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Meu Sogro

Personagens+Capítulo 1

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Respeite o trabalho e a criatividade da autora.

...Leonardo Vasconcellos ( pai de Eduardo)...

Idade: 50 anos

Aparência: Alto, porte atlético para sua idade, cabelo escuro com fios grisalhos, olhos castanhos profundos e marcantes, barba bem aparada, sempre vestido com elegância.

Personalidade: Frio nos negócios, calculista e dominante. Mas quando se trata das pessoas que ama, é protetor, leal e intenso. É um homem que sempre conseguiu o que quis e nunca perdeu uma batalha.

História: Viúvo há anos, perdeu a esposa para uma doença grave e nunca mais se envolveu emocionalmente com ninguém. Criou Eduardo sozinho e tentou ensiná-lo a ser um homem responsável, mas falhou. Sempre focado nos negócios, nunca imaginou que um dia sua vida mudaria por causa de uma mulher que jamais deveria desejar: a esposa do seu filho.

Relacionamento com Eduardo: Extremamente decepcionado. Ele já sabia há muito tempo que o filho não valia nada e tentou salvá-lo inúmeras vezes, mas Eduardo se mostrou indigno de sua confiança. Ao descobrir como ele tratava Mariana, Leonardo sentiu ódio do próprio sangue.

Ligação com Mariana: Sempre soube quem ela era antes do casamento. Ficou fascinado por sua beleza e doçura quando a viu pela primeira vez, mas afastou-se para não atrapalhar o casamento do filho. No entanto, ao ver o sofrimento dela e a injustiça que sofreu, Leonardo percebeu que precisava tê-la para si.

...Eduardo Vasconcellos...

Idade: 31 anos

Aparência: Cabelos castanhos, olhos escuros, altura mediana, corpo atlético, mas expressão arrogante. Sempre bem-vestido, mas com um olhar calculista e frio.

Personalidade: Mimado, egoísta, mulherengo e imaturo. Acha que o mundo deve girar ao seu redor e nunca teve responsabilidade com nada.

História: Cresceu com todo o privilégio que o dinheiro podia dar, mas nunca teve caráter suficiente para retribuir a confiança do pai. Cometeu diversos erros nos negócios e chegou ao ponto de desviar dinheiro da empresa do pai, sendo chantageado por Isabel e forçado a se casar com Mariana.

Relacionamento com Mariana: Nunca a quis. Sempre deixou claro que a desprezava e, ao mesmo tempo, gostava de humilhá-la. Para ele, Mariana não passava de um problema imposto por sua mãe chantagista.

Ligação com Leonardo: Sempre viveu à sombra do pai e o odeia por nunca ter sido bom o suficiente para ele. Sente inveja de sua autoridade e força.

...Ane ( Amiga de Mariana)...

Idade: 26 anos

Aparência: Morena, cabelos ondulados, olhos castanhos vivos. Tem um estilo despojado e descontraído.

Personalidade: Leal, engraçada e sincera. Não tem medo de falar a verdade, mesmo quando Mariana não quer ouvir. Sempre tenta animar a amiga e encorajá-la a tomar decisões para sua felicidade.

História: Amiga de longa data de Mariana, sempre foi seu apoio durante os momentos difíceis. Trabalham juntas na cafeteria e dividem a casa desde que Mariana saiu da mansão dos Vasconcellos.

Relacionamento com Leonardo: No início, fica desconfiada dele, mas com o tempo percebe que ele realmente ama Mariana.

...Bianca Beach ( Nova esposa de Eduardo)...

Idade: 28 anos

Aparência: Loira platinada, olhos verdes intensos, pele clara, corpo escultural e sempre vestida de maneira provocante e sofisticada. Seu visual é impecável, com unhas feitas, maquiagem perfeita e roupas que destacam sua sensualidade.

Personalidade: Ambiciosa, manipuladora, dissimulada e extremamente vaidosa. Tem um temperamento explosivo quando contrariada, mas sabe usar charme e sedução para conseguir o que quer.

História: Filha de um empresário falido, Bianca cresceu acostumada ao luxo, mas depois que a família perdeu dinheiro, ela percebeu que precisaria "se virar" para manter o padrão de vida que sempre teve. Desde jovem, usou sua beleza para atrair homens ricos e se manter no topo.

Relacionamento com Eduardo: Foi sua namorada no passado, e os dois tinham uma relação intensa e cheia de luxúria. Eduardo a prometeu casamento, mas nunca cumpriu. Quando ele se casou com Mariana por obrigação, Bianca se afastou, mas ele a procurou meses depois para reatarem o caso.

Objetivo: Conquistar Eduardo de volta e garantir um lugar ao lado dele, nem que para isso precise acabar com Mariana de vez.

...Mariana Beckman...

Idade: 25 anos

Aparência: Morena de cabelos longos e ondulados, olhos castanhos claros, pele dourada, corpo esguio, mas com curvas delicadas.

Personalidade: Inteligente, determinada, resiliente, mas emocionalmente reprimida. Sempre colocou os outros acima de si mesma, principalmente por causa do pai doente. Sofreu em silêncio dentro de um casamento sem amor, mas nunca perdeu sua essência.

História: Filha de Isabel e Antony cresceu em uma casa com uma mãe manipuladora e um pai amoroso que sempre a protegeu. Desde pequena, viu a mãe se aproveitar dos outros, mas nunca imaginou que um dia seria usada por ela como uma peça de barganha. Foi forçada a se casar com Eduardo para proteger o pai, sem saber que o dinheiro que deveria receber do marido ia para Isabel.

Relacionamento com Eduardo: Frio, distante e abusivo. Ele nunca a amou e deixou claro que só se casou por obrigação.

Ligação com Leonardo: No início, vê o sogro apenas como o pai do homem que a desprezou, mas logo percebe que ele é diferente. O olhar intenso, as atitudes inesperadas e o jeito protetor de Leonardo começam a despertá-la para algo que jamais sentiu antes.

...Isabel Beckman...

Idade: 45 anos

Aparência: Loira, olhos azuis, corpo bem cuidado, sempre maquiada e bem vestida, com uma aparência refinada e jovial.

Personalidade: Manipuladora, ambiciosa e fria. Sempre usou os outros para benefício próprio e nunca se preocupou de verdade com a filha.

História: Desde jovem, aprendeu a manipular homens para conseguir o que queria. Casou-se com Antônio, mas nunca foi fiel. Quando descobriu o desvio de dinheiro de Eduardo, viu a oportunidade perfeita para arrancar dinheiro da família Vasconcellos.

Relacionamento com Mariana: Nunca demonstrou carinho verdadeiro. Sempre enxergou a filha como um meio de ascensão social.

Ligação com Eduardo: Ele é sua marionete, e ela sabe disso. Manipula-o para conseguir dinheiro e poder, usando o casamento dele como ferramenta para manter sua vida de luxo.

...Antony Beckman...

Idade: 52 anos

Aparência: Cabelos grisalhos, olhos gentis.

Personalidade: Amável, honesto e um excelente pai. Sempre fez de tudo para proteger Mariana, mas após um acidente, perdeu parte de suas faculdades mentais e tornou-se dependente de cuidados médicos.

História: Casou-se com Isabel por amor, sem saber do caráter dela. Sempre trabalhou duro, mas sua saúde foi se deteriorando, e quando sofreu um acidente, tornou-se um fardo para a esposa. Seu maior orgulho é Mariana, que nunca o abandonou.

Relacionamento com Mariana: Extremamente forte. Mesmo doente, sabe que a filha se sacrificou por ele e sente-se culpado por isso.

Ligação com Leonardo: Leonardo já pesquisou tudo sobre ele e ficou furioso ao descobrir que Mariana estava trabalhando para bancar sozinha o tratamento do pai.

.......

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...🍃 🌹🍃...

Mariana,

O vestido branco pesava sobre meu corpo como um fardo. Eu deveria estar radiante, sorrindo para os convidados, mas por dentro, um vazio inexplicável tomava conta de mim. Eu estava casando com Eduardo Vasconcellos, o homem que minha mãe dizia ser perfeito para mim, o herdeiro de uma das famílias mais ricas do país. Ele era bonito, educado, inteligente… mas não me fazia sentir nada. Eduardo e eu já nos conhecíamos desde garoto, tempos de escola. Nossa aproximação era apenas isso, uma amizade de adolescentes e nada mais.

Enquanto ele apertava minha mão e sorria para as câmeras, eu sentia apenas um desconforto crescente, uma sensação de que estava tomando a decisão errada. Talvez fosse só nervosismo. Mas algo dentro de mim gritava que aquele casamento não seria o conto de fadas que eu esperava.

Após a cerimônia e as fotos intermináveis, seguimos para a grande mansão da família Vasconcellos. Era um palácio bonito, de arquitetura clássica, com enormes janelas de vidro e um jardim impecável. Meu coração acelerou quando avistei o homem que se destacava entre os convidados: Leonardo Vasconcellos, meu sogro.

Eu sabia que Eduardo vinha de uma família poderosa, mas nunca tinha conhecido seu pai pessoalmente, porque ele viajava bastante.

Leonardo era um homem de presença avassaladora. Com seus cinquenta anos bem vividos, ostentava um porte elegante, os cabelos meio grisalhos bem aparados, olhos de um castanho profundo e penetrante, e um queixo marcado que o deixava ainda mais bonito e sexy. Ele vestia um terno preto impecável, e seu olhar atento me analisou de cima a baixo, despertando um arrepio involuntário em minha pele.

— Seja bem-vinda à família, Mariana. — Sua voz era grave, controlada, mas eu senti uma estranha vibração nela.

— Obrigada, senhor Vasconcellos.

— Leonardo. — Ele corrigiu, arqueando uma sobrancelha. — Prefiro que me chame pelo meu nome.

A maneira como ele disse aquilo me fez engolir em seco. Eduardo estava ocupado cumprimentando alguns empresários ao nosso redor, então foi só naquele instante, naquela troca de olhares intensa, que percebi algo perigoso naquele homem. Uma energia diferente.

“É só coisa da minha cabeça”, tentei me convencer, desviando o olhar.

A recepção seguiu com champanhe, discursos e risadas, mas eu não conseguia tirar Leonardo da cabeça. Cada vez que meus olhos corriam pelo salão, ele estava me observando. Não de maneira óbvia, mas de um jeito silencioso e controlador, como se soubesse exatamente o efeito que estava causando em mim.

Senti um calor incomum se espalhar pelo meu corpo, e isso me incomodou profundamente. Por que eu estava me sentindo assim? Ele era meu sogro. Um homem poderoso, experiente, e que provavelmente só estava me analisando por ser a nova esposa de seu filho. Mas mesmo sabendo disso, não conseguia ignorar a forma como seu olhar me prendia.

Em determinado momento, Eduardo foi chamado para conversar com um grupo de sócios importantes. Fiquei sozinha novamente, até que uma presença forte se aproximou por trás de mim.

— Não parece muito feliz para uma noiva recém-casada.

O timbre de Leonardo ecoou no meu ouvido, e eu me virei rapidamente. Ele estava perto demais.

— Eu estou… só um pouco deslocada. — Justifiquei, tentando disfarçar a inquietação que me dominava.

— Hum… deslocada? — Ele murmurou, tomando um gole de seu uísque. Seu olhar fixo no meu fez minha respiração falhar por um instante.

A maneira como ele me analisava não era natural para um sogro. Não era normal sentir aquilo por um homem mais velho, ainda mais pelo pai do meu marido. Mas naquele momento, entre o barulho das taças e os risos ao fundo, percebi que Leonardo era perigoso para mim.

E o pior de tudo? Eu não queria fugir desse perigo.

........ Hoje .......

Mariana,

Aqui estou eu, casada há dois anos e meio.

Acordei com o despertador do celular tocando sobre o criado-mudo. Sem abrir os olhos, estiquei a mão para o lado da cama, encontrando apenas o lençol frio. Vazio, como sempre.

Soltei uma respiração pesada, sentindo o peso da frustração. Dois anos e meio de casamento, e ainda me sentia uma estranha dentro dessa casa... Dentro da minha própria vida.

Eu era uma mulher casada, mas não sabia o gosto de um beijo apaixonado, não tive uma lua de mel e sequer sei como é fazer amor com um homem, porque Eduardo nunca me tocou.

O motivo? Ele fez questão de deixar claro. Sem um pingo de remorso, jogou na minha cara que não sente atração por mim, não me ama e que, na verdade, ama outra pessoa. O porquê ele casou comigo? Eu também não sei, sinto que minha mãe tramou algo com ele.

Pior ainda, deixou claro que essa casa não era minha. Que quando a verdadeira dona desta casa chegar, eu sairei sem fazer alarde. Os avisos dele eram frios.

Eu não passava de uma esposa substituta, alguém que ocupava um espaço temporário. Eduardo não me dava dinheiro, nem assistência.

Eu não passava de um incômodo.

Tentei pedir ajuda à minha mãe. Contei tudo, expliquei o que ouvi da boca dele, o quanto estava infeliz e pedi para voltar para casa. Mas a resposta que recebi foi um não cruel e definitivo.

— Você é casada agora, Mariana. Faça seu casamento dar certo. Faça ele te desejar, te amar. Ou você é tão inútil, que não sabe usar sua feminilidade a seu favor? — ela disse com total frieza.

Eu insisti. Pedi, implorei. Mas ela foi além: ameaçou internar meu pai doente em um manicômio se eu ousasse sair do casamento.

Meu pai é um homem mais doce e generoso que eu conheço, aquele que me ensinou a andar de bicicleta e que sempre me contava histórias antes de dormir. Ele bateu a cabeça em um acidente e nunca mais ficou bem. Seu estado mental é instável, ele precisa de cuidados constantes.

Eu não podia abandoná-lo.

É por ele que estou aqui.

É por ele que faço esse sacrifício.

Respirei fundo e me sentei na cama, sentindo um nó se formar em minha garganta. Eu não queria essa vida.

Mas o que mais eu poderia fazer?

Coloquei os pés no chão gelado e me forcei a levantar. Caminhei até o banheiro, liguei a torneira e joguei água gelada no rosto. O reflexo no espelho me mostrou uma mulher que eu mal reconhecia.

Meus olhos estavam sem brilho. Meus lábios, sem cor. O tempo e a tristeza estavam me consumindo aos poucos.

Fiz minha higiene matinal, e depois vesti uma calça jeans simples, uma camisa branca e prendi o cabelo em um coque bagunçado. Peguei minha bolsa e chequei minha carteira: o dinheiro do meu salário estava quase acabando.

Isso me fez lembrar que eu precisava trabalhar hoje.

Desci as escadas e segui para a cozinha. O cheiro de café fresco preencheu o ambiente, mas a casa estava em silêncio. Enorme, luxuosa… e vazia.

Servi-me de uma xícara de café e peguei uma fatia de pão com manteiga. As funcionárias estavam na cozinha já cuidando de tudo, como todos os dias. Meu marido? Saiu cedo como tem feito sempre.

Essa era a minha realidade.

Apesar de estar casada com um homem rico, não havia luxo para mim.

Desde que Eduardo deixou claro que não dividiria nada comigo, eu arrumei um emprego em uma cafeteria no centro da cidade. Era uma rotina exaustiva, mas era o único dinheiro que eu tinha.

Sequer contei a Eduardo que estava trabalhando. Ele provavelmente não se importaria. Afinal, quando acordo, ele não está mais na cama, quando volto do trabalho, ele ainda não tem chegado da empresa. Nossa vida é um tanto faz, cada um por si.

Terminei meu café rapidamente e olhei o relógio. Se eu me atrasasse, minha chefa descontaria do meu salário. Peguei minha bolsa e saí pela porta dos fundos, como fazia todos os dias.

A cafeteria onde eu trabalhava ficava a vinte minutos de ônibus da mansão Vasconcellos. Era um local pequeno, mas aconchegante, frequentado por estudantes, trabalhadores e algumas senhoras ricas que gostavam de tomar café da manhã ali.

Assim que entrei no estabelecimento, fui recebida pelo olhar atento de Sônia, a dona da cafeteria.

— Achei que hoje você não viria, Mariana. — Ela comentou, enquanto limpava o balcão.

— Perder um dia de trabalho? De jeito nenhum.

Ela sorriu de canto, mas seus olhos denunciavam que percebia minha tristeza.

Sônia sempre foi gentil comigo, mas nunca fiz questão de contar minha história para ela. Seria humilhante admitir que meu casamento era uma farsa.

Peguei meu avental e comecei meu turno, anotando pedidos e servindo os clientes. O trabalho era simples, mas mantinha minha mente ocupada.

Até que, no meio da manhã, ao levar um café para um senhor de idade que lia um jornal, notei que um homem alto e elegante entrou na cafeteria. Vestia um terno escuro impecável, e seu perfume amadeirado dominou o ambiente assim que ele passou pela porta.

Ele olhou ao redor por um instante, como se procurasse alguém, e então se sentou em uma das mesas no fundo.

Minha respiração ficou presa por um segundo.

Porque mesmo sem conseguir ver seu rosto direito, havia algo nele que me incomodava.

Algo… familiar.

Engoli em seco e voltei ao balcão, pegando meu bloquinho de anotações.

— Quer que eu vá atender? — A outra funcionária perguntou.

Mas eu neguei. Por algum motivo, eu queria ir até ele. Com passos firmes, caminhei até a mesa do fundo e levantei os olhos para encará-lo.

E foi então que o choque me atingiu.

Leonardo Vasconcellos.

Meu sogro.

Eu não sabia que ele frequentava esse lugar. Na verdade, já faz dois anos e meio que eu não o vi mais, desde o casamento com o filho dele.

Seus olhos castanhos se fixaram em mim no instante em que percebeu minha presença.

Ele pousou o olhar sobre mim de um jeito que me deixou sem fôlego.

O coração acelerou dentro do peito.

— Mariana. — Ele murmurou.

Claro, estava pasmo por ver a esposa do seu filho rico, trabalhando quando deveria estar em casa aproveitando o luxo. Ah, mas se ele soubesse que o filho dele é um cretino e péssimo marido, aí sim, eu estaria mais ferrada. Eu não poderia contar, de jeito nenhum. Minha mãe me ameaçou em ficar nesse casamento. Então evitar falar mal daquele cretino, seria uma opção adequada.

Capítulo 2

Conheço Mariana há muito tempo, desde o colégio.

Ela sempre foi uma garota discreta, a filha exemplar, a aluna esforçada. E eu? Eu nunca me importei com ela. Meu fascínio sempre esteve em outra pessoa. Desde aquela época, meus olhos estavam fixos em Bianca.

A garota mais popular da escola, a mais desejada, a mais invejada.

Para ser mais específico, ela estava na minha sala.

Lutei para conquistá-la, usei todas as armas que tinha. Até que, depois de um tempo, ela finalmente cedeu.

Começamos a namorar, e eu fiz uma promessa a ela:

— Quando estivermos adultos, vamos nos casar. Você será minha esposa.

Ela sorriu e acreditou. E por um tempo, eu também acreditei. Por um tempo, tudo estava indo bem. Até que o mundo desabou sobre mim.

O erro foi meu.

Eu fui burro.

Eu quis provar ao meu pai que não precisava dele, que assim que tivesse mais dinheiro em mãos, eu compraria a empresa só para mim. Quis mostrar que eu era capaz de tomar decisões sozinho, que eu sabia administrar dinheiro. E, por arrogância, acabei investindo uma quantia alta de dinheiro da empresa.

Sem permissão, sem pensar nas consequências. E perdi. Perdi tudo.

Meu pai não sabe disso. A única pessoa que sabia, até então, era meu braço direito, Renan.

Ele sempre esteve ao meu lado, sempre me protegeu, sempre ajudou a consertar meus erros. E, quando a merda aconteceu, ele tentou me ajudar.

Nos encontramos em um local longe da empresa, para discutir uma saída, uma solução. Mas, no meio da conversa, não percebemos que alguém estava nos ouvindo.

Isabel, a mãe de Mariana.

Ela ouviu tudo, gravou tudo. E, naquele momento, minha vida acabou.

Tentei negociar, tentei oferecer dinheiro. Mas não adiantou. Ela queria mais, muito mais.

— Você vai se casar com minha filha, Eduardo.

Eu ri. Achei que fosse piada. Mas quando ela me mostrou a gravação, percebi que não tinha para onde fugir. Se meu pai descobrisse que eu mexi no dinheiro da empresa sem autorização, ele me deserdaria na mesma hora.

Eu perderia tudo, e Isabel sabia disso. Ela sabia que me tinha nas mãos, e exigiu um preço alto pelo seu silêncio.

O casamento com Mariana foi parte do acordo. Mas havia uma condição extra. O dinheiro que deveria ser dela como minha esposa, eu teria que dar para Isabel. Ou seja, Mariana ficaria sem nada.

Enquanto isso, Isabel desfrutava dos luxos malditos que esse dinheiro comprava.

Bolsas de marca, viagens internacionais, Joias ridículas.

Ela não se importava com o marido doente, não se importava com Mariana. Só queria satisfazer sua ganância. E há dois anos e meio, eu estou mantendo ela e seus malditos luxos.

Minha vida virou um inferno. Eu tive que abrir mão do único amor da minha vida.

Bianca me implorou para não fazer isso. Me chamou de covarde, de fraco. Mas eu não tive escolha.

Se meu pai descobrisse, eu não teria mais onde cair morto. E ela não merecia se envolver nesse caos.

Eu ainda a amo, sempre vou amar. E não há espaço no meu coração para mais ninguém.

Mariana? Ela é só uma pobre coitada usada pela mãe, enfiada em um casamento que não lhe beneficia em nada. Ela não tem culpa. Mas eu nunca a vi como mulher.

Várias vezes, ela tentou me conquistar. Usava aquelas camisolas ridículas, esperando que eu me interessasse. Mas não funciona. Ela não me atrai.

Aos meus olhos, ela não tem graça alguma. E, se depender de mim, jamais a tocarei.

As dívidas da empresa ainda me atormentam. Mas estou conseguindo pagar aos poucos.

Se meu pai perceber qualquer furo nas finanças, ele vai começar a investigar. E, quando isso acontecer, tudo pode ruir.

Preciso manter Mariana onde está. Ela não pode descobrir nada. E, principalmente, meu pai não pode suspeitar de nada.

Tenho saído de casa cedo, antes que Mariana acorde. Evito vê-la. Evito olhar em seus olhos. Porque, no fundo, sei que estou preso a uma mentira e ela também. Tomar café da manhã ao lado dela seria tortura. Então, prefiro tomar meu café na empresa, cercado por relatórios e números, onde posso fingir que minha vida ainda está sob controle. Mas a verdade? Minha vida é um caos.

Nas últimas semanas, algo mudou. Eu voltei a falar com Bianca. A mulher que sempre amei. A mulher que deveria ser minha esposa. Eu lutei tanto para conquistá-la no passado, fiz promessas de que um dia seríamos só nós dois. E agora, depois de tanto tempo, estou finalmente com ela novamente. Ainda que seja apenas às escondidas.

Na primeira vez que liguei para Bianca, ela não quis me atender. E com razão. Ela me odiava. Eu a abandonei sem explicação. Mas eu não poderia contar toda a verdade naquela época. E, no fundo, acho que ela sempre soube que havia algo mais. Foi só depois de insistir por dias que ela aceitou me encontrar. Fomos para o apartamento dela. E quando ela abriu a porta, era como se nada tivesse mudado, ainda era ela. O mesmo perfume, o mesmo olhar intenso, o mesmo desejo contido. E, quando a beijei pela primeira vez depois de tanto tempo, soube que nunca deixei de amá-la.

Agora, nos vemos todas as noites. Depois do expediente, vou direto para o apartamento dela. Ali, sou eu mesmo novamente. Longe das mentiras. Longe das chantagens. Longe de Mariana. Ali, sou o Eduardo de antes. Passamos as noites juntos, e muitas vezes acabo dormindo lá. Volto só de madrugada para casa. Entro em silêncio, vou direto para o banheiro, tomo um banho rápido, visto um terno limpo, e saio para a empresa antes que Mariana acorde. Ela não faz ideia. E não precisa saber.

Mas, por mais que eu tente, sinto que o cerco está se fechando. Mariana não é burra, ela deve perceber minha ausência. Deve notar que eu nunca estou em casa. Mas ela nunca pergunta. Nunca confronta. Talvez porque também esteja cansada desse casamento. Talvez porque ela já tenha desistido de mim. E, se for esse o caso… Melhor assim.

Na parte da noite, fiz o mesmo trajeto de sempre. Saí da empresa, entrei no carro e segui direto para o apartamento de Bianca. Aquela rotina já fazia parte da minha vida. Era ali que eu encontrava a única coisa que ainda me fazia sentir algo.

Quando cheguei, ela já estava me esperando. Havia preparado um jantar para nós dois, a mesa estava posta com um bom vinho e velas acesas. Ela sempre soube como me agradar. Assim que abriu a porta e sorriu para mim, não tive como me conter. Meu corpo respondeu antes que eu pudesse pensar.

Eu a ataquei. Meus lábios tomaram os dela de forma urgente, e a puxei contra mim, sentindo seu perfume tomar conta dos meus sentidos. Suas unhas se cravaram em minha nuca, seus lábios quentes, sua pele macia. Era isso que eu queria. Isso que eu precisava.

Empurrei-a contra a parede, minhas mãos explorando seu corpo, e Bianca arfou contra minha boca, puxando minha gravata com pressa. O jantar foi esquecido. A fome que tínhamos era outra, muito mais intensa.

Suas mãos abriram os botões da minha camisa enquanto eu deslizava minha boca por seu pescoço, sentindo-a se arrepiar sob meu toque. Abaixei as alças de seu vestido, revelando sua pele nua, e não consegui esperar mais. Ali, no meio da sala, a peguei nos braços e a carreguei para o quarto.

Nos entregamos um ao outro como se fosse a última vez. Como se estivéssemos tirando todo o tempo perdido. Como se todo aquele desejo reprimido estivesse explodindo de uma vez.

Depois de tanto tempo, Bianca ainda era minha. E eu ainda era dela.

Depois, ficamos deitados lado a lado, tentando recuperar o fôlego. Bianca virou-se para mim, deslizando os dedos suavemente sobre meu peito.

— Eu odeio quando você vai embora.

Fechei os olhos por um instante, sentindo um aperto no peito.

— Eu sei — respondi.

— Quanto tempo mais vai durar essa farsa, Eduardo?

Abri os olhos e a encarei. Eu sabia que ela queria uma resposta diferente, mas eu não podia mentir para ela.

— Eu não sei.

Ela se afastou, suspirando, e sentou-se na beira da cama.

— Você sabe que não posso esperar para sempre.

Minha mandíbula travou. Eu sabia disso.

Levantei-me e fui até ela, envolvendo meus braços ao redor de seu corpo e beijando sua nuca.

— Você é tudo para mim, Bianca.

Ela suspirou, inclinando a cabeça para o lado, permitindo que eu continuasse a beijá-la.

— Então prove. Mande aquela piranha ir embora.

Minha respiração ficou presa na garganta.

— Não é tão simples assim.

Ela riu, amarga.

— Claro que não. Porque você sempre arruma uma desculpa.

— Você sabe que não é uma desculpa.

Ela se virou para mim, seu olhar cheio de dor e frustração.

— Eu não quero ser a outra, Eduardo. Sempre fui a primeira em sua vida.

Fechei os olhos por um momento. Eu entendia o que ela queria dizer. Eu odiava essa situação tanto quanto ela. Mas não havia saída.

Se meu pai descobrisse, eu estaria acabado.

Se Isabel expusesse tudo, eu perderia tudo.

E eu não podia arriscar.

— Me dá mais tempo — pedi, segurando seu rosto entre minhas mãos.

Ela não respondeu. Apenas suspirou e deitou-se novamente, virando-se de costas para mim.

Eu sabia que estava perdendo Bianca.

Mas não podia fazer nada para impedi-la.

Porque eu já tinha perdido o controle de tudo.

E, pela primeira vez, comecei a me perguntar se essa mentira valia o preço que eu estava pagando. Eu queria ter mais tempo para resolver tudo, para não ter que sair de casa, mas para que eu pudesse levar Bianca para dentro daquilo que me pertence, porque ela merece uma vida boa.

Capítulo 3

Eu não sabia o que sentir. Ignorei totalmente o olhar de Leonardo sobre mim e me mantive firme. Decidida, perguntei qual seria o seu pedido. Ele abriu um sorriso incrédulo, como se soubesse exatamente que eu queria fugir do assunto. Seus olhos castanhos me analisaram por um instante antes de finalmente dizer:

— Sente-se, Mariana.

Cruzei os braços e balancei a cabeça.

— Eu não posso, estou trabalhando.

Mas ele não aceitou minha resposta. Leonardo simplesmente se levantou e puxou uma cadeira para mim, como se fosse um gesto natural. Seu olhar firme deixou claro que não aceitaria um não como resposta.

— Apenas alguns minutos, por favor! — Pediu, olhando para mim.

Suspirei, percebendo que não conseguiria evitar aquilo. Havia algo em sua postura que me deixava desconfortável, uma firmeza que não dava espaço para questionamentos. Talvez fosse a forma educada como ele se portava, ou o fato de que, pela primeira vez, alguém realmente parecia querer conversar comigo sem esperar nada em troca.

Sentei-me, sentindo as pernas fraquejarem.

Ele fez um sinal discreto para uma das funcionárias, que logo se aproximou para nos atender. Leonardo não precisou dizer nada, apenas olhou para ela, e a mulher acenou rapidamente, entendendo o pedido sem que ele precisasse falar.

Eu não sabia dizer se isso era charme ou apenas o efeito natural que ele causava nas pessoas.

Pouco tempo depois, a garçonete voltou, trazendo dois cafés frescos e uma pequena bandeja com biscoitos amanteigados. Colocou tudo com cuidado na mesa, lançando um olhar curioso para mim antes de se afastar.

Eu deveria pegar minha xícara e beber, mas meu corpo estava tenso demais. Se eu pegasse na xícara, ele logo perceberia o quanto eu estava nervosa.

— Agora podemos conversar — Leonardo disse, apoiando os braços sobre a mesa e mantendo aquele olhar intenso sobre mim.

Segurei o avental com força, sentindo um incômodo estranho crescer dentro de mim.

— Sobre o quê?

— Sobre você.

Minha respiração falhou levemente, mas rapidamente recuperei o controle.

— Não há nada para se saber sobre mim.

Leonardo riu, um riso quase divertido.

— Você trabalha aqui há quanto tempo?

O desconforto aumentou.

— Por que quer saber?

— Apenas curiosidade.

Mordi o lábio inferior e soltei um suspiro discreto.

— Dois anos.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Dois anos?

Não gostei do tom surpreso em sua voz. Algo nele me dizia que estava ligando os pontos.

— E Eduardo, sabe?

O nó na minha garganta ficou mais apertado.

— Ele nunca perguntou.

Leonardo estreitou os olhos, como se analisasse cada detalhe da minha resposta.

— Interessante.

Ele pegou sua xícara e tomou um gole do café, ainda me observando.

Desviei o olhar, incomodada com aquela conversa.

— Então, além do café e dos biscoitos, há mais algum pedido?

Tentei trazer o foco para o motivo real de ele estar ali, ou pelo menos o que eu achava que era o real motivo.

Leonardo apoiou o cotovelo na mesa novamente, inclinando-se um pouco mais para mim.

— Ainda não decidi se faço um pedido ou se apenas descubro algumas respostas.

Meu corpo ficou tenso.

— Que respostas?

Ele girou a xícara entre os dedos, parecendo escolher bem as palavras.

— Algo me diz que há muitas coisas que você ainda não contou.

— Eu não tenho nada para contar.

— Não?

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente sem acreditar.

Fiquei irritada.

— Por que essa insistência em saber sobre mim, Leonardo?

Ele sorriu de leve, mas era um sorriso que não alcançava os olhos.

— Porque me interesso pelo que está à minha volta, Mariana. Principalmente quando algo não parece certo. Você está casada com meu filho, o que faz de você minha nora, parte da minha família. Eu me preocupo.

Minha respiração ficou presa na garganta, ele está desconfiado.

Peguei minha xícara, bebi um gole de café e me levantei.

— Eu realmente preciso voltar ao trabalho.

Leonardo apenas observou.

— Até quando vai fugir?

— Até quando vai insistir em um assunto, que só diz respeito a mim e ao seu filho?

Ele inclinou a cabeça levemente para o lado, analisando minha expressão.

— Até conseguir tirar as minhas dúvidas. Mas não se preocupe, teremos bastante tempo.

Minha mandíbula travou.

Peguei meu bloco de anotações e segurei firme.

— Tenha um bom dia, senhor Vasconcellos.

Virei-me rapidamente, indo até o balcão. Meu coração estava batendo forte demais, minha mente a mil.

Leonardo estava começando a perceber que algo não fazia sentido. E eu precisava descobrir o que ele sabia, antes que ele descobrisse tudo sozinho.

Meio dia, meu expediente finalmente acabou. Sentia meu corpo cansado, mas minha mente ainda estava presa na conversa que tive com Leonardo mais cedo. Algo no jeito dele me inquietava.

Entrei no vestiário, tirei o avental e troquei de roupa rapidamente. Tranquei meu armário e, ao invés de pegar o ônibus como de costume, decidi chamar um táxi. Não queria pensar demais, mas uma parte de mim ainda refletia sobre o que ele disse.

"Teremos muito tempo."

O que ele quis dizer com isso?

Se ele soubesse que eu pego um ônibus todos os dias para ir ao trabalho, morreria do coração.

Quando o táxi parou em frente à casa, paguei o motorista e desci. Preferi fazer o restante do caminho a pé, atravessando a calçada e subindo os poucos metros até a entrada.

Abri a porta e fui direto para o meu quarto. A casa estava silenciosa, e imaginei que Eduardo ainda estivesse na empresa, como sempre.

No quarto, me despi e segui para o banheiro. A água quente relaxou meus ombros tensos, e eu tentei, por alguns minutos, afastar todas as perguntas que insistiam em surgir na minha mente.

Leonardo estava me observando demais.

Leonardo estava perguntando demais.

O que exatamente ele estava tentando descobrir?

Depois do banho, sequei o cabelo com uma toalha e me sentei na beirada da cama, massageando meus pés cansados. O dia na cafeteria havia sido agitado, mas a exaustão física era o menor dos meus problemas.

Meu maior problema era que, pela primeira vez em muito tempo, alguém estava prestando atenção em mim.

E isso me assustava.

Assim que terminei, vesti uma roupa leve e desci para almoçar. Já estava sentindo fome e esperava que a casa estivesse vazia o suficiente para que eu pudesse comer em paz. Mas, para minha surpresa, Leonardo estava sentado à mesa de almoço.

Minha respiração travou por um instante.

Ele estava ali, relaxado, sendo servido pelas funcionárias, como se fosse algo natural. Mas não era.

Nunca era.

Desde quando ele almoçava aqui?

Hesitei por um momento antes de entrar no cômodo. Ele me viu imediatamente e me mostrou um sorriso ladino, erguendo ligeiramente o copo com um pouco de vinho.

— Que bom que chegou, Mariana. Venha almoçar.

Minha garganta secou.

Pisquei algumas vezes, tentando organizar os pensamentos.

O que ele estava fazendo aqui? Por que parecia tão à vontade?

Respirei fundo e me aproximei da mesa, sentando-me de frente para ele. Uma das funcionárias prontamente me serviu, e Leonardo continuou a me observar.

— Como foi o trabalho? — Ele perguntou, cortando a carne em seu prato.

Peguei o garfo, tentando me concentrar na comida.

— Normal, como sempre.

— Hm. — Ele mastigou devagar, ainda me olhando. — O que significa que já faz dois anos que sua rotina é a mesma.

Parei de mastigar por um segundo.

Ele estava voltando a esse assunto?

Baixei os olhos para o prato e dei de ombros.

— Todo trabalho tem rotina.

— Isso é verdade. Mas você nunca pensou em mudar?

Engoli em seco.

— Por que mudaria?

Leonardo tomou um gole do vinho e sorriu, mas seu olhar dizia algo mais.

— Talvez porque você mereça algo melhor.

Meu coração acelerou levemente.

Aquela conversa estava começando a me incomodar.

Larguei os talheres.

— Você não veio até aqui só para almoçar, veio?

Leonardo inclinou a cabeça levemente, apoiando os braços na mesa.

— Na verdade, vim ver meu filho. Mas já que ele nunca está em casa, estou aproveitando a comida. E resolvendo se fico por aqui por longo tempo.

A forma casual como ele falou me deixou desconfiada. Eu sabia que Leonardo não dava ponto sem nó. Mas ele parecia confortável, relaxado, como se realmente estivesse ali apenas por hábito.

Algo me dizia que ele não iria parar de me observar tão cedo. E eu não sabia se isso era bom ou ruim.

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