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Conexão Desconhecida

Capítulo 1 – O Encontro

A noite estava fria, e a chuva transformava as ruas em rios escuros. Ana caminhava rápido, sentindo o tecido da calça jeans pesado e úmido, grudando em sua pele. A aula de reforço tinha demorado demais, e sua mãe já devia estar mandando mensagens. Mas ela não queria olhar o celular. Não agora.

A cidade estava estranhamente silenciosa para um dia de semana. O trânsito tinha diminuído, e poucas pessoas caminhavam apressadas sob os toldos e marquises para evitar a chuva. O som dos pingos batendo no asfalto ecoava na avenida, misturando-se ao zumbido baixo dos postes de luz.

Virando a esquina, Ana notou um movimento incomum na calçada à sua frente. Um rapaz, encostado contra a parede de um prédio abandonado, digitava freneticamente em um laptop pequeno e desgastado. O brilho azulado da tela iluminava seu rosto, destacando a expressão tensa e os olhos que saltavam de um lado para o outro, como se procurassem algo—ou alguém.

Ana sentiu um arrepio.

Ele parecia desesperado.

Seu primeiro instinto foi ignorá-lo e continuar andando, mas antes que pudesse decidir, o garoto fechou o laptop com força e olhou diretamente para ela. O olhar dele era intenso demais, quase cortante. Ana congelou.

— Você viu alguma viatura por aqui? — ele perguntou, sem rodeios.

Ela franziu a testa, confusa.

— O quê?

— Viatura — ele repetiu, agora se afastando da parede. — Polícia. Você viu alguma?

Ana olhou ao redor, tentando entender se aquilo era um assalto ou se ele estava apenas… maluco.

— Não — respondeu, ainda hesitante. — Por quê?

O rapaz respirou fundo, passando a mão pelos cabelos pretos, encharcados pela chuva. Por um breve momento, ele pareceu aliviado, mas sua expressão voltou à cautela imediatamente.

— Eu preciso sair daqui. Agora.

O coração de Ana bateu mais forte. Ele não parecia armado, nem agressivo. Mas claramente estava fugindo de alguma coisa.

E tudo nela gritava para seguir em frente e fingir que nunca tinha visto aquele garoto.

Mas não conseguiu.

Sem pensar direito no que fazia, ela disse:

— Se quiser, pode vir comigo.

O olhar de Rafael endureceu. Ele a encarou, como se estivesse tentando decifrá-la. Por um segundo, Ana pensou que ele recusaria. Mas então ele fechou a mochila rapidamente, prendeu a alça sobre o ombro e assentiu.

— Vamos.

Ela começou a andar, e ele a seguiu de perto. Seus passos ecoavam na calçada molhada, e Ana se pegou olhando para trás mais do que o normal.

— Por aqui — disse, dobrando uma rua estreita.

Normalmente, ela pegaria o caminho principal para casa, bem iluminado e movimentado. Mas agora, com um desconhecido ao seu lado e a promessa implícita de que algo perigoso estava acontecendo, preferiu o trajeto alternativo, passando por becos e ruas residenciais.

— Você mora longe? — Rafael perguntou.

— Duas quadras daqui — respondeu.

O silêncio caiu entre os dois enquanto caminhavam. Ana tentava não olhar para ele, mas sentia sua presença como um peso ao seu lado. Ele andava rápido, com os ombros rígidos e a mochila segurada firmemente, como se estivesse pronto para correr a qualquer momento.

Quando finalmente chegaram à rua onde ela morava, Ana hesitou diante do portão de casa.

— Minha mãe está acordada — murmurou.

— Então talvez seja melhor eu não entrar.

Ela olhou para ele. Seus olhos escuros estavam cautelosos, mas havia algo mais ali. Cansaço. Exaustão.

Ana suspirou.

— Tem um jeito.

Ela destrancou o portão com cuidado, fazendo o mínimo de barulho possível. Abriu a porta lentamente e espiou para dentro. A luz da sala estava apagada, e apenas o barulho distante da televisão no quarto da mãe indicava que alguém estava acordado.

— Vamos — sussurrou, e Rafael a seguiu.

Ela o guiou até a escada e subiram devagar, pisando nos degraus certos para evitar os que rangiam. O corredor estava escuro, mas Ana sabia exatamente onde pisar.

Ao chegarem ao sótão, ela acendeu a luz fraca e apontou para um pequeno colchão no canto.

— Pode ficar aqui por enquanto.

Rafael soltou a mochila no chão e passou a mão pelo rosto, soltando um suspiro pesado.

— Valeu.

Ana se encostou na parede, cruzando os braços.

— Agora pode me dizer o que diabos está acontecendo?

Rafael a olhou por um momento, como se decidisse se confiava nela. Então, se sentou no colchão e abriu a mochila, tirando o laptop e colocando-o sobre as pernas.

— Você confia no governo?

Ana franziu a testa.

— Como assim?

— Você confia que eles dizem a verdade? Que nos protegem?

Ela hesitou.

— Não sei. Nunca pensei nisso.

Ele sorriu de canto.

— Eu também não. Até descobrir algo que não devia.

Ana sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— Descobrir o quê?

Rafael digitou algo no laptop e virou a tela para ela.

— Olho Digital — disse.

Na tela, havia um código complexo rodando em um fundo preto. Linhas e mais linhas de informações passavam rápido demais para que Ana conseguisse entender.

— É um programa de vigilância — continuou ele. — Eles podem acessar qualquer câmera, qualquer celular, qualquer computador. Ler mensagens, ouvir ligações, rastrear pessoas… tudo sem mandado judicial.

Ana piscou.

— Isso não pode ser real.

— Eu provei que é. E agora estão me caçando por isso.

Ela engoliu em seco.

— Então, se te pegarem…

— Eu desapareço.

O quarto ficou em silêncio.

Ana sentia seu coração acelerado. O que Rafael estava dizendo era absurdo… mas também assustadoramente real.

— E o que você vai fazer agora?

Ele fechou o laptop e o guardou na mochila.

— O que eu comecei.

Ela mordeu o lábio.

— Você quer expor isso?

Rafael assentiu.

— Mas preciso de tempo. De um lugar seguro para continuar.

Ana respirou fundo. Tudo aquilo era insano. Ela deveria mandá-lo embora.

Mas não conseguiu.

— Você pode ficar aqui.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Sério?

Ela revirou os olhos.

— Sim. Mas se minha mãe descobrir, estamos ferrados.

Um pequeno sorriso apareceu no rosto de Rafael.

— Você é mais corajosa do que parece.

— Só não me faça me arrepender disso.

Ele se encostou na parede, finalmente relaxando um pouco.

Ana, por outro lado, sentiu que sua vida acabara de entrar em território desconhecido.

E não havia como voltar atrás.

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Capítulo 2 – Segredos no Sótão

O sótão estava silencioso, iluminado apenas pela fraca luz de um pequeno abajur velho. Rafael ainda parecia alerta, como se estivesse pronto para fugir a qualquer momento. Ana, por outro lado, sentia o peso de cada batida do próprio coração.

— Certo — ela quebrou o silêncio. — Vamos começar do começo. Quem exatamente está atrás de você?

Rafael passou a mão pelos cabelos, visivelmente cansado.

— O governo. A polícia cibernética. Agentes que não querem que certas informações venham à tona.

Ana piscou, tentando absorver aquilo.

— Você fez algo… muito ilegal?

Rafael soltou um riso sem humor.

— Depende do ponto de vista. Descobri informações que não deveriam estar escondidas. Corrupção, desvio de dinheiro, espionagem contra civis. Consegui acessar os arquivos de uma organização que trabalha nos bastidores, apagando rastros e silenciando pessoas.

Ana sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— E o que você ia fazer com isso?

Rafael olhou para ela, sério.

— Divulgar.

Ela desviou o olhar, tentando processar.

— Mas você foi pego.

— Quase. — Ele cerrou os punhos. — Eles rastrearam minha localização, mas consegui fugir antes. Só que não foi suficiente.

Ana mordeu o lábio.

— Então, você tá me dizendo que… se alguém te encontrar aqui, minha casa vira alvo?

Rafael abaixou a cabeça por um momento antes de encará-la de novo.

— Sim.

O silêncio se estendeu entre eles.

Ana sentia um turbilhão de emoções. Medo. Ansiedade. Mas, acima de tudo, uma adrenalina estranha, como se estivesse sendo puxada para algo maior do que ela mesma.

Ela suspirou, cruzando os braços.

— Você tem um plano ou só tá sobrevivendo no improviso?

Rafael ergueu uma sobrancelha.

— Eu tinha um plano. Mas ele desmoronou quando fui descoberto. Agora, só estou tentando sobreviver tempo suficiente para recomeçar.

Ana sentiu o peso daquelas palavras.

— Certo. Então… como eu posso ajudar?

Ele franziu o cenho.

— Tem certeza de que quer se envolver nisso?

Ana deu de ombros.

— Eu já estou envolvida, não tô? Se eu quisesse te denunciar, já teria feito.

Rafael observou ela por um instante antes de assentir.

— Preciso de internet. Mas não posso me conectar direto na rede da sua casa. É muito arriscado.

— Então o que sugere?

— Um cabo de rede. Se você conseguir um, posso acessar sem precisar de Wi-Fi.

Ana pensou por um momento.

— O roteador fica na sala, mas eu posso puxar um cabo daqui de cima… Se minha mãe não notar.

Rafael deu um meio sorriso.

— Consegue fazer isso?

— Eu consigo tentar.

Ana se levantou, sentindo o coração acelerar. Ela abriu a porta do sótão e desceu as escadas, caminhando cautelosamente até a sala. A casa estava escura e silenciosa. Sua mãe provavelmente já estava dormindo.

Ela se ajoelhou perto do roteador, estendendo a mão para desconectar um dos cabos de rede. Mas, no momento em que o fez, ouviu um rangido no piso atrás dela.

Seu coração disparou.

Virou-se lentamente.

Nada.

O silêncio da casa era quase opressor.

Respirando fundo, puxou o cabo, enrolou-o na mão e se levantou o mais silenciosamente possível. Subiu as escadas de volta para o sótão, fechando a porta atrás de si.

Rafael a observava atentamente.

— Conseguiu?

Ela mostrou o cabo.

— Aqui está.

Ele sorriu.

— Impressionante.

Ana bufou.

— Não elogia. Isso só me faz sentir mais criminosa.

Rafael pegou o cabo e conectou ao laptop. A tela piscou, e ele começou a digitar rapidamente.

— Agora vamos ver se consigo me conectar sem que me rastreiem.

Ana observou os dedos dele se moverem com precisão assustadora.

— O que exatamente você está fazendo?

— Roteando minha conexão através de múltiplos servidores ao redor do mundo. Assim, mesmo que alguém tente rastrear, vai levar tempo.

— Isso parece coisa de filme.

Rafael sorriu de canto.

— A vida real pode ser mais perigosa que qualquer ficção.

Ana cruzou os braços.

— E se eles ainda estiverem monitorando você?

Rafael apertou os lábios.

— Então vamos descobrir rápido.

O silêncio voltou a tomar conta do sótão. Ana sentia uma mistura de fascínio e medo enquanto o via trabalhar.

Depois de alguns minutos, Rafael parou, olhando fixamente para a tela.

— O que foi? — ela perguntou, apreensiva.

Ele virou a tela para ela.

— Olha isso.

Na tela, havia um mapa com pontos vermelhos piscando.

— O que é isso?

— Locais onde a polícia cibernética está ativa. E um deles está nesta cidade.

Ana sentiu um frio na espinha.

— Isso significa que eles estão perto?

Rafael assentiu lentamente.

— Sim. Mas ainda não sabem onde estou.

Ela respirou fundo, sentindo a adrenalina aumentar.

— Ok… Então qual o próximo passo?

Ele digitou mais alguns comandos.

— Primeiro, preciso verificar se ainda tenho acesso ao sistema deles. Se conseguir, posso ver o que sabem sobre mim.

Ana franziu a testa.

— Isso não é arriscado?

Rafael sorriu de lado.

— Tudo o que eu faço é arriscado.

Ela bufou.

— Você realmente gosta de viver no limite, hein?

— Não é questão de gostar. É questão de sobrevivência.

Ana ficou em silêncio. De repente, o laptop apitou. Rafael arregalou os olhos.

— Consegui entrar.

Ana se aproximou para olhar a tela. Um banco de dados estava aberto, exibindo múltiplos arquivos com nomes codificados.

— Isso é…?

— Os relatórios deles sobre mim.

Ele começou a abrir os arquivos, e Ana leu em silêncio.

"Indivíduo altamente qualificado em invasão de sistemas. Habilidade de driblar firewalls e criptografias avançadas. Tentativa de acessar dados sigilosos do governo. Considerado uma ameaça de alto risco."

Ela engoliu em seco.

— Eles estão falando de você como se fosse um terrorista.

Rafael fechou os olhos por um momento.

— É assim que funciona. Quando alguém descobre algo que não deveria, se torna um inimigo.

Ana sentiu um peso no peito.

— E o que você vai fazer agora?

Ele olhou para ela, sério.

— Descobrir até onde eles chegaram. E, se possível, usar isso contra eles.

Ela respirou fundo.

— E eu?

Ele hesitou.

— Você não precisa se envolver mais do que já está.

Ana cruzou os braços.

— Eu já estou envolvida. Então me diz logo como posso ajudar.

Rafael a observou por um momento antes de assentir.

— Amanhã, preciso que compre algumas coisas pra mim. Um chip novo de celular, um pen drive e… café. Muito café.

Ana riu, apesar da tensão.

— Café?

Ele sorriu.

— Eu preciso me manter acordado.

Ela suspirou.

— Certo. Mas você me deve explicações melhores depois.

— Combinado.

O silêncio caiu novamente sobre o sótão.

Ana olhou para Rafael, percebendo algo que não tinha notado antes. Apesar da postura confiante e do talento óbvio, ele parecia… cansado.

E, de alguma forma, aquilo a fez confiar nele ainda mais.

Ela se levantou.

— Melhor eu ir dormir antes que minha mãe perceba algo.

Rafael assentiu.

— Boa ideia.

Antes de sair, Ana parou na porta.

— Boa sorte com essa coisa toda.

Ele sorriu de leve.

— Obrigado. Boa noite, Ana.

Ela fechou a porta, sentindo que sua vida tinha mudado completamente.

E que não havia mais volta.

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Capítulo 3 – Riscos e Descobertas

Ana não conseguiu se concentrar na escola naquela manhã. Seus pensamentos estavam presos no sótão, onde Rafael, o hacker fugitivo, estava escondido. A cada toque do celular no bolso, sentia um arrepio. E se ele fosse descoberto? E se alguém já soubesse que ele estava ali?

Quando o último sinal tocou, ela pegou sua mochila e saiu apressada, ignorando os chamados de Júlia, sua melhor amiga. Tinha uma missão a cumprir.

Compras suspeitas

Ana entrou na primeira loja de eletrônicos que encontrou. O plano era simples: comprar um chip novo de celular e um pen drive sem chamar atenção.

Mas tudo nela parecia suspeito.

O atendente, um homem de uns 30 anos com uma barba rala, ergueu as sobrancelhas quando ela pegou um chip pré-pago e um pen drive de alta capacidade.

— Precisa de ajuda, moça?

Ela forçou um sorriso.

— Não, obrigada. É para o meu primo.

O homem assentiu devagar, como se não acreditasse muito.

Ana pagou rapidamente e saiu da loja, o coração disparado. Quando chegou em casa, subiu as escadas o mais silenciosamente possível e fechou a porta do sótão.

Rafael estava sentado no chão, de costas para ela, os olhos fixos na tela do laptop.

— Conseguiu? — ele perguntou sem se virar.

Ana jogou a sacola para ele.

— Tá tudo aí. Mas foi estranho. O cara da loja ficou me olhando esquisito.

Rafael abriu a embalagem do chip e inseriu no celular.

— Eles sempre desconfiam quando alguém compra coisas desse tipo sem fazer perguntas. Mas não se preocupe.

Ana bufou.

— Fácil para você dizer. Eu não sou criminosa profissional.

Ele riu baixo.

— Eu não sou criminoso.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você é um hacker fugitivo escondido no meu sótão.

— Tecnicamente, você está me ajudando.

Ana revirou os olhos, mas não conseguiu conter um pequeno sorriso.

Rastreando os rastreadores

Rafael conectou o novo celular e começou a digitar rapidamente. Ana se sentou ao lado dele, observando a tela.

— O que você tá fazendo agora?

— Criando um sistema para detectar qualquer movimentação suspeita perto daqui. Se a polícia cibernética estiver ativa nesta área, quero saber antes que eles cheguem na nossa porta.

Ana sentiu um arrepio.

— Você realmente acha que eles podem nos encontrar?

Rafael a encarou por um momento antes de responder.

— Não acho. Sei que vão.

Ela engoliu em seco.

— Então por que ainda está aqui?

Ele suspirou.

— Porque preciso de tempo. Há algo importante que ainda não consegui decifrar nos arquivos que roubei. Se eu conseguir abrir esses arquivos antes que me encontrem, posso expor tudo de uma vez.

Ana cruzou os braços.

— E se não conseguir?

Rafael sorriu, mas sem humor.

— Então eu só vou correr. Como sempre.

O silêncio caiu entre eles. Ana não sabia o que responder. De certa forma, sentia pena dele. Sempre fugindo, sempre escondido.

De repente, o laptop apitou.

Rafael arregalou os olhos.

— Droga…

— O que foi? — Ana se aproximou.

Na tela, um mapa exibia vários pontos piscando em vermelho.

— Esses são os servidores da polícia cibernética. Eles aumentaram a atividade na nossa cidade.

Ana sentiu o estômago revirar.

— Isso significa que estão perto?

Rafael apertou os lábios.

— Significa que estão procurando. E se aumentarem a busca, vamos precisar sair daqui antes do previsto.

Ana respirou fundo.

— Então o que fazemos?

Ele a encarou, sério.

— Agora, a gente se prepara.

Os primeiros passos da fuga

Durante o resto do dia, Rafael e Ana começaram a traçar um plano.

— Precisamos de dinheiro, mas nada que possa ser rastreado — ele explicou.

Ana franziu a testa.

— Como vou conseguir dinheiro sem ser rastreada?

— Tem caixas eletrônicos que não pedem reconhecimento facial. Vou te passar os endereços. Você pode sacar um pouco por vez.

Ana hesitou.

— Isso não é… ilegal?

Rafael sorriu de canto.

— Você já tá envolvida nisso.

Ela bufou.

— Ótimo. Mais crimes para minha lista.

— Eu prefiro chamar de sobrevivência.

Ana revirou os olhos, mas anotou os endereços.

— E depois?

— Precisamos de um carro.

Ela arregalou os olhos.

— Eu nem sei dirigir.

Rafael riu.

— Eu sei.

— Você é menor de idade!

— Eu sei dirigir.

Ana suspirou, sentindo que estava se metendo cada vez mais fundo na confusão.

— Certo. E onde conseguimos um carro?

Rafael ficou em silêncio por um momento antes de responder.

— Eu tenho um contato. Mas vai ser arriscado.

Ana não gostou do som daquilo.

— O que quer dizer com “arriscado”?

— Quero dizer que é alguém que pode ajudar… ou nos entregar.

Ela cruzou os braços.

— E mesmo assim você quer arriscar?

— Não temos muitas opções, Ana.

Ela suspirou pesadamente.

— Tá bom. Mas se isso der errado, você me deve muito.

Rafael sorriu.

— Fechado.

Uma escolha sem volta

Naquela noite, Ana mal dormiu. A cada barulho que ouvia, sentia um arrepio, achando que a qualquer momento alguém bateria na porta, dizendo que descobriram tudo.

Mas nada aconteceu.

Quando amanheceu, Rafael já estava de pé, organizando algumas coisas em uma mochila.

— Preparada? — ele perguntou.

Ana respirou fundo.

— Não.

Ele sorriu.

— Ótimo. Isso significa que ainda tem juízo.

Ela revirou os olhos e pegou a mochila.

— Vamos logo antes que eu mude de ideia.

Enquanto saíam de casa, Ana sentiu seu coração bater mais rápido.

Aquela era a última vez que teria uma vida normal.

E, estranhamente, ela não sentia mais medo.

Ela sentia que pertencia àquilo.

Que agora, fazia parte daquela fuga.

E não havia mais volta.

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