Meu Doce Padrasto
Cap 1
Ações: "**"
~~ "Sussurros"
ABC! "Gritos"
📱🟢 "Ligação"
📱🔴 "Desliga ligação"
A porta bateu com força, e Haruki encolheu os ombros no mesmo instante. Ele sabia o que vinha depois.
Os passos pesados do pai ecoaram pela casa pequena, cada batida contra o chão soando como um aviso. O cheiro forte de álcool invadiu o quarto antes mesmo de ele aparecer. Haruki apertou os olhos. Talvez, se ficasse quieto o bastante, fosse invisível.
Mas nada apagava o ódio daquele olhar.
Pai de Haruki
Moleque desgraçado.. *A voz dele já vinha arrastada, carregada de veneno.*
Pai de Haruki
Você pensa que pode fazer o que quiser, hein?
Haruki, 7 anos.
*ficou em silêncio, a cabeça baixa.*
Pai de Haruki
Eu tô falando contigo, porra! *O grito fez suas entranhas revirarem.*
Haruki, 7 anos.
Eu… eu não fiz nada. *murmurou.*
O baque veio rápido. A mão do pai bateu contra sua cabeça com força suficiente para fazê-lo ver manchas pretas na visão.
Pai de Haruki
Não fez nada o caralho! Tá se fazendo de vítima na escola, é? Quer foder comigo, seu inútil?
O homem agarrou seu colarinho, o hálito azedo sufocante.
Haruki, 7 anos.
Eu não contei nada… *Sente as pernas fraquejarem.*
Pai de Haruki
Então por que aquela vadia veio me encher o saco? Hein? Me dizendo que meu filho anda "estranho", que tem medo de chegar em casa?!
Pai de Haruki
Você tá abrindo essa sua boca imunda por aí? *puxando-o para cima como se fosse um saco de lixo.*
Pai de Haruki
Você é um merda mesmo. Fraco. Nojento. Sempre foi. *Riu baixo.*
Haruki, 7 anos.
Seu verme.Você nem devia ter nascido! *Mordeu o lábio, segurando as lágrimas.*
O tapa veio seco e forte. Haruki sentiu a pele arder e cambaleou para trás, batendo contra a parede.
Pai de Haruki
Fica de pé, porra. *O tom do pai era impaciente, cheio de desdém.*
Haruki, 7 anos.
*permanece no chão, o rosto ainda queimando.*
Pai de Haruki
Eu MANDEI você levantar, sua vadiazinha! *Outro chute no estômago.*
Haruki, 7 anos.
Argh.. *O ar fugiu de seus pulmões, e ele se dobrou, engasgando.*
Pai de Haruki
Olha pra você, um inútil. Um lixo. Você me dá NOJO.
Yuna (Nova)
Para de fazer escândalo, caralho. *tragando um cigarro.*
Ela apareceu na porta, impaciente.
Pai de Haruki
Esse fedelho tá se achando esperto. *Bufa, cuspindo no chão.*
Yuna (Nova)
Desde quando ele é esperto? Só sabe ser um fardo. *Tossindo.*
Pai de Haruki
Se esse merdinha morresse de uma vez, seria um alívio. *soltou um riso seco.*
Haruki, 7 anos.
Humf.. *sentiu o estômago revirar.*
Pai de Haruki
Eu já vou indo.. Toma conta dessa vadiazinha. *Pega uma garrafa de álcool e sai.*
Yuna (Nova)
Se comporte moleque, ou irá se ver comigo depois.. Não tente foder comigo caralho. *Segura ele pelo braço.*
Haruki, 7 anos.
*Soluça, segurando o choro.*
Na escola – Escritório da Diretora
Haruki sentou-se na cadeira dura da sala da diretora, as mãos frias e suando. Sua professora, a Srta. Ayane, estava na frente dele, os olhos cheios de preocupação.
Ayune (Prof)
Haruki? *ela começou, a voz suave, mas firme.*
Ayune (Prof)
Podemos conversar um pouco?
Ele assentiu devagar, o estômago revirando.
Ela puxou uma cadeira para sentar mais perto.
Ayune (Prof)
Hoje de manhã, quando você entrou na sala, eu percebi que você estava andando estranho. Parecia estar com dor. E quando levantei sua manga agora há pouco, vi os hematomas no seu braço.
Haruki, 7 anos.
Eu caí. *abaixou a cabeça, as unhas cravando na palma das mãos.*
Ayune (Prof)
Haruki, eu sou professora há anos. Já vi muitos alunos darem essa mesma resposta. *Ela suspirou.*
Haruki, 7 anos.
*Não responde.*
Ayune (Prof)
Eu não quero te pressionar, mas preciso que seja honesto comigo. Você está seguro em casa?
Haruki, 7 anos.
Sim. *Ele hesitou por um segundo antes de forçar um sorriso fraco.*
Ayune (Prof)
Alguém já bateu em você antes? *entrelaçou os dedos, respirando fundo.*
Ayune (Prof)
Você tem certeza?
Haruki, 7 anos.
Tenho. *engole seco*
Ayune (Prof)
Haruki… hematomas como os seus não vêm de uma simples queda.
Ayune (Prof)
Além disso, eu e outros professores já percebemos que você sempre volta das férias ou dos fins de semana mais calado, mais fechado… como se estivesse com medo.
Haruki, 7 anos.
Não é nada… *Sente o peito apertar.*
Ayune (Prof)
Eu sei que deve ser assustador falar sobre isso. *Diz suavemente.*
Ayune (Prof)
Mas se alguém está te machucando, você não precisa enfrentar isso sozinho.
Haruki, 7 anos.
.. *Cerra os punhos*
Haruki, 7 anos.
Não é nada. *Repetiu, mais baixo.*
Ayune (Prof)
Haruki… *insiste, sua voz ficando um pouco mais firme.*
Ayune (Prof)
Você sabia que, se um adulto machuca uma criança, isso é crime?
Haruki, 7 anos.
*Apertou ainda mais os dedos.*
Ayune (Prof)
O que acontece na sua casa não é culpa sua. Você entende isso?
Ayune (Prof)
Se seus pais estão machucando você, nós podemos ajudar.
Haruki, 7 anos.
Eu não quero… *levanta o olhar, assustado.*
Ayune (Prof)
Você não quer o quê?
Haruki, 7 anos.
Eu não quero que ele vá embora. *Respira fundo.*
Ayune (Prof)
Seu.. pai? *olhou*
A professora ficou em silêncio por um momento.
Ayune (Prof)
Você tem medo do que pode acontecer se contar a verdade?
Haruki, 7 anos.
Ele… é quem paga as contas. *desviou o olhar, mordendo o lábio.*
Ayune (Prof)
Você acha que se ele for embora, as coisas ficarão piores para você e sua mãe? *Franze a testa.*
Haruki, 7 anos.
*Assente lentamente.*
Ayune (Prof)
Eu entendo que você se preocupa com sua mãe. Mas, Haruki, você não pode continuar vivendo assim. *Suspirou, parecendo cansada.*
Haruki, 7 anos.
E se… e se ela me odiar por isso? *Abaixa a cabeça.*
Ayune (Prof)
Nenhuma mãe de verdade odiaria o próprio filho por querer estar seguro. *Olha para ele.*
Haruki, 7 anos.
Então acho que a minha não é uma mãe de verdade. *Solta uma risada fraca, amarga.*
A professora ficou em silêncio por alguns instantes.
Ayune (Prof)
Haruki… nós vamos ter que chamar a polícia
Haruki, 7 anos.
O quê?! *O estômago dele afundou.*
Ayune (Prof)
Eu não posso ignorar isso.
Haruki, 7 anos.
Por favor… *Morde os lábios, segurando o choro.*
Haruki, 7 anos.
Eu não quero… *Ele sentiu a respiração acelerar.*
Ayune (Prof)
Você pode estar com medo agora, mas eu prometo que é a coisa certa a se fazer. *Segura a mão dele.*
Os olhos de Haruki arderam.
Haruki, 7 anos.
Mas e se ele voltar?
Ayune (Prof)
Nós vamos garantir que ele não volte. *Aperta sua mão.*
Haruki não conseguia acreditar naquilo. Seu pai… preso? Seria possível?
Ele não sabia se sentia alívio ou medo.
As sirenes azuis e vermelhas iluminavam a rua.
Pai de Haruki
TIREM AS MÃOS DE MIM, SEUS FILHOS DA PUTA!
Pai de Haruki
Esse merdinha me denunciou, não foi?! *Se mordendo de raiva.*
Pai de Haruki
FILHO DA PUTA! EU VOU TE MATAR, SUA VADIA INÚTIL! *O olhar dele era selvagem, injetado de sangue.*
Haruki, 7 anos.
Ah.. *estremeceu.*
— Os policiais o empurraram contra a viatura —
Pai de Haruki
EU VOU VOLTAR! EU JURO QUE VOU VOLTAR.
A porta do carro se fechou com força.
Yuna (Nova)
Finalmente esse desgraçado se fodeu. *tragou o cigarro devagar.*
Haruki, 7 anos.
Você… não tá brava?
Yuna (Nova)
Brava? Eu tentei matar aquele filho da puta tantas vezes. Mas ele pagava as contas. Agora, por sua causa, tô sozinha nessa merda.
Ela jogou o cigarro no chão, pisando nele com força.
Haruki, 7 anos.
*Engole seco.*
Yuna (Nova)
Você sempre foi um peso.
Haruki, 7 anos.
*Apertou os punhos.*
Yuna (Nova)
Você acha que eu queria essa merda? *Passa a mão pelo cabelo, nervosa.*
Haruki, 7 anos.
Eu… *Morde o lábio.*
Haruki, 7 anos.
*Se assusta e se encolhe.*
Yuna (Nova)
Você só me fodeu a vida toda, sabia? Desde o dia em que descobri que tava grávida de um merdinha como você.
Haruki, 7 anos.
Eu.. eu. *Segurando as lagrimas.*
Yuna (Nova)
E agora? Vai chorar? Ah, pelo amor de Deus, Haruki. Cresce.
Ela pegou outro cigarro, as mãos tremendo.
Yuna (Nova)
Você fodeu tudo, Haruki
Yuna (Nova)
Eu deveria estar feliz, sabia? *Solta uma risada seca.*
Yuna (Nova)
Mas agora, graças a você, eu tô fodida. *traga mais uma vez, os olhos escuros queimando de raiva.*
Haruki, 7 anos.
*Olha pra ela com os olhinhos cheios de lágrimas.*
Yuna (Nova)
então não pense que essa porra vai melhorar. Agora que ele se foi, ou você vale alguma coisa ou tá fodido.
A partir daquele momento, sua vida não seria mais fácil.
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