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Baile de Máscara

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Capítulo 1 – O Baile de Máscaras

A música ecoava pelo salão como um feitiço hipnotizante, misturando-se ao tilintar das taças de cristal e ao burburinho de vozes encantadas pela grandiosidade da noite. O Baile de Máscaras era um dos eventos mais importantes do clã, uma tradição secular onde alianças eram reforçadas, promessas eram feitas e, às vezes, destinos eram traçados sem que os envolvidos tivessem escolha.

Selith Draven caminhava pelos corredores sombrios do castelo, sentindo o peso daquela noite em sua alma. Seus passos eram silenciosos, graciosos como os de uma predadora à espreita. Era a primeira vez que se apresentava sem seus feitiços de ocultação.

Desde a infância, ela aprendera a esconder sua verdadeira aparência. Sua pele branca como mármore, os cabelos prateados que pareciam fios de luz sob a lua e, acima de tudo, seus olhos vermelhos como brasas vivas – os olhos de uma bruxa marcada pelo poder proibido. O mundo não estava pronto para vê-la como realmente era. Nem mesmo seu próprio clã.

Mas aquela noite não era como as outras.

Ela usava um vestido negro, longo e fluido, feito de um tecido encantado que se moldava aos seus movimentos como sombras vivas. A máscara dourada cobria parte de seu rosto, deixando apenas seus olhos à mostra – e era neles que residia a verdadeira magia. Olhos que poderiam consumir a alma de quem os encarasse por tempo demais.

Ao entrar no salão iluminado por candelabros flutuantes, Selith sentiu dezenas de olhares recaírem sobre ela. Alguns eram de curiosidade, outros de intriga. Ninguém a reconhecia. Isso a fez sorrir.

Por anos, ela andara entre eles como uma sombra, ignorada, invisível. Mas agora, estavam fascinados.

No centro do salão, Kael Varyon estava cercado por conselheiros, nobres e guerreiros de prestígio. Ele era o líder supremo do clã, o mais poderoso de sua geração. Alto, imponente, com cabelos negros como a noite e olhos de tempestade, Kael exalava poder e autoridade em cada movimento.

Mas Selith não o admirava apenas por isso.

Ela o amava desde a infância – em segredo, em silêncio, em dor.

Kael nunca olhara para ela de verdade. Para ele, ela não passava de mais uma entre tantas. Ele sequer sabia que ela existia.

Mas naquela noite, tudo mudou.

Ela sentiu antes mesmo de vê-lo. O olhar dele sobre si.

Seu corpo reagiu antes da razão, um arrepio percorrendo-lhe a espinha. Selith ergueu os olhos e encontrou os dele. Foi como um choque elétrico.

Kael havia parado de falar. De respirar. Seu olhar se estreitou, tentando atravessar a máscara dourada, tentando entender por que aquela mulher lhe causava tamanha inquietação.

Ele franziu a testa, confuso. Havia algo nela, algo que o atraía e desestabilizava ao mesmo tempo.

Selith manteve o olhar firme, os lábios se curvando em um sorriso discreto, provocador.

E então, ele começou a se mover.

Cada passo de Kael era uma declaração silenciosa de domínio. O salão, antes repleto de conversas e risadas, pareceu silenciar à medida que ele avançava.

Os nobres trocaram olhares, surpresos. Kael Varyon nunca mostrava interesse em estranhos. Nunca desviava sua atenção do que realmente importava.

Mas ali estava ele, caminhando em sua direção, os olhos cravados nela como se não houvesse mais ninguém no mundo.

Selith manteve-se firme, mas sentia o coração martelando contra o peito. Nunca antes ele a olhara assim. Nunca antes ela sentira tamanha tensão no ar.

Quando ele parou diante dela, sua voz saiu rouca, baixa, carregada de algo que nem ele parecia compreender.

— Quem é você?

Selith ergueu o queixo, segurando o olhar dele. Oh, Kael… se ao menos soubesse.

Ela poderia dizer seu nome. Poderia revelar a verdade ali, diante de todos. Mas onde estaria a graça nisso?

Ela inclinou levemente a cabeça, deixando seu perfume alcançar os sentidos dele antes de responder, sua voz saindo como um sussurro encantado:

— Isso importa?

O maxilar de Kael se contraiu. Ele não estava acostumado a ser desafiado. Ninguém falava com ele assim.

Mas antes que ele pudesse insistir, um toque em seu braço interrompeu o momento.

Lyara.

Sua noiva.

A mulher que todos diziam ser perfeita para ele.

Ela se aproximou e entrelaçou os dedos aos dele, sua expressão era doce, mas os olhos carregavam algo venenoso.

— Vamos, meu amor — Lyara disse, sua voz melosa como veneno envolto em seda.

Kael hesitou. Algo dentro dele gritava para não deixá-la ir. Para segurá-la e exigir respostas.

Mas o relógio soou. Meia-noite.

Selith sorriu suavemente.

— Boa noite, Kael Varyon.

E então, desapareceu na multidão.

Deixando para trás um homem que nunca havia se sentido perdido antes.

Mas que agora estava obcecado por uma mulher cujo nome ele sequer sabia.

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Capítulo 2 – O Choque do Destino

O baile prosseguia com seu brilho e grandiosidade, mas para Kael Varyon, o mundo havia reduzido-se a uma única coisa: a mulher misteriosa que desaparecera na multidão.

Ele estava irritado. Irritado consigo mesmo por ter perdido o controle, por ter sentido aquele magnetismo estranho, por ter deixado que uma desconhecida o afetasse de um jeito que ninguém jamais conseguira.

Seu olhar varria o salão, buscando-a entre os convidados mascarados. Quem era ela? Por que ele sentia que deveria conhecê-la?

— Kael… — a voz de Lyara trouxe-o de volta à realidade.

Sua noiva estava ao seu lado, segurando seu braço com uma delicadeza ensaiada. Lyara Aedrys, filha de um dos bruxos mais influentes do clã, sempre fora vista como a escolha perfeita para ser sua esposa. Bela, elegante, politicamente estratégica.

Ele nunca a amou. Mas isso nunca importou. O amor não fazia parte do destino de um líder.

— Você parece distraído — ela murmurou, apertando o braço dele suavemente, os olhos dourados brilhando sob a luz das velas.

Kael a observou por um instante. Lyara sempre fora impecável, mas naquele momento, tudo nela parecia… morno.

Ele afastou o pensamento.

— Está tudo bem — disse, embora sua mente estivesse longe dali.

Mas Lyara era perspicaz. Ela sabia.

— Quem era aquela mulher? — sua voz saiu mais afiada do que pretendia, os lábios se curvando num sorriso tenso.

Kael arqueou uma sobrancelha.

— Eu deveria saber?

Lyara forçou uma risada, mas algo escuro brilhou em seus olhos.

— Acho que sim. Você ficou hipnotizado. Nunca o vi olhar para alguém daquela forma.

O tom de acusação estava ali, mascarado pela doçura de sempre.

Kael não respondeu. Em vez disso, seu olhar voltou a vagar pelo salão. Mas a mulher de olhos vermelhos havia desaparecido.

Isso o incomodava mais do que deveria.

Selith Draven – A Revelação Proibida

Selith movia-se pelas sombras do castelo, o coração martelando contra o peito. Kael Varyon havia olhado para ela.

Não apenas olhado. Ele a sentiu.

Ela tocou os lábios, lembrando-se do momento em que a intensidade do olhar dele encontrou o seu. O choque foi tão profundo que, por um instante, ela temeu que ele tivesse visto através dela, descobrindo todos os seus segredos.

Mas ele não sabia. Ainda não.

Selith desceu as escadarias silenciosamente, dirigindo-se para os corredores mais afastados do castelo. Seu esconderijo. Seu refúgio.

Quando chegou ao salão oculto, um espelho negro ocupava a parede principal. Era ali que a verdade sempre se revelava.

Ela removeu a máscara dourada e encarou o próprio reflexo. Os olhos vermelhos brilharam como brasas, seu cabelo prateado parecia irradiar um brilho místico. Ela era diferente. Perigosa.

E Kael pertencia a ela.

Selith fechou os olhos, concentrando-se na conexão que sempre sentiu – aquela que a ligava a ele desde que eram crianças, mesmo que Kael nunca tivesse percebido.

Mas então, o espelho tremeu.

Selith abriu os olhos e viu uma visão se formar na superfície negra.

Kael estava ali. Em pé, no meio de um círculo de chamas azuis. Seus olhos brilhavam com fúria e desejo.

E então, uma voz antiga ecoou pelo salão:

— Você é a companheira destinada do líder. Mas ele não aceitará a verdade sem luta.

Selith sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

Era o que ela temia.

Kael Varyon poderia ter sentido algo naquela noite. Mas aceitar que ela era sua verdadeira companheira?

Isso… ele jamais faria sem um embate.

E Selith sabia: um grande conflito estava prestes a começar.

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Capítulo 3 – A Revelação Proibida

A lua alta iluminava o castelo com uma luz prateada, projetando sombras longas e misteriosas pelos corredores de pedra escura. O baile ainda acontecia no grande salão, mas Selith Draven já havia se retirado. Seu coração martelava no peito, e sua mente estava em ebulição.

Ela mal conseguira manter a compostura após aquele encontro intenso com Kael Varyon. O olhar dele, carregado de algo primitivo e profundo, grudara em sua alma como um feitiço impossível de quebrar.

Ele a sentiu.

Mesmo que não soubesse por quê, ele a sentiu.

Mas Selith não era ingênua. Kael nunca aceitaria isso facilmente.

O Ritual da Revelação

Apressando o passo, Selith caminhou pelos corredores vazios do castelo até chegar ao antigo salão subterrâneo. Ali, entre as ruínas esquecidas e os vestígios de feitiçaria ancestral, estava o espelho negro – um artefato que revelava verdades ocultas.

Ela se posicionou diante da superfície escura e opaca, sentindo o ar vibrar ao seu redor. Seu destino estava prestes a ser revelado.

— Se há um elo, que ele seja exposto. Se há uma verdade, que ela me seja mostrada.

Com um gesto fluido, Selith invocou um pequeno punhal de obsidiana e deslizou a lâmina sobre a palma da mão. O sangue quente escorreu em gotas perfeitas, caindo sobre o círculo de runas entalhado no chão de pedra.

O espelho tremeu.

As sombras ondularam dentro dele, e então, a visão tomou forma.

Kael e a Dúvida Profunda

Kael estava ali. Seus olhos azul-gelo estavam mais intensos do que nunca, seu corpo rígido, como se lutasse contra algo invisível.

Ao seu lado, Lyara Aedrys segurava seu braço, os lábios apertados numa linha fina. Havia fúria contida em seu olhar dourado.

— Ela te enfeitiçou, Kael. — Sua voz saiu melíflua, mas o veneno escondido em cada palavra era nítido. — Essa mulher… essa bruxa não deveria estar aqui. Você precisa vê-la como uma ameaça. Ela não é digna de estar ao seu lado.

Kael continuava calado, os músculos tensos, os olhos fixos em um ponto distante, como se estivesse em outro lugar.

Selith observava a cena com o coração acelerado. Ele sentia o elo, mesmo que tentasse negar.

Então, a visão mudou.

Agora, Kael caminhava sozinho pelo bosque escuro. O vento sacudia suas vestes pesadas, e o céu estrelado parecia distante, como se o mundo ao seu redor estivesse fora de foco.

Ele avançou até um pequeno rio cristalino e ajoelhou-se à beira da água.

Seus punhos estavam cerrados. Seu olhar estava perdido.

— Quem é você? — murmurou, sua voz grave quebrando o silêncio da noite.

Mas quando ergueu os olhos para a água, algo o fez prender a respiração.

No reflexo da superfície, não era apenas ele que aparecia.

Era Selith.

Seus olhos vermelhos brilhavam como brasas vivas, encarando-o de volta.

A presença dela era tão real que Kael chegou a esticar a mão para tocá-la, mas a imagem ondulou como se a própria água se recusasse a mostrar a verdade completa.

A voz de Selith soou dentro da mente dele, suave como um sussurro proibido:

— Você sabe quem eu sou.

O corpo de Kael ficou rígido. Seus olhos brilharam em reconhecimento.

Mas antes que ele pudesse reagir, a visão se dissipou em um redemoinho de sombras.

O Destino Inevitável

Selith arfou ao ser arrancada da visão. Seu corpo caiu sobre os joelhos no chão frio da câmara subterrânea.

Agora ela sabia.

O elo entre eles não era imaginação.

Kael sentia a conexão tanto quanto ela—mesmo que sua mente recusasse a verdade, mesmo que sua lógica tentasse negá-la.

Mas ele não aceitaria isso sem lutar.

E Selith sabia que, se quisesse fazê-lo reconhecer o que realmente eram um para o outro, teria que desafiar todas as leis do clã.

O destino não era uma escolha.

Ele era inevitável.

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