Capítulo 1: Sombras do Passado

O vento cortava a noite como uma lâmina afiada, trazendo consigo o cheiro da chuva iminente. Simone caminhava apressada pelas ruas desertas, a luz fraca das lâmpadas iluminando o pavimento úmido. O peso do casaco pesado que ela usava não fazia diferença diante do frio que lhe congelava os ossos, mas ela não parava. Nunca parava.

Ela sabia que a cidade não era mais segura, que as sombras se escondiam em cada esquina, esperando a oportunidade certa para atacar. Mas o que a assombrava não eram os ladrões ou os perigos visíveis. O que a consumia era o silêncio que agora dominava sua vida, o vazio que ela mesma havia criado ao afastar-se de tudo o que poderia fazer seu coração bater mais forte.

Simone sabia que estava fugindo de algo, mas não sabia exatamente o quê. Havia tantas coisas que ela tinha deixado para trás, tantas lembranças que ela preferia manter enterradas. O som de seus passos ecoava na rua deserta, e ela aumentou o ritmo, desejando que o tempo passasse mais rápido. Precisava chegar logo em casa. Precisava estar longe de qualquer possibilidade de ter de encarar sua própria dor.

Mas a sensação de estar sendo observada não desaparecia.

Ela parou de repente, o coração batendo mais rápido. Viu, à distância, a silhueta de um homem encostado em um carro preto. Ele parecia esperar por ela. O medo instantâneo tomou conta de seu corpo, mas antes que pudesse reagir, ele se aproximou, seus passos silenciosos contra o asfalto molhado.

"Simone", ele disse, a voz grave e baixa, carregada de um poder que ela não entendia.

O choque foi instantâneo. Como ele sabia seu nome? E o que ele queria?

Ela deu um passo atrás, seus olhos buscando qualquer sinal de fuga, mas o homem já estava diante dela. Ele era alto, com uma presença que parecia sufocar o ar ao redor deles. Seus olhos, escuros como a noite, estavam fixos nela, como se lessem sua alma de maneira implacável.

"Quem é você?" Simone finalmente conseguiu perguntar, sua voz trêmula, mas com um fio de desafiança. Ela não tinha medo de ninguém, mas esse homem era diferente. Ele tinha algo que fazia o ar parecer mais denso, mais perigoso.

O homem sorriu, um sorriso enigmático que não alcançou seus olhos. "Eu sou Diego", ele respondeu calmamente, como se isso fosse o suficiente. "E você, Simone, tem algo que eu quero."

Ela franziu a testa, o medo e a confusão misturados dentro dela. O que ele estava dizendo? Algo que ele queria? Ela olhou ao redor, mas não havia ninguém. A rua estava vazia. Era como se o destino a tivesse empurrado para essa situação.

Mas algo dentro de Simone a alertava: ela não estava preparada para o que ele tinha reservado para ela. E, no fundo, ela sabia que não poderia escapar disso. Ela já estava envolvida.

Diego deu um passo à frente, fazendo-a recuar mais um pouco. "Eu sempre consigo o que quero, Simone", disse ele, a voz suave, mas carregada de uma ameaça inegável. "E você será minha, de uma maneira ou de outra."

Simone engoliu seco, tentando esconder o turbilhão de emoções dentro de si. Ela sabia que aquela noite marcaria o início de algo que não poderia ser desfeito. Mas, antes de qualquer coisa, ela precisava descobrir quem ele realmente era e o que ele queria dela.

E, talvez, no fundo, ela soubesse que seu destino estava prestes a mudar para sempre.

Capítulo 2: O Jogo Começa

Simone não sabia o que era pior: a sensação de estar sendo caçada ou a estranha atração que aquele homem lhe provocava. O nome dele ecoava em sua mente como um aviso, mas algo em seus olhos, aquele brilho intenso e possessivo, a fazia questionar suas próprias reações. Ela tentou disfarçar o nervosismo, mas seu corpo tremia levemente, um sinal claro de que estava em território perigoso.

"Você tem algo que eu quero." A voz de Diego era como uma lâmina afiada cortando a tensão no ar. Ele não estava brincando, e não parecia haver espaço para negociação. "E você vai me dar."

Simone tentou manter a compostura, apesar do pânico que começava a tomar conta dela. O que ele queria? Por que ela? Ela não se considerava nada especial. Ao contrário, tudo o que queria era ser deixada em paz, viver uma vida tranquila, longe de qualquer tipo de conflito. Mas ali estava ele, alguém com um poder imensurável, tentando envolvê-la em um jogo que ela não entendia.

"Não sei do que você está falando", ela disse, a voz mais firme do que se sentia por dentro. "Não tenho nada para você."

O sorriso de Diego se alargou, mas era um sorriso frio, sem calor. Ele se aproximou, tão perto que Simone podia sentir sua respiração contra sua pele. Um calafrio percorreu sua espinha. Ele a observava como se estivesse decifrando um enigma complicado, como se soubesse algo que ela ainda não entendia.

"Você tem algo muito mais valioso do que imagina", ele murmurou. "E vai descobrir muito em breve."

Simone não teve tempo de reagir. Com um movimento rápido, Diego pegou seu pulso, sua mão forte e implacável a segurando com facilidade. A dor instantânea fez seu corpo se tensionar, mas ela não gritou. Ela nunca gritaria. Não na frente dele.

Ele a conduziu até o carro, a força de sua mão a obrigando a acompanhá-lo. Cada passo que ela dava era uma batalha interna, tentando não sucumbir ao medo, mas não conseguia ignorar a sensação de que estava sendo arrastada para algo maior que ela mesma. Algo que não poderia controlar.

Quando chegaram ao carro, Diego abriu a porta e empurrou Simone para dentro. Ela se sentou automaticamente, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Ele entrou ao seu lado, fechando a porta com um estrondo. O silêncio dentro do carro era opressor, e a única coisa que Simone podia ouvir era o som de sua própria respiração acelerada.

"Você acha que pode fugir de mim, Simone?" Diego perguntou, virando-se para ela com um olhar intenso. "Eu a encontrei, e agora você não tem mais escapatória."

Simone encarou-o desafiadoramente, tentando recuperar alguma força. "Eu não sei o que você quer, mas não vou me submeter a isso."

Ele sorriu novamente, mais uma vez sem um pingo de humor. "Você já se submeteu. O que resta agora é apenas aceitar."

O carro se pôs em movimento, cortando a noite sombria da cidade enquanto Simone sentia o pânico tomando conta dela. Ela não tinha ideia do que ele queria, mas algo lhe dizia que as respostas estavam bem mais próximas do que ela imaginava.

O que Diego sabia sobre ela? O que ele estava planejando? Cada pergunta a deixava mais confusa, mas havia uma coisa que ela sabia com certeza: sua vida nunca mais seria a mesma. E, de alguma forma, ela já havia se tornado parte de algo muito maior do que queria entender.

Capítulo 3: A Verdade Oculta

O carro deslizou silenciosamente pelas ruas desertas, deixando a cidade para trás. Simone sentia o peso da situação aumentar a cada quilômetro percorrido. O olhar de Diego nunca se afastava dela, como se ele estivesse observando não apenas sua reação, mas sua essência. A tensão entre eles era palpável, e ela mal conseguia pensar com clareza. Cada parte de seu corpo implorava para que ela fugisse, mas ela sabia que isso não era uma opção.

Diego, ao contrário, parecia calmo, controlado, como se tudo fosse parte de um plano que ele já tivesse traçado há muito tempo. Ele a observava como se soubesse de algo que ela não conseguia ver. E, à medida que o tempo passava, a sensação de estar completamente fora de controle só aumentava.

Simone forçou-se a desviar o olhar, tentando manter algum tipo de dignidade, mas suas mãos estavam trêmulas. Ela fechou os punhos, determinada a não mostrar o quão abalada estava. A sensação de impotência, no entanto, era esmagadora.

"Você está mais forte do que pensei", disse Diego, quebrando o silêncio. Sua voz era suave, mas havia um tom de admiração misturado com um fio de diversão. "Achei que você fosse ceder mais rápido."

Ela não respondeu imediatamente. Não queria dar a ele a satisfação de vê-la se abalando, mas não conseguia entender como ele sabia tanto sobre ela. Como ele sabia que ela se considerava frágil, mas que sempre tentava esconder isso atrás de uma fachada de força? Ele parecia saber exatamente o que a afetava.

"Você não tem ideia do que está fazendo, Diego", ela respondeu finalmente, tentando esconder o desespero que começava a surgir em sua voz. "Se acha que vai me intimidar, está muito enganado."

Ele riu baixo, um som amargo e sem humor. "Você ainda não entendeu, Simone. Eu não estou tentando intimidá-la. Estou apenas... lhe mostrando a verdade."

Aquelas palavras ficaram martelando em sua mente, como se tivessem sido ditas por alguém que não tinha qualquer intenção de ser gentil. Simone olhou para ele, com a sensação de que ele estava se divertindo com cada momento dessa interação, como se fosse um jogo para ele.

"Que verdade?" Ela não conseguiu esconder o tom de raiva na voz. "O que você quer de mim?"

A expressão de Diego se endureceu por um momento, mas logo voltou ao seu estado impassível. Ele olhou para a estrada à frente, como se estivesse ponderando suas palavras com cuidado. "Eu sei que você carrega um segredo, Simone. Algo que você fez e que nunca contou a ninguém. Algo que, se as pessoas soubessem, destruiria tudo o que você tem."

Simone congelou por um momento. Como ele sabia disso? Ela nunca falara sobre o que havia feito, nem sequer com aqueles que estavam mais próximos dela. O peso do segredo que ela carregava há tanto tempo parecia agora mais insuportável do que nunca.

"Você acha que me conhece, Diego?" Ela tentou manter a voz firme, mas seu corpo estava tenso e sua mente corria, tentando entender o que ele sabia. "Eu não tenho nada que você possa usar contra mim."

"Não tem?", ele disse, voltando a olhá-la com um sorriso frio. "Eu posso ser paciente. Eu sei o que você esconde. E, eventualmente, você vai me contar."

Simone sentiu o pânico crescer. O que ele queria dela? Ele sabia sobre o segredo que ela mantinha com tanto zelo, mas o que ele pretendia fazer com essa informação? A ideia de ser manipulada, de ser obrigada a revelar algo que a torturava, a enfurecia. Ela não ia permitir.

"Você não vai conseguir me forçar", ela disse, a voz mais firme do que se sentia.

Diego a observou com interesse, um brilho de diversão nos olhos. "Você ainda não entende, Simone. O segredo que você guarda não é apenas seu. Ele me envolve também. E, quando tudo isso sair, as consequências vão ser mais do que você imagina."

O carro parou em frente a uma grande mansão, iluminada pela luz fraca das lâmpadas ao redor. O portão se abriu automaticamente, e Diego manobrou o veículo para dentro. Simone olhou para o lugar com um misto de repulsa e medo. Ela estava sendo levada para dentro de um mundo que não conhecia, e a cada momento, sentia-se mais e mais aprisionada.

Diego desligou o motor e olhou para ela. "Bem-vinda ao meu mundo, Simone. Aqui, as regras são bem diferentes. E, de agora em diante, você vai aprender o que é realmente perder o controle."

Simone sentiu o pavor se instalar, mas ao mesmo tempo, uma chama de desafio acendeu em seu peito. Ela não se renderia. Não importava o que ele soubesse. Ela lutaria até o fim.

Ele a olhou, como se lesse seus pensamentos, e sorriu. "Você vai se arrepender de não ter cedido logo. Mas não se preocupe, o jogo só está começando."