O que aconteceu agora? — perguntou Artur, dirigindo-se a Mirna.
— Sua esposa, ela... Ela me queimou de forma prepositada enquanto servia o chá — respondeu Mirna, se fazendo de vítima.
Artur suspirou, olhando para Camille. — Se não querias servir a minha tia, bastava teres orientado que outra pessoa a servisse. Eu já disse antes que não toleraria esse tipo de coisas novamente.
Camille sentiu uma onda de raiva e dor subir em seu peito. Ela se levantou, olhando diretamente para Artur.
— Como se eu tivesse alguma escolha... — Camille falou debochando de si mesma e com lágrimas nos olhos — Em toda a minha vida, nunca fui amada — disse ela, sua voz trêmula, mas cheia de convicção. — Todos fazem promessas que não cumprem. Você prometeu que cuidaria de mim, Artur, mas foi tão falso quanto os outros. Desde que cheguei nesta casa, minha vida só tem sido mais amarga do que quando vivia com os Montgomery, essa mulher que você chama de tia, o filho dela me maltratam e desdenham de mim a todo momento, eu não tenho voz na casa que devia ser minha. Mas agora... Eu escolho ser livre pela primeira vez.
Artur ficou em silêncio, surpreso com a explosão de Camille. Antes que ele pudesse responder, Camille pegou as chaves do carro de Artur, um Aston Martin DB11 preto, e saiu da mansão sem olhar para trás.
Artur, perplexo, pegou as chaves de seu outro carro, um Porsche 911 Carrera branco, e seguiu Camille. Ele não sabia para onde ela estava indo, mas sabia que não podia deixá-la ir sozinha, ele lembrou em sua mente que ela contou que seus pais só amavam Helena e nesses 2 anos de casados ele não se esforçou por ela em nenhum momento.
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O Acidente
Camille dirigia pela estrada escura, suas mãos tremendo no volante. A noite estava fria, e a névoa começava a se formar, reduzindo a visibilidade. Ela não sabia para onde estava indo, só queria fugir daquela vida que a sufocava, enquanto na sua mente vinham flashes de sua vida e de tudo que viveu até aquele momento.
De repente, os freios do carro falharam. Camille pisou no pedal repetidamente, mas o carro não diminuía a velocidade. Seus olhos se arregalaram de terror quando viu uma curva fechada à frente.
— Não, não, não! — ela gritou, tentando controlar o veículo.
O carro derrapou, batendo no guard-rail com um estrondo ensurdecedor. O vidro estilhaçou, e Camille foi arremessada para frente, sua cabeça batendo no volante. Tudo ficou escuro.
Artur chegou ao local minutos depois, seu coração batendo acelerado. Ele viu o carro destruído, a porta aberta, e Camille inconsciente no banco do motorista. Ele correu até ela, chamando seu nome, mas ela não respondia.
— Camille! — ele gritou, segurando sua mão gelada. — Por favor, acorde!
Uma ambulância chegou rapidamente, e os paramédicos colocaram Camille em uma maca. Artur seguiu o veículo até o hospital, seu rosto pálido e cheio de culpa.
No hospital, um médico de 50 anos, com cabelos grisalhos e óculos de aro fino, se aproximou de Artur.
— Sr. Sherman, sua esposa está em estado de coma — disse o médico, com um tom grave. — Não sabemos quando ou se ela vai acordar.
Artur sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Ele olhou para Camille, deitada na cama do hospital, conectada a máquinas que mantinham sua vida. Promessas quebradas e segredos enterrados agora pesavam sobre ele, enquanto a vida de Camille pendia por um fio.
Caldwell – 6 Meses Depois
A noite em Caldwell era fria, e o bar Oásis, um dos lugares mais frequentados pela alta sociedade da cidade, estava cheio. Rodolfo estava sentado no balcão, tomando um uísque enquanto observava o movimento. Ele ainda estava se adaptando à cidade, mas já sentia o peso dos segredos que pareciam pairar sobre cada esquina.
Foi então que uma mulher totalmente embriagada esbarrou nele no balcão. Helena Montgomery. Ela estava completamente bêbada, com o cabelo loiro desalinhado e a maquiagem borrada. Seus olhos azuis estavam vermelhos de tanto chorar, e ela segurava um copo de vodka como se fosse sua única âncora. Rodolfo não conseguia desviar o olhar. Algo naquela mulher chamou sua atenção.
— Você está bem? — tentando entender o porquê de uma mulher tão bonita estar naquele estado.
Helena olhou para ele, seus lábios tremendo. — Ninguém está bem — ela respondeu, com uma risada amarga. — Você sabe como é ser rejeitado por alguém que você ama? Alguém que deveria ser seu?
Rodolfo sentou-se mais próximo dela, ouvindo em silêncio enquanto Helena desabafava. Ela contou como, nos últimos seis meses, tentou se aproximar de Artur Sherman, mas ele sempre a rejeitou. Naquela noite, ela soube que Artur teria uma reunião de trabalho e decidiu aparecer, esperando impressioná-lo. Mas, em vez disso, foi humilhada publicamente.
— Ele sempre preferiu ela — Helena disse, sua voz cheia de ódio. — Camille. Minha irmã. Ela roubou tudo de mim. Meus pais nunca a amaram, mas mesmo assim ela conseguiu roubar o único homem que eu queria.
Rodolfo ficou intrigado. — Camille? Sua irmã?
Helena riu, mas era um som vazio. — Sim, minha irmã.
Helena continuou, falando sobre as maldades que os Montgomery fizeram com Camille. Como a tratavam como uma intrusa, como a ignoravam em favor de Helena, e como a forçaram a se casar com Artur para salvar a família da ruína financeira. Rodolfo ouviu tudo em silêncio, sentindo uma mistura de raiva e compaixão por Camille.
— A pobre coitada que nunca foi amada por ninguém. Nem pelos pais, nem por Artur. Ela só serviu para salvar a fortuna dos Montgomery. E no final, ela teve o que mereceu...
Antes que Helena pudesse continuar, um homem alto e de olhos cinzentos apareceu ao lado de Helena. Era Lorenzo Sherman, primo de Artur. Ele colocou uma mão no ombro de Helena, com um sorriso falso.
— Vamos, Helena. Você já bebeu de mais — disse Lorenzo, olhando para Rodolfo com desconfiança. — Eu vou cuidar dela.
Rodolfo observou Lorenzo levar Helena embora, sentindo que havia algo mais naquela história. Ele não sabia quem era Camille, mas a menção de que ela nunca foi amada por sua família ecoou em sua mente.
———
A Descoberta de Rodolfo
No dia seguinte, Rodolfo estava em seu escritório no hospital, revisando uma pilha de documentos. Foi então que ele viu o nome: Camille Sherman. Ele abriu o arquivo e, ao ver a foto da paciente, seus pés tremeram. A mulher na foto era idêntica a Liana.
Rodolfo correu até o quarto de Camille, seu coração batendo acelerado. Quando ele entrou, viu Camille deitada na cama, conectada a máquinas que mantinham sua vida. Ele olhou para o rosto dela, tão parecido com o de Liana, e sentiu uma onda de emoção.
Sem hesitar, ele pegou o telefone e ligou para Liana.
— Liana, você precisa vir para Caldwell agora — disse ele, assim que ela atendeu. — Eu encontrei sua irmã.
Do outro lado da linha, Liana ficou em silêncio por um momento. — O que você está dizendo, Rodolfo? — ela perguntou, sua voz trêmula.
— Camille está aqui. Ela está no hospital. Eu vi o relatório. É ela, Liana. Eu tenho certeza.
Liana não hesitou. — Estou a caminho.
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A Chegada de Liana
Oito horas depois, Liana chegou a Caldwell. Era por volta das 15h quando ela entrou no hospital, seu coração batendo acelerado. Ela estava emocionada, mas também nervosa. Será que Camille a perdoaria por ter demorado tanto para encontrá-la?
Rodolfo a esperava na entrada. Ele a abraçou forte, sentindo o tremor em seu corpo.
— Ela está no quarto 302 — disse Rodolfo, segurando as mãos de Liana. — Mas há algo que você precisa saber antes de vê-la.
Liana olhou para ele, seus olhos verdes cheios de expectativa e medo. — O que aconteceu, Rodolfo?
— Camille esteve em coma durante os últimos seis meses — ele explicou, com um tom grave. — Ela sofreu um acidente de carro.
Rodolfo então contou tudo o que Helena havia dito no bar, sobre as maldades que os Montgomery fizeram com Camille e como ela foi forçada a se casar com Artur. Liana ouviu em silêncio, suas lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto imaginava o sofrimento que sua irmã havia passado.
— Eu preciso vê-la — ela disse, com uma determinação que não admitia negativas.
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O Encontro no Quarto de Camille
Liana e Rodolfo caminharam pelos corredores do hospital até o quarto 302. A porta estava entreaberta, e Liana parou por um momento, respirando fundo antes de entrar. Foi então que ela ouviu uma voz suave vindo de dentro do quarto.
— Eu sinto muito, senhora Camille — a voz dizia, cheia de emoção. — Eu sempre soube que Mirna e Lorenzo te infernizaram, mas nunca fiz nada para te ajudar. Eu só espero que, onde quer que você esteja, você possa me perdoar.
Liana olhou para dentro do quarto e viu uma mulher de uniforme de criada, chorando ao lado da cama de Camille. A mulher segurava a mão de Camille, suas lágrimas caindo sobre o lençol branco.
— Você nunca teve um momento de felicidade — a criada continuou, sua voz trêmula. — E agora... agora você está assim. Eu sinto muito, senhora Camille. Eu realmente sinto.
A criada então começou a lamentar tudo o que aconteceu com Camille durante os dois anos que viveu na casa dos Sherman. Ela falou sobre como Mirna e Lorenzo a maltratavam, como Artur a ignorava, e como os Sherman escondiam do mundo que o acidente não foi normal, se recusando a encontrar o culpado.
Liana e Rodolfo ficaram parados do lado de fora, observando a cena em silêncio. Quando a criada se levantou para ir embora, eles se esconderam em outro quarto, para que ela não os visse.
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Liana finalmente entrou no quarto de Camille, seu coração pesado. Ela sentou-se ao lado da cama, segurando a mão da irmã. As lágrimas escorreram pelo seu rosto enquanto ela sussurrava:
— Eu estou aqui, Camille. Eu finalmente te encontrei...
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