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O Beijo da Fênix

sinopse e prólogo

"O Beijo da Fênix"

Em um mundo marcado por antigas maldições e reinos divididos, Joyce é uma jovem humana com características extraordinárias – seus cabelos e olhos brilham como o sol, o que a torna diferente de todos os outros. Criada em um orfanato, ela não sabe que carrega em si uma história ancestral, tampouco que é a reencarnação da lendária Fênix, um ser místico que, séculos atrás, foi rejeitado e morto por um rei apaixonado. Essa tragédia deu origem a uma maldição que assombra o mundo até hoje: a cada renascimento da Fênix, o príncipe do reino deve conquistar seu coração para evitar a destruição de tudo que conhecem.

Mas, com cada tentativa, a Fênix sempre recusa, matando aqueles que ousam se aproximar, e ninguém jamais consegue despertar seu amor. Agora, um príncipe determinado, descendente daquela linhagem real, tenta conquistar o impossível. No entanto, o mundo está à beira de uma nova guerra, e dois irmãos rivais dividem o destino de todos. Um acredita que a volta da Fênix significa o fim, a destruição do que restou da paz, enquanto o outro vê nela a última chance de renovação.

Joyce, sem saber de sua verdadeira origem, é atraída por esse príncipe misterioso e um beijo, aparentemente casual, pode ser a chave para o renascimento da Fênix – ou a ruína de tudo. Ao descobrir que é a chave para a salvação ou destruição do mundo, Joyce terá que fazer escolhas difíceis entre o amor que parece destinado a ela e o futuro que está prestes a ser moldado.

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Prólogo

A primeira chama nunca se apaga.

Ela vive dentro de mim, nas profundezas da minha alma, uma chama que renasce a cada ciclo de dor e recomeço. Mas, por séculos, eu fujo de quem me busca, pois meu coração, marcado pela rejeição, tornou-se uma prisão de fogo e vingança. Cada vida, cada morte, só me aproxima de um destino impossível.

Eu morri, mas sempre volto.

A história que me cerca é uma maldição lançada por um rei que, em sua obsessão, destruiu o que amava. E com isso, o mundo se partiu. Naquele momento, uma promessa foi feita: "Em cada vida nova, a Fênix nascerá, mas nunca se renderá. Até que alguém a ame sem condições quebre o ciclo. Até que alguém a faça acreditar novamente no amor."

Mas como alguém poderia amar algo tão destruído? Como alguém poderia conquistar o coração que já foi dilacerado tantas vezes? A cada tentativa, a cada recomeço, eu me afasto mais, me fecho mais.

Eu sou a Fênix, mas nem eu sei disso.

Agora, no mundo dos mortais, caminho sem saber o que sou, sem entender o que me persegue. Meu corpo parece diferente, mas o fogo dentro de mim não mente. Algo maior está em jogo, algo que não sei controlar. Um príncipe busca por mim, sem saber que o destino dele está entrelaçado com o meu, sem saber que, para mim, ele não é apenas a salvação, mas a destruição.

E, assim, a Fênix renasce, mais uma vez, sem saber o peso que carrego.

orfanato wanda

Eu nunca me senti uma pessoa comum. Sempre soube que havia algo de diferente em mim, algo que me fazia não me encaixar na vida normal que as outras pessoas levavam. Meus olhos eram de um verde profundo, quase hipnótico, e o cabelo tão loiro que, à luz do sol, parecia branco. Minha pele pálida contrastava com tudo ao meu redor, como se eu fosse uma figura estranha em um mundo de gente normal.

Nasci e fui deixada à margem da vida. No orfanato Wanda, um lugar que mais parecia um castelo sombrio do que uma casa de acolhimento. Foi ali que passei a maior parte da minha vida, sem saber quem eu realmente era. O Orfanato Wanda, construído pela senhora Vanda, tinha grandes paredes de pedra que pareciam imunes ao tempo. Seu interior era fresco e abafado, como um velho baú guardado no fundo de um sótão. O cheiro era uma mistura de madeira envelhecida e o leve toque salgado da maresia, que vinha da cidadezinha próxima.

O Orfanato Wanda ficava a poucos minutos da praia, mas parecia que eu nunca conseguia escapar da sensação de estar presa. As grandes janelas de vidro deixavam a luz do sol entrar, mas era uma luz fria, que não aquecia o meu corpo como deveria. As paredes eram de um tom acinzentado, e os móveis de madeira escura, que rangiam a cada movimento, pareciam contar histórias antigas de um tempo distante. O piso era de madeira polida, mas constantemente riscado pelas marcas do tempo e dos pés das crianças que, como eu, passavam mais tempo dentro do que fora daquele lugar.

Elara, minha cuidadora e quase uma mãe para mim, sempre dizia que minha aparência exótica me tornava especial, mas eu nunca entendi por quê. Eu sempre me senti apenas… diferente. Eu não gostava de ser chamada de "sereia", como os comerciantes da cidade gostavam de me chamar, apesar de sua aparência encantadora. O apelido surgiu por conta do meu jeito delicado, das minhas feições suaves e do meu cabelo tão claro que parecia brilhar sob a luz da lua. Eu até gostava do apelido, mas, ao mesmo tempo, odiava a maneira como algumas pessoas me viam, como se eu fosse uma fantasia a ser conquistada.

As crianças do orfanato sempre me deixaram de lado. Nunca fui a primeira a ser escolhida para nada, sempre a última opção. As outras crianças brincavam entre si, enquanto eu ficava observando de longe, sem saber como fazer parte daquela vida tão simples e tão cheia de regras. Mas Elara sempre me olhou como se eu fosse algo único. Ela nunca me fez sentir a dor da solidão. Ela dizia que, quando me encontrou, ainda bebê, em uma cesta na porta do orfanato, foi como se o destino tivesse colocado nossos caminhos para se cruzarem. Para ela, nossa conexão era algo além do normal, algo mágico. Eu, no entanto, não acreditava nisso. Minha única realidade era o orfanato e a cidade pequena de Elantris, com sua costa marítima e suas ruas estreitas e charmosas.

A praia de Elantris, sempre coberta de areia dourada, era o meu refúgio. Todos os dias, eu ouvia o som das ondas quebrando nas pedras e sentia a maresia no rosto, como um abraço fresco e salgado. O vento corria pelos meus cabelos, e eu me deixava levar pela sensação de liberdade, mesmo que fosse por poucos minutos. As embarcações com suas redes de pesca chegavam, e eu ajudava os pescadores sempre que podia, pegando os peixes para vendê-los no mercado. Eles eram amigáveis comigo, sempre me oferecendo peixes frescos em troca de minha ajuda. E, ao mesmo tempo, eu sentia uma estranha mistura de tristeza e gratidão. A vida simples que eu levava me permitia sobreviver, mas não me fazia feliz.

Elara sempre dizia que eu deveria ser grata pelo que tinha, mas como poderia ser? Eu sempre me senti perdida em um mundo que não entendia. Sozinha, com o meu rosto angelical que escondia uma personalidade forte, dura. Minha vida era marcada pela necessidade de sobrevivência, de fazer tudo sozinha, de não confiar em ninguém. Eu me tornei dura como as rochas que cercavam a praia, imune às tentativas de qualquer pessoa de se aproximar.

As noites eram as piores. Os pesadelos se tornaram frequentes, visões horríveis de um rosto pálido com olhos azuis penetrantes. Esse rosto me perseguia, me assombrava, e eu nunca soube o porquê. Sempre me acordava antes de ver o fim, mas o peso da dor me marcava, como se eu tivesse sido ferida por algo invisível. Às vezes, o impacto do golpe de faca parecia real. E eu sabia, de algum modo, que aquele rosto, aquele ser, tinha algo a ver com o meu destino.

"É só um pesadelo", eu dizia a mim mesma, tentando me convencer de que tudo o que vivia era uma ilusão. Mas eu sabia, no fundo, que a dor era real. Minha vida foi marcada pela solidão, pela rejeição, pela ausência de uma família. A única coisa que restava era a luta diária, o mar, e os pescadores que me viam como uma simples jovem que ajudava em troca de comida. E isso, de alguma forma, era o suficiente. Eu não precisava de mais nada.

Mas o que eu não sabia, o que eu nunca imaginei, é que minha história estava prestes a mudar de uma maneira que eu jamais poderia prever.

barco de pesca

A brisa salgada e fresca do mar tocava minha pele enquanto eu caminhava pela praia. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de tons laranja e rosados. Eu adorava esse horário. O mar, com suas ondas suaves batendo contra a areia, parecia sempre trazer uma sensação de tranquilidade, uma calmaria que contrastava com a agitação do resto do dia. Os barcos começavam a retornar ao porto, suas velas desgastadas refletindo a luz dourada do sol. Era quase como se o mar os estivesse engolindo lentamente, como uma visão submersa, à medida que eles se aproximavam da costa.

O som dos barcos deslizando sobre a água misturava-se com o grito distante das gaivotas, que voavam em círculos sobre o mar. Eu podia ouvir os pescadores conversando animadamente enquanto descarregavam os peixes, a água batendo contra os cascos dos barcos de madeira e o cheiro da maresia preenchendo o ar.

De repente, o Sr. Antônio apareceu, seu rosto enrugado marcado pela idade e pelo trabalho árduo do mar. Ele estava de pé ao lado de seu barco, com as mãos calejadas segurando o cabo de uma rede. O barco de Antônio era simples, de madeira desgastada pelo tempo, com os bancos de pesca cobertos de sal e areia. Havia sempre o cheiro de peixe fresco em sua embarcação, misturado com o odor da madeira úmida e o vento que vinha do mar. Ele me olhou e acenou com a cabeça, sorrindo suavemente, como sempre fazia.

"Ah, Joyce, minha querida", disse ele com sua voz rouca e cansada. "Hoje a pesca foi difícil. Parece que os peixes estão se escondendo do nosso alcance, como se uma maldição tivesse caído sobre essas águas."

Quando ele falou a palavra "maldição", uma sensação estranha percorreu minha espinha, como um arrepio. Eu sabia que o mar, com sua imensidão e mistério, tinha seus próprios segredos. Algo me dizia que havia mais por trás disso do que eles imaginavam.

"Mas o senhor vai precisar de ajuda hoje, Sr. Antônio?" perguntei, tentando disfarçar o desconforto que essa palavra me causou.

Ele parou por um momento, olhando para mim com um semblante sério, como se ponderasse. Então, com um suspiro profundo, foi até um dos baldes de pesca, onde peixes ainda saltavam, lutando para se libertar das redes. Ele retirou um peixe do tamanho médio e o entregou a mim, com um sorriso cansado nos lábios.

"Isso é para você, Joyce. Os compradores não gostam muito desse peixe, mas você pode usá-lo para sua refeição. Cozinhe na panela de pressão, fica mais macio", ele disse, colocando o peixe em minhas mãos.

"Obrigada, Sr. Antônio. Eu vou fazer isso, prometo", respondi, com a voz baixa, mas sincera. Eu sabia o quanto ele se importava, mesmo que fosse difícil para ele aceitar a ajuda dos outros. A generosidade dele era algo que eu sempre admirava.

Enquanto eu me afastava, o som dos barcos começando a ser descarregados misturava-se com o murmúrio distante dos pescadores. A conversa deles se arrastava, cheia de piadas e risadas, mas o que chamou minha atenção foi o som de um dos velhos pescadores, o mais bêbado de todos, que falava sobre uma história estranha, algo sobre a lenda da Fênix. Quando ouvi essa palavra, algo dentro de mim se mexeu. Era como se uma porta dentro de mim fosse aberta, revelando uma sensação que eu não conseguia entender.

"O que é isso que você está dizendo, Sr. Antônio?", perguntei, me aproximando dele enquanto ele se acomodava na areia. Ele me olhou com um sorriso travesso, sabendo que eu estava curiosa.

"Sente-se aqui, Joyce. Vou te contar uma história que vai arrepiar seus ossos. Uma história sobre amor, brigas, sofrimento... e uma Fênix", ele disse, gesticulando para que eu me sentasse ao seu lado. O vento fazia com que seus cabelos grisalhos se movessem, e o som das ondas quebrando na praia parecia intensificar a magia daquela história.

Eu me sentei ao lado dele na areia, e a sensação de estarmos sozinhos no mundo, apenas o mar e nós, me envolveu. O som do vento que passava por nós, o farfalhar das folhas das palmeiras ao longe e o murmúrio dos pescadores ao fundo, tudo isso se misturava com as palavras de Sr. Antônio. Ele começou a falar, e sua voz era baixa, quase como se ele estivesse prestes a contar um segredo.

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