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Entre o Amor e o Destino

O Encontro Inesperado

A chuva caía fina sobre a cidade, formando pequenos espelhos d’água nas calçadas. O vento frio assobiava entre os prédios altos, e o cheiro de terra molhada misturava-se ao aroma de café que escapava das cafeterias próximas. As ruas estavam movimentadas, mesmo com o tempo fechado. As pessoas andavam apressadas, protegendo-se sob guarda-chuvas coloridos, desviando-se umas das outras sem sequer se olhar.

Lúcia apertava os braços contra o corpo enquanto caminhava rapidamente pela calçada. Seu guarda-chuva preto era pequeno demais para protegê-la completamente da garoa insistente. Ela vestia um casaco grosso, mas o frio parecia atravessar o tecido, alcançando sua pele como pequenos estilhaços de gelo. Depois de um longo dia de trabalho, tudo o que queria era chegar em casa, se enfiar debaixo das cobertas e esquecer o cansaço que pesava sobre seus ombros.

Ela ajustou os fones de ouvido e aumentou o volume da música, tentando se desligar do barulho da cidade ao seu redor. Cada passo apressado fazia a água espirrar debaixo de seus pés. Seu foco estava em desviar das poças d’água e ignorar o fato de que sua bolsa parecia estar mais pesada do que o normal.

Mas então, sem aviso, um impacto.

Lúcia sentiu o choque como se tivesse batido contra uma parede. Seu corpo foi empurrado para trás, e o cabo do guarda-chuva escorregou de sua mão, voando para longe. O susto foi tão grande que um pequeno grito escapou de seus lábios.

Antes que pudesse cair, mãos firmes seguraram seus braços.

— Meu Deus, me desculpe! — A voz masculina soou aflita, misturando-se ao som da chuva e dos carros passando na rua.

Lúcia piscou algumas vezes, tentando assimilar o que acabara de acontecer. Seu coração ainda disparava pelo susto. Quando ergueu o olhar, encontrou um par de olhos castanhos intensos que a observavam com preocupação. O homem à sua frente tinha cabelos escuros, um pouco bagunçados pela umidade, e vestia um casaco pesado. Seu rosto estava levemente molhado pela chuva, e seus dedos ainda seguravam os braços dela com cuidado.

— Eu… Eu que não vi você — Lúcia murmurou, ainda um pouco atordoada.

O homem soltou um suspiro de alívio e abriu um sorriso de canto.

— Bom, pelo menos nenhum de nós caiu dessa vez — disse ele, ajeitando a postura e soltando-a devagar. — Mas acho que da próxima vez o destino poderia encontrar um jeito menos dramático de fazer as pessoas se conhecerem.

Lúcia franziu a testa por um momento, surpresa com a forma descontraída como ele lidava com a situação. Mas logo se pegou rindo, ainda tentando se recuperar do impacto.

— Talvez. Mas acho que o destino precisa aprender a ser mais educado — brincou.

O homem abaixou-se para pegar o guarda-chuva que havia caído e o entregou de volta a Lúcia. Quando seus dedos se tocaram por um instante, ela sentiu um arrepio inesperado percorrer sua pele.

— Obrigada — disse ela, tentando ignorar a sensação.

— Por nada. Acho que sou eu quem deveria agradecer por você não ter me derrubado no meio da rua.

Lúcia riu novamente, notando como o humor dele parecia natural. Algo nele a deixava à vontade, como se aquele encontro não fosse um simples acaso, mas algo que já estava destinado a acontecer.

— Já que o destino resolveu nos colocar no caminho um do outro… — Ele passou a mão pelos cabelos úmidos e sorriu de um jeito que transmitia confiança. — Talvez ele esteja tentando dizer que a gente deveria se conhecer de verdade.

Ela ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.

— E como você sugere que a gente faça isso?

Ele apontou com a cabeça para uma cafeteria aconchegante na esquina, onde o vidro da vitrine estava embaçado pelo calor interno. O cheiro de café e pão fresco escapava pela porta, tornando o ambiente irresistível.

— Um café parece um bom começo.

Lúcia hesitou. Era tarde, estava cansada, e sua mente dizia que o mais sensato seria recusar e seguir seu caminho. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela a fazia querer aceitar.

— Só um café? — perguntou, estreitando os olhos.

— Por enquanto — ele respondeu, com um brilho divertido nos olhos.

Ela mordeu o lábio, ponderando, antes de soltar um suspiro e sorrir.

— Tudo bem. Mas se o destino estiver errado, eu coloco a culpa em você.

Ele riu.

— Fechado.

E foi assim, no meio da chuva e do acaso, que começou uma história que mudaria suas vidas para sempre.

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Uma Conexão Instantânea

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O cheiro de café fresco pairava no ar, misturando-se ao calor aconchegante da pequena cafeteria. Do lado de fora, a chuva continuava caindo, tamborilando suavemente contra as janelas embaçadas. O mundo lá fora parecia distante, quase irrelevante, enquanto Lúcia e Rafael se sentavam frente a frente em uma mesa próxima à vidraça.

— Então, você sempre esbarra nas pessoas assim ou hoje foi um dia especial? — Rafael brincou, mexendo distraidamente o café com a colher.

Lúcia riu, soprando suavemente a espuma do próprio cappuccino.

— Só quando o destino resolve ser inconveniente.

— Bom, se ele te trouxe até aqui, acho que posso perdoá-lo.

Havia algo na forma como Rafael falava que a deixava à vontade. Sua voz era firme, mas leve. Ele não parecia estar tentando impressioná-la, o que tornava tudo ainda mais natural.

— E você? — perguntou Lúcia, inclinando-se um pouco para frente. — Sempre convida estranhos para tomar café depois de esbarrar neles na rua?

Rafael sorriu, encostando-se na cadeira.

— Nem sempre. Mas algo me disse que seria um erro deixar você ir embora sem ao menos saber seu nome.

Lúcia sentiu um leve rubor subir pelo rosto, mas disfarçou bebendo um gole do cappuccino.

— Lúcia — disse, finalmente.

— Rafael.

Os nomes pairaram no ar entre eles, como se, ao pronunciá-los, estivessem selando um acordo silencioso.

O tempo passou sem que percebessem. A conversa fluiu de maneira surpreendentemente fácil, como se já se conhecessem há anos. Falaram sobre gostos musicais, filmes favoritos e até os lugares que sonhavam visitar. Rafael contou sobre sua paixão por viagens, sobre como gostava de explorar cidades desconhecidas sem um roteiro fixo. Lúcia, por outro lado, confessou que sempre preferiu a segurança do que já conhecia.

— Acho que viajar sem um plano me deixaria ansiosa demais — disse ela, brincando com a alça da xícara.

— Mas é isso que torna tudo mais emocionante — Rafael rebateu. — A ideia de que qualquer coisa pode acontecer.

Ela sorriu, balançando a cabeça.

— Você parece gostar de correr riscos.

— Talvez um pouco. Mas alguns riscos valem a pena.

A forma como ele disse isso fez com que o coração de Lúcia acelerasse, mas ela desviou o olhar para a chuva lá fora, tentando ignorar a sensação estranha que crescia dentro dela.

Depois de mais de uma hora conversando, Lúcia olhou o relógio e percebeu que o tempo havia passado rápido demais.

— Acho que preciso ir — disse, relutante.

Rafael assentiu, mas não pareceu decepcionado.

— Posso te acompanhar até sua casa?

Ela hesitou por um momento, mas acabou sorrindo.

— Acho que não tem problema.

Caminharam lado a lado pelas ruas úmidas, agora apenas sob uma garoa fina. Rafael contou algumas histórias engraçadas sobre sua infância, fazendo Lúcia rir mais do que havia rido nos últimos meses. Quando chegaram à porta do prédio dela, o silêncio se instalou entre os dois por um breve instante.

— Eu gostei muito dessa noite — Rafael disse, finalmente.

— Eu também.

Ele pareceu considerar algo por um momento antes de sorrir de lado.

— Então, se o destino nos colocou no mesmo caminho uma vez, talvez ele faça isso de novo.

Lúcia arqueou uma sobrancelha.

— Ou talvez a gente possa dar uma ajudinha para ele.

Rafael riu.

— Eu gosto dessa ideia.

Ela pegou o celular e digitou rapidamente seu número antes de entregá-lo a ele. Rafael salvou o contato e olhou para ela uma última vez antes de dar um passo para trás.

— Boa noite, Lúcia.

— Boa noite, Rafael.

E, com um último sorriso, ele se virou e desapareceu pela rua.

Lúcia ficou parada ali por alguns instantes, sentindo o coração batendo mais rápido do que deveria. Algo nela dizia que aquele encontro não havia sido apenas uma coincidência.

O destino, afinal, tinha um jeito peculiar de escrever histórias.

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Segredos Guardados

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As semanas passaram como um sopro, e a conexão entre Lúcia e Rafael só se fortalecia. O que começou com um encontro inesperado se transformou em longas conversas ao telefone, encontros espontâneos para um café no meio da tarde e passeios sem rumo pelas ruas da cidade.

Lúcia se surpreendia com a naturalidade com que as coisas fluíam entre eles. Rafael era o tipo de pessoa que fazia tudo parecer mais simples. Ele ria fácil, contava histórias de um jeito envolvente e parecia sempre encontrar beleza nas pequenas coisas. Com ele, Lúcia se permitia relaxar, rir sem motivo e até esquecer, por alguns momentos, que carregava um passado que preferia manter trancado.

Mas, por mais que tentasse aproveitar o presente, havia algo dentro dela que insistia em lembrá-la de que, mais cedo ou mais tarde, a verdade bateria à sua porta.

Naquela noite, caminhavam à beira do rio, aproveitando a brisa fresca que soprava suavemente. As luzes dos postes refletiam na água, criando um cenário quase mágico. Rafael segurava sua mão, entrelaçando os dedos nos dela com naturalidade, como se aquele gesto fosse algo que sempre deveria ter existido.

— Você está estranhamente quieta hoje — ele comentou, lançando-lhe um olhar de lado.

Lúcia sorriu, tentando disfarçar os pensamentos que giravam em sua mente.

— Estou só aproveitando o momento.

Rafael parou de andar e virou-se para ela, segurando suas mãos.

— Lúcia… Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, certo?

Ela prendeu a respiração por um instante. O olhar de Rafael era gentil, mas ao mesmo tempo profundo, como se ele pudesse enxergar além do que ela mostrava.

— Eu sei — respondeu, desviando os olhos para o rio.

Rafael não insistiu. Ele apenas apertou levemente suas mãos e voltou a caminhar ao lado dela.

Lúcia queria confiar nele. Queria abrir seu coração e contar tudo. Mas como explicar algo que nem ela mesma conseguia superar completamente? Como contar sobre um passado que ainda a assombrava, sobre cicatrizes invisíveis que nunca haviam sido totalmente curadas?

De repente, seu celular vibrou no bolso do casaco. Ela hesitou antes de pegá-lo, mas quando olhou a tela, seu coração disparou.

André.

O nome que ela tanto evitava ver.

Uma mensagem piscava na tela:

“Precisamos conversar. Você sabe que não pode fugir disso para sempre.”

Lúcia sentiu um nó se formar em sua garganta. Seu estômago revirou, e por um instante ela esqueceu até como respirar.

— Tudo bem? — Rafael perguntou ao notar sua expressão.

Ela rapidamente apagou a mensagem e guardou o celular.

— Sim, só uma notificação do trabalho.

Ele franziu levemente a testa, como se não estivesse completamente convencido, mas não pressionou.

— Você parece cansada — ele disse suavemente. — Quer que eu te leve para casa?

Lúcia hesitou, mas acabou assentindo.

No caminho, Rafael manteve o assunto leve, contando sobre uma situação engraçada que tinha acontecido com um amigo. Lúcia tentava sorrir e reagir como sempre, mas sua mente estava longe dali.

Quando chegaram em frente ao prédio dela, Rafael parou e segurou sua mão novamente.

— Sei que às vezes a gente tem coisas que não quer dividir com ninguém — ele disse, olhando diretamente nos olhos dela. — Mas eu estou aqui. Quando e se você quiser falar.

O aperto no peito de Lúcia aumentou. Ela queria tanto confiar nele… Mas e se, quando ele soubesse a verdade, decidisse ir embora?

Ela respirou fundo, forçando um sorriso.

— Obrigada, Rafael.

Ele sorriu de volta e se inclinou levemente, como se fosse beijá-la, mas parou por um segundo, esperando por um sinal dela. Lúcia não hesitou. Ela fechou os olhos e encurtou a distância entre eles, sentindo os lábios de Rafael tocarem os seus com delicadeza.

Foi um beijo lento, sem pressa, mas carregado de sentimentos que palavras não poderiam expressar.

Quando se afastaram, Rafael sorriu de leve e tocou o rosto dela com carinho.

— Boa noite, Lúcia.

— Boa noite, Rafael.

Ela entrou no prédio e subiu para seu apartamento, sentindo o coração acelerado por dois motivos completamente opostos: o encantamento por Rafael e o medo do que estava por vir.

Ao fechar a porta atrás de si, encostou-se nela e soltou um longo suspiro. Pegou o celular novamente e abriu a mensagem de André.

Seus dedos pairaram sobre o teclado antes de finalmente digitar uma resposta curta:

“Não tenho nada para falar com você.”

Apertou enviar e bloqueou o número.

Mas, no fundo, sabia que aquilo não seria o suficiente para afastá-lo.

O passado sempre encontra um jeito de voltar.

E, quando voltasse, Lúcia temia que pudesse destruir tudo o que ela estava começando a construir ao lado de Rafael.

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