Aviso da Autora:
Este é o quarto livro da série Irmãos Salvatores. Caso queiram ler os anteriores, todos estão disponíveis no perfil. Embora não seja obrigatório ler os primeiros para entender este, recomendo a leitura para melhor compreensão dos personagens e suas conexões.
Neste livro, acompanharemos a história de Fabrizio, que já apareceu nos volumes anteriores, e Sophia, introduzida no terceiro livro da série, que conta a história de Nathalie.
Toda a trama é fictícia, e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A obra contém cenas de sexo explícito, linguagem imprópria e de cunho sexual, além de abordagens sobre o consumo de álcool, drogas, armas, traumas e daddy issues.
Importante: Não há traição entre os protagonistas. A única traição presente na história ocorre no âmbito profissional. A autora não gosta e nem apoia esse tipo de enredo entre os personagens principais.
Boa leitura e até mais!
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...Sophia Callister ...
...Fabrízio Salvatore ...
...Secundários ...
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..."O amor pode suportar muitas coisas—tempo, distância, até mesmo a dor. Mas será que ele sobrevive à mentira?"...
Dois meses atrás...
A casa estava em silêncio, mas a tensão entre nós era ensurdecedora. Sophia estava sentada na beira da cama, os olhos arregalados, o rosto pálido, e eu ainda sentia o gosto amargo das palavras que haviam saído da minha boca minutos atrás.
— Você mentiu pra mim esse tempo todo… — A voz dela saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de decepção.
Passei a mão pelo cabelo, sentindo a respiração pesada. Eu sabia que esse momento chegaria, mas nunca imaginei que seria tão doloroso.
— Eu não menti. Eu só… adiei. — Minha tentativa de justificativa soou fraca até para mim mesmo.
Ela riu sem humor, se levantando da cama.
— Adiou? Por dois anos, Fabrizio? Dois anos! Você me fez acreditar que éramos um casal normal, que construímos algo sólido, e agora, na véspera do nosso casamento, você me diz que faz parte da máfia?
Fechei os olhos por um instante, tentando encontrar uma forma de fazê-la entender. Mas quando os abri novamente, vi apenas a mágoa transbordando nos olhos dela.
— Eu precisava te proteger, Sophia. Eu queria te manter longe disso, longe da minha vida antes de você.
Ela cruzou os braços, me olhando com incredulidade.
— Ah, então você decidiu o que eu deveria ou não saber sobre o homem com quem eu ia casar? Você tomou essa decisão sozinho?
Meu peito se apertou, mas minha raiva também fervia. Eu a amava, mas não podia ignorar o fato de que ela também tinha seus segredos.
— E você? — minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. — Você me contou apenas dois meses depois de começarmos a namorar que foi subornada para me fazer assinar aquele contrato. Você também mentiu, Sophia. Você também escondeu coisas de mim.
Ela piscou algumas vezes, como se eu tivesse acabado de dar um tapa nela.
— Isso não é a mesma coisa…
— Não? — Cruzei os braços. — Você quer me fazer de vilão agora, mas não esqueça que nós dois temos pecados.
Sophia passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, e quando me olhou novamente, vi a decisão estampada em seu rosto.
— Eu não posso fazer isso, Fabrizio.
Meu coração deu um salto.
— O quê?
— Eu não posso casar com você. — Sua voz tremeu, mas seus olhos estavam firmes. — Eu te amo, mas nós não somos mais os mesmos de quando nos apaixonamos.
Senti meu mundo desabar.
— Sophia…
— Eu vou embora. — Ela pegou sua bolsa, passou por mim sem me tocar e saiu do quarto.
Fiquei ali, parado, ouvindo o som da porta batendo. E foi assim que tudo desmoronou.
A porta se fechou com um estrondo, e o silêncio que se instalou depois foi mais sufocante do que qualquer discussão que já tivéssemos tido. Meus punhos se fecharam ao lado do corpo enquanto minha mente tentava processar o que tinha acabado de acontecer.
Sophia tinha ido embora.
Corri para o andar de baixo, mas quando cheguei à porta, tudo que vi foram as luzes traseiras do carro dela desaparecendo pela rua.
— Merda! — Rosnei, passando a mão pelo rosto.
Meu peito subia e descia em uma respiração irregular. Minha casa, que sempre foi um lar quando ela estava aqui, de repente parecia fria, vazia. Subi as escadas de dois em dois degraus e entrei no quarto que, até poucos minutos atrás, era nosso. O cheiro de Sophia ainda impregnava no ar, misturado ao perfume doce que ela sempre usava. Olhei para o vestido de noiva pendurado no cabide ao lado do espelho e senti um gosto amargo na boca.
O casamento estava acabado.
A raiva borbulhou dentro de mim, misturada ao desespero que eu me recusava a aceitar. Avancei até a mesa de cabeceira e, sem pensar, joguei tudo no chão com um único movimento. O barulho ecoou pelo quarto, mas nada foi suficiente para aliviar o nó no meu peito.
Meu olhar caiu para a aliança que ainda segurava entre os dedos. Um símbolo do que tínhamos construído. Do que eu destruí.
Respirei fundo, lutando contra o impulso de quebrar algo maior. Eu precisava sair dali. Precisava descontar essa porra de raiva de alguma forma.
...⋅•⋅⊰∙∘☽༓☾∘∙⊱⋅•⋅...
A academia particular da minha casa era um dos poucos lugares onde eu conseguia clarear a mente. Mas hoje, nem mesmo o som dos golpes contra o saco de pancadas era o suficiente para me acalmar.
Cada soco que eu desferia era carregado de frustração.
Um para a mentira que escondi.
Outro para a verdade que joguei na cara dela.
Mais um para a forma como tudo desmoronou.
Meu peito subia e descia em respirações pesadas. O suor escorria pela minha testa, mas eu não parava. Não conseguia.
Porque parar significava sentir. Significava encarar o fato de que eu tinha perdido Sophia.
E eu não estava pronto para isso.
Então liguei para a única pessoa que me entendia.
Para minha outra metade.
Para minha melhor amiga e irmã; Nathalie.
E naquela noite eu chorei no colo da minha irmã como um bebê.
Atualmente
A cidade se estendia diante da minha janela panorâmica, os prédios altos e as luzes refletindo o caos que existia dentro de mim. Meus olhos estavam fixos na vista, mas minha mente girava em mil direções diferentes. O trabalho era a única coisa que conseguia me manter ocupado, distraído da única verdade que eu não queria encarar: Sophia ainda estava em cada pensamento meu.
Mordi a ponta da caneta sem perceber, um hábito que nunca tive antes. Foi só quando senti o gosto amargo do metal que me dei conta. Esse era um costume dela.
Soltei um suspiro pesado e joguei a caneta sobre a mesa.
Dois meses.
Dois meses tentando de tudo. Tentando me desculpar, tentando conversar, tentando consertar o que destruí. Mas Sophia não queria. Ela disse que precisava de tempo, e eu estava me forçando a respeitar isso.
O problema é que eu não sabia mais o que fazer com esse tempo.
Esquecer? Não era uma opção.
Seguir em frente? Como, se cada canto da minha vida ainda tinha a marca dela?
Desistir? Nem pensar.
Eu a amava mais do que a mim mesmo. Mas se estar longe era o que ela precisava, eu ia dar isso a ela. Mesmo que isso me destruísse pouco a pouco.
Toc, toc.
Minha secretária interrompeu meus devaneios.
— Entre.
— Senhor Salvatore, a senhorita Hollis está aqui.
Respirei fundo e me endireitei na cadeira.
— Pode mandá-la entrar, Jessie.
— Sim, senhor.
Enquanto ela saía, afrouxei a gravata e me preparei para a reunião. Mas, no fundo, uma parte de mim sabia que, independentemente de quantos contratos eu assinasse hoje, nada preencheria o vazio que Sophia deixou.
A mulher entrou no escritório como se desfilasse em uma passarela. Alta, magra, com cabelos tão loiros que chegavam a refletir a luz do ambiente. Cada traço de seu rosto carregava o peso de inúmeras cirurgias plásticas.
Kethelen Hollis deveria estar na casa dos trinta e poucos anos, mas sua expressão confiante fazia questão de ignorar qualquer vestígio do tempo. Ela vestia um terninho vermelho impecável, que contrastava com o batom ainda mais vibrante. Seus saltos estalaram contra o chão de mármore enquanto caminhava em direção à poltrona diante da minha mesa.
— Fabrizio Salvatore, que prazer encontrá-lo novamente. — Sua voz era aveludada, carregada de segundas intenções. — Obrigada por me receber.
Ela sorriu, um sorriso malicioso, estudado, o tipo de sorriso que muitas mulheres já lançaram na minha direção. Mas eu já tinha aprendido a ignorar esse jogo.
Sem demonstrar qualquer emoção, apenas indiquei a cadeira com um gesto breve.
— Vamos direto ao ponto, Kethelen. O que a traz aqui? — minha voz saiu firme, profissional. Eu não estava com paciência para rodeios.
Ela cruzou as pernas lentamente, inclinando-se um pouco para frente, os olhos brilhando com uma intenção desconhecida.
— Negócios, é claro. Mas quem sabe... um pouco mais do que isso?
Mantive meu rosto impassível, mesmo quando senti a irritação subir. Se ela achava que eu estava interessado em qualquer coisa além daquela reunião, estava muito enganada.
Mantive minha expressão fria enquanto observava Kethelen Hollis jogar seu jogo. Eu já tinha lidado com muitos como ela — pessoas que usavam charme e segundas intenções como armas em uma negociação. Mas eu não estava no clima para esse tipo de coisa.
— Se não for diretamente sobre negócios, Kethelen, então estamos desperdiçando tempo. — Cruzei os dedos sobre a mesa, encarando-a sem qualquer traço de interesse.
Ela sorriu, inclinando a cabeça levemente para o lado.
— Sempre tão direto, Fabrizio. Isso é algo que eu admiro em você.
Revirei os olhos internamente.
— Diga logo o que quer.
Ela descruzou as pernas e se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa, como se estivesse prestes a me contar um segredo importante.
— Tenho uma proposta para você. Uma parceria que pode ser muito lucrativa para ambos.
— Estou ouvindo. — Minha paciência estava no limite, mas continuei a escutá-la.
— Preciso da sua influência em alguns contratos importantes. Em troca, posso te oferecer algo que talvez lhe interesse… — Seus olhos brilharam com malícia.
Soltei um suspiro.
— Eu não faço negócios baseados em insinuações, Kethelen. Se não for algo sólido, essa reunião acabou.
Ela riu baixinho e se recostou na cadeira, cruzando os braços.
— Ah, Fabrizio… tão sério. Mas tudo bem. Vou direto ao ponto. Quero fechar um contrato com a sua empresa para uma nova filial no centro financeiro. Mas, além disso, sei que você está passando por… tempos difíceis.
Meu olhar ficou ainda mais duro.
— Não sei do que você está falando.
— Não se faça de desentendido. Todos sabem que Sophia te deixou. — Ela sorriu como se saboreasse a informação. — E que você está afundado no trabalho, tentando esquecer.
Minhas mãos se fecharam em punhos sob a mesa.
— Cuidado com o que diz, Kethelen.
— Calma… só estou dizendo que, às vezes, um novo começo pode ser uma boa ideia. — Ela se levantou lentamente, deslizando as mãos sobre a mesa, como se quisesse me provocar. — Pense na minha proposta, tanto a profissional quanto… a pessoal.
Ela piscou para mim antes de virar nos saltos e sair da sala.
Fiquei encarando a porta por um longo momento, sentindo a raiva pulsar em minhas têmporas.
Sophia.
A dor da nossa separação ainda estava ali, uma ferida aberta que eu tentava ignorar.
Mas talvez Kethelen estivesse certa sobre uma coisa… talvez estivesse na hora de seguir em frente.
O problema era que eu não sabia se queria.
No final do dia, dirigi até minha cobertura. Eu já não morava mais na casa que um dia foi nossa. Não suportava a ideia de entrar ali e ver cada parte dela naquele lugar. Tudo ainda estava decorado do jeitinho dela, como se ela pudesse voltar a qualquer momento. Mas a realidade era outra.
O closet agora tinha um espaço vazio onde antes estavam as roupas dela. A vaga do carro dela na garagem permanecia intocada. O lado da cama onde ela dormia parecia mais frio a cada noite.
BIIII!
Um som alto de buzina me arrancou bruscamente dos meus pensamentos. Percebi que tinha reduzido a velocidade sem perceber e quase bati no carro à minha frente. Xinguei baixinho e recoloquei as mãos firmemente no volante, tentando afastar a avalanche de memórias que insistiam em me assombrar.
Acelerei o carro e segui para a cobertura, sendo acompanhado de perto pelo veículo dos meus seguranças. Assim que cheguei, entreguei as chaves para o manobrista e subi diretamente para meu apartamento.
Ao abrir a porta, fui recebido pelo silêncio sufocante do lugar. Larguei o paletó no sofá e afrouxei a gravata, soltando um longo suspiro.
Minha vida se resumia a isso agora. Trabalho, solidão e um esforço constante para não olhar para trás.
Mas esquecer Sophia?
Isso parecia impossível.
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