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O Preço do Coração do Ceo

Somente Minha Mãe & Eu.

Demétrio

Com os pés no chão após arrebentar mais uma vez meu único par de chinelos, aos oito anos de idade, corro atrás da minha mãe pelas ruas da nossa cidade. É o que fazemos todos os dias para vender os bolos que ela aprendeu a fazer com a minha avó, mãe do infeliz que engravidou minha mãe e sumiu no mundo depois.

Minha mãe, Rosaly James, era muito jovem e ingênua, mas meu pai era ardiloso e mulherengo. Seduziu minha mãe até descobrir que a engravidou, como minha mãe era sozinha ele a deixou na casa da mãe dele.

Em seguida usou a desculpa de um emprego melhor em outra cidade, ele foi e meses depois mandou uma carta para minha avó dizendo que não iria mais voltar e que ela se virasse com minha mãe grávida. Ela não abandonou minha mãe, a ajudou e ensinou tudo o que sabia.

Minha avó faleceu quando eu tinha três anos, o aluguel da casa, luz, água, eram coisas que minha mãe precisava pagar e com uma criança tão pequena sem ter como deixar com ninguém ela não teve outra escolha a não ser me levar com ela.

Mas as coisas começaram a ir de mal a pior quando o senhorio da casa começou a aumentar o aluguel porque minha mãe não aceitou servi-lo em sua cama, apesar da vida difícil minha mãe sempre foi uma mulher digna e honrada.

Correndo pelas ruas enquanto tentava ajudar minha mãe, conheci um menino chamado Gavin Stone. Nos tornamos amigos, ele sempre comprava três pedaços de bolo com a minha mãe somente para conversarmos.

Graças a essa amizade a mãe dele virou amiga da minha mãe e a ajudou a conseguir uma vaga para mim na escola de Gavin, estudamos juntos até completar o ensino médio.

— E agora, Dem? Terminamos o ensino médio e precisamos decidir o que fazer da vida! — estamos em um bar dividindo uma garrafa de cerveja que ele pagou.

— Agora? Agora irei arrumar um emprego para que minha mãe não seja mais obrigada a sair na chuva ou no sol para vender bolos e manter nosso sustento. Se não fosse pela sua mãe e seu pai nós estaríamos na rua por causa daquele senhorio filho da puta.

— Meu amigo, você precisa escolher algo para fazer faculdade e ter uma carreira! — ele me aconselha.

— Mesmo que eu tente arrumar uma bolsa de estudos ainda terá coisas que minha mãe não poderá comprar para mim... Não quero, não posso e nem vou dar mais esse trabalho para ela.

Gavin olha para mim e entende que não posso mais deixar minha mãe sofrer, ele faz algo que me impressiona.

— Tudo bem, vou falar com meu tio que é sócio em uma construtora pequena, pedir emprego para nós dois! Até mais te dou uma resposta.

Ele sai e não me deixa falar nada, a cerveja já estava paga e eu termino de beber. Ao chegar no pequeno quarto com um banheiro em que vivo com minha mãe desde os meus dez anos de idade que ficam atrás de uma igreja a vejo caída no chão e me desespero.

— Mãe? Mãe, acorde, por favor! O que aconteceu? — ela não responde, sua respiração está fraca.

Quando chegamos na emergência descubro que minha mãe está com pneumonia, as andanças no calor e no frio a fizeram adoecer e aquilo me revolta por sentir que a culpa é minha.

Volto para casa sozinho, não permitiram a minha presença ao lado da minha mãe por ela ter apenas quarenta anos, como um jovem de dezoito anos me disseram que eu podia apenas ficar com ela nos horários de visita.

— Eu já estava indo embora, bati na porta e ninguém atendeu... Tenho novidades, começaremos amanhã no trabalho! — Gavin fala animado.

— Que bom, estou vindo do hospital... Minha mãe está com pneumonia. Com esse trabalho tenho certeza que ela não vai precisar mais sair para vender bolos na rua para adoecer novamente.

— Sinto muito por sua mãe, mas tenho certeza que ela irá se recuperar logo! — ele coloca a mão no meu ombro e sorri para mim.

Gavin além de ser meu melhor amigo virou um anjo da guarda para mim, tive muita sorte em conhecê-lo na minha infância... Ele é mais que um melhor amigo, é meu irmão de outra mãe.

Passei aquela noite em claro pensando na minha mãe, meu primeiro dia de trabalho não foi fácil, porém, aprendi muitas coisas. No horário do almoço fui visitar minha mãe que já estava acordada.

— Meu filho, você precisa ir para a faculdade! Precisa de algo a mais no seu currículo, não pode desperdiçar seu futuro assim. Eu posso continuar a vender bolos até você terminar. — sinto a mão da minha mãe em meu rosto e fecho meus olhos por um segundo.

— Não, mãe! Estou fazendo o que é certo e não irei desistir. Eu te amo, mãe.

Voltei para o trabalho depois de visitar minha mãe no hospital, estava determinado. Com o meu primeiro pagamento coloquei coisas dentro de casa que antes não podíamos bancar quando se tratava de comida.

Vi um homem sair comemorando por ganhar uma bolada em um bilhete de loteria, ali decidi que também iria tentar a sorte todos os meses. Gavin entrou nessa comigo, eu comprava dez e ele também.

Se passaram três anos, continuei no mesmo emprego e comprando bilhetes todos os meses até que decidi que aquele seria o último mês que eu iria tentar. Pela primeira vez troquei os números e coloquei os números da sorte da minha mãe.

Juro que quando fui conferir o bilhete passei mal ao ponto de quase desmaiar, eu ganhei sozinho 1 milhão de dólares. Minha vida mudou drasticamente naquele momento, eu era o novo milionário da minha cidade.

Demétrio

Gavin

O Novo Milionário.

Demétrio

Ganhar na loteria foi apenas o primeiro passo para mudar a vida da minha mãe, a minha vida. Eu tinha planos que iria botar em prática, depois que uma conta foi aberta em meu nome e recebi aquela bolada decidi conversar com Gavin.

— Tem certeza que quer fazer isso? Vejo o que meu tio passa todos os dias para manter a construtora e sei que não é fácil!

— Tenho certeza que quando oferecer para ele e o sócio quinhentos mil dólares eles irão vender na hora. Quero você trabalhando comigo ao meu lado, vamos crescer juntos.

Mesmo com Gavin pensando que não daria certo eu arrisquei, no começo após a compra da construtora fizemos uma reforma geral. Mudei o nome da empresa para "DJ Construções" e investi em tudo o que precisava para melhorar e dar credibilidade a minha empresa.

Não vou negar que foi difícil, levei dez anos para colocar a minha empresa no ranking das dez mais bem sucedidas, eu não tinha vida. Foram noites em claro revisando relatórios de todos os tipos, correndo atrás de contratos com empresas de nome.

Minha vida era só trabalhar dia e noite, minha mãe algumas vezes ficava comigo no escritório, Gavin também não me abandonou. Mas no final deu tudo certo, por saber que todo o esforço e vida enterrada no trabalho era todo meu Gavin só aceitou trabalhar para mim como meu fiel assistente pessoal.

Mas dei para ele algumas ações da empresa, não achei justo, ele é meu irmão de outra mãe, meu melhor amigo. Tudo estava indo bem para mim finalmente, minha mãe tinha a vida que merecia. Por que as pessoas não podem ser completamente felizes quando estão no auge de algo que tanto almeja?

Ao longo dos anos percebi que sentia algumas coisas, mas não tinha tempo de ir ao médico até o dia de hoje, quando desmaiei após um uma dor intensa no peito. Minha sorte foi ter Gavin ao meu lado no escritório que me levou para o hospital e o que o médico me disse me deixou em choque.

— Senhor James, precisa de um transplante de coração... Urgentemente. Não tem muito tempo de vida do jeito que seu coração está. — dou risadas e falo:

— Doutor, não tenho tempo para ouvir esse tipo de coisa... Não deve ser nada demais e com um chá que minha mãe fizer passa. Agora me dê alta para ir embora! — mas ele me olha sério e diz:

— O senhor tem uma insuficiência cardíaca avançada, não tratou no início, não se cuidou como deveria e agora seu caso exige um transplante de coração para ontem! O problema é encontrar um doador compatível e a fila de transplante de coração que é, na realidade, uma lista de pacientes registrados no Sistema Nacional de Transplantes que aguardam um coração de um doador compatível.

— Doutor, se for necessário nós pagamos por um coração, mas ele não pode morrer... A mãe dele não suportaria viver sem o filho, e ele é meu único melhor amigo. — Gavin fala com os olhos marejados e preocupado.

— Sinto muito, mas não é assim que funciona, senhor Stone. Como eu expliquei existe uma fila... Porém, o caso dele é urgente, então, considerando o diagnóstico dele talvez ele consiga um coração logo. Só não posso garantir quando e se, ele não pode sair do hospital, aqui podemos tentar prolongar a vida dele até encontrar um doador.

O doutor sai depois de dizer isso, estou mergulhado em mim mesmo, me afogando... Minha mãe precisa de mim. Isso não deveria acontecer comigo agora, fui um bom filho e cuidei dela.

— Dem, vamos dar um jeito nisso não precisa ficar preocupado!

— Eu fui um bom filho, irmão! Tudo o que fiz na vida foi pela minha mãe, para cuidar dela... Não aceito o que está acontecendo!

— Mas esqueceu que você também precisava de cuidados. Se negligenciou por amor e eu entendo, mas agora precisa ficar calmo e entender que não é o fim.

— Será mesmo que não é? Acabei de descobrir que virar um bilionário não vai salvar minha vida, então do que adianta ter o tanto de dinheiro que tenho se não vai salvar minha vida?

— Demétrio, não vou admitir que entregue os pontos! A minha vida inteira vi você lutar com garra para conquistar o que tem hoje sem nunca esmorecer ou desistir, não faça isso agora!

Pela primeira vez em anos eu choro feito um bebê, meu amigo me abraça e chora também. Não pensei que quando chegasse onde cheguei a vida iria me punir por não cuidar de mim, só queria aproveitar os frutos do que tenho e talvez nem isso poderei... Meu Deus, minha mãe, não me deixe morrer, ela ainda precisa de mim.

A Vida Não é Justa.

Harper

A vida não é justa, perdi minha mãe em um acidente de carro, meu pai não sei nem quem é e a última familiar viva de nossa pequena família está morta. Agora somos só Lilly e eu nessa cruzada que se chama destino lutando sozinhas para que tudo dê certo.

Lilly e eu somos gêmeas idênticas, sempre muito unidas, não conseguimos ficar longe por mais de um dia e sem se falar por mais de meia hora.

Tenho problemas com ex, ele não aceita o fim do relacionamento. Me separei por ele ser agressivo verbalmente e fisicamente, fora a tortura psicológica. Estou aqui em meu apartamento arrumando a mala para ir enterrar minha avó que morava na cidade vizinha e Nikko conseguiu mais uma vez invadir o meu apartamento.

— Vai para onde sua vadia cretina? — começaram os insultos — Está pensando que pode sair assim sem me avisar? Olhe para mim quando eu estiver falando com você!

Ele me puxa violentamente pelo braço e dá um tapa forte em meu rosto com as costas da mão fazendo o sangue descer em meu lábio na mesma hora. Coloco a mão onde dói e sangra e falo para ele:

— Seu maldito desgraçado, você já não faz mais parte da minha vida e não te devo satisfação de nada... Vai embora! — quase grito enquanto choro.

Mas ele me segura pelos cabelos, me puxa para ele e me dá outro tapa enquanto dispara um monte de palavrões e ofensas dolorosas. Começo a gritar por socorro e meu vizinho com seu marido ao lado entram e colocam Nikko para fora.

— Querida, você está bem? — Hernan pergunta preocupado me levantando do chão.

— Vamos na delegacia dar parte daquele troglodita agora mesmo! — Marcius fala indignado.

— Não... Eu não posso! Minha irmã está me esperando para dar o último adeus a nossa avó. Mas quando eu voltar de lá vou até a delegacia e se vocês ainda estiverem dispostos a ir comigo como testemunhas, serei grata.

— É claro que vamos, querida. E meus pêsames por sua avó. — Hernan lamenta.

— Vai lá, meu anjo... Se cuida e manda um beijo para a minha borboletinha. — Marcius pede.

— Claro, obrigada amores. — pego minha mala e os dois me acompanham até meu carro.

Me acompanham somente para ter certeza que Nikko não está por lá para me fazer mais mal ainda. Depois de agradecê-los entro no carro e dirijo até o apartamento da minha irmã, enquanto faço isso tento cobrir com maquiagem parte das marcas em meu rosto.

— Lilly, me atrasei por causa do... Do meu carro, ele deu problema de novo. — falo sem olhá-la nos olhos.

— Seu carro também machucou sua boca? — ela pergunta me fazendo olhar para ela sem saber o que dizer.

— Isso? — aponto para onde está dolorido no meu lábio — Eu me machuquei mais cedo, estava tomando banho e desastrada como sou escorreguei e caí.

— Harper... — a interrompo e mudo de assunto.

— Vamos espalhar as cinzas da vovó no jardim de rosas brancas que ela tanto amava? Tenho certeza que ela vai ficar feliz se colocarmos suas cinzas ali.

Ela me responde afirmando que seria uma boa, a viagem de três horas dentro do carro foi estranha já que volta e meia ela queria saber o que aconteceu com meu rosto por estar muito maquiada.

Mas isso tudo passou quando vimos nossa querida e amada avó no caixão, ficamos ali por duas horas abraçadas e chorando olhando para a única pessoa que ficou ao nosso lado quando a nossa mãe faleceu. Nós éramos apenas duas meninas de nove anos que teriam que aprender a viver sem a nossa mãe.

Nós nos mudamos quando completamos vinte anos, há um ano, por causa do trabalho. Foi no trabalho que conheci Nikko e poucos meses depois decidimos morar juntos... Pior decisão da minha vida.

Mesmo morando longe não deixamos de visitar nossa avó, ainda não acredito que um mal súbito a levou embora para sempre. Depois de duas horas velando o corpo sem vida de nossa avó, o pessoal do crematório chegou.

Acompanhamos tudo em silêncio e abraçadas, quando as chamas começaram a consumir nossa avó um grito de dor e saudade escapou de nossas gargantas ao mesmo tempo... Choramos até nossos olhos doerem.

Levamos as cinzas para a velha casinha e jogamos suas cinzas entre suas rosas favoritas. Passamos na imobiliária e deixamos a casinha para alugar, já era noite quando estávamos no carro voltando para nossa realidade.

— Harper... Você precisa ir na delegacia denunciar o Nikko, pedir uma medida protetiva e sair daquele apartamento. Volta para o nosso, vou te proteger. — volto a chorar.

— Eu não queria te chatear com isso justo hoje, um dia tão difícil para nós. Mas amanhã vou na delegacia, até mais tarde levo minhas coisas para o nosso apartamento e entrego o que estou morando.

Minha irmã sorriu, tirou o cinto de segurança e me abraçou, nesse momento minha visão embaçou com as lágrimas e quando ela se sentou no banco para colocar o cinto de segurança novamente um farol alto veio de encontro com nosso carro.

Só consegui virar o volante para o outro lado, batemos em algo e eu assisti em câmera lenta o corpo da minha irmã ser arremessado contra o vidro da frente do carro e eu bati a cabeça com toda força no volante.

— Lilly... — tudo escureceu para mim.

Lilly e Harper

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